terça-feira, 2 de maio de 2017

Hipócritas, sangue-sugas e cobardes

EDITORIAL -

SÃO de uma hipocrisia extrema os sindicalistas e políticos que por ocasião do 1 de Maio vociferam em prol do trabalhador.
Uns tantos barriga-cheia exibem lágrimas de crocodilo em sessões públicas, atrás de umas tantas garrafas de bebidas alcoólicas, ao sabor de codornizes. A austeridade não é com eles.
No meio deste círculo estritamente fechado, são ensaiadas as grandes decisões.
Isso só é possível porque diante de um movimento sindical amorfo, caduco e comprometido.
Há muito que a Central Sindical (CS) é incapaz de enganar o mais leigo dos moçambicanos, tantas as porcarias, umas atrás das outras. Não surpreende…
As origens do movimento sindical se confundem com o partido que sustenta os governos em Moçambique, desde o tempo dos Conselhos de Produção. Uma eterna ligação umbical da qual os sindicalistas teimam em não se desmamentar.
Se no passado a CS se queixava do enorme défice na concertação social, isso pode já não existir, a avaliar pelo financiamento estrangeiro que permitiu sessões formativas específicas orientadas por experts.
É suposto, por isso, concluir que o dirigente sindical está dotado de ferramentas para argumentar e contra-argumentar. Pelos vistos, de nada valendo...
Pese a especialização, raramente a CS se vangloria com ganhos, precisamente porque perdedora.
Depois, cá fora, se calhar para impressionar o povão, a CS vem-nos dizer que o salário mínimo ideal seria de 16 mil meticais.
O ensaio grevista, pacífico, é uma das maneiras de a CS mostrar ao mundo que não anda a reboque do partidão.
Nem que seja apenas para mexer com a estrutura, chamando-os a atenção de que os trabalhadores não são uns distraídos.
A única vez conhecida que a CS ensaiou uma greve laboral, de nível nacional, o poder estremeceu e acusou ‘mão externa’, dando a ideia de que os moçambicanos são incapazes de levar a cabo tamanha afronta.
Não fosse a traição da altura - um convertido a Governador Provincial - e a manifestação teria entrado para os anais da história sindical moçambicana.
Se calhar seguindo à letra eventual acordo, o antigo líder sindical acabaria por ocupar o cargo de vice-ministro da Agricultura e mais tarde o de vice-ministro do Trabalho, antes de se aposentar, vivendo ultimamente da pequena agricultura, em Beleluane, e do transporte marítimo.
Hoje, a presidência do INSS é detida por um líder sindical no activo. Quer dizer, para além de hipócritas, sangue-sugas, os nossos sindicalistas são cobardes.
Até que um partido diferente, Renamo ou MDM, sustente o Governo, para que manifestações de revolta venham ao de cima, umas atrás das outras, a uma velocidade impressionante. sr
EXPRESSO – 02.05.2017

1 comentário:

Unknown disse...

queda livre do 16000 para 3900 salario minimo,isto é negociacao? vergonha do CS