terça-feira, 9 de maio de 2017

Militantes do partido no poder na Venezuela vão receber treino militar

VENEZUELA


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O Partido Socialista Unido da Venezuela, no poder, iniciou a preparação dos militantes "para qualquer tipo de cenário", que inclui treino militar, de defesa e antimotim.

Desde há cinco semanas que se intensificaram, na Venezuela, as marchas a favor e contra o Presidente venezuelano
Cristian Hernández/EPA
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  • Agência Lusa
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O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), no poder, iniciou a preparação dos militantes “para qualquer tipo de cenário”, que inclui treino militar, de defesa e antimotim.
“Para qualquer tipo de cenário vamos integrar 920 batalhões territoriais de milícias, para a defesa”, disse o deputado socialista Pedro Carreño. Em declarações à televisão estatal venezuelana, o parlamentar do partido no poder explicou que foram criadas 10.166 Unidades de Batalha Bolívar Chávez (UBCH), formadas cada uma por 60 militantes. Cada UBCH deve captar outros 20 compatriotas para formar um “pelotão” e cada quatro pelotões fazem um batalhão de milícias, acrescentou.
Entendendo a conjuntura que estamos vivendo e sob a suposição de que esta situação poderá ir ‘in crescendo’ e gerar uma escalada maior de violência, o PSUV tem a altíssima responsabilidade de incorporar-se como corpo de combatentes”, salientou.
“Os militantes do PSUV vão aos campos para treinar tiro, combate, infiltração, tiro intuitivo, defesa pessoal e defesa antimotim. Vamos preparar-nos para todo o cenário”, frisou. Pedro Carreño disse ainda que a revolução bolivariana “não está desarmada” e que quando a Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar), a Polícia Nacional Bolivariana e os Serviços Bolivarianos de Inteligência (SEBIN, serviços secretos) atuam, “aí está atuando o povo venezuelano”. “Eles são o povo em armas, então há uma resposta de parte do povo venezuelano”, frisou.
No passado dia 17 de abril, o Presidente Nicolás Maduro anunciou ter aprovado um plano para expandir a “milícia bolivariana” a 500 mil operacionais e equipar cada um deles com espingardas.
“Uma espingarda para cada miliciano, estão aprovados os recursos (…) para que haja milicianos nos campos, universidades, na classe operária, para conseguir um sistema organizado de logística, para garantir a sua dispersão permanente, a habilidade para manejar o sistema de armas, para defender o bairro, o Estado, as costas, os rios, a selva e as cidades”, disse em Caracas, durante a celebração do 7.º aniversário da Milícia Nacional Bolivariana.
Desde há cinco semanas que se intensificaram, na Venezuela, as marchas a favor e contra o Presidente venezuelano, tendo já provocado pelo menos 37 mortos e mais de 600 feridos.VENEZUELA

Opositores vão continuar a protestar apesar do aumento da repressão policial na Venezuela

A oposição venezuelana está decidida a continuar a protestar contra o Governo de Nicolás Maduro, apesar do notório aumento da repressão policial.
MIGUEL GUTIERREZ/EPA
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  • Agência Lusa
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A oposição venezuelana está decidida a continuar a protestar contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro, apesar do notório aumento da repressão policial, uma situação que tem obrigado os venezuelanos a mudarem as rotinas diárias. “Vamos continuar até que seja restabelecido o fio constitucional, que regresse a democracia e que Nicolás Maduro deixe o poder. É o nosso futuro e do país que está em jogo”, explicou um manifestante à agência Lusa.
José Monsalve, 23 anos, estudante de arquitetura, foi um dos milhares de venezuelanos que esta segunda-feira foram fortemente reprimidos pela polícia, em Chacaíto, quando pretendia marchar contra a Assembleia Nacional Constituinte. “Todos os meus companheiros concordam que agora, mais do que nunca, é preciso intensificar os protestos. Isso será uma batalha longa, mas com persistência haverá mudança de Governo”, frisou.
Em vários locais de Caracas, durante várias horas, os manifestantes resistiram aos ataques com gás lacrimogéneo. Uma “batalha” para a qual grupos de venezuelanos se munem com capuzes, lenços, roupa grossa, vinagre, ‘coctails molotov” (explosivos caseiros), latas de pintura e, nalguns casos, até máscaras antigás. Pelo caminho enchem as mochilas com pedras e até há quem leve bolsas plásticas com excrementos, explicou um manifestante, enquanto cobria a cara, antecipando “um ataque”.
Algumas zonas de Caracas pareciam, segunda-feira, uma guarnição. Em várias esquinas haviam oficiais da Polícia Nacional Bolivariana, para qualquer ligar para onde se olhasse. Na emblemática Avenida Libertador e na Auto-estrada Francisco Fajardo filas de viaturas militares esperavam os manifestantes.
Além de Chacaíto (leste), em El Paraíso (oeste) e nas avenidas Vitória e José António Paez, ambas a oeste, a polícia impediu os manifestantes de entregarem uma carta contra a criação da Assembleia Constituinte, ao ministro de Educação, Elías Jaua, que também é presidente da comissão presidencial para a Constituinte.
Com o Metropolitano encerrado quase na totalidade e com poucos autocarros a circular, as ruas de Caracas, registaram na tarde de segunda-feira uma inusitada afluência de pessoas, caminhado apressadamente, tentando encurtar a distância até casa, depois de uma jornada de trabalho. Além da capital, em cidades como Mérida, Barquisimeto, Maracaibo, Valência e Maracay, entre outras, as manifestações foram reprimidas pelas autoridades.
Desde há cinco semanas que se intensificaram, na Venezuela, as marchas a favor e contra o Presidente venezuelano, tendo já provocado pelo menos 37 mortos e mais de 600 feridos.

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