Veja aqui o vídeo( 40 minutos) de lançamento do livro de José Milhazes SAMORA MACHEL, Atentado ou acidente? em que todos os dados levam a concluir não ter havido sabotagem, mas apenas um acidente, com claras culpas da tripulação. Chamo a vossa particular atenção para as declarações do ex-piloto Armando Cró e de Carlos Botelho, em especial quando este se refere a um encontro que teve com José Luis Cabaço, no Brasil. Interessante seria também saber-se a identidade dos 4 passageiros que não embarcaram em Lusaka e que parece terem seguido para a União Soviética. Mais acrescento: só foram feitos à tripulação testes de alcoolémia? Não poderia a tripulação estar sob o efeito de drogas que a levaram ao comportamento que tiveram momentos antes do acidente? Foram feitos testes para despistar esta hipótese? Como diz José Milhazes, estes pilotos não seriam "Kamikazes".
Ouça então as declarações proferidas:
http://www.macua1.org/blog/milhazessamora.html
(Pode demorar um pouco a abrir)
Aproveito para recordar este despacho da Lusa, de 15.08.2008:
EUA e Inglaterra sabiam que avião de Samora Machel foi sabotado - ex-ministro da Segurança
O antigo ministro da Segurança de Moçambique, Sérgio Vieira, disse quinta-feira em Maputo que a Inglaterra e os Estados Unidos sabiam que o avião em que morreu o ex-Presidente moçambicano Samora Machel foi sabotado e não caiu por acidente.
Samora Machel, chefe de Estado moçambicano desde a proclamação da independência do país, em 1975, até à sua morte a 19 de Outubro de 1986, perdeu a vida quando o avião em que viajava caiu na localidade sul-africana de Mbuzini.
Uma comissão de inquérito composta por peritos de Moçambique, África
do Sul e da ex-União Soviética chegou a resultados divergentes, com os
especialistas moçambicanos e soviéticos a apontarem a sabotagem do
aparelho como causa do acidente e a África do Sul a indicar erros de
pilotagem.
Na altura, Moçambique e o Governo sul-africano, dirigido pelo regime
racista do "apartheid", viviam num ambiente de permanente hostilidade,
com Maputo a acusar Pretória de apoiar a guerrilha da RENAMO, hoje o
maior partido da oposição moçambicana.
As autoridades sul-africanas de então acusavam, por seu lado, Maputo
de albergar militantes do Congresso Nacional Africano (ANC), que
lutava contra a política de discriminação na África do Sul, e hoje
partido no poder neste país.
Em entrevista quinta-feira ao principal canal privado de televisão
em Moçambique, a STV, Sérgio Vieira, que ocupava a pasta de Segurança
no ano em que Machel morreu, reiterou a posição de que o ex-chefe de
Estado moçambicano foi "assassinado" e não vítima de acidente de
viação, sublinhando ainda que "os Estados Unidos e a Inglaterra sabiam
do que aconteceu".
"Nas vésperas do funeral do Presidente Samora Machel, o embaixador
inglês telefonou-me a informar que tinha recebido instruções de Downing
Street [gabinete do Primeiro-Ministro inglês], para comunicar que a
Inglaterra não faria parte de qualquer comissão de inquérito,
encarregue de investigar a morte do Presidente Samora Machel. Instantes
depois, o embaixador dos Estados Unidos também me telefonou a
comunicar o mesmo facto", disse Sérgio Vieira.
Para Vieira, os governos norte-americanos e inglês tomaram essa
posição porque sabiam que os seus peritos chegariam à conclusão de que o
Tupolev em que viajava Samora Machel tinha sido sabotado e não tinha
caído devido a erros de pilotagem.
"Os Estados Unidos e a Inglaterra sabiam que os seus peritos nunca
aceitariam uma aldrabice, e chegariam a uma conclusão politicamente
inconveniente", a de que a queda do avião tinha sido provocada pelo
regime do "apartheid", que apesar de estar sob sanções internacionais,
era tolerado pelo Ocidente.
Os Estados Unidos e a Inglaterra consideravam a África do Sul do
tempo do "apartheid" uma espécie de tampão contra o expansionismo do
comunismo da ex-União Soviética, que tinha sob sua órbita a
generalidade dos países africanos, incluindo Moçambique.
Sérgio Vieira, que chefiou a missão enviada pelas autoridades
moçambicanas, para trazer os corpos das vítimas do acidente a
Moçambique, achou igualmente estranho que tenha sido sugerido o
envolvimento da Inglaterra e dos Estados Unidos na comissão de
inquérito, contra as regras da Associação Internacional do Transporte
Aéreo (IATA), que "prevêem na comissão de inquérito a participação do
produtor da aeronave, do país do acidente e do país das vítimas".
"O ministro [dos Negócios Estrangeiros da África do Sul] Roelof
`Pik` Botha disse-me que os Estados Unidos e a Inglaterra participariam
na comissão de inquérito, e eu achei isso estranho, porque é contra as
regras da IATA. Dias depois, são os embaixadores dos dois países que
negam essa participação, sem que Moçambique a tenha pedido alguma vez",
enfatizou Sérgio Vieira.
Sem acusar directamente o Governo sul-africano desse tempo, o
ex-ministro moçambicano da Segurança recordou que o então ministro da
Defesa da África do Sul, Magnus Malan, ameaçou directamente Samora
Machel, nas vésperas do acidente, pelo alegado apoio deste a actos de
guerrilha protagonizados no interior da África do Sul por militantes do
ANC.
Sérgio Vieira considerou sem sentido a posição sul-africana de que
os pilotos russos do avião do Presidente moçambicano eram inexperientes
e tripulavam ébrios, como concluiu a parte sul-africana da comissão
mista do inquérito.
"Os únicos vestígios de álcool encontrados nos corpos são os que
resultam da decomposição após a morte e não de algum consumo (...),
quanto à experiência dos pilotos, eram aquilo que em gíria de pilotagem
se diz milionários do ar, com mais de 10 mil horas de voo. O único com
menos horas tinha oito mil horas, e não exercia funções no `cockpit`",
sublinhou Vieira.
Segundo Sérgio Vieira, é suspeito que as autoridades sul-africanas
tenham declarado o local do despenhamento do avião zona militar, nas
vésperas da queda do aparelho, para depois retirarem os militares da
zona, deixando alguns polícias, no momento em que a missão enviada pelo
Governo moçambicano chegou à área.
Vieira acusou ainda as autoridades sul-africanas de não terem
prestado socorro aos feridos, preocupando-se apenas em reconhecer o
Presidente Samora Machel, que "teve morte instantânea e apresentava o
crâneo amarrotado", e em recolher documentos.
"Um dos sobreviventes contou-me que os membros do exército
sul-africano que estavam no local do acidente só se preocuparam em
recolher documentos e em reconhecer o Presidente Samora Machel", disse
na entrevista o antigo ministro moçambicano da Segurança.
Sobre uma alegada "mão interna" de membros do Governo moçambicano na
conspiração com as autoridades sul-africanas para provocar a queda do
aparelho, justificada pelo facto de nenhum dos principais quadros do
partido no poder em Moçambique, FRELIMO, não ter integrado a comitiva
presidencial que sofreu o acidente, Sérgio Vieira considerou-a
"especulação", justificando depois a sua própria ausência da viagem em
que acabou morrendo Samora Machel.
"O próprio Samora disse-me a mim para não viajar, porque acabava de
perder a minha primeira mulher e tinha chegado havia pouco tempo de uma
missão do Botsuana. Joaquim Chissano [que depois sucedeu a Samora
Machel na chefia do Estado moçambicano] estava fora do país também em
missão de serviço", sublinhou Sérgio Vieira, lembrando ainda que Machel
desrespeitou recomendações da sua equipa de segurança para não viajar à
noite de avião, devido à situação de guerra que se vivia na África
Austral.
"Samora Machel tinha virtudes, mas era teimoso, atropelou várias
vezes regras protocolares, incluindo recomendações para não viajar à
noite de avião. Tive várias vezes ataques cardíacos, devido à sua
teimosia", acrescentou Sérgio Vieira.
PMA.
Lusa/Fim - 15.08.2008
NOTA:
Historiadores moçambicanos para escrever a HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
precisam-se. Quem são os quatro passageiros que se diz terem saído em
Lusaka e para onde, na realidade, se dirigiram?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
2 comentários:
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