Prisão de Gungunhana foi um “golpe de sorte” , afirma historiador
Intitulado "Mouzinho de Albuquerque - Um soldado ao serviço do Império", o livro procura "contextualizar Mouzinho na mentalidade da época em que viveu".
"Mouzinho de Albuquerque hoje seria condenado por crimes contra a humanidade, falando de uma forma ligeira, mas na sua época os seus actos não foram interpretados de tal forma, pois o contexto mental e social era diferente", declarou.
A operação militar em Chaimite foi o culminar de um conjunto de vitórias militares ao longo de 1895, depois de sucessivas derrotas das tropas portuguesas, no contexto do Ultimato e da Conferência de Berlim.
O investigador sublinhou que a detenção de Gungunhana, conhecido como “o Leão de Gaza”, em 1895, "foi um golpe de sorte e não passou de uma bravata militar em que não participaram mais de meia centena de homens e não houve qualquer chacina dos dois lados", declarou.
Após a sua captura, Gungunhana foi despojado dos seus haveres, afastado das suas tradições, transportado para Portugal, onde sofreu humilhações públicas. Com este feito, Portugal garantiu o domínio sobre Moçambique.
Fundado por um ramo zulu fugido à guerra que alastrava a Sul, o reino de Gaza sobreviveu à cobiça europeia durante mais de sete décadas.
Quando Gungunhana foi preso por Mouzinho de Albuquerque em Chaimite, em 1895, parte do seu exército ainda conquistava terreno aos tsongas, aos chopes, aos vandaus e aos bitongas, empurrados sucessivamente para Norte.
No seu esplendor, o império de Gaza espraiava-se do rio Incomáti à margem esquerda do Zambeze, do oceano Índico ao curso superior do rio Save. Era o segundo maior reino africano do século XIX, um território que, no mapa actual, ocuparia mais de metade de Moçambique e um bom pedaço do Zimbabué, entrando ainda pela África do Sul. Há cem anos, tinha uma população entre os 500 mil e os dois milhões de habitantes.
Rádio de Moçambique – 28.05.2010