Mircea Eliade dispensa qualquer tipo de apresentação. Distinto e pluridisciplinar intelectual de origem romena, destacou-se como um dos principais pensadores do século XX, não obstante as suas simpatias por quadrantes mais tradicionais e conservadores da política, tendo o seu nome ficado para sempre associado a Guarda de Ferro, o célebre Movimento Legionário romeno liderado pelo seu compatriota Corneliu Codreanu. Autor de obras fundamentais como "Mito do Eterno Retorno", "Aspectos do Mito", "Do Sagrado e do Profano", "Tratado da História das Religiões", entre outras, destacou-se como um dos mais proeminentes historiadores de religiões comparadas, tendo igualmente publicado variadíssimas obras de ficção.
Em Fevereiro de 1941 chegou a Lisboa onde investiu as funções de
adido cultural na Embaixada da Roménia. Em Portugal interessou-se desde
cedo pela história e cultura portuguesas, relacionando-se com algumas
das mais proeminentes personalidades de então como, por exemplo, António
Ferro, João Ameal ou Alfredo Pimenta, considerado por ele no seu
diário "o homem mais sábio de Portugal". Com a Europa em chamas e a
vizinha Espanha ainda dilacerada pelos nefastos resultados de uma
violentíssima guerra civil, Portugal perfilava-se diante de Mircea
Eliade como um autêntico éden, contrariamente à sua pátria,
primeiramente subjugada pela influência alemã e posteriormente invadida e
dominada pela União Soviética.
O estado de graça encontrado em Portugal aquando da sua chegada explicará o natural fascínio do autor pelas políticas do Estado Novo, bem como pelo seu líder António de Oliveira Salazar, factor conducente a redacção de "Salazar si Revolutia din Portugália", no seu título original.
Editado em Bucareste no ano de 1942, numa exasperada tentativa de mostrar na vitória portuguesa do advento estado-no-vista um exemplo de um modelo político, social e espiritual a seguir pelos romenos, este livro relata de uma forma esclarecida o percurso histórico de Portugal, desde os tempos do pombalismo, passando pelo conturbado século XIX, o regicídio, a ascensão e queda da I República, até ao volte-face iniciado com a revolução de 28 de Maio de 1926 e materializado com a edificação do Estado Novo. Destaca-se nesta obra, para além do cuidado e rigor do retrato histórico, a análise espiritual da acção governativa de Salazar, em análoga sincronia com o arquétipo português.
Após a edição de "Diário Português" em 2008, pela Guerra e Paz, chega o momento de ser publicada em português mais uma obra inédita de Mircea Eliade. "Salazar, Portugal e a Revolução" (capa mole, 256 págs., 17,90 euros) torna pública a sua visão apaixonada por um Portugal que conheceu de perto, numa edição traduzida do romeno por Anca Milu-Vaidesegan, contando com uma apresentação de So-rin Alexandescu, sobrinho do autor, assim como com um interessante estudo introdutório de Carlos Leone (FCSH-UNL), José Eduardo Franco e Rosa Fina (CLÉ-PUL-FLUL). A imagem de "Como se levanta um Estado", livro encomendado ao próprio António de Oliveira Salazar por uma editora francesa em 1936, esta obra assume hoje um papel fundamental na compreensão e percepção da real dimensão mitificada do Portugal estado-novista durante a belle époque daquele regime, numa perspectiva claramente orientada do interior para o exterior.
O DIABO – 05.04.2011
O estado de graça encontrado em Portugal aquando da sua chegada explicará o natural fascínio do autor pelas políticas do Estado Novo, bem como pelo seu líder António de Oliveira Salazar, factor conducente a redacção de "Salazar si Revolutia din Portugália", no seu título original.
Editado em Bucareste no ano de 1942, numa exasperada tentativa de mostrar na vitória portuguesa do advento estado-no-vista um exemplo de um modelo político, social e espiritual a seguir pelos romenos, este livro relata de uma forma esclarecida o percurso histórico de Portugal, desde os tempos do pombalismo, passando pelo conturbado século XIX, o regicídio, a ascensão e queda da I República, até ao volte-face iniciado com a revolução de 28 de Maio de 1926 e materializado com a edificação do Estado Novo. Destaca-se nesta obra, para além do cuidado e rigor do retrato histórico, a análise espiritual da acção governativa de Salazar, em análoga sincronia com o arquétipo português.
Após a edição de "Diário Português" em 2008, pela Guerra e Paz, chega o momento de ser publicada em português mais uma obra inédita de Mircea Eliade. "Salazar, Portugal e a Revolução" (capa mole, 256 págs., 17,90 euros) torna pública a sua visão apaixonada por um Portugal que conheceu de perto, numa edição traduzida do romeno por Anca Milu-Vaidesegan, contando com uma apresentação de So-rin Alexandescu, sobrinho do autor, assim como com um interessante estudo introdutório de Carlos Leone (FCSH-UNL), José Eduardo Franco e Rosa Fina (CLÉ-PUL-FLUL). A imagem de "Como se levanta um Estado", livro encomendado ao próprio António de Oliveira Salazar por uma editora francesa em 1936, esta obra assume hoje um papel fundamental na compreensão e percepção da real dimensão mitificada do Portugal estado-novista durante a belle époque daquele regime, numa perspectiva claramente orientada do interior para o exterior.
O DIABO – 05.04.2011
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