“O dia em que vemos a verdade e nos calamos é o dia em que começamos a morrer.” - Martin Luther King
As teorias da conspiração floresceram agora naquilo que os
complacentes media da prestituta chamam a “cultura da conspiração” (N.T. -
prestituta é a tradução possível do neologismo presstitute, mistura de press,
imprensa e prostitute, prostituta, denotando o caráter mercenário da imprensa
dominante). De acordo com os prestitutos, os americanos precisam de encontrar
qualquer explicação para as suas frustrações e falhanços e por isso viram-se
contra os Bilderbergs, os Rotschilds, a Nova Ordem Mundial e por aí adiante.
Os leitores não ficarão surpreendidos que discorde dos prestitutos. De facto, a cultura da conspiração é o resultado do falhanço dos media prestitutos para investigarem e contarem a verdade. Estou certo que os media ocidentais são piores do que foram os media soviéticos. Os media soviéticos arranjavam maneira de ajudar o público a ler nas entrelinhas, ao passo que os ocidentais são tão orgulhosos por serem da confiança do governo que fornecem propaganda sem darem pistas aos leitores de que se trata de propaganda.
Os leitores não ficarão surpreendidos que discorde dos prestitutos. De facto, a cultura da conspiração é o resultado do falhanço dos media prestitutos para investigarem e contarem a verdade. Estou certo que os media ocidentais são piores do que foram os media soviéticos. Os media soviéticos arranjavam maneira de ajudar o público a ler nas entrelinhas, ao passo que os ocidentais são tão orgulhosos por serem da confiança do governo que fornecem propaganda sem darem pistas aos leitores de que se trata de propaganda.
Os americanos têm sido alimentados com mentiras pelo “seu” governo e pelos media prestitutos durante tanto tempo que não é surpreendente vê-los acreditar cada vez mais haver conspiração contra eles. Milhões de americanos foram despejados dos seus empregos, carreiras e habitações enquanto os pulhas que os roubaram andam em liberdade e financiam os candidatos presidenciais. O mundo que milhões de americanos conheciam acabou e ninguém foi responsabilizado por isso. A explicação que os americanos tiram dos media é que é sua a culpa. Compraram casas que não deviam ter comprado e não se prepararam para os empregos certos. Não é desrazoável que os americanos cheguem à conclusão que existe uma conspiração contra eles.
Dizem aos americanos que o “seu” governo não consegue ajudá-los por causa do défice do orçamento e da carga sobre os nossos descendentes. Mas, os americanos veem os biliões que são gastos com os banksters (N.T. – neologismo intraduzível, mistura de banker, banqueiro e gangster, bandido), com as guerras e com a segurança interna. Porque é que um estado policial e mais um ataque a um país muçulmano são mais importantes do que manter os americanos com os seus empregos e as suas casas?
O 11º aniversário do 11/9 está a menos de um mês. Será que os media prestitutos vão lembrar aos americanos que o governo gastou mais de 6 milhões de milhões de dólares do seu dinheiro em custos futuros incontroláveis e já despendidos nas despesas da invasão e tentativa de ocupação do Afeganistão e do Iraque, tudo isso com o único resultado de enriquecer as administrações e os accionistas do complexo militar securitário, à custa da destruição da reputação dos Estados Unidos e de pôr a segurança Social e o Medicare no cepo?
Não, claro que não. A conversa vai ser sobre as nossas corajosas tropas que lutam e morrem para tornar o mundo mais seguro para a democracia e os direitos das mulheres. Washington vai enrolar-se na bandeira e exortar os americanos a “apoiarem as nossas tropas” na guerra orquestrada para o dia. Hitlery Clinton (Hillary Clinton, verdadeiro nome – N.T.) ainda monta o cavalo da moral e acusa a China e a Rússia, mas o que o mundo vê é hipocrisia. Ninguém, nem mesmo os governos-fantoche de Washington, já vê nas moralidades de Washington mais do que uma máscara para o domínio pela simples força. A democracia, segundo declara Washington, vem dos canos das armas.
A moral actual é toda sobre dinheiro, mas não para os 99%. Os 99% não podem encontrar bons empregos ou ganhar qualquer rendimento com as suas poupanças, porque a economia é para os 1%. Os licenciados universitários não conseguem emprego e pagar os empréstimos de estudante. A reciclagem de milhões de americanos cujos empregos foram deslocalizados ou preenchidos por estrangeiros com visa H1-B (visa temporário de não-imigrante – N.T.) provou-se ser uma fraude, pois não há emprego para a força de trabalho americana substituída a longo prazo e reciclada. A projeção oficial do emprego pelo governo americano é que poucos licenciados universitários são necessários na força de trabalho, donde que o velho slogan “educação é a resposta” seja outra mentira dos departamentos económicos da Ivy League (grupo de oito universidades privadas de prestígio do nordeste dos EUA – N.T.) que vendem as mentiras do sistema por dinheiro.
Qualquer cidadão americano habituado a viajar nos “grandes espaços” da América antes do 11/9 deve estar espantado com o súbito crescimento da intrusiva Homeland Security (segurança interna – N.T.), palavra com ressonâncias de gestapo como poucas terão existido. Os porno-scans (inspeções de raios X de corpo inteiro – N.T.) e as apalpações genitais passaram dos aeroportos para as estações rodoviárias e ferroviárias e as auto-estradas públicas, apesar da ausência de acidentes terroristas. Ninguém de pleno juízo imaginaria que a avózinha de 90 anos numa cadeira de rodas é um terrorista cujas fraldas têm que ser inspecionadas ou que pais loiros e de olhos azuis terão atado uma bomba na cintura da filha de 5 anos. Ninguém, excepto o departamento gestapo da Homeland Security.
Até alguns dos ingénuos conservadores patriotas agarrados à bandeira começam a reflectir sobre tanta segurança. As notícias de que o departamento da Homeland Security encomendou 750 milhões de cargas de munições letais são intrigantes mesmo para esses conservadores que sentem prazer por delegação com a matança dos “cabeças de turbante”.
Para que precisa o departamento da segurança interna de munições suficientes para atingir cada americano 2 vezes e meia? Porque está a Homeland Security a equipar-se com couraças de corpo inteiro? Porque estão a adquirir nova tecnologia que pode “saber tudo sobre nós instantaneamente a 500 metros?” Um novo manual do exército para as “Operações de Perturbação Civil” descreve como os militares podem ser usados internamente nos EUA para reprimir protestos, confiscar armas de fogo e matar cidadãos.
O estado policial que está em construção na América da “liberdade e democracia” não tem paralelo na história. Quando os únicos terroristas são farsantes organizados pelo FBI, é evidente que o propósito do estado policial não é proteger os americanos de terroristas muçulmanos. O objetivo é aterrorizar os cidadãos americanos.
Não é apenas a Homeland Security que está a ser militarizada. O governo anunciou que foi feita uma encomenda de munições pelo Serviço Meteorológico Nacional , mais tarde corrigido para Gabinete das Pescas. Se isto causa surpresa, porque encomendou a Administração da Segurança Social 174,000 cargas de balas de ponta cortada? (balas de expansão após o impacto, com efeitos mais destrutivos – N.T.)
As listas da encomenda das munições pela Homeland Security estão disponíveis online. É óbvio que não são munições para treino de tiro. São munições para matar pessoas: as balas de ponta cortada são para a espingarda militar M-16. Balas match grade são para espingardas de atirador especial (sniper) 0,308. Munições calibre 12 são para caça grossa. Balas de ponta cortada são para magnum 0,357 e pistolas calibre 0,40.
Como não houve qualquer ataque terrorista nos EUA desde o 11/9 (este, por seu lado, sob suspeita dos peritos), excepto os que foram organizados pelo FBI, esta compra maciça de poder de fogo não é obviamente para proteger os americanos dos terroristas muçulmanos. Então, é para quê?
Talvez este filme explique o que está reservado para o povo americano que confiou no “seu” governo. Os que protestam contra a guerra e os críticos do governo estão sendo redefinidos como “extremistas internos” que podem ser presos por ajudarem e serem cúmplices dos inimigos dos Estados Unidos. Se os americanos acordarem para a realidade de que estão a ser desapossados económica, política e socialmente, enquanto Washington os arrasta para a III Guerra Mundial e ocuparem as ruas em protesto, encontrarão uma força militar extrema.
A esquerda liberal é ainda mais ingénua que os conservadores agarrados à bandeira. Seja o que for que o governo faça, os conservadores estão do lado do governo. Isto porque os conservadores confundem patriotismo com apoio ao governo e não com defesa da Constituição, documento suspeito, tolerante para os criminosos, os terroristas e os que protestam contra a guerra e que fazem a América perder as guerras. A esquerda liberal considera Obama com a sua origem semi-negra como membro da classe oprimida, que para a esquerda liberal significa pessoas dotadas da mais elevada moralidade. A esquerda liberal continua a considerar Obama como um redentor, mesmo com Obama assinando no Gabinete Oval listas de cidadãos americanos a serem executados sem devido processo legal. Nem mesmo Naomi Wolf consegue acordar a esquerda liberal.
Não se espere que o Congresso ou os prestitutos façam o que quer que seja sobre a rápida concentração de poder no estado policial que Bush e Obama criaram. Não se espere ser resgatado pelos tribunais federais. Ainda que alguns juízes estejam inclinados a defender a Constituição contra o seu inimigo interno, os tribunais não têm poder quando o ramo executivo não respeita o primado da lei. Atualmente, o ramo executivo ignora a determinação de um juíz federal contra a detenção indefinida de cidadãos americanos. Os advogados do Departamento de Justiça (sic) nem sequer respondem às perguntas do juiz.
Um povo crédulo está desamparado se o governo decide escravizá-lo. É uma brincadeira de crianças para o governo lançar o descrédito sobre os líderes naturais do povo e os que lhe dão informação rigorosa. A maioria dos americanos tem uma base de conhecimentos muito estreita e preconceitos ideológicos muito vastos. Por conseguinte, não conseguem distinguir entre factos e ficção.
Veja-se o caso de Julian Assange. Quando o governo dos EUA, furioso com a publicação pela WikiLeaks da fuga de documentos que revelaram a falsidade e mentira de Washington, começou por atacar Assange, este teve um apoio quase universal. Então, Washington pôs na internet a história que Assange era um agente de informações a trabalhar para a CIA ou até para a ainda mais odiosa Mossad. Tanto os sítios da internet de esquerda como de direita caíram na óbvia esparrela. Temos aqui uma ingenuidade ao nível dos que acreditavam na acusação de Stalin de que Bukharin era agente capitalista.
Uma vez iniciado, o libelo contra Assange foi cancelado pelo esclarecimento pelo gabinete do procurador sueco das queixas feitas pelas duas mulheres que o seduziram. Vendo Assange recuperado, uma procuradora reabriu o caso arquivado e, segundo muitos acreditam, sob pressão de Washington. As feministas saltaram para a cena, exigindo que Assange seja punido pela sedução por mulheres que obviamente tinha enganado e de alguma maneira coagido.
Foi a repetição do caso Dominique Strauss-Kahn. Falsamente acusado de assédio sexual a uma empregada de hotel em New York, o director do Fundo Monetário Internacional, procurado em dois continentes por mulheres caçadoras de celebridades, foi eliminado da corrida à presidência da França e teve que se demitir da sua posição no FMI. A polícia de New York, habituada por décadas de propaganda feminista a encarar cada acusação sexual apresentada por uma mulher como a verdade absoluta, fez figura de parva e incompetente quando era evidente que a acusação era fabricada, com o objetivo de extorquir dinheiro a Strauss-Kahn e possivelmente para o eliminar da corrida à presidência francesa.
Muitos sítios da internet e comentadores normalmente de confiança foram apanhados pela falsa história.
Os hegemónicos de Washington e seus media prestitutos foram ainda mais bem-sucedidos a enganarem os americanos sobre ataques terroristas, Osama bin Laden, os talibãs, o Afeganistão, o Iraque, a Líbia, a Somália, o Iémen, o Paquistão, a Síria e o Irão. O que é espantoso é o facto de não ter havido quaisquer ataques na América, apesar das enormes provocações que Washington tem feito assassinando nada menos que um milhão de muçulmanos, destruindo três países muçulmanos, conduzindo operações militares contra sete países muçulmanos e preparando um ataque a um oitavo, o Irão.
O presidente da Rússia, cujos mísseis balísticos termonucleares podem varrer os EUA da face da terra, disseram para todo o mundo ouvir que Washington tem o mundo inteiro amedrontado com a sua deriva hegemónica. “Ninguém se sente seguro,” disse Putin. E acima de tudo os russos, com bases de mísseis americanas nas fronteiras e uma “oposição” política traidora e desleal financiada por Washington, que serve de sua quinta coluna na Rússia.
Putin reconheceu que a América quer mandar no mundo. Mas, Washington não vai mandar na Rússia e na China. Se o actual atrasado mental da Casa Branca mantiver a sua promessa ao primeiro-ministro de Israel Netanyahu de que os EUA atacam o Irão em Junho próximo se o Irão não encerrar o seu programa de energia nuclear (programa não-militar autorizado ao Irão como signatário do Tratado de Não-proliferação Nuclear), a Casa Branca terá aberto a porta à III Guerra Mundial. Nessa guerra, os EUA não ficariam imunes contra um ataque, como na I Grande Guerra e na II Grande Guerra. Desta vez, a América pode desaparecer em holocausto nuclear. Se algum dos mundos sobreviver, as pessoas agradecerão que seja Washington a sair de cena.
É Morte aquilo que o “nosso” governo em Washington, tanto de republicanos, como de democratas, nos traz. Ambos os partidos são dirigidos por neoconservadores que acreditam valer a pena uma guerra nuclear para conseguir a hegemonia americana no mundo. Se estes perigosos ideólogos continuarem a dominar, a vida na Terra tem fracas perspectivas.
*Paul Craig Roberts foi Secretário Assistente do Tesouro para a Política Económica e editor associado do Wall Street Journal. Foi colunista da Business Week, do Scripps Howard News Service e do Creators Syndicate. Teve diversos cargos universitários. As suas colunas na internet têm atraído seguidores no mundo inteiro. www.paulcraigroberts.org/
Tradução: Jorge Vasconcelos
20 de agosto de 2012 “Information Clearing House”