- Grande parte dos visados saiu do encontro dirigido por Edson Macuacua simplesmente mal disposta, aparentemente pelo enxovalhamento a que foi vítima
A Frelimo, o partido no poder desde 1975, contrariando e pontapeando de forma grosseira a Constituição da República no que diz respeito à liberdade de expressão e de opinião acaba de mostrar, mais uma vez, a sua grande aversão ao pensar diferente. É que, como disse, um dia, o antigo reitor da Universidade Eduardo Mondlane, Brazão Mazula, “o nosso grande problema é pensar que quem pensa diferente não está connosco e não estando connosco é contra nós”. Tipo é da oposição.
Em relação a esta realidade, recentemente e de forma sigilosa, a Frelimo manteve uma reunião de “lavagem cerebral” aos pensadores que, muitas vezes, os moçambicanos gostam de ouvi-los falar, comentando e dando os seus pontos de vista sobre os mais diversos contextos da vida social, política, económica e cultural nacional. Como normalmente acontece nos contextos deste tipo de eventos, a convocação do encontro foi de forma mais cautelosa e sigilosa possível.
Ao que o media mediaFAX sabe, os grandes “pensadores e comentadores” dos mais diversos canais e programas foram convocados a uma reunião, na sede nacional da Frelimo, na cidade de Maputo, na tarde de 6 de Agosto corrente.
A reunião foi dirigida
por Edson Macuacua, Secretário para a Mobilização e Propagada da Frelimo.
Foi uma verdadeira “lavagem cerebral” em que os “grandes comentadores” foram até injuriados e enxovalhados por Edson Macuacua, que assume as funções de porta-voz do partidão que em Setembro próximo estará reunido no seu X Congresso, na cidade de Pemba.
O encontro da sede nacional da Frelimo serviu simplesmente para dizer aos comentadores da praça que deviam parar de criticar sistematicamente o governo moçambicano, seus dirigentes e o partido Frelimo porque a continuar teriam muito a perder. Estavam comentadores e analistas dos mais importantes programas da Televisão de Moçambique, da Rádio Moçambique e da Soico Televisão. Alguns moderadores desses programas também foram convocados e participaram no encontro.
Segundo soubemos, Edson Macuacua, foi contundente e até mal criado, tendo em conta que por várias vezes pronunciou nesse encontro termos que, de alguma forma, feriram sensibilidades de maior parte dos participantes. As palavras de Edson, segundo soubemos, giraram mais ou menos em torno de alguns programas e respectivos comentadores estarem a criar problemas à Frelimo numa altura crítica para o partido, tendo em conta a aproximação dos pleitos eleitorais. Implicitamente, Macuacua deu claramente a entender que a continuar naqueles moldes, a Frelimo seria, pelo menos nos órgãos públicos, a cancelar alguns programas.
Coincidência ou não, verdade é que semana seguinte o Programa “A Semana” da Televisão de Moçambique foi banido. Apesar de ao nível da TVM, a explicação oficial indicar estar-se perante um fim natural de um programa, especula-se que a ordem tenha vindo da sede do partido Frelimo.
Ao mesmo tempo, relaciona-se a recente exoneração do director de informação da TVM, Simião Ponguana, com a postura algo corajoso que vinha sendo demonstrada por ele na concepção e moderação de alguns debates que corriam na televisão pública, assim como, alguns conteúdos noticiosos que por aquela televisão passavam. Ponguana, segundo se sabe, foi indicado assessor editorial do Conselho de administração, um cargo tido como excessivamente burocrático e inventado simplesmente para acantonar o antigo director de informação. No lugar deste foi colocado, Augusto Levi, que estava a chefiar a delegação de Nampula.
O encontro do referido dia 6 de Agosto corrente terminou simplesmente com recados aos comentadores dos referidos programas no sentido de pararem de lançar críticas à Frelimo, passando a ter discursos moderados e que ajudem a cultivar o bom nome do partido no poder.
Publicamente, a Frelimo nega que esteja a controlar a forma de pensar dos que pensam, mas o encontro de 6 de Agosto é mais uma prova clara de que os preceitos constitucionais em relação ao pluralismo de expressão e de opinião e liberdade de imprensa servem apenas para embelezar o texto constitucional que a maioria parlamentar da Frelimo, na Assembleia da República, aprovou.
MEDIAFAX – 30.08.2012
Foi uma verdadeira “lavagem cerebral” em que os “grandes comentadores” foram até injuriados e enxovalhados por Edson Macuacua, que assume as funções de porta-voz do partidão que em Setembro próximo estará reunido no seu X Congresso, na cidade de Pemba.
O encontro da sede nacional da Frelimo serviu simplesmente para dizer aos comentadores da praça que deviam parar de criticar sistematicamente o governo moçambicano, seus dirigentes e o partido Frelimo porque a continuar teriam muito a perder. Estavam comentadores e analistas dos mais importantes programas da Televisão de Moçambique, da Rádio Moçambique e da Soico Televisão. Alguns moderadores desses programas também foram convocados e participaram no encontro.
Segundo soubemos, Edson Macuacua, foi contundente e até mal criado, tendo em conta que por várias vezes pronunciou nesse encontro termos que, de alguma forma, feriram sensibilidades de maior parte dos participantes. As palavras de Edson, segundo soubemos, giraram mais ou menos em torno de alguns programas e respectivos comentadores estarem a criar problemas à Frelimo numa altura crítica para o partido, tendo em conta a aproximação dos pleitos eleitorais. Implicitamente, Macuacua deu claramente a entender que a continuar naqueles moldes, a Frelimo seria, pelo menos nos órgãos públicos, a cancelar alguns programas.
Coincidência ou não, verdade é que semana seguinte o Programa “A Semana” da Televisão de Moçambique foi banido. Apesar de ao nível da TVM, a explicação oficial indicar estar-se perante um fim natural de um programa, especula-se que a ordem tenha vindo da sede do partido Frelimo.
Ao mesmo tempo, relaciona-se a recente exoneração do director de informação da TVM, Simião Ponguana, com a postura algo corajoso que vinha sendo demonstrada por ele na concepção e moderação de alguns debates que corriam na televisão pública, assim como, alguns conteúdos noticiosos que por aquela televisão passavam. Ponguana, segundo se sabe, foi indicado assessor editorial do Conselho de administração, um cargo tido como excessivamente burocrático e inventado simplesmente para acantonar o antigo director de informação. No lugar deste foi colocado, Augusto Levi, que estava a chefiar a delegação de Nampula.
O encontro do referido dia 6 de Agosto corrente terminou simplesmente com recados aos comentadores dos referidos programas no sentido de pararem de lançar críticas à Frelimo, passando a ter discursos moderados e que ajudem a cultivar o bom nome do partido no poder.
Publicamente, a Frelimo nega que esteja a controlar a forma de pensar dos que pensam, mas o encontro de 6 de Agosto é mais uma prova clara de que os preceitos constitucionais em relação ao pluralismo de expressão e de opinião e liberdade de imprensa servem apenas para embelezar o texto constitucional que a maioria parlamentar da Frelimo, na Assembleia da República, aprovou.
MEDIAFAX – 30.08.2012