O ministro Álvaro Barreto que chefiou a delegação portuguesa surpreendida no Maputo pelo fuzilamento de um cidadão português (desde há longa data preso sob a acusação de mercenarismo) disse, na terça-feira passada, na televisão, que - mesmo sem que esse incidente tivesse obstado ao bom êxito da sua missão na capital moçambicana - defender, ali, os interesses portugueses era tarefa que se encontrava à partida extremamente dificultada, tanto mais que, em 1975, o então Primeiro-Ministro, Vasco Gonçalves, havia endereçado a Samora Machel uma carta em que se congelava a dívida daquele Estado a Portugal. É o texto dessa carta que «O Jornal» conseguiu obter e publica, de seguida, depois de ter confirmado o seu conteúdo junto do próprio general Vasco Gonçalves, de quem, aliás, publicamos um depoimento. Tal missiva constitui como que uma resposta a uma outra, de Samora Machel, cujo texto, igualmente, conseguimos obter e publicamos na integra. Trata-se dum texto extremamente violento que, apesar de partir duma denúncia de situações no quadro do colonial fascismo a que o 25 de Abril, precisamente pretendeu pôr termo, se estende em excessos e insultos. Mas constitui um documento histórico - e é nessa óptica que decidimos publicá-lo. “0 jornal”12/04/70 |
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