quinta-feira, 23 de agosto de 2012

CENÁRIOS PÓS-ELEITORAIS EM MOÇAMBIQUE

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Debater conteúdos e não pessoas...
Quebrar tabus e medos erquer coragem...
É interessante que se discuta esses cenários. Mas parece que sendo uma iniciativa de um “think-tank” e não dos partidos, teremos uma discussão mais académica do que política, isto é, não teremos resultados que ataquem e influenciem directamente os fazedores da política no país. A Frelimo no poder de uma maneira que foi abertamente apoiada e auxiliada pelos órgãos eleitorais e Conselho Constitucional não vai escutar as recomendações que saiam da conferência que o IESE, Instituto de Estudos Sociais e Económicos e a Open Society Initiative for Southern Africa organizam a partir do dia 8 de Dezembro em Maputo.
Infelizmente temos actores caminhando em velocidades diferentes e actores que não estão dialogando sobre algo que é de interesse comum. Uns dizem ou se julgam proprietários da verdade ou que a suaopinião é o que determina o que se deve fazer e que de facto de acaba fazendo no país.
Existe uma forte influência e ingerência do partido no poder em tudo que seja actuação ou acontecimento político em Moçambique. Embora o IESE tenha manifestado no passado bastante independência na sua maneira de abordar os assuntos nacionais, especialmente os de natureza económica, estamos em crer que não será desta vez que a Frelimo vai escutar alguém de fora, sobre como se deve governar o país ou coisa parecida.
O que parece ser um partido dominante na verdade não é pois os resultados eleitorais sancionados pelo Conselho Constitucional são a soma de muitas pequenas e grandes irregularidades. A existir uma Comissão Eleitoral Independente decerto que os resultados ou parecer dos órgãos eleitorais seriam outros.
Se não houvesse uma forte influência do Executivo nos orgãos eleitorais teriamos um cenário eleitoral mais favorável a participação de outros partidos partidos e o comportamento da polícia nacional teria sido outro. O país vai mais uma vez aceitar ou ter que aceitar os resultados anunciados e viver os próximos anos sob um regime que em substância não escolheu ou que muitos dos seus cidaddãos não escolheram. A manifestação ruidosa das caravanas automóveis dos membros e militantes da Frelimo em todo o país muitas vezes a custa de combustível pago com fundos governamentais, como se pode provar em vários casos, não é sinónimo e jamais será de adesão de todo o povo moçambicano ao manifesto eleitoral da Frelimo. Também se diga em abono da verdade que a Frelimo ou o seu presidente não precisavam de tanta ajuda dos órgãos eleitorais para vencerem adversários tão fragilizados.
Mas o receio de uma derrota ou de números inconfortáveis no Parlamento levou a que se recorresse a esquemas  fraudulentos desde ao procurement de materiais eleitorais e equipamento até ao  dia votação em si. O  comportamento nas Assembleias de Voto deixou a muito a desejar em muitos lugares do país. Para a Frelimo e seus aliados na União Europeia, Portugal, Itália, Espanha o importante era vencer. Há muitos negócios planeados que dependem da continuação da Frelimo no poder.
Ou não é verdade? A corrupção de tanto se fala é muitas vezes alimentada por comportamento estranhos dos “parceiros” e doadores ocidentais e orientais.
As fronteiras que se abrem como se não fosse Moçambique um país soberano já constituem uma fonte de receitas para o enriquecimento ilícito de muitos funcionários do estado. Ou isso não será verdade. Vai-se discutir ou debater cenários pós-eleitorais mas decerto que não teremos assuntos de soberania como a permeabilidade das nossas fronteiras na mesa de discussão. As fraquezas nacionais são quando muito evitadas e deixa-se tudo nas mãos de uma equipa que se pretende conhecedora de tudo quando muitas vezes apresenta fissuras escandalosas. Analisar os resultados da governação ou procurar avaliar o seu desempenho com base naquilo que de negativo nos é dado a saber pela comunicação social pode resultar assustador.
É salutar que haja um instituto como o IESE no país e que dele surjam opiniões e pareceres profundamente interessantes sobre a vida económica e social moçambicana. Embora seja a  parte política que acresce de estudiosos e de um think-tank do tipo IESE, pois é aqui que se joga o presente e futuro do país. A política determina e comanda tudo em Moçambique.
Não é por acaso que o cidadão AEG se preocupa tanto com ela.
Não é por acaso  que vemos Nihias como conselheiros do PR.
Seria sobretudo mais interessante que em ocasiões como nesta conferência que os governantes aprendessem a dialogar com os intelectuais nacionais e com a sua comunicação social de modo a que todos aprendessem e com o esforço de todos se fizesse avançar as agendas nacionais.
Espero sinceramente que a conferência seja uma oportunidade para se discutir e debater conteúdos que fazem falta. Que os exibicionistas de sempre fiquem em casa ou que participem no encontro com o objectivo de dar as suas opiniões e pontos de vista de maneira isenta de artifícios e qualquer coisa que se pareça.
Moçambique precisa de tudo o que os seus filhos possam oferecer. O que não se precisa é de figurões, preguiçosos que se limitam a bajular os governantes na esperança de que com esse “mau-serviço” ao país consigam receber algum posto ou cargo governamental ou diplomático no futuro governo.
Temos todos necessidade alimentos e de meios de transporte. Mas esses factos não devem significar o ruir do nosso tecido moral...
Há que ter dignidade e vergonha se queremos combater realmente a pobreza e democratizar o país.
Basta de exercícios eleitorais que não passam de “fazer de conta”...
Por Noé Nhanthumbo
DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 14.12.2009
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