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Debater conteúdos e não pessoas...
Quebrar tabus e medos erquer coragem...
É
interessante que se discuta esses cenários. Mas parece que sendo uma
iniciativa de um “think-tank” e não dos partidos, teremos uma discussão
mais académica do que política, isto é, não teremos resultados que
ataquem e influenciem directamente os fazedores da política no país. A
Frelimo no poder de uma maneira que foi abertamente apoiada e auxiliada
pelos órgãos eleitorais e Conselho Constitucional não vai escutar as
recomendações que saiam da conferência que o IESE, Instituto de Estudos
Sociais e Económicos e a Open Society Initiative for Southern Africa
organizam a partir do dia 8 de Dezembro em Maputo.
Infelizmente
temos actores caminhando em velocidades diferentes e actores que não
estão dialogando sobre algo que é de interesse comum. Uns dizem ou se
julgam proprietários da verdade ou que a suaopinião é o que determina o
que se deve fazer e que de facto de acaba fazendo no país.
Existe
uma forte influência e ingerência do partido no poder em tudo que seja
actuação ou acontecimento político em Moçambique. Embora o IESE tenha
manifestado no passado bastante independência na sua maneira de abordar
os assuntos nacionais, especialmente os de natureza económica, estamos
em crer que não será desta vez que a Frelimo vai escutar alguém de fora,
sobre como se deve governar o país ou coisa parecida.
O
que parece ser um partido dominante na verdade não é pois os resultados
eleitorais sancionados pelo Conselho Constitucional são a soma de
muitas pequenas e grandes irregularidades. A existir uma Comissão
Eleitoral Independente decerto que os resultados ou parecer dos órgãos
eleitorais seriam outros.
Se
não houvesse uma forte influência do Executivo nos orgãos eleitorais
teriamos um cenário eleitoral mais favorável a participação de outros
partidos partidos e o comportamento da polícia nacional teria sido
outro. O país vai mais uma vez aceitar ou ter que aceitar os resultados
anunciados e viver os próximos anos sob um regime que em substância não
escolheu ou que muitos dos seus cidaddãos não escolheram. A manifestação
ruidosa das caravanas automóveis dos membros e militantes da Frelimo em
todo o país muitas vezes a custa de combustível pago com fundos
governamentais, como se pode provar em vários casos, não é sinónimo e
jamais será de adesão de todo o povo moçambicano ao manifesto eleitoral
da Frelimo. Também se diga em abono da verdade que a Frelimo ou o seu
presidente não precisavam de tanta ajuda dos órgãos eleitorais para
vencerem adversários tão fragilizados.
Mas o receio de uma derrota ou de números inconfortáveis no Parlamento levou a que se recorresse a esquemas fraudulentos desde ao procurement de materiais eleitorais e equipamento até ao dia votação em si. O comportamento
nas Assembleias de Voto deixou a muito a desejar em muitos lugares do
país. Para a Frelimo e seus aliados na União Europeia, Portugal, Itália,
Espanha o importante era vencer. Há muitos negócios planeados que
dependem da continuação da Frelimo no poder.
Ou
não é verdade? A corrupção de tanto se fala é muitas vezes alimentada
por comportamento estranhos dos “parceiros” e doadores ocidentais e
orientais.
As
fronteiras que se abrem como se não fosse Moçambique um país soberano
já constituem uma fonte de receitas para o enriquecimento ilícito de
muitos funcionários do estado. Ou isso não será verdade. Vai-se discutir
ou debater cenários pós-eleitorais mas decerto que não teremos assuntos
de soberania como a permeabilidade das nossas fronteiras na mesa de
discussão. As fraquezas nacionais são quando muito evitadas e deixa-se
tudo nas mãos de uma equipa que se pretende conhecedora de tudo quando
muitas vezes apresenta fissuras escandalosas. Analisar os resultados da
governação ou procurar avaliar o seu desempenho com base naquilo que de
negativo nos é dado a saber pela comunicação social pode resultar
assustador.
É
salutar que haja um instituto como o IESE no país e que dele surjam
opiniões e pareceres profundamente interessantes sobre a vida económica e
social moçambicana. Embora seja a parte
política que acresce de estudiosos e de um think-tank do tipo IESE,
pois é aqui que se joga o presente e futuro do país. A política
determina e comanda tudo em Moçambique.
Não é por acaso que o cidadão AEG se preocupa tanto com ela.
Não é por acaso que vemos Nihias como conselheiros do PR.
Seria
sobretudo mais interessante que em ocasiões como nesta conferência que
os governantes aprendessem a dialogar com os intelectuais nacionais e
com a sua comunicação social de modo a que todos aprendessem e com o
esforço de todos se fizesse avançar as agendas nacionais.
Espero
sinceramente que a conferência seja uma oportunidade para se discutir e
debater conteúdos que fazem falta. Que os exibicionistas de sempre
fiquem em casa ou que participem no encontro com o objectivo de dar as
suas opiniões e pontos de vista de maneira isenta de artifícios e
qualquer coisa que se pareça.
Moçambique
precisa de tudo o que os seus filhos possam oferecer. O que não se
precisa é de figurões, preguiçosos que se limitam a bajular os
governantes na esperança de que com esse “mau-serviço” ao país consigam
receber algum posto ou cargo governamental ou diplomático no futuro
governo.
Temos
todos necessidade alimentos e de meios de transporte. Mas esses factos
não devem significar o ruir do nosso tecido moral...
Há que ter dignidade e vergonha se queremos combater realmente a pobreza e democratizar o país.
Basta de exercícios eleitorais que não passam de “fazer de conta”...
Por Noé Nhanthumbo
DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 14.12.2009
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