domingo, 3 de junho de 2018

s avultados novos empréstimos que o Estado e a Sonangol têm contraído são apresentados como indício da gestão eficaz de João Lourenço, depois da secura dos anos derradeiros de José Eduardo dos Santos

Os avultados novos empréstimos que o Estado e a Sonangol têm contraído são apresentados como indício da gestão eficaz de João Lourenço, depois da secura dos anos derradeiros de José Eduardo dos Santos. Porém, enquanto não forem criados mecanismos de transparência e alocação eficiente dos recursos, continuará a suspeitar-se de que estes empréstimos para o país se destinam na verdade a criar uma nova classe de fiéis a João Lourenço.
por MOIANI MATONDO
LER TEXTO INTEGRAL:
Nos últimos tempos, a imprensa afecta ao governo angolano tem anunciado a contracção de variados novos empréstimos pelo Estado e pela Sonangol. Tal fartura é apresentada implicitamente como um indício da eficaz gestão económica de João Lourenço, que teria conseguido colocar o país a receber dinheiro, depois da secura dos anos derradeiros de José Eduardo dos Santos.
EMPRÉSTIMOS VINDOS DE TODO O MUNDO
- A China, através de dois bancos, o Banco Internacional e Comercial da China e o Banco Chinês de Export-Import, emprestará 13 mil milhões de euros a Angola. Desses, um pouco mais de 600 milhões destinam-se à Estrada de Corimba, 700 milhões são para o sistema de transporte de electricidade da Barragem da Luachima, e cerca de mil milhões vão para a Academia Naval de Porto Amboim. Os restantes dez mil milhões de euros têm como destinos projectos não especificados. Começa aqui, portanto, o mistério.
- O African Export-Import Bank (Afreximbank) está a preparar uma linha de financiamento de até 1720 milhões de euros, de modo a garantir a importação de alimentos e medicamentos por Angola. Ficamos à espera para ver quantos medicamentos chegam aos hospitais.
- Estão também em curso movimentos para dois financiamentos – um de 420 milhões de euros com o Crédit Agricole (França); outro de 500 milhões de euros com o BBVA (Espanha) – para assegurar as exportações de empresas espanholas para Angola.
- Existem também arranjos com o Standard Chartered Bank (Reino Unido) e com o Banco Mundial, para abrir uma linha de financiamento de 503 milhões de euros, e ainda outra de 569 milhões de euros com o BNP Paribas (França), em conjunto também com o Banco Mundial.
- Outra negociação em curso é com o Commerzbank (Alemanha), e diz respeito a um financiamento de 500 milhões de euros para exportações para Angola.
- A isto acresce o anúncio feito pela Sonangol de que pretendia duplicar a sua dívida à banca em 2018, contraindo mútuos até ao valor de quatro mil milhões de dólares. Relembre-se que a dívida assumida pela Sonangol é de 4900 milhões de dólares.
Se não contabilizarmos a Sonangol, os empréstimos anunciados em catadupa perfazem um valor aproximado de 16,5 mil milhões de euros. Se somarmos a Sonangol, alcançamos o valor de 20 mil milhões de euros em novos empréstimos para Angola, um bolo no qual a China assume papel de destaque. O tema das relações entre a China e Angola será objecto de outro artigo – hoje, o importante é reflectir acerca do que representa esta aparente chuva de dinheiro.
Estes novos empréstimos e a forma vaga como têm sido apresentados colocam dois problemas sérios a Angola. O primeiro diz respeito à estabilidade macroeconómica e à criação de condições para um crescimento económico estável e sustentado. O segundo problema tem que ver, obviamente, com o pecado capital em Angola: a corrupção.
OS NOVOS EMPRÉSTIMOS E A ESTABILIDADE MACROECONÓMICA
O relatório da visita do FMI a Angola elaborado a 16 de Março de 2018 (http://www.imf.org/…/pr1888-imf-staff-completes-2018-articl…) assumia um tom optimista. No que dizia respeito à dívida pública, o relatório anunciava factualmente que, em 2017, e incluindo as responsabilidades da Sonangol e da TAAG, essa dívida correspondia a 64% do PIB. Foram assim louvadas as medidas de contenção anunciadas pelo governo no sentido de diminuir o peso da dívida até aos 60%. Simultaneamente, na altura, as previsões de crescimento do PIB também eram razoavelmente elevadas. Portanto, o FMI estava esperançado e anunciava uma certa bonança para a economia e as finanças de Angola.
Acontece que hoje, por um lado, já se percebeu que as previsões de crescimento do PIB de Angola têm de ser afrouxadas. O Instituto Nacional de Estatística finalmente descobriu que a economia esteve parada nos últimos anos, e as Nações Unidas reviram recentemente em baixa, para 2%, a previsão de crescimento para este ano. Por outro lado, a contracção dos empréstimos mencionados vem contradizer as intenções transmitidas ao FMI pelo governo angolano.
Considerando que, em 2017, a dívida pública correspondia a 64% do PIB, tal quererá dizer que andaria na ordem dos 50 mil milhões de euros. Ora, se é aumentada em cerca de 20 mil milhões de euros em 2018, quer dizer que ascenderá a 70 mil milhões de euros. Obviamente, haverá amortizações de dívida ao longo do ano e o PIB subirá um pouco.
No entanto, tudo considerado, tanto quanto é possível face à ausência de estatísticas atempadas e credíveis, é possível que o nível de endividamento público de Angola atinja os 80% do PIB já em 2018.
Ora, este é um valor perigosíssimo para a estabilidade macroeconómica, e representa um peso demasiado grande para um Estado que deveria libertar-se das práticas do passado.
Sem qualquer reforma da economia, sem nenhuma abertura à competitividade, nem promoção da produtividade, insuflar a economia à custa de empréstimos que têm de ser pagos – e não sabemos a que taxas de juros reais – é colocar um peso demasiado grande nas costas do povo. Por isso, esta corrida aos empréstimos parece pouco prudente e demasiado arriscada, sobretudo não sendo acompanhada de medidas económicas “à Deng Xiaoping”, como João Lourenço se anunciou a si próprio.
O PERIGO AO VIRAR DA ESQUINA: CORRUPÇÃO
O outro problema que estes empréstimos colocam é o da corrupção. Talvez já tenha passado à história o facto de os empréstimos iniciais da China a Angola terem estado envolvidos numa teia de corrupção onde se destacaram Sam Pa, hoje aparentemente preso na China, e vários dirigentes angolanos, entre os quais Manuel Vicente, actualmente de volta às altas lides (https://www.makaangola.org/…/sam-pa-elo-de-ligacao-entre-c…/;https://www.makaangola.org/…/vice-presidente-de-angola-e-d…/). Mas basta olhar para o novo enorme empréstimo proveniente da China para surgirem suspeitas. A maior verba identificada – mil milhões de euros – destina-se à construção de um Academia Naval em Porto Amboim. Como pode um edifício custar mil milhões de euros? Uma Academia Naval só custaria esse montante se lá se quisesse colocar o Oceano Atlântico como lago de treino.
Entretanto, surgem dez mil milhões de dólares sem destino específico... É impossível fugir à pergunta: quanto desses dez mil milhões irá parar às mãos dos dirigentes?
Enquanto não forem criados mecanismos de transparência e alocação eficiente dos recursos, continuará a suspeitar-se de que estas operações de novos empréstimos para o país se destinam na verdade a criar uma nova classe de fiéis a João Lourenço.
E é este, na verdade, o problema que todos estes empréstimos milionários indiciam. Não se percebe para o que servirão, e não se percebe por que razão de repente Angola começa a contrair empréstimos por todo o lado.
Veja-se o caso da Sonangol. Em Fevereiro de 2018, o novo presidente do Conselho de Administração proferiu a sua famigerada conferência de imprensa em que acusou Isabel dos Santos de toda a espécie de males. No seu contra-ataque, Isabel afirmou que Carlos Saturnino nem sequer tinha apresentado um Plano Estratégico para a Sonangol. Ninguém sabia qual o rumo que a petrolífera iria tomar.
De facto, hoje continuamos sem conhecer o futuro da Sonangol, o seu plano de reestruturação, ou qual a visão do sector dos petróleos para Angola. O que se sabe é que a empresa se prepara para duplicar o seu endividamento num só ano.
Não podemos ainda deixar de referir que todo este movimento de mútuos ocorre numa época de aumento do preço do petróleo, quando supostamente as receitas do Estado deveriam estar a aumentar. Há algo que não bate certo.
Concluindo: sem uma visão clara e transparente, e sem uma reforma simultânea da economia, o recurso a empréstimos avultados contém em si a semente do descalabro financeiro e da continuidade da corrupção. É urgente criar mecanismos para evitar estes males, pois eles já causaram, ao longo de décadas, prejuízos suficientes ao país e ao povo angolano.
Nos últimos tempos, a imprensa afecta ao governo angolano tem anunciado a contracção de variados novos empréstimos pelo Estado e pela Sonangol. Tal fartura
MAKAANGOLA.ORG
GostoMostrar mais reações
Comentar
35 comentários
Comentários
Francismeury Van-Dúnem Mas nós só recorremos a dívidas externas para nos mantemos!? Dinheiro que no final não melhora a vida da população carente, que no caso de Angola é a maior parte! Devíamos aproveitar a ocasião para aprender alguma coisa. Mais não...! Só tenho pena dos filhos dos filhos dos meus filhos, que Só encontrarão dívidas (maioritariamente com a China) e escassez dos nos bens matérias. Tenho pena do meu país!!!
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
KlaudIo Ambrósio CA sendo acadêmico doi~me bastante chegar a essa conclusão a priorista, mas satanas deve estar por trás desses dirigentes hedonista só algo sobrenatural pode explicar a ganância desmedida deles o mpla é um partido riquissimo nenhum politico torna ~se dirigente sendo ele pobre todos que têm altos cargos no minimo já vivem bem, em estado normal 70/deles não tem porque ser um louco por dinheiro
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder1 dia(s)Editado
Gerson Martins Luís Quando um administrador não apresenta seu Plano Estratégico, qualquer coisa se pode esperar no seu mandato! Assemelha-se a um navio sem carta de navegação!!!
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Peter John Mais falida do que ja' esta' 'e dificil. O futuro de Angola esta' completamente hipotecado.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Cristiano Monteiro De que valem esses empréstimos se eles não virão em benefício do povo? Por outro lado, vê-se que esses empréstimos somam um valor muito avultado. Por isso, tinha que se fazer um estudo primeiro antes de se proceder a solicitação desses empréstimos, ou então o futuro do povo angolano está totalmente ameaçado. Já não basta os trilhões de dólares que têm nas contas?
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Alberto Panzo De acordo Cristiano Monteiro.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Ricardo Mauro e deixas porquê?
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Massango Massango Todo Angolano hoje está individado ate a sua 5 Geração! E isso é mto triste.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Lazaro Dumbi Evaristo Dumbi É sério demais. O dinheiro de facto é a fonte de toda espécie de males no mundo inteiro e no caso particular em Angola.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Mateus Diogo Kacuri papá rafael ês tudo para o povo angola , um dia vamos lhe glorificar da pra ver que o senhor gasta muito em envestigaçao so para o nosso bem.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder13 h
Fernando Anthony Ageraçäo futura vai viver pagando dïvidas. Temo que 80% do valor do PIB seja para pagar dividas na qual o povo pouco sente os benefïcios.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Grione Tiago Oposição em qualquer lado foi sempre o mentor da propaganda hostil, sem ter a certeza de nada.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Justino Légua Sachimbombo " Vem, vamos embora,isso não dá para ficar. Esperar não é saber; quem sabe faz a hora e não espera acontecer"(Geraldo Vandre).
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Antonia Varela Para quê? Para roubarem como sempre fizeram! Isso são para os saqueadores do novo Presidente João Lô, começarem á desviar, é isso que fizeram esses anos todos, e agora vai ser diferente porquê! Agora vai ser outra desgraça para os Angolanos e Angolanas, começarem a morrer nos bancos de urgências dos hospitais públicos como está acontecendo todos os dias
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Leonardo Maya Os que Comem tanto açúcar São outros,os que terão Diabetes São outros..É esse o nosso Caso...
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder1 h
Alexandre Xano sem duvidas isto é um tremendo "pecado capital" olha não sei qual dirigente não viola a lei.possas estou cansado.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Manuel Dos Santos Digam me só um país no mundo que não tem empréstimo. Então mostrem qual caminho que o Governo deve seguir no caso de Angola . Vocês que são tão puros transparentes porque desconfiam em tudo o que se mostrem onde anhola vai buscar dinheiro. Eu ainda não li como a Maka gasta o seu onde tira a não ser que tem uma fábrica de Euros dólares e Kzs. Ela temos que ter paciência e esperar que os outros mostrem o que sabem fazer, tenho pena da nossa oposição que só sabe criticar o governo enquanto eles mesmo também vivem destes empréstimos que o governo faz. Coitadinhos só sabem olhar no rabo dos outros
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder1 dia(s)
Manuel Raimundo Raimundo Estes todos emprestimos por excesso. Mais nos fazer cada vez mais dependente da Europa, e que por conseguinte, as nossas gerações futuras ainda ão de pagar.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder1 dia(s)
Borges Bravo Oliveira o país tornou se em el dourado,e o combete contra a corrupcâo é uma utópia..
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Escovalo Chithitho Wazanga Lamento a oposiçao Angolana. So servem para defender os Lexos no Parlamento.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder1 dia(s)
Bemjamim Luemba Luemba Angola não tem futuro !
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Alberto Panzo É uma pena ver os nossos economistas andarem a deriva.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
César João Pila Ja estao a nos cumer u ossos,Deus livrainos deste governos
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Virgilio Carlos O pib já está hipotecado agora parece que vai ser o país. ...
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Jeorge Figueiredo Mas Sera que todos paises vem de inprestimos
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Ricardo Mauro camarão que dorme na praia, a onda leva!
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Pedro Kasanda E o regresso ou retorno de capitais, afunilou-se?
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder1 dia(s)
Carlos Pereira J love juízo nos mambos
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder1 dia(s)
Adelino Comida António AI MEU DEUS....
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder1 dia(s)
Joaquim Andrade Campos Eu ate so olho ja...
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
GostoMostrar mais reações
Responder10 h
Henriques Jose Francisco Francisco quem vive de dividas nao melhora a sua vida, pois passara a vida toda a paga.las
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder12 h
Saka Munda O saque continua...
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Milo Cordeiro Continuação da burrice anterior..

Sem comentários: