sexta-feira, 29 de junho de 2018

Jarrod Ramos quis vingar-se do Capital Gazette. Matou quatro jornalistas e um comercial


Em 2012, o autor do ataque de quinta-feira nos EUA tinha apresentado um processo por difamação contra o jornal devido a um artigo sobre uma acusação de assédio.
Jarrod Ramos, o homem que atacou a redacção do <i>Capital Gazette</i>
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Jarrod Ramos, o homem que atacou a redacção do Capital Gazette REUTERS/HANDOUT
Na quinta-feira, Jarrod Ramos, de 38 anos, entrou no edifício do jornal Capital Gazette, em Anápolis, Maryland, com uma caçadeira e granadas de fumo. Por trás da porta de vidro que dá entrada na redacção abriu fogo, matou cinco pessoas e fez diversos feridos graves. O atacante, que foi detido pelas autoridades e está acusado de cinco crimes de homicídio qualificado, pôs em marcha esta carnificina por causa de conflitos judiciais que mantinha com o jornal.
A identidade do atacante, os possíveis motivos para o crime e os nomes e profissões das vítimas foram revelados nas últimas horas: entre os mortos contam-se quatro jornalistas (um dos quais director-adjunto) e um profissional da área comercial.
Rob Hiaasen, de 59 anos, director-adjunto do diário (também conhecido como The Capital), Rebbeca Smith, de 34 anos, que trabalhava no departamento comercial, e Wendi Winters, 65 anos, Gerald Fischman, 61 anos, e John McNamara – todos eles jornalistas – foram as pessoas que perderam a vida. Apesar disso, o jornal garantiu que a edição desta sexta-feira iria ser distribuída como todos os dias.
Na origem deste ataque estará um processo por difamação interposto por Ramos em 2012 contra Eric Hatley, antigo colunista e chefe de redacção do The Capital, e contra Thomas Marquardt, então director e publisher do jornal. Para além de recorrer aos tribunais, Ramos iniciou uma intensa campanha contra o jornal nas redes sociais.
Na base da desavença estava um artigo publicado no The Capital em Julho de 2011. O título era “Jarrod quer ser seu amigo” e relatava como o autor do massacre tinha na altura assediado uma mulher no Facebook durante quase um ano. Ramos, segundo o mesmo artigo, declarou-se culpado no processo que se seguiu a esta situação e foi condenado a 18 meses de liberdade condicional.
Além do processo de difamação que apresentou contra o jornal, o agora suspeito de ter tirado a vida a cinco pessoas interpôs outro processo por violação de privacidade. Em 2013, o tribunal deu razão ao jornal pois, quando questionado pelo juiz, Ramos foi incapaz de apontar alguma falsidade transcrita no referido artigo.
O desfecho deste conflito entre o The Capital e Jarrod aconteceu nesta quinta-feira. A suposta vingança provocou a morte de Rob Hiassen, “realmente uma óptima pessoa”, como diz à CNN o irmão, Carl Hiassen.
Antes de se tornar director-adjunto do Capital Gazette em 2010, Hiaasen passou pelo Baltimore Sun (cujo grupo detém o jornal atacado na quinta-feira), The Palm Beach Post e foi apresentador de televisão e locutor de rádio.
Gerald Fischman era editor no jornal desde 1992. Thomas Marquardt, que foi director do jornal durante mais de 30 anos, descreveu Fischman como o “editor perfeito” ao New York Times.
No Twitter do Capital Gazette, diz-se que John McNamara é lembrado pelos colegas pela sua “flexibilidade, escrita concisa e extenso conhecimento sobre desporto regional”.“Não me lembro uma vez em que tenha sido preciso corrigir alguma coisa que ele tenha escrito num editorial. E estamos a falar de milhares de editoriais”, recorda Marquardt. “Ele poderia ter ido para um dos principais jornais metropolitanos, mas ele estava muito contente por estar num jornal pequeno”.
Rebecca Smith tinha chegado há pouco tempo ao departamento comercial do jornal, em Novembro de 2017. “Mas já tinha demonstrado que era um activo valioso”, diz o The Capital no Twitter.
“Depois de uma carreira na moda e nas relações públicas em Nova Iorque, Wendi Winters construiu uma reputação como repórter freelancer prolífica e ficou conhecida na comunidade no Capital Gazette”, escreve o jornal na mesma rede social.
Winters era da secção Local e “conhecia todos os seres humanos no condado Anne Arundel", descreve ao New York Times um colega
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