26 de Junho 22h58 - 5 Visitas
“Mateus Óscar Kida – na sua voz e na dos seus camaradas e outros próximos” é o livro de memórias do coronel na reserva e antigo ministro dos Combatentes. Se em 1965 foi por iniciativa própria que Mateus Kida se juntou à então Frente de Libertação Nacional (FRELIMO) para ajudar a lutar pela independência de Moçambique, o mesmo já não se pode dizer em relação ao cargo de ministro dos Combatentes, para o qual foi convidado em 2010.
O antigo Estadista Armando Guebuza lembra, no prefácio do livro, que quando convidou Mateus Kida para o Conselho de Ministros, a primeira resposta foi negativa, e Mateus Kida alegou que não tinha estudos suficientes para um cargo ministerial. O coronel na reserva não tinha percebido que era o seu “elevado sentido de missão” que tinha sensibilizado Armando Guebuza, que descreve Mateus Kida como um homem de Estado sereno e ponderado.
E foi com serenidade e ponderação que Mateus Kida evitou uma crise diplomática entre Moçambique e Líbia, sequência da assinatura dos Acordos de N´Komati, 1984. “O contingente de 300 militares moçambicanos em treinamento naquele país, chefiado por Mateus Kida por indicação do Presidente Samora Machel, foi ostracizado e isolado. Kadhafi não compreendia um pacto com o inimigo (regime do apartheid). Apesar do aperto de quase três meses, Kida aguentou o isolamento à espera de um corredor diplomático intermediário, evitando assim uma crise sem precedentes com um parceiro estratégico”, escreve Armando Guebuza.
O livro, que descreve o percurso político e militar de Mateus Kida, foi escrito por Renato Matusse, cuja amizade entre dois data de 2004. Uma relação que se consolidou quando Kida foi para o Governo, onde encontrou Matusse, que assessorava o então Presidente da República.
“Todavia, a relação viria a se intensificar ao longo dos últimos três anos, pois ambos, na reforma, tínhamos mais tempo para socializar e trocar notas sobre a luta de libertação nacional, locais históricos e protagonistas desse irrepetível processo, temáticas de eleição e de paixão do autor. Foi neste contexto que acordámos que se poderia dar um corpo mais expressivo aos manuscritos que ele ia rabiscando para manter a sua mente ocupada e procurar deixar registado o seu legado para as gerações vindouras”, conta Matusse.
A cerimónia de lançamento do livro contou com a presença de diversas personalidades, entre membros do Conselho de Ministros, antigos governantes e combatentes da luta de libertação nacional. Mas destaque vai para o Presidente da República, Filipe Nyusi, que teve direito a um exemplar oferecido por Mateus Kida. A mesma sorte teve o antigo Estadista, Armando Guebuza, que recebeu o livro das mãos do seu antigo ministro dos Combatentes.
"Deixo legado de muitos camaradas"
“Deixo hoje ao público um legado feito por muitos camaradas, por muitos moçambicanos que lutaram e outros morreram pela libertação desta pátria. O que eu fiz foi sintetizar esses momentos marcantes para que sejam conhecidas e vividas para sempre pelas gerações”. Foi com a mesma humildade descrita por quem o conhece que Mateus Kida descreveu o seu livro de memórias. Na conversa com O País, o coronel na reserva aceitou falar de alguns momentos que o marcaram durante a luta pela libertação nacional: pela negativa escolhe o assassinato de Eduardo Mondlane, primeiro presidente da FRELIMO em 1969, e pela positiva fala da Revolução de 24 de Abril de 1974 em Portugal - que abriu caminho para a proclamação de independência nas antigas colónias portuguesas, incluindo em Moçambique. Mateus Kida nasceu em Janeiro de 1947 no Niassa e juntou-se à FRELIMO em Março de 1965.
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