A Alemanha esteve fora do Mundial mas deu a volta ao resultado e agora até está bem confortável no grupo F. Contra a Suécia, foram onze contra dez e ganhou a Alemanha. A crónica do Alemanha-Suécia.
O ano era 1938. O Campeonato do Mundo realizava-se em França. Espanha não participou devido à guerra civil e Argentina e Uruguai também decidiram não jogar em forma de protesto por a competição ser organizada por um país europeu pela segunda ocasião consecutiva. França, seleção organizadora, qualificou-se automaticamente; assim como a Itália, por ser campeã em título (regra que vigorou até 2002). A Áustria acabou por desistir depois da invasão da Alemanha nazi. Resultado: participaram 15 seleções, não existiu fase de grupos e a competição começou logo nos oitavos-de-final.
Na altura, se o resultado de um jogo terminasse empatado, não existia prolongamento nem penáltis — era agendado um segundo jogo. A Alemanha empatou com a Suíça na primeira partida e perdeu 4-2 na segunda, tendo sido eliminada logo na primeira fase. Foi a última vez que uma Alemanha unida participou num Mundial até 1994. E foi também a última vez que a seleção alemã perdeu os dois primeiros jogos de um Campeonato do Mundo. Recorde esse que, se não existissem Reus e Kroos, teria tido o seu fim este sábado.
A Alemanha entrou rápida, forte, com vontade de resolver o jogo nos primeiros minutos e não deixar espaço a sofrimentos. Mas o ímpeto durou pouco tempo. Aos 25 minutos de jogo, o médio Rudy foi atingido no nariz por uma chuteira de um jogador sueco e começou a sangrar abundantemente. O jogo foi interrompido para que o médio do Bayern Munique pudesse ser assistido mas Rudy teve mesmo de sair, face à abundância da hemorragia. Saiu e esteve junto ao banco de suplentes diversos minutos a tentar estancar o sangue — minutos esses que a Alemanha jogou com 10 unidades. Durante este tempo e até à entrada de Gundogan — já que Rudy teve mesmo de ser substituído –, ainda que não tenha materializado a vantagem numérica em golos, a Suécia estabilizou. Ganhou posse de bola, assentou o jogo no meio-campo alemão e ganhou uma consistência que ainda não tinha tido desde o início da partida. A Alemanha entrou em ponto morto.
O golo da Suécia surge deste momento. Do momento em que a Alemanha se vê obrigada a recuar porque está a jogar com dez e os nórdicos aproveitam.
A segunda parte, essa, tem outra história. Joaquim Low fez com certeza um discurso enervado, apaixonado e cheio de veias salientes na garganta que acordou os jogadores alemães. Reus marcou e amenizou a situação; Kroos deu asas à mestria e redimiu-se do erro que cometeu no golo da Suécia. A Alemanha ganhou o jogo aos 94 minutos e vai muito provavelmente chegar aos oitavos-de-final do Mundial (tem de ganhar à Coreia do Sul e esperar que a Suécia não vença o México). Mas falta uma coisa a esta Alemanha que era fulcral em todas as outras: a finalização. E a jogar desta maneira, a Mannschaft não vai longe.
Até porque este sábado, devido à expulsão de Boateng, não foram onze contra onze — foram onze contra dez e no fim ganhou a Alemanha.