22.06.2018 às 18h00
Presidente turco, Recep Erdogan, tem mais poder do que nunca mas nunca esteve tão perto de o perder. A primeira volta das eleições presidenciais realiza-se este domingo e coincide com as parlamentares, uma estreia na democracia turca. A oposição está unida numa coligação de estranhos, unidos contra Erdogan. O secularismo está em risco de erosão ou vai sair reforçado?
Depois de 15 anos no governo, Recep Tayyip Erdogan tem mais poder do que nunca mas chega agora às eleições presidenciais, cuja primeira volta se realiza este domingo, sem a certeza de que as vencerá. Se, por um lado, as sondagens mais recentes dão-no como provável vencedor, com 51,9% dos votos, também mostram uma variedade assinalável de candidatos às eleições. Nunca a oposição esteve tão unida na Turquia e pode parecer algo contranatura ver o Partido Republicano do Povo (CHP), de Mustafa Kemal Ataturk, o venerado líder secular e fundador do Estado turco, concorrer de braço dado com o fortemente islâmico Felicity Party (SP), mas os tempos assim o exigem e a mudança parece ter-se tornado mais importante do que o alinhamento ideológico. “É verdade que Erdogan tem uma agenda para criar uma geração de devotos fervorosos, para fomentar a importância da religião quer na esfera pública quer na esfera privada, mas o secularismo continua a ser um pilar da sociedade turca e não há vontade de mudar isto. O secularismo não está, para já, em risco de se perder”, diz ao Expresso Sinan Ülgen, investigador no Centro de Estudos Económicos e Relações Internacionais de Istambul. Também Kemal Kirisci, investigador e diretor de um dos grupos de trabalho da Brookings Institution sobre a Turquia, concorda que o secularismo não está em causa mas há um outro valor que sim. “A questão mais crítica é se a democracia turca vai sobreviver”, refere, mantendo-se, porém, otimista. “A democracia mostrou que está viva. A oposição conseguiu organizar-se para fazer frente ao Presidente turco.”
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