VENÂNCIO MONDLANE: VAGABUNDO OU UM POLÍTICO IGUAL A SI MESMO?
A melhor estratégia para alguém ser sempre melhor do que os seus adversários é a de ser sempre diferente deles. Em política, é a de estar sempre com um pé a frente em relação aos outros. Fazer política não em função das dinâmicas convencionais ou tradicionais, sempre previsíveis e presas ao passado ou a qualquer amarra ideológica (mesmo quando completamente dissonante, contraproducente ou errante), mas sim com uma visão progressista e ditada sempre em função do que se acredita ser o certo, o adequado ou o apropriado. Particularmente para um político do século XXI.
O mundo mudou. E mudou, com o mundo, a forma de ser e de fazer política. Hoje em dia, está mais adaptado para ser bem-sucedido nesse desiderato aquele que facilmente se solta de toda e qualquer corrente pretensamente dominante, passando a guiar-se sempre pelo que projecta para o seu futuro e para o dos seus. É precisamente nessa perspectiva que encaro a proeminência de políticos como o Venâncio Mondlane. Muito para além da zona de conforto em que a política moçambicana se reduz e se resume, Venâncio Mondlane parece gravitar em torno de uma forma de estar e de fazer política muito à frente do seu tempo. Ele, como todos os grandes revolucionários da história da humanidade, está sempre a criar a sua própria realidade, muito distante das ilusões de grandeza e de invencibilidade do status quo ou dos choros e lamentações da oposição decadente.
Não farei aqui um levantamento estatístico das múltiplas realizações políticas e sociais de Venâncio Mondlane. Qualquer cidadão minimamente informado sobre a sua biografia e militância social e política o faria com um pé nas costas, literalmente. Falarei, isso sim, do perfil político suis generis em que, muito notavelmente, Venâncio Mondlane se encaixa – o dos que fazem a história; não o dos que apenas a assistem, reagindo quase que invariavelmente de modo despreparado, perplexo e jocoso, como se tem vindo a testemunhar ultimamente.
Líderes políticos como o Venâncio Mondlane destacam-se de todos os seus contemporâneos precisamente por revelarem:
1. Grande facilidade de desapego a falsas causas, a fantasias de unidade e a expectativas de grupo que se mostrem disfuncionais ou cancerígenas – isto só por si explica o seu desencanto para com o MDM;
2. Competente capacidade de construir visões políticas que vão ao encontro dos sonhos, vontades e esperanças das pessoas, tomando a sério a sua realidade e oferecendo soluções práticas, rápidas e mensuráveis – aqui se podem elencar os estrondosos resultados eleitorais que Venâncio Mondlane teve, ou o sucesso das campanhas sociais que mobilizou e dirigiu;
3. Notável habilidade de comunicação e de interacção com as massas, em tempo real, de forma informada e em linguagem vernacular, principal calcanhar de Aquiles dos nossos políticos domésticos – Venâncio Mondlane é, presentemente, o político mais comunicativo que Moçambique tem, tendo feito escola nos meios de comunicação social, no activismo social e como deputado na Assembleia da República;
4. Sentido missionário na arte de fazer política, muito para além da perseguição de conforto material ou de prossecução de causas ad hoc sem repercussão tangível na vida das pessoas normais;
5. Predisposição para a ruptura com o politicamente correcto e a ousadia em pensar e fazer diferente (de todas as convenções que só protegem e beneficiam os privilegiados, os oportunistas e o stablishment), se em causa estiver o interesse da maioria;
6. A crença no facto de que as mudanças sociais são realizadas por pessoas normais e onde qualquer um pode tomar partido e dar o seu contributo, muito por fora da manipulação, da captura e da indução das elites políticas.
Líderes políticos como Venâncio Mondlane excitam e inspiram imensuráveis seguidores, de todas as gerações, sexos e afinidades políticas, pelos atributos arrolados acima. O que os intriguistas que se têm estado a levantar hoje vêem como “vagabundice política”, outros mais atentos e informados vêem como brilho próprio – o daqueles que preferem continuar a transformar os seus sonhos em realidade, independentemente de quem está ou não ao seu lado. Com efeito, brilho próprio e essa permanente vontade de fazer grandes coisas acontecerem, a todo o custo e orientadas em torno de um bem colectivo maior do que o das nossas cliques circunstanciais, deixa sempre nervosos os acomodados, os parasitas e os incompetentes. Por conseguinte, todos os outros políticos (e os seus agentes de propaganda) não poderiam reagir a esse brilho e convicção do Venâncio Mondlane, massivamente apoiada pelo grande povo, de outra forma do que com preocupação, desespero e… inveja.
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