Grevistas tiram “ilibam” ministro da Saúde
Médicos dizem que solução dos seus problemas está nas mãos de Guebuza
-Classe dos médicos marchou hoje, com as bocas tapadas, em protesto à forma como o Governo procura resolver o empasse enviando porta-vozes e outras pessoas estranhas ao processo
Maputo (Canalmoz) – A greve dos médicos e outros profissionais de saúde continua. Nos hospitais estão os poucos militares e estagiários, sendo que estes últimos estão a transformar os doentes em “verdadeiras cobaias”. Esta terça-feira, os profissionais de saúde saíram à rua em marcha pacífica que inexplicavelmente esteve acompanhada por uma Polícia armada até aos dentes. Até uma brigada policial canina foi mobilizada num aparato desnecessário. Os profissionais de saúde voltaram a acusar o Governo de ter violado o memorando assinado em Janeiro (aquando da primeira greve) e dizem agora que a questão transcende o ministro da Saúde, Alexandre Manguele. Para os médicos e outros profissionais de saúde, o presidente da República, na sua qualidade de chefe do Governo, deve intervir para acabar com a greve que dura mais de duas semanas.
Sobre a intervenção de Guebuza no caso, o porta-voz da Associação Médica de Moçambique disse: “somos obrigados a dizer que já era a hora de alguém assumir isto como um problema e isso deve ser feito por alguém cuja palavra não será violada”.
Os profissionais mostram-se abertos para um diálogo sério, mas com alguém que tenha “poder de decisão”.
Dizem, ainda, que o diálogo não pode ser feito por via dos porta-vozes ou quaisquer outras figuras estranhas ao processo, cujas declarações só ajudam a criar instabilidade entre as partes, prejudicando assim o povo moçambicano que procura os cuidados de saúde. A classe defendeu que dialogar “significa sentar-se à mesa e não mandar recados”
MISAU atropela memorando
Os grevistas acusam o Ministério da Saúde (MISAU) de ter atropelado o memorando de entendimento. Para os profissionais de saúde, ciente da existência de um memorando, o MISAU não se dignou a informar aos médicos sobre os reajustes salariais, tendo aqueles tomado conhecimento pelos órgãos de informação. Dizem desconhecer a informação sobre o aumento salarial de forma faseada como anunciam alguns técnicos das Finanças.
Mudança de trajectória da manifestação
A marcha pacífica desta terça-feira inicialmente estava prevista para seguir itinerário que partia da Av. Eduardo Mondlane, Vlademir Lenine, 25 de Setembro até ao Circuito de Manutenção Física António Repinga, junto ao Gabinete do Primeiro, onde estava reunido o Conselho de Ministros. Mas informações da 5.ª Esquadra davam ordens para os profissionais de saúde mudarem o trajecto, alegadamente porque incluía algumas instituições públicas e de soberania.
Polícia esteve no local...
O “braço repreensivo” da Frelimo – PRM/FIR – esteve no local da concentração dos grevistas muitos cedo, com uma brigada canina provavelmente para impedir a materialização da passeata dos profissionais de saúde rumo ao “Repinga”.
A marcha
Carregando dísticos com diversos dizeres, como “temos fomes, cuidar de quem cuida e a greve é legal”, entre outros, os profissionais de saúde percorreram algumas artérias da cidade de Maputo até desembocarem na Praça da Paz, onde reiteraram uma revindicação sem tréguas pelos seus direitos.
Desta vez a manifestação teve algumas inovações. Além dos pratos vazios que representam a falta de comida, segundo contaram. Aqueles marcharam de bocas tapadas em protesto ao silêncio do Governo para a resolução dos seus problemas.
Os profissionais de saúde disseram, na ocasião, que estão preocupados com os pacientes mas a causa é justa, por isso não vão recuar para o bem da saúde e de todo o País caracterizado pelas injustiças sociais, onde uns têm muito e outros nada têm. (André Mulungo)
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