RIA Novosti
Konstantin Yaroshenko, piloto russo, condenado pelo tribunal norte-americano a uma pena de 20 anos de prisão efetiva por tráfico de drogas, quer pedir repatriação para a Rússia. Mas primeiro, deve ser analisado pelo tribunal de apelação americano, um novo recurso, interposto por Yaroshenko, que não se reconheceu culpado, a pleitear absolvição, tendo sido rejeitada pelo tribunal a apelação anterior.
Numa entrevista exclusivamente concedida à Voz da Rússia, Yaroshenko falou nas condições de vida na prisão, e em detalhes do seu caso.
Foi em 2011 que Konstantin Yaroshenko foi reconhecido culpado de ter sido envolvido num esquema de tráfico de grande quantidade de drogas.
Os alegados cúmplices do piloto russo foram próprios agentes da inteligência norte-americana, que tinham concebido e realizado uma operação, na qual, sob o pretexto de um negócio de venda de um avião, incriminaram ao piloto o fato de tráfico.
Detido na Libéria, Yaroshenko, foi transportado para os Estados Unidos, tendo sido totalmente violado o procedimento de extradição, outras irregularidades ainda para seguir.
Foi ainda em maio que um dos advogados de Yaroshenko, Alexei Tarasov, interpôs no tribunal inúmeras provas das irregularidades processuais, incluindo torturas, em relação ao seu cliente. O defensor apresentou também provas documentadas de espionagem contra Yaroshenko pelos agentes norte-americanos na Ucrânia, e de outros fatos ilícitos. Na opinião de peritos, já desde o início, o processo contra o piloto russo foi inventado, e deve ser devolvido para novas diligências, tendo sido baseado em depoimentos dos agentes, e não em provas ou testemunhas.
“O meu advogado, Alexei Tarasov, está decidido a provar a minha inocência. Temos à nossa disposição uma série de argumentos graves, que podem apanhar em falso os procuradores e autoridades norte-americanos. Mas já não estou tão seguro de que vamos ganhar o processo, independentemente de quantas sejam as provas.
Só confio no governo russo, e que este intervenha e peça a minha extradição para a Rússia. Para mim, não faz sentido continuarmos o processo, embora tenha o meu advogado atitude contrária. Quer interpor um novo recurso, mas não creio que dê resultado. Acho em vão lutar contra o sistema penal dos EUA, uma vez que ainda estamos, com o meu advogado e a minha família, lutando a sós.”
“A mentira mais flagrante é da parte dos procuradores alegar legítima a espionagem contra a minha residência na Ucrânia. Segundo as autoridades ucranianas, jamais foram os agentes americanos autorizados a operar na minha morada. Os procuradores, por sua vez, continuam a alegar que, sim, foram. Mas é mentira em que continuam a insistir. E são, infelizmente, inúmeros os casos”, diz o russo.
Ainda por cima, as condições de vida na prisão apresentam uma grave ameaça à saúde de Yaroshenko, que carece uma operação cirúrgica o quanto antes. Há meses que não lhe prestam apoio médico adequado.
Outro caso é o de danos morais. “Não fiz nada de mal. Não cometi nenhum crime passível de uma pena de reclusão tão longa. Preferia ser enforcado a continuar aqui por mais 18 anos”.
Segundo ele, os reclusos russos são discriminados pelos agentes penitenciários de todos os postos, não podendo ler os livros e jornais, ou ver televisão em língua materna, nem executar rituais da fé cristã ortodoxa. Enquanto reclusos de outras etnias não têm restrições nenhumas nestes aspectos.
O governo russo está cheio de determinação para defender os direitos do cidadão. Ainda de acordo com o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, caso o tribunal da justiça dos Estados Unidos rejeite o recurso, interposto por Yaroshenko, a Rússia aplicará a Convenção Europeia dos Direitos Humanos, que prevê repatriação dos reclusos com fins de cumprir a pena no país de origem.
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