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Edward Snowden recebeu um documento de trânsito para viajar para o Equador, informou o canal televisivo norte-americano Univision, divulgando esta quinta-feira no seu site uma cópia do “passaporte temporário”. O documento teria sido concedido ao ex-agente da CIA ainda em 22 de junho pela embaixada do Equador em Londres. No entanto, o Ministério das Relações Exteriores do país latino-ameircano declarou oficialmente que não entregou quaisquer documentos a Snowden, embora esteja analisando o seu pedido de asilo político.
Edward Snowden, 29 anos, que desmascarou os serviços secretos americanos, continua pelo quarto dia consecutivo na zona de trânsito do aeroporto Sheremetyevo, de Moscou. Este fato foi confirmado na véspera pelo presidente da Rússia Vladimir Putin. O chefe de Estado russo ressaltou ainda que Snowden tinha chegado a Moscou como passageiro em trânsito e nunca chegou a atravessar a fronteira russa. Por isso, todas as acusações, feitas à Rússia, são “absurdas e disparates”.
No entanto, logo que se soube que Snowden tinha chegado a Moscou procedente de Hong Kong, as autoridades americanas começaram a “bombardear” a Rússia com exigências de extraditar o fugitivo. “Mas isto não passa de um absurdo”, afirma o advogado russo Yanis Yuksha, professor de Direito, membro-correspondente da Academia de Ciências da Rússia:
"Pode-se apontar vários aspetos muito importantes no tocante a esta questão. Aspeto número um: nós, a Rússia e os EUA, não temos um acordo de extradição de semelhantes pessoas. Segundo: para nós seria difícil extraditar uma pessoa que se encontra não na Rússia, mas na zona de trânsito. Terceiro, e, provavelmente, o mais importante: acontece que os EUA adotam frequentemente uma posição não construtiva nas relações com a Rússia procurando impor, custe o que custar, o seu próprio ponto de vista. Já assistimos a démarches ostensivas em relação a vários cidadãos russos. Um exemplo disso é o cidadão russo Victor Bout e outros. Atualmente é muito difícil a colaboração na esfera da proteção de crianças russas adotadas por cidadãos americanos. Infelizmente, no tocante a todas estas questões, as posições das autoridades americanas em relação ao Estado russo não são construtivas. Em visto dos argumentos acima expostos e partindo do sentido geral de humanismo em relação a uma pessoa que não cometeu nenhum crime, mas está sendo perseguida pelo Estado americano que visa outras razões e objetivos, creio que esta pessoa não deve ser extraditada em hipótese alguma para os Estados Unidos. É preciso tornar possível a sua defesa por parte da comunidade internacional."
Em princípios de junho, Edward Snowden publicou dados secretos de que os serviços secretos dos EUA e a Agência de Segurança Nacional americana têm intercetado conversas telefônicas em todo o mundo e têm acesso às mensagens pessoais dos usuários dos maiores sites. Nos EUA, Snowden foi acusado da traição e corre o perigo de ser condenado à prisão perpétua ou à pena de morte. “Com as suas ações, Edward Snowden defendeu, em primeiro lugar, os direitos humanos”, opina o membro do Conselho Presidencial russo para os Direitos do Homem, Alexander Brod.
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