Moçambique escolheu o lema "Corredores de Desenvolvimento: Veículo para a Integração Regional na SADC", para a 32.ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), entre os dias 17 e 18, em Maputo, mas os conflitos que afetam a região não poderão ser ignorados.
As fricções entre o Malaui e a Tanzânia por causa da partilha do Lago Niassa, potencialmente rico em gás e petróleo, é o novo caso de instabilidade na SADC a que a Cimeira de Maputo não se poderá alhear.
O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Oldemiro Balói, e o secretário-executivo da SADC, o moçambicano Tomaz Salomão já se pronunciaram conjuntamente a favor de uma solução negociada sobre a disputa do Lago Niassa, na parte que não está delimitada por Moçambique.
A divergência entre o Malaui e a Tanzânia vai juntar-se à já crónica instabilidade na RDCongo, novamente a braços com uma rebelião no nordeste do país, ao impasse em Madagáscar, suspenso da SADC na sequência do golpe de Estado de 2010, e à indefinição quanto ao futuro político do Zimbabué, cujo Governo de Unidade Nacional se aproxima do fim, sem perspetivas de uma nova Constituição de consenso, preconizada no acordo de formação do executivo partilhado.
Apesar desses casos quentes, publicamente o Governo moçambicano tem insistido em que o foco da 32.ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo sejam os "Corredores de Desenvolvimento: Veículo para a Integração Regional na SADC", como forma de reafirmar a posição de Moçambique de canal de acesso ao Oceano Índico para alguns dos países vizinhos da SADC, sem acesso direto ao mar.
Na reunião, Moçambique assumirá a presidência anual rotativa da organização e será escolhida a vice-presidência da organização, que fica com o encargo de acolher a próxima cimeira.
O secretário-executivo da SADC apontou, em conferência de imprensa preparatória do encontro, que a reunião vai igualmente analisar a situação financeira do secretariado e relatórios dos comités ministeriais dos pelouros das finanças, infraestruturas, questões sociais, científicas e tecnológicas, bem como segurança alimentar.
Moçambique herda a presidência de Angola, tal como aconteceu recentemente com a liderança da CPLP, e a provável nova ausência do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, já provocou reparos da imprensa de Maputo, que gostaria que a passagem de testemunho para o chefe de Estado moçambicano fosse feita pelo homólogo.
PMA.
Lusa - 12.08.2012
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