(2013-06-04) O impasse é o que caracteriza o diálogo entre o Ministério da Saúde e a Associação Médica de Moçambique, facto que tem vindo a afectar o normal funcionamento das unidades sanitárias, principalmente as que se localizam na capital do país. Nos restantes pontos do país, as unidades sanitárias continuam a funcionar sem grandes dificuldades devido a pouca aderência dos profissionais da saúde à greve decretada pela AMM. O DIÁLOGO entre o Ministério de Saúde (MISAU) e a Associação Médica de Moçambique (AMM) continua num impasse com as duas entidades a trocarem acusações sobre o responsável pelo prolongamento da greve dos médicos, que já vai na terceira semana. O MISAU afirma, num comunicado de imprensa enviado à nossa Redacção, que esteve sempre aberto ao diálogo com os profissionais de saúde e suas associações técnico-profissionais com vista a solucionar as suas preocupações. O mesmo documento refere que é nesta senda que tem persistido no diálogo com a AMM, mas não está a encontrar a abertura necessária para solucionar o diferendo que poderá acabar com a greve dos médicos. O Ministério acusa a direcção da AMM de estar a desrespeitar a delegação ministerial chefiada pelo Secretário Permanente, Marcelino Lucas, o que está a contribuir para que o diálogo entre as partes não esteja a ser frutuoso. Entretanto, numa carta endereçada ao Primeiro-Ministro, Alberto Vaquina, a Associação Médica pede a substituição dos membros da delegação do Governo alegadamente por estes não terem poder de decisão em relação aos aspectos do caderno reivindicativo. No mesmo documento, a AMM solicita ao Primeiro-Ministro a indicação de uma equipa que possa tomar decisões que permitam a solução das reivindicações dos médicos. Enquanto isso, as principais unidades sanitárias da cidade capital do país continuam a operar a meio gás, com alguns serviços, como as consultas externas, suspensos devido a falta de pessoal para o atendimento dos pacientes. Os hospitais Central de Maputo, Geral de Mavalane e José Macamo continuam com apoio de médicos militares, dos voluntários da Cruz Vermelha e dos estudantes dos Institutos médio e superior de saúde. O director do hospital de Mavalane, Ussene Isse, disse que aquela unidade sanitária continua a ressentir-se da falta dos médicos que aderiram a greve daí estar apenas a prestar os serviços básicos como o de maternidades, pediatrias, cuidados intensivos. “Nos últimos dias estamos a registar o regresso de alguns enfermeiros e de outro pessoal de apoio daí que as equipas já aparecem completas nas enfermarias, mas já não podemos dizer o mesmo em relação ao pessoal médico”, afirmou Isse. A “meio gás” continua também a operar o hospital “José Macamo”, onde se notar uma grande presença de estudantes dos institutos de saúde e estagiários de Medicina. No entanto voltou a abrir as portas o Centro de Saúde que funciona nas mesmas instalações do hospital e os serviços de urgência já operavam com alguma normalidade. As morgues destes hospitais estavam igualmente operacionais, o que normalizou a realização de cerimónias fúnebres. A porta-voz da AMM, Paulo Samo Gudo, reiterou que as directrizes da greve continuam a ser cumpridas pelo que os médicos continuam a garantir os serviços mínimos em todas as unidades sanitárias. No entanto, na manhã de hoje, os médicos vão realizar uma marcha pacifica que parte da sede da sua associação até ao circuito de manutenção António Repinga. Médicos de Ribáuè voltam ao trabalho Os dois médicos afectos ao centro de saúde da vila sede do distrito de Ribáuè, considerada maior unidade sanitária dos distritos do interior de Nampula (caso de Malema e Lalaua), decidiram ontem regressar aos seus postos de trabalho, depois de cerca de duas semanas de ausência, em observância da greve convocada pela respectiva associação. “Saudamos a posição assumida pelos colegas de Ribáuè, de participar da greve mas prestando os cuidados básicos sanitários as populações”-referiu Armindo Tonela, director provincial de saúde de Nampula. Com regresso dos dois médicos do centro de saúde de Ribáuè, baixa para 21 o número de médicos a observar a greve convocada desde 20 de Maio findo, em toda a província de Nampula. São 21 médicos (de clínica geral e pós-graduação) em greve no Hospital Central de Nampula e uma outra (dentista) no hospital rural de Angoche. Situação inalterável em Chókwè e Manica No Hospital Rural do Chókwè, na província de Gaza, continua o braço de ferro de dois médicos e igual número de enfermeiros que aderiram à greve decretada pela Associação Médica de Moçambique desde o passado dia 20 de Maio, através da paralisação dos trabalhos de atendimento aos pacientes. A nossa Reportagem esteve ontem naquela unidade sanitária de referência para toda zona norte de Gaza, e constatou que os restantes profissionais continuam a dar o seu contributo na perspectiva desta paralisação não provocar vítimas humanas. Na ocasião a nossa Reportagem falou com Manuel Cipriano, director clínico daquela unidade sanitária, que nos assegurou estar tudo a decorrer na mais perfeita normalidade, graças à entrega dos restantes colegas ao trabalho e à inestimável contribuição que vem sendo prestada por um médico militar e uma enfermeira destacada pelo Ministério do Interior. Entretanto o Governo de Gaza, enalteceu em comunicado de Imprensa distribuído aos Órgãos de Comunicação Social o facto de a maior parte dos profissionais de saúde na província terem distanciado da greve através da sua entrega no cumprimento das suas obrigações no tratamento dos pacientes. O Governo da província de Gaza, segundo a nota de Imprensa, congratula todos os profissionais que continuam comprometidos com o juramento, e agradece aos técnicos de saúde, médicos aposentados e socorristas da Cruz Vermelha e outros que prestam serviços fora do sistema Nacional de Saúde, pela prontidão que demonstraram no momento crítico, dirigindo-se às unidades sanitárias para preencher as lacunas deixadas pelos grevistas. Num outro desenvolvimento saúda igualmente os profissionais da saúde que rapidamente perceberam o impacto negativo de suas ausências nos seus postos retornaram ao trabalho, mostrando assim que a vida está acima de qualquer interesse. "Servimo-nos deste meio, para renovar o apelo aos médicos e outros profissionais da saúde que ainda não retornaram as suas actividades para darem a sua contribuição na salvação das vidas humanas", refere o documento. Entretanto, apenas dois dos 47 oito médicos afectos a várias unidades sanitárias da província de Manica continuam em greve, sendo o primeiro no Hospital Provincial e o segundo no Centro de Saúde de Chitobe, no distrito de Machaze. O director provincial de Saúde Manica, Juvenaldo Amós, minimiza o problema e considera que a ausência daqueles profissionais de Saúde, não abala, por enquanto, o funcionamento do serviço nacional de saúde na província, com o recurso aos médicos estrangeiros, técnicos e estudantes do instituto local de Ciências de Saúde. Para Juvenaldo Amós, o impacto das ausências é mínimo e quase imperceptível, pois, na sua óptica, mais de 60 por dos médicos em serviço nas unidades sanitárias da província são estrangeiros e todos estes não estão em greve, admitindo porem, poder haver grevistas silenciosos nalgumas unidades sanitárias. “Os hospitais estão a funcionar em pleno, em toda a província. O banco de Socorros do Hospital Provincial de Chimoio, as consultas externas, o bloco operatório e todos os outros serviços essenciais estão a funcionar sem quaisquer sobressaltos” – garantiu o director provincial de Saúde em Manica. Greve não se faz sentir em Cabo Delgado A greve geral dos médicos e outros profissionais da saúde decretada pela Associação Médica de Moçambique (AMM), até ontem décimo quinto dia desde o início de paralisação das actividades nos hospitais, ainda não tinha se feito sentir em toda província de Cabo Delgado, como está acontecer em algumas regiões do território nacional com muita incidência na cidade de Maputo, capital do país. A directora provincial da saúde de Cabo Delgado, Sãozinha Agostinho, reiterou que ontem, em todos 17 distritos de Cabo Delgado as unidades sanitárias voltaram abrir as portas para atender os utentes que procuraram vários serviços ali prestados sem nenhuma restrição e que seus colegas a todos os níveis apresentaram-se aos postos de trabalho tal como o fazem todos os dias. De Montepuez, a segunda maior cidade desta parcela do país, informações que o “Noticias” teve acesso, confirmam o pronunciamento da directora provincial. José Carimo, que responde pela área da saúde naquele distrito, fez saber que todos os dias tem interagido com profissionais de saúde, espalhados nas diversas unidades sanitárias. “Garantem-nos que não vão paralisar as actividades e eu acredito porque sempre estou a interagir com eles por isso não há greve aqui”-afirmou Carimo, acrescentando que o governo distrital adoptou uma estratégia de manter contactos diariamente com todos sensibilizando-os no sentido de não paralisar as actividades. Fonte: Notícias |
segunda-feira, 3 de junho de 2013
MISAU e médicos ainda num impasse
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