Egidio Guilherme Vaz Raposo
“Machanganas”, este é o elogio de mim para vocês hoje!
Dedicado ao Sérgio Chusane, colega de trabalho
Os Tsonga (changanas, rongas em matswas) são o conjunto de povos mais rico de Moçambique. Todos indicadores possíveis de bem-estar assim atestam. Não existe em Moçambique um grupo étnico que vive melhor que os Tsonga! Os tsonga são do sul de Moçambique.
Este grupo detém aproximadamente 90% da ...riqueza nacional. Os melhores empresários são pertencentes a este grupo. Os melhores banqueiros também. Os melhores políticos da Frelimo, também. A história oficial está cheio de Tsongas como heróis e homens de bem. Os que operaram armas pesadas durante a luta armada são Tsongas. Este povo é abençoado.
Para não vos cansar com história de Moçambique, olhem apenas para o índice das 100 melhores empresas de Moçambique publicado pela KPMG e confrontem com o cadastro das entidades legais e confirmem que a esmagadora maioria Tsonga está na liderança ou é dona destas empresas.
Dos dez ricos de Moçambique, sete são Tsongas.
Desde os primórdios da independência, este grupo étnico esteve à cabeça da governação e da liderança política e económica do país razão que os possibilitou acumular as riquezas ao longo do tempo. Historicamente, o sul do paralelo 22 esteve desde os primórdios da colonização portuguesa orientada para os serviços, tirando o proveito de uma tradição migratória secular.
Esta prática possibilitou a revolução na economia familiar dos moçambicanos a sul de Moçambique. A monetarização da economia familiar foi uma consequência lógica. Foram por exemplo, os primeiros a beber vinho importado de Portugal; os primeiros a comprarem bicicletas e os primeiros a subir carro automóvel movido a combustível (diesel), quando ele chega a Moçambique nos primórdios do sec XX.
Numa altura em que as Companhias de Moçambique, Niassa e Zambézia ainda pagavam os trabalhadores em espécie, aqui já saboreavam o poder de comprar e vender.
À ascensão da independência nacional os Tsonga já estavam muito mais emancipados financeiramente que a maioria de outros povos a centro e norte do país.
A nossa independência fez muito pouco para mitigar as sequelas do colonialismo. Continuou a operar nos moldes “concessionários” como aliás tem acontecido até hoje.
Mitigar as assimetrias regionais não passaria por abocanhar o dinheiro amealhado pelos tsonga para dar/oferecer os Sena. Guebuza pensou muito bem com a sua política dos 7 milhões. Só que distorceram a filosofia. Era uma melhor oportunidade de potenciar os outros povos deixados para trás ao longo dos tais 500 anos de colonização. Não sei se vai a tempo.
E isto não é porque os Tsongas são espertos e únicos inteligentes deste país. Isto é porque a forma como a economia e as oportunidades estão estruturadas, coloca o Sul de Moçambique em primeiro lugar em tudo. E quanto mais perto de Maputo estiver, mais perto da “sorte” e do milagre Moçambicano se está. Por exemplo, a esmagadora maioria de nomeações, seja por confiança ou concurso público de funcionários do estado para cargos de direcção nacional é feita em Maputo. Ou seja, estar, viver em Maputo, proporciona ao funcionário público largas oportunidades de ser “apreciado” pelo superior hierárquico de tal sorte que não hesitaria em provê-lo a um cargo imediatamente subalterno numa primeira oportunidade. A inexistência daquilo que se chama PROGRESSÃO EM Y capaz de possibilitar a ascensão de funcionários públicos mediante critérios concretos desencadeia a corrida pelos poucos cargos existentes a partir dos quais se exerce a corrupção e outras formas clientelistas de partilha de recursos. Isto tudo só é possível em Maputo. Estar em outras cidades é de facto sujeitar-se ao esquecimento.
Dificilmente Pedro Cossa seria SG da Juventude da Frelimo se continuasse na sua terra natal ou em Xai-xai, cidade capital de Gaza. A vinda dos pais de Basílio Muhate a Maputo depois de lhe nascerem em Chimoio foi capital para a sua ascensão actual. Armando Guebuza “recusou” ser de Murrpula. Logo que nasceu seus pais voaram-no para Maputo onde afirmou-se como estudante e despertou o nacionalismo tendo se destacado um grande militante.
O único momento em que as coisas eram possíveis a partir de qualquer canto de Moçambique foi o tempo colonial do sec. XIX e XX. Por exemplo, nos primórdios do sec. XX a American Board, centro de Moçambique formou os primeiros doutores deste país entre os quais o Kamba Simango.
Atenção, não estou a dizer que o Tsonga ROUBARAM a riqueza dos macua por exemplo. Estou a dizer que ao longo dos anos da nossa independência faltaram ideias concretas para mitigar as assimetrias regionais. O que aconteceu foi o mesmo que se vive e se vê hoje. Uma interpretação histórica que celebra o que existe como legado colonial sem nunca espevitar a utopia enquanto lugar de possibilidades.
São 34+anos de independência e a história documenta a inexistência de investimentos sérios nas regiões centro e norte do país. Primeiro, o modelo de governação foi todo ele parasitário; a economia rendeira e a política patrimonialista. Não é possível corrigir as assimetrias assim. E posso acreditar que daqui a mais 34 anos não teremos logrado mitigá-las. Portanto, eu preferiria por uma abordagem de roptura e não celebracionista para explorar outras possibilidades de governação capazes de desabrochar o potencial da iniciativa privada, da inclusão económica e da autarcização. É PRECISO que haja esforços sensíveis que convençam as pessoas que o combate as assimetrias regionais está sendo feito e não apenas limitarmos à celebração dos efeitos coloniais.
O ponto aqui não é combater a riqueza dos Tsonga mas sim proporcionar condições para que outras etnias e outras regiões floresçam como os Tsonga. A pobreza é muito perniciosa e não ajuda os ricos. Os Tsonga seriam muito mais felizes se seus irmãos Yao ou Sena também fossem empreendedores como eles. E a miscigenação cultural fria assim sentido.
Dedicado ao Sérgio Chusane, colega de trabalho
Os Tsonga (changanas, rongas em matswas) são o conjunto de povos mais rico de Moçambique. Todos indicadores possíveis de bem-estar assim atestam. Não existe em Moçambique um grupo étnico que vive melhor que os Tsonga! Os tsonga são do sul de Moçambique.
Este grupo detém aproximadamente 90% da ...riqueza nacional. Os melhores empresários são pertencentes a este grupo. Os melhores banqueiros também. Os melhores políticos da Frelimo, também. A história oficial está cheio de Tsongas como heróis e homens de bem. Os que operaram armas pesadas durante a luta armada são Tsongas. Este povo é abençoado.
Para não vos cansar com história de Moçambique, olhem apenas para o índice das 100 melhores empresas de Moçambique publicado pela KPMG e confrontem com o cadastro das entidades legais e confirmem que a esmagadora maioria Tsonga está na liderança ou é dona destas empresas.
Dos dez ricos de Moçambique, sete são Tsongas.
Desde os primórdios da independência, este grupo étnico esteve à cabeça da governação e da liderança política e económica do país razão que os possibilitou acumular as riquezas ao longo do tempo. Historicamente, o sul do paralelo 22 esteve desde os primórdios da colonização portuguesa orientada para os serviços, tirando o proveito de uma tradição migratória secular.
Esta prática possibilitou a revolução na economia familiar dos moçambicanos a sul de Moçambique. A monetarização da economia familiar foi uma consequência lógica. Foram por exemplo, os primeiros a beber vinho importado de Portugal; os primeiros a comprarem bicicletas e os primeiros a subir carro automóvel movido a combustível (diesel), quando ele chega a Moçambique nos primórdios do sec XX.
Numa altura em que as Companhias de Moçambique, Niassa e Zambézia ainda pagavam os trabalhadores em espécie, aqui já saboreavam o poder de comprar e vender.
À ascensão da independência nacional os Tsonga já estavam muito mais emancipados financeiramente que a maioria de outros povos a centro e norte do país.
A nossa independência fez muito pouco para mitigar as sequelas do colonialismo. Continuou a operar nos moldes “concessionários” como aliás tem acontecido até hoje.
Mitigar as assimetrias regionais não passaria por abocanhar o dinheiro amealhado pelos tsonga para dar/oferecer os Sena. Guebuza pensou muito bem com a sua política dos 7 milhões. Só que distorceram a filosofia. Era uma melhor oportunidade de potenciar os outros povos deixados para trás ao longo dos tais 500 anos de colonização. Não sei se vai a tempo.
E isto não é porque os Tsongas são espertos e únicos inteligentes deste país. Isto é porque a forma como a economia e as oportunidades estão estruturadas, coloca o Sul de Moçambique em primeiro lugar em tudo. E quanto mais perto de Maputo estiver, mais perto da “sorte” e do milagre Moçambicano se está. Por exemplo, a esmagadora maioria de nomeações, seja por confiança ou concurso público de funcionários do estado para cargos de direcção nacional é feita em Maputo. Ou seja, estar, viver em Maputo, proporciona ao funcionário público largas oportunidades de ser “apreciado” pelo superior hierárquico de tal sorte que não hesitaria em provê-lo a um cargo imediatamente subalterno numa primeira oportunidade. A inexistência daquilo que se chama PROGRESSÃO EM Y capaz de possibilitar a ascensão de funcionários públicos mediante critérios concretos desencadeia a corrida pelos poucos cargos existentes a partir dos quais se exerce a corrupção e outras formas clientelistas de partilha de recursos. Isto tudo só é possível em Maputo. Estar em outras cidades é de facto sujeitar-se ao esquecimento.
Dificilmente Pedro Cossa seria SG da Juventude da Frelimo se continuasse na sua terra natal ou em Xai-xai, cidade capital de Gaza. A vinda dos pais de Basílio Muhate a Maputo depois de lhe nascerem em Chimoio foi capital para a sua ascensão actual. Armando Guebuza “recusou” ser de Murrpula. Logo que nasceu seus pais voaram-no para Maputo onde afirmou-se como estudante e despertou o nacionalismo tendo se destacado um grande militante.
O único momento em que as coisas eram possíveis a partir de qualquer canto de Moçambique foi o tempo colonial do sec. XIX e XX. Por exemplo, nos primórdios do sec. XX a American Board, centro de Moçambique formou os primeiros doutores deste país entre os quais o Kamba Simango.
Atenção, não estou a dizer que o Tsonga ROUBARAM a riqueza dos macua por exemplo. Estou a dizer que ao longo dos anos da nossa independência faltaram ideias concretas para mitigar as assimetrias regionais. O que aconteceu foi o mesmo que se vive e se vê hoje. Uma interpretação histórica que celebra o que existe como legado colonial sem nunca espevitar a utopia enquanto lugar de possibilidades.
São 34+anos de independência e a história documenta a inexistência de investimentos sérios nas regiões centro e norte do país. Primeiro, o modelo de governação foi todo ele parasitário; a economia rendeira e a política patrimonialista. Não é possível corrigir as assimetrias assim. E posso acreditar que daqui a mais 34 anos não teremos logrado mitigá-las. Portanto, eu preferiria por uma abordagem de roptura e não celebracionista para explorar outras possibilidades de governação capazes de desabrochar o potencial da iniciativa privada, da inclusão económica e da autarcização. É PRECISO que haja esforços sensíveis que convençam as pessoas que o combate as assimetrias regionais está sendo feito e não apenas limitarmos à celebração dos efeitos coloniais.
O ponto aqui não é combater a riqueza dos Tsonga mas sim proporcionar condições para que outras etnias e outras regiões floresçam como os Tsonga. A pobreza é muito perniciosa e não ajuda os ricos. Os Tsonga seriam muito mais felizes se seus irmãos Yao ou Sena também fossem empreendedores como eles. E a miscigenação cultural fria assim sentido.
1 comentário:
Este vai ser um dos grandes lemas a resolver entre o povo Moçambicano.
Eu estou convencido que existem cidadãos inclusive de raça branca que são mais nativos de Moçambique que por exemplo os descendentes de ZULOS que vieram fugidos da Zoolandia e se refugiaram no sul de Moçambique, inclusive dominaram os povos dessas zonas,....... gostaria de ouvir quem deste tema tenha mais conhecimentos.
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