terça-feira, 4 de junho de 2013

Falcatruas no recenseamento eleitoral

Falcatruas no recenseamento eleitoral  Persistem problemas apesar das
novas impressoras
A empresa fornecedora das impressoras é dos irmãos Rafik e Faizal Sidat, parceiros de negócios do chefe de Estado, Armando Guebuza, e este último apoiante público do partido Frelimo e presidente da Federação Moçambicana de Futebol
Maputo (Canalmoz) – O recenseamento eleitoral que iniciou a 25 de Maio continua marcado por problemas graves ligados ao equipamento de impressão dos cartões de eleitor, que chega a se confundir com falta de vontade política para recensear os potenciais eleitores. Há municípios em que o processo simplesmente ainda não arrancou devido a problemas ligados às impressoras e os toners. Mesmo depois da empresa da família Sidat ter fornecido novas impressoras, os problemas persistem!
O Canalmoz contactou a empresa Artes Gráfica, que ganhou o concurso (orçado em quarenta e quatro milhões, cento e oito mil e oitocentos e trinta e oito meticais) de fornecimento de material ao Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), para obter explicações da inoperância das máquinas.
A Artes Gráfica é uma empresa do Grupo Académica dos irmãos Rafik e Feizal Sidat, parceiros de negócios do chefe de Estado, Armando Guebuza, como, por exemplo, no jornal Diário de Moçambique. Faizal Sidat é ainda apoiante público do partido Frelimo e presidente da Federação Moçambicana de Futebol (FMF). Falámos com Rafik Sidat, um dos gestores que reconheceu a existência de “problemas com as impressoras”.
Questionado sobre a natureza dos “problemas” Rafik Sidat explicou ao Canalmoz que as impressoras foram adquiridas em Hong Kong e os toners foram adquiridos na Irlanda. “Os toners eram incompatíveis com as impressoras” revelou.
Segundo disse, dada a incompatibilidade “40 por cento das impressoras não funcionou com os toners que haviam sido adquiridos”.
Informada dos problemas a Artes Gráfica decidiu resolver o problema adquirindo novo equipamento. Segundo Rafik Sidat, como a empresa já havia adquirido grande quantidade de toners, “achou por bem importar 800 impressoras compatíveis com os toners que já existem”.
Sidat garantiu ao Canalmoz que o referido material já foi distribuído por todo o País e “estão todas a funcionar”.
Em muitos locais ainda não há recenseamento
Contrariamente às declarações do gestor da Artes Gráfica, ainda há muitos locais em que os problemas persistem, incluindo na própria Capital do País e na cidade da Matola. Nas províncias, há municípios em que o processo nem sequer arrancou.
Tal é o caso da província de Manica, no centro do País. Neste ponto do País, a título de exemplo, em três municípios o recenseamento simplesmente ainda não arrancou. Trata-se dos municípios de Manica, Gondola e Catandica. É que, segundo apurou o Canalmoz, tal como em outros pontos do País, as impressoras não estão a funcionar.
Artes Gráfica não tem experiência
Refira-se que a Artes Gráfica ganhou o concurso avaliado em pouco mais de 18 milhões de dólares juntamente com a empresa sul-africana Lithotech para disponibilizar, 1 700 kits para a actualização do recenseamento deste ano e outros 2 500 para o do próximo, referente às eleições gerais e provinciais.
Cada kit é constituído por um computador, com câmara, e uma impressora e respectivo toner. São estes 1 700 kits, entregues no limite do início do recenseamento, que se tornaram o problema que emperra o processo. Pelo menos a nível do País a Artes Gráfica nunca forneceu material similar para processos eleitorais daí a sua comprovada inexperiência para processos dessa envergadura. (Matias Guente)
 

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