segunda-feira, 11 de junho de 2018

Ex-Presidente panamiano Ricardo Martinelli extraditado pelos Estados Unidos


Ricardo Martinelli é acusado de ter desviado fundos públicos para montar uma rede de espionagem estatal quando estava na presidência do Panamá, entre 2009 e 2014.
Saúl Martínez/EPA
Autor
  • Agência Lusa
O ex-Presidente do Panamá Ricardo Martinelli foi extraditado dos Estados Unidos e chegou esta segunda-feira ao seu país, onde é acusado de espionagem política a opositores e jornalistas e abuso de poder.
Martinelli, que dirigiu o país entre 2009 e 2014, chegou no final da manhã à cidade do Panamá a bordo de um avião proveniente da Florida. O antigo chefe de Estado, 66 anos, saiu ao romper da manhã da prisão federal de Miami e foi conduzido algemado ao aeroporto num veículo da polícia. “Estou pronto para ver o Mundial!”, disse aos jornalistas, pouco antes de embarcar.
Martinelli é acusado de ter desviado fundos públicos para montar uma rede de espionagem estatal quando estava na presidência. É suspeito de ter colocado sob escuta telefónica mais de 150 pessoas, incluindo políticos e jornalistas. Está ainda alegadamente envolvido em cerca de 20 dossiês de corrupção, mas que não surgem no pedido de extradição apresentado aos Estados Unidos, não podendo ser julgado por estes factos após o regresso ao seu país.
O antigo Presidente diz-se vítima de “uma vingança” do atual Presidente panamiano Juan Carlos Varela, o seu ex-vice-presidente.
Os apoiantes de Ricardo Martinelli apelaram a uma concentração frente ao Supremo Tribunal de Justiça da capital panamiana para manifestar o seu apoio.
Martinelli fugiu para os Estados Unidos em 2015. Foi preso em Miami em junho de 2017 e detido enquanto era analisado o pedido de extradição apresentado pelo Panamá, autorizado em definitivo na sexta-feira pelo Departamento de Estado. O regresso de Martinelli ao seu país surge num período político agitado, a menos de um ano das eleições legislativas programadas para maio de 2019.
Segundo o seu porta-voz, Luis Eduardo Camacho, o antigo chefe de Estado admite candidatar-se a deputado ou a presidente de câmara, e quando ainda não está esgotado o prazo de dez anos que lhe permitirá concorrer de novo à presidência do país centro-americano.

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