terça-feira, 3 de abril de 2018

Esquadrões de morte continuam a provocar terror

 Savana 30-03-2018 O jornalista e jurista Ericino de Salema foi raptado, torturado e abandonado nas matas de Marracuene, na província de Maputo. O crime foi protagonizado por um grupo de três indivíduos que se faziam transportar numa viatura sem chapas de inscrição. Salema foi raptado defronte das instalações do Sindicado Nacional de Jornalistas, no início da tarde desta terça-feira, dia 27. A polícia diz que está no encalço dos criminosos. Os primeiros sinais do rapto e tortura de Ericino de Salema exteriorizaram-se a partir da segunda-feira, 26. Antes da ocorrência do acto, Salema recebeu chamadas telefó- nicas alertando-o sobre o perigo que corria por causa das suas declarações públicas. No fim da manhã da segunda-feira, o jurista que também é comentador político do programa “Pontos de Vista”, no canal privado STV, recebeu uma chamada telefónica de um número estranho pedindo auxílio jurídico. O autor da chamada terá se identificado com um nome fictício e disse que tinha sido burlado por uma seguradora nacional e que queria assistência jurídica com extrema urgência. Questões de agenda impediram que o jornalista se encontrasse com o suposto cliente na segunda-feira. Na amanhã de terça-feira, 27, Salema foi novamente contactado pelo aludido cliente que se mostrava aflito com a situação pela qual, segundo ele, estava a passar. De fontes próximas, o SAVANA soube que a vítima se predispôs a falar com o suposto cliente cerca das 10:00 horas. Por imperativos profissionais, Ericino de Salema viu-se obrigado a deslocar-se aos Serviços Nacionais de Investigação Criminal (SERNIC) ao nível da cidade de Maputo. Como se estivesse aflito, à hora combinada, o aludido cliente telefonou para Salema procurando saber da sua localização, ao que este disse que estava no SERNIC – cidade e que à saída contactaria o seu possível cliente. Porém, a outra parte disse que estava aflita de tal forma que podia ir ao encontro do jurista nas imediações do SERNIC. A proposta foi prontamente aceite por Salema. Contudo, por ironia do destino, Ericino de Salema tinha outro encontro na zona da Polana Cimento, o que fez com que saísse do SERNIC às pressas e tratou de informar o presumível cliente que podia encontrá-lo nas instalações do Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), bairro Polana Cimento, zona nobre da cidade de Maputo. Já nas instalações do SNJ, Salema recebe uma chamada dos raptores informando que estavam no portão daquele local. Longe de pensar que se tratava de uma armadilha, Ericino de Salema movimentou-se até ao portão principal do SNJ e ligou para o suposto cliente, mas este não atendeu o telemóvel. Depois de alguns minutos de espera sem que o suposto cliente chegasse, a vítima foi à sua viatura que estava estacionada do lado exterior do SNJ buscar o seu computador e retornou às instalações. Esses factos verificaram-se no intervalo das 10 às 11:00 horas. Cerca das 13:40 minutos, Ericino de Salema deixou as instalações do SNJ de regresso ao seu escritório. Quando se preparava para entrar na sua viatura, dois homens trajados a civil aproximaram-se do analista e arrastaram-no para outra viatura que estava estacionada ao lado da sua com o motor ligado. A viatura de cor cinzenta, um Toyota Camry, sem chapas de inscrição, saiu da avenida 24 de Julho e seguiu em direcção à avenida Julius Nyerere. À espera do analista estava o seu motorista particular que, ao ver o seu patrão ser arrastado para uma viatura estranha, pediu socorro aos gritos. Contudo, mesmo com tantas pessoas, já que era hora de ponta, ninguém prestou auxílio. Sem pistas da viatura dos raptores, o motorista deslocou-se à Segunda Esquadra onde participou o caso. Minutos depois a notícia do rapto espalhava-se pela cidade através das redes sociais. Com a difusão das notícias sobre o rapto, várias pessoas deslocaram-se às instalações da Segunda Esquadra à procura de esclarecimentos. Do terror ao milagre Uma vez raptado, Ericino de Salema foi transportado até ao distrito de Marracuane, pela via da estrada circular. Ao longo do percurso, foi amarrado nas mãos, tapado a vista com pano e torturado até ao local do abandono. Da zona do rapto até Marracuene, os criminosos comunicavam-se com pessoas externas, sendo que estes indicavam a sua localização e a pessoa do outro lado da linha dizia para onde se deviam dirigir. Os raptores comunicavam-se em códigos e, nalgum momento, chegaram a discutir se matavam ou não a sua presa. A força divina foi mais forte e os raptores optaram por não disparar contra a vítima apesar de vá- rias vezes lhe terem apontado a arma mexendo no gatilho. Ericino de Salema foi levado para um descampado, a cerca de 10 quilómetros depois da Rotunda de Chiango, em direcção à vila de Marracuene, onde está a ser erguido um complexo residencial do Fundo de Fomento da Habitação, cujas obras se encontram abandonadas. No local, Salema foi retirado da viatura e atirado para o chão, ainda amarrado, onde prosseguiram os espancamentos. Os criminosos usaram a coronha da pistola e da AKM 47 para torturar a vítima. Seguros de que a vítima estava inconsciente e sem condições de recuperação, abandonaram o local. Momentos depois passaram três crianças que regressavam da escola. Ao verificar a existência de algo estranho naquele local, os petizes informaram as pessoas que estavam nas casas próximas. Já com a vítima, os membros da comunidade retiraram as cordas e junto com a vítima procuraram formas de se comunicar com os seus próximos, facto que se veio a consumar pouco antes das 15:30 horas. Em contacto com o SAVANA, um dos socorristas, que é membro da comunidade de Fafetine, zona para onde Ericino de Salema foi atirado, contou que encontrou o jurista em agonia, com voz em afonia e a jorrar sangue nas articulações dos membros inferiores e superiores. Contam que não foi possível identificar a viatura e a primeira coisa que fizeram à vítima foi tirar as cordas. Uma vez desmanchado, Salema pediu água para beber, mas recusaram alegando que isso podia colocar em risco a sua vida. Localmente procuraram formas de minimizar a perda de sangue e junto com a vítima conseguiram chegar à fala com pessoas próximas de Salema, as quais aconselharam a procurar uma viatura e levar a vítima para a estrada, visto que um grupo de amigos estava a caminho do local. Conta que arranjaram a viatura que transportou o analista do local do abandono até ao hospital. Foi na tentativa de colocar o ferido na viatura que descobriram que tinha sofrido nas articulações dos membros superiores e inferiores. “Em algum momento pensámos que os bandidos tinham quebrado suas pernas e braços porque, quando carregamos os seus membros não respondiam devidamente e ele gritava de dores”, frisou. Neste momento, Ericino de Salema encontra-se fora de perigo e em tratamento médico numa clínica privada na cidade de Maputo. No primeiro diagnóstico médico, detectou-se que o comentador político tinha fracturado o memPerseguições e baleamentos contra analistas e políticos da oposição continuam na ordem do dia As peripécias dum rapto que espelha intolerância política Mahamudo Amurane Gilles Cistac Mahamudo Amurane Jeremias Pondeca Ericino de Salema, mais uma vítima de criminosos sem rosto? TEMA DA SEMANA Savana 30-03-2018 3 O Instituto Politécnico de Geologia e Ciências de Saúde com sede na cidade de Quelimane tem aberta, vagas para DOCÊNCIA com formação de nível superior para leccionar os níveis 3, 4 e 5 do QNQP (Quadro 1DFLRQDOGH4XDOLÀFDo}HV3URÀVVLRQDLV DFUHVFLGDGH&HUWLÀFDGR% SDUD os seguintes Cursos: 1.ENFERMAGEM GERAL (nível médio) &LrQFLDV%LROyJLFDV, &LrQFLDV%LROyJLFDV,, %DVHV&LHQWLÀFDVSDUDD3UiWLFDGH(QIHUPDJHP, 2. ENFERMAGEM SAÚDE MATERNO INFANTIL (nível médio) &LrQFLDV%LROyJLFDV, &LrQFLDV%LROyJLFDV,, %DVHV&LHQWLÀFDVSDUDD3UDWLFDGH(QIHUPDJHP, 3. TÉCNICO DE MEDICINA GERAL (nível medio) Gestão e Administração I Neurologia Sistema Musculo-esquelético e Tecidos Moles (VWRPDWRORJLD 2WRUULQRODULQJRORJLDH2IWDPRORJLD (QGRFULQRORJLD Hematologia e Oncologia Saúde Mental 'RHQoDV,QIHFLRVDV PXOWLVLVWHPLFDV Avaliação e Manejo dos Doentes com HIV e SIDA 6LVWHPD8ULQiULR Pediatria Geriatria Gestão e Administração II ……………………………………………………………………………… 3ULQFLSDLVIXQo}HVHUHVSRQVDELOLGDGHV ‡7HUKDELOLGDGHVGHOHFFLRQDUFRPRVLVWHPD0RGXODUYLUDGRDSDGU}HV de competências, criar e gerir arquivos de evidências. ‡(QWUHJDGH&XUULFXOXP9LWDH QRVHVFULWyULRVGR ,QVWLWXWR3ROLWpFQLFR GH*HRORJLDH&LrQFLDVGH6D~GH $Y GH-XQKRQR 7HO RXipgcsaude@gmail.com Prazo de entrega 09/04/2018 ANÚNCIO DE VAGA bro inferior direito e os membros superiores, sendo que nesta sexta-feira deverá ser submetido a uma intervenção cirúrgica. A Polícia da República de Moçambique (PRM), através do seu porta-voz, Orlando Mudumana, confirmou o facto, mas afirmou que a vítima tinha sido encontrada uma hora e meia depois do sucedido, na zona de Mutanhana, nas proximidades da circular de Maputo, onde foi socorrida e levada para o hospital. Mudumana afirmou que ainda são desconhecidas as causas deste crime de rapto e que, de momento, as forças conjuntas da PRM e do Serviço Nacional de investigação Criminal (SERNIC) estão a trabalhar no sentido de esclarecer o assunto e deter os sequestradores. Orlando Mudumana diz que ainda é muito cedo associar este crime com as ameaças que a vítima vinha sofrendo nos últimos dias. Quem pára o gangsterismo? O rapto e espancamento do jornalista e jurista Ericino de Salema é parte de vários crimes macabros que se registam desde 2015 contra opositores e analistas independentes. Ericino de Salema é comentador de uma televisão privada e, nas últimas duas semanas, destacou-se por fortes críticas ao comportamento de Florindo Nyusi, filho do Presidente da República (PR), Filipe Nyusi, na via pública. Ericino denunciou situações de abuso de poder protagonizados por Florindo e que violam as normas de trânsito, colocando em causa a segurança rodoviária. No último domingo, Ericino de Salema questionou criticamente a forma como o governo de Nyusi tem gerido a gestão das dívidas ilícitas. A onda de perseguições, raptos e assassinatos coincidem com o tempo da presidência de Filipe Nyusi. O rapto de Salema vem se juntar aos atentados contra o académico José Macuane, o jurista Carlos Jeque, Afonso Dhlakama e Manuel Bissopo, presidente e secretário-geral da Renamo bem como dos assassinatos à queima roupa do constitucionalista Gilles Cistac, Mahamudo Amurane, Jeremias Pondeca, Manuel Lole, Paulo Machava entre outros. Porém, nenhum destes crimes foi esclarecido até ao momento. O Comité de Emergência para a Protecção das Liberdades (CEPL) exige que o governo exerça o poder soberano do Estado de garantir a segurança aos seus cidadãos. A agremiação da qual Ericino de Salema é membro fundador diz ter tomado nota dos pronunciamentos do Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, Presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo, e de outros membros do governo e de partidos políticos que condenaram publicamente o rapto e tortura ao seu colega e amigo. No entanto, o comité diz não se contentar com discursos de condenação, sendo que exige do governo acções de neutralização e responsabilização dos autores daquele acto macabro. É que o sucedido com Salema não é um acto isolado, mas sim uma prática que tende a ganhar outros contornos. Nos últimos três anos, foram reportados vários casos de atentados e assassinatos de cidadãos nacionais profissionais e activistas de liberdade de expressão. Infelizmente, ao longo deste tempo, nenhum caso teve o devido esclarecimento. O CEPL diz que não se vai calar e descansar enquanto a liberdade de imprensa e de expressão não forem efectivos no país, o que significa que as pessoas não só têm a liberdade de expressar as suas ideias, mas também de que não podem ser seviciadas em função da sua opinião. Não basta discursos MISA condena O MISA-Moçambique condenou, na última terça-feira, o rapto e agressão contra o jornalista Ericino de Salema, ocorrido no mesmo dia, nas imediações da sede do Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), na cidade de Maputo. Salema tinha estado a almoçar no restaurante do SNJ quando à saí- da, por volta das 13:10 horas, um grupo de indivíduos sequestrou-o, levando-o de seguida numa viatura sem matrícula, para parte incerta. O rapto ocorreu quando Salema abria a porta do lado do passageiro da viatura em que se fazia transportar. Ele viria a ser encontrado espancado e inconsciente, horas depois na estrada circular de Maputo, tendo sido socorrido e levado para um hospital local. Num comunicado, para além de condenar o acto, insta as autoridades policiais e da justiça para investigarem o caso, identificando e responsabilizando os autores, e para que o Estado proteja todos os cidadãos contra qualquer tipo de actos que ponham em causa a sua integridade física.  No mesmo dia, numa conferência de imprensa conjunta, o MISA-Moçambique, o SNJ e o Conselho Superior de Comunicação Social (CSCS) manifestaram a sua indignação pelo sucedido, considerando o acto um verdadeiro atentado contra a liberdade de expressão e o livre exercício da profissão de jornalista, facto que é passível de pôr em causa o direito dos cidadãos à informação. Manuel Bissopo Jaime Macuane Carlos Jeque TEMA DA SEMANA 4 Savana 30-03-2018 V árias personalidades nacionais e internacionais condenaram o rapto e espancamento do jornalista e jurista Ericino de Salema, sublinhando que o acto representa um verdadeiro atentado aos direitos fundamentais, sobretudo a liberdade de expressão. Para o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, não restam dúvidas de que se trata de mais uma acPara Simango, a falta de segurança desencoraja os investidores, principalmente numa altura como esta em que o país precisa de investimento estrangeiro para a geração de mais emprego e para combater a pobreza que afecta muitos moçambicanos. Segundo Simango, o Estado de Direito fica enfraquecido, sendo este o tipo de atitudes que pode criar revolta e indignação do povo. Intimidação condenada ao fracasso – Sérgio Chichava O director científico do Instituto de Estudos Económicos e Sociais (IESE), Sérgio Chichava, considera que se trata de uma tentativa inútil e, logo à partida, condenada ao fracasso, de intimidar a liberdade de expressão ou silenciar as vozes daqueles que pensam de forma diferente. Diz que apesar daquela situação trágica que deixa toda uma sociedade abalada, no país existe a liberdade de expressão, pois, continuam outras vozes críticas àquele atentado. Atentado às liberdades fundamentais - PJ Salomão Muchanga diz que o Parlamento Juvenil (PJ) repudia, veementemente, o acto hediondo e amplamente repugnante de rapto e tortura do Jornalista e comentador político Ericino de Salema. Para Muchanga, este acto atenta contra as liberdades, conquistas e direitos humanos fundamentais dos cidadãos consagrados na Constituição da República e no ordenamento jurídico nacional. “Nesta semana santa, o bem radioso da liberdade sofreu mais um duro golpe, que já antes prenunciamos, a 03 de Março de 2015, aquando do assassinato bárbaro do Constitucionalista Gilles Cistac, ao afirmamos que - estes tiros contra Cistac encerram em si uma estupidez consciente cuja peregrinação pode estar em início de marcha”, disse. Muchanga sublinha que todo o silêncio cúmplice das instituições de justiça, da polícia e da PGR, na sua inércia “arquivista” habitual, em relação às perseguições do passado, às actuais e às futuras, é o Estado a cessar a sua responsabilidade política e representa o clímax da brutalidade. O PJ alerta que um Estado incapaz de proteger os seus cidadãos é um Estado demissionário, carecendo de ser responsabilizado pela sua negligência e inacção face aos cidadãos ciclicamente assassinados, raptados, torturados, violentados, injuriados, caluniados e até soterrados pelo lixo, a níveis que somente uma sociedade raptada pode testemunhar. “Estes actos radicais do sector decadente da nossa sociedade são sintomáticos da urgente necessidade de reinventar a forma armada de fazer política, que já antes vitimou Siba-Siba, Macuane, Orlando José, Silica, Cardoso, Cistac, entre muitos outros. É típico de um Estado falido”, frisou. Para o PJ, Este atentado é uma convocatória colectiva para reinventarmos o país através da ruptura com o paradigma que nos condiciona à lógica do sistema, edificando uma sociedade na qual as instituições não respondem aos interesses dos bárbaros que acampam no Estado. É assim que, cada grito de indignação deve significar um esforço adicional na luta pela justiça e liberdade ainda que novos sacrifícios, privações e sofrimentos sejam necessários. OAM pede investigação séria A Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) deseja que seja desenvolvida uma inO grito de consternação ção engendrada pelos famosos esquadrões de morte, cujo trabalho se notabilizou entre 2015 e 2016, sequestrando e assassinando vozes críticas ao governo e membros da oposição. Dhlakama apelou ao PR para que faça algo de modo que aquele grupo pare com aquele tipo de incursões. Diz Dhlakama que a falta de resultados nas investigações dos diversos crimes cometidos no país deve-se à ausência de separação de poderes no país, de modo que cada um faça o seu trabalho sem a interferência do outro. Manifestou o seu descontentamento com o sucedido e questionou para onde é que aquele tipo de actuações estavam a levar o país e que tipo de exemplo Moçambique estava a dar aos outros países. Acto macabro -Daviz Simango Por sua vez, o Presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, apontou o acto como sendo macabro e de cobardia e, ainda, uma tremenda falta de respeito para com os direitos humanos no país. Segundo o investigador, a crítica tem um contributo inegável para o desenvolvimento do país, pelo que o normal seria que fossem estimuladas as diferentes formas de pensar. Mas, avança, para que a liberdade de pensar se desenvolva é preciso que o Estado crie garantias. Contudo, sucede que o mesmo Estado está a falhar na protecção dos cidadãos. Falou do sucedido com o professor Jaime Macuane em 2016 e diz que, apesar daquela triste situação, a liberdade de expressão não vergou, os cidadãos continuam veiculando os seus pensamentos. “Os que tentam silenciar vozes e pensamentos que contribuem para o processo de democratização serão derrotados”, apontou. Pedras no caminho - João Feijó O pesquisador do Observatório do Meio Rural (OMR), João Feijó, aponta para o rapto e tortura de Ericino de Salema como mais uma pedra no caminho da liberdade de expressão e de pensar. Defende o sociólogo que a liberdade de expressão é um processo que se vai construindo dia após dia e, nesse percurso, vai enfrentando alguns obstáculos para abertura de caminhos. consagrada na Constituição da República, porque é um direito fundamental e qualquer forma que atenta contra o mesmo é punível nos termos da lei”, disse. Menete entende que existe uma necessidade de aumentar os ní- veis de tolerância e entender que a liberdade de expressão é um direito fundamental, pois as pessoas têm opiniões diferentes que contribuem para o desenvolvimento do país. Acto intimidatório Tomás Vieira Mário, Presidente do Conselho Superior da Covestigação profunda pelas autoridades competentes de modo a identificar os autores morais e materiais do bárbaro crime de sequestro do jornalista Ericino de Salema. Flávio Menete, Bastonário da OAM, diz que acredita que o facto da vítima ter recebido ameaças antes do sucedido servirá de pistas para facilitar as investigações por parte da Polícia da República de Moçambique. Segundo Menete, este acto bárbaro constitui um atentado grosseiro à liberdade de expressão, pelo facto de a vítima, nos últimos tempos, ter estado a comentar, num programa televisivo, certos assuntos de conteúdo bastante sensível. “Pelo que a Ordem condena este crime por ser contrário à liberdade de expressão que está municação Social, entende que mais do que condenar o rapto do colega, neste acto intimidatório e cobarde, o que mais preocupa é que “os perpetradores fazem-no em plena luz do dia, na via pública, o que exprime a certeza de impunidade. Segundo Tomás Vieira Mário, não há nada que Salema tenha dito que possa justificar em caso algum que fosse vítima de rapto. “Não há nada que qualquer jornalista não dissesse e em liberdade”, acrescentou. Estados Unidos lamentam A Embaixada dos Estados Unidos da América também condena o crime e diz que, embora não se saiba quem são os perpetradores ou a sua motivação para levar a cabo este crime hediondo, tal acto de violência contra um respeitado jornalista em frente ao Sindicato Nacional de Jornalistas é um ataque à liberdade de expressão e liberdade de imprensa – pilares sobre os quais qualquer democracia deve assentar. “Apoiamos os esforços pelas relevantes autoridades moçambicanas na condução duma investigação exaustiva e transparente para assegurar que os responsá- veis por este ataque sejam levados à justiça. Os Estados Unidos mantêm-se solidários com todas as forças vivas da sociedade moçambicana que manifestaram a sua indignação contra este crime e defenderam a importância duma imprensa livre e independente como um pilar da democracia Moçambicana”, lamentou. Afonso Dhlakama Sérgio Chichava Daviz Simango Salomão Muchanga Flávio Menete Tomás Vieira Mário João Feijó TEMA DA SEMANA Savana 30-03-2018 5 PUBLICIDADE SOCIEDADE 6 Savana 30-03-2018 N um cenário em que ainda prevalece o sofrimento do povo como consequência das dívidas ocultas que ditaram a suspensão do apoio financeiro dos parceiros e se traduzem no alto custo de vida, desemprego, falência de empresas e deterioração de serviços básicos como saúde e educação, o presidente da Frelimo, Filipe Nyusi, tem outro entendimento. Para Nyusi, falando ao cair do pano da II sessão Ordinária do Comité Central (CC) da Frelimo, a situação que o país atravessa deve-se às calamidades naturais que se abateram sobre o país entre 2015 e 2016, e à queda dos preços internacionais dos principais produtos de exportação. Enquanto digeria ainda a escandalosa derrota eleitoral na intercalar de Nampula, o CC da Frelimo reuniu-se de 23 a 25 do mês em curso, na Matola, para analisar a vida do partido e delinear novas estratégias para os próximos desafios, com destaque para as autárquicas de 10 de Outubro próximo. Aliás sobre Nampula, Nyusi disse aos seus correligionários que a Frelimo não perdeu. Simplesmente não ganhou, porque já estava na oposição. O mais alto órgão da Frelimo entre congressos dedicou algum tempo para apreciar o relatório do desempenho do governo nos últimos três anos, e ainda a informação sobre o Plano Económico e Social para 2018. Foi na sequência da apreciação destes instrumentos que se Nyusi omitiu as causas do sofrimento do povo Por Agrunaldo Nhampossa concluiu que o alto custo de vida é o principal problema que aflige os moçambicanos, havendo necessidade de se encontrar formas para reverter esta tendência. “Precisamos de falar com realismo sobre a situação do país ao nosso povo”, disse Nyusi. Mas em nenhum momento falou das dívidas ocultas como o principal factor para a degradação da economia e das consequências desastrosas que se reflectem na qualidade de vida dos cidadãos. Considerou Nyusi que, devido aos pontos por si arrolados, os preços dos produtos a nível doméstico subiram e, consequentemente, baixou o poder de compra dos cidadãos, assim como e baixaram também os investimentos. Perante este quadro, Nyusi diz que o governo não poderia cruzar os braços e, “procuramos gerir a crise, foi uma decisão dura e de coragem que tomamos conscientemente e debaixo de pressões e ataques”, disse. “Estávamos cientes que o povo está em desvantagem devido à sua baixa renda, mas não poderíamos deixar de agir sob o risco de deixar o sofrimento se prolongar por tempo indeterminado. Sabemos que a redução do custo de vida é um processo longo, mas inadiável e os resultados vão aparecendo, como é o caso da redução da taxa de inflação que, de 25.5% em 2015, baixou para 15,5% em 2017, com tendências de baixar ainda para um dígito”, afirmou Nyusi, referindo-se também à redução na taxa de câmbio do Metical face ao dólar, dos 81 Meticais em 2015, para 62 em 2018. Ironicamente, Nyusi fala da redução da taxa de inflação numa altura em que o preço do combustível acabava de subir em cerca de 5 por cento, pouco depois de ter sido aumentada a tarifa do transporte pú- blico de passageiros. Forçado pela retirada do apoio financeiro para implementar reformas, falou da reestruturação do sector empresarial do Estado, da remoção de subsídios ao trigo, ao combustível e das isenções fiscais, como medidas que vão ajudar no ajustamento fiscal. Combate à corrupção Nyusi disse que foi na esteira da ausência do apoio financeiro que o seu governo embarcou em reformas para a promoção da boa governação, transparência, inclusão financeira e de medidas de contenção de despesas, acompanhadas de outras para o combate à corrupção. Disse que o governo foi instruído para ser mais contundente na luta contra corrupção, por ser um mal que reverte os ganhos que o país vem conquistando com muito sacrifício. “A corrupção, camaradas, reduz a nossa credibilidade como partido, como governo e como Estado”, apontou. O combate à corrupção tem sido recorrente nos discursos de Nyusi, mas questiona-se a passagem da teoria à prática, havendo uma percepção generalizada de que os únicos casos que têm sido levados aos tribunais são os da pequena corrupção. Questiona-se a abordagem hesitante e diversionista do governo em confrontar a questão das dí- vidas ocultas que precipitaram o país para a crise, mesmo depois do próprio Presidente ter declarado Ilec Vilanculo que havia indícios de corrupção na forma como foram contraídas. Paz sem ameaças Um dos principais pontos da agenda desta reunião foi também uma análise sobre o actual estado das negociações entre o governo e a Renamo, com vista ao alcance da paz definitiva. Os debates evolveram-se em torno do consenso alcançado entre Nyusi e o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, e que resultaram na proposta submetida pelo Presidente da República à Assembleia da República, visando uma revisão pontual da Constituição. Mas a declaração de Nyusi de que o processo deve ser conduzido sem que seja a preço de ameaças, e o seu apelo para que a Renamo não introduza novas exigências, terão sido interpretados como sinal de um mal-estar entre as duas partes. Tais novas exigências terão a ver com uma suposta insistência da Renamo de que enquanto os administradores não forem ainda eleitos, eles teriam de ser nomeados pelos governadores provinciais que saírem das eleições gerais de de 2019. O processo de revisão da Constituição estava encalhado na AR, e só conheceu algum avanço na última terça-feira, com a assinatura de um memorando de entendimento que corporiza novos consensos entre as bancadas da Frelimo, da Renamo e Movimento Democrático de Moçambique. Reformas pós-Nampula Depois da derrota na intercalar de Nampula, o CC foi um momento próprio para o partido reflectir e traçar novos desafios para actuar nas autárquicas de 10 de Outubro próximo. Aliás, para Nyusi, a Frelimo não perdeu em Nampula, só não venceu porque desde 2013 está na oposição. Para evitar situações similares à de Nampula nas autárquicas que se avizinham, a Frelimo pretende reformar a actuação das brigadas centrais de assistência às províncias ou as hierarquicamente superiores a cada nível. Explicou que a função destas centra-se na assistência e monitoria do trabalho por realizar a cada nível, evitando que as brigadas centrais se sobreponham às estruturas locais, ao que Nyusi disse que só será possível se for assegurado o rigoroso cumprimento das normas estatutárias, directivas e outros instrumentos. Esta abordagem surge na sequência de reclamações apresentadas pelas estruturas provinciais do partido, que sentem a sua posição sendo ofuscada pelas brigadas centrais que são enviadas para dinamizar as respectivas campanhas eleitorais. O ministro da Economia e Finanças de Moçambique, Adriano Maleiane, não tem dúvidas de que os credores das chamadas dívidas ocultas não ganham com a indefinição em torno de um desfecho do assunto. “Todos estão claros de que a situação de não pagarmos não é a melhor solução para eles [credores], nem para todos”, defendeu Maleiane, em declarações aos jornalistas. A demora num entendimento entre Moçambique e os credores vai continuar a degradar a confiança dos mercados e dos investidores no país, notou, e a deteriorar as condições de pagamento das suas obrigações. “O que é importante é que nós temos de ter uma solução, porque, se não tivermos uma solução, este assunto vai estar sempre na imprensa, este crédito vai contribuir negativamente para o ‘rating’ de Moçambique”, observou Adriano Maleiane. O ministro da Economia e Finanças negou que o Governo moçambicano esteja a arrastar as negociações com os credores das dívidas ocultas, frisando que a incerteza à volta da matéria é prejudicial para todas as partes. Analistas da Economist Intelligence Unit (EIU) defenderam na quinta-feira que o Governo de Moçambique está a prolongar as negociações com os credores de propósito e que conversações demoradas também beneficiam os bancos envolvidos nos empréstimos às empresas públicas. O ministro da Economia e Finanças negou que tenha sido um fracasso a falta de um acordo esta semana com os credores moçambicanos em Londres, sublinhando que a pretensão do Governo era apenas apresentar propostas de resolução do diferendo, aguardando contrapropostas. “Não era uma missão para ir pedir dinheiro, para ter sucesso ou não, era uma reunião com os credores para ver se podem atenuar as condições para permitir que o pagamento das dívidas seja regularizado”, frisou Adriano Maleiane. O ministro da Economia e Finanças adiantou que os consultores internacionais do Governo moçambicano na questão das dívidas aguardam a resposta dos credores às três propostas, devendo receber a primeira em Abril. Adriano Maleiane considerou normal a recusa dos credores em aceitarem as três propostas que o executivo moçambicano apresentou, frisando que era a primeira vez a terem contacto com os termos da oferta. As negociações entre os credores da dívida pública de Moçambique e o Governo vão continuar daqui a quatro semanas, em Washington, nos Encontros da Primavera do FMI, disse à Lusa um dos representantes de credores, Thomas Laryea. O Governo de Moçambique propôs na semana passada aos credores e investidores na dívida pública um perdão de 50% nos juros passados e nas penalizações, caso existam”, e alterações às taxas de juro e à maturidade da emissão de dívida. Ninguém ganha com a falta de acordo - Maleiane Dívidas ocultas Frelimo traça estratégias para próximos embates eleitorais PUBLICIDADE Savana 30-03-2018 7 SOCIEDADE 8 Savana 30-03-2018 A vida das comunidades da localidade de Nagonha, distrito de Angoche, província de Nampula, está em perigo devido a um conjunto de arbitrariedades e desmandos protagonizados pela empresa chinesa responsável pela exploração das areias pesadas nas concessões mineiras da região de Sangage. Trata-se da empresa Haiyu que, desde 2011, está a extrair ilmenite, titânio e zircão em Nagonha e Morrua. De acordo com o relatório da Amnistia Internacional (AI) publicado esta quarta-feira, 28, em Maputo, as comunidades que vivem nas regiões onde decorre a extracção mineira vivem numa situação de violação constante dos seus direitos. Este cenário, segundo a AI, é resultante da falta de observância da legislação moçambicana, o que resulta na violação constante dos direitos das comunidades. Diz a AI que estas atrocidades são do conhecimento das autoridades governamentais, mas que nada fazem para mitigar o sofrimento da população local. Sob o título: “as nossas vidas não valem nada – o custo humano da exploração mineira chinesa em Nagonha, Moçambique”, o documento de 90 páginas contém seis capítulos. Avança o relatório da AI que a exploração de areias pesadas envolve a “escavação de dunas de areia, seguida de processamento para remover minerais pesados. A areia restante é na sua maioria despejada no local e\ou espalhada por escavadoras para formar uma superfície plana para trabalhar. Como tal, a área afectada pela mineração pode ser muito mais extensa que a área da qual os sedimentos são extraídos. Assim, a presença de areias superficiais soltas está a afectar, dramaticamente, a superfície das terras existentes, enterrando a vegetação e bloqueando as vias de drenagem natural, facto que provoca cheias e destruições em Nagonha. As arbitrariedades da empresa chinesa não param por aqui. De acordo com o relatório da AI, as comunidades de Nagonha enquadram-se na definição de pessoas afectadas por actividades económicas, tais como definidas no Regulamento de Reassentamento de 2012, na medida em que vivem na área afectada por uma actividade privada, que resultou na perda de propriedade, incluindo casas, meios de subsistência e outro tipo de infra-estruturas, o que está a pôr em causa a sobrevivência. Contudo, segundo a fonte, a empresa chinesa não cumpriu com as Exploração de areias pesadas na costa de Angoche coloca comunidades em perigo AI denuncia atrocidades da empresa chinesa Por Raul Senda obrigações da lei. Conta que nem a empresa tão pouco o governo contactaram a comunidade de Nagonha para discutir a questão dos reassentamentos. Perante o silêncio da empresa bem como do governo, os residentes de Nagonha escreveram duas cartas, uma para a Haiyu e a outra para o governo de Angoche, pedindo o seu reassentamento. Ambas as cartas tinham a data de 11 de Setembro de 2015 e foram recebidas pela Haiyu assim como pelo executivo no dia 14 de Setembro de 2015. Diz o relatório da AI que, depois da revindicação das comunidades, seguiram-se várias reuniões entre as partes e foi identificado um local para reassentamentos que dista a 800 metros da costa. Porém, o Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER) chumbou o local, alegando que não era propício para assentamentos humanos. A Haiyu também propôs pagar quatro mil meticais por cada famí- lia para a edificação das suas residências, facto que violava o Regulamento de Reassentamento. A Amnistia Internacional sabe que, desde que as operações da Haiyu tiveram início em 2011, a empresa não realizou um único relatório ambiental anual, tal como exigido por lei. A Haiyu nunca respondeu ao pedido da AI de que lhe fossem facultados exemplares de um relatório de avaliação de impacto ambiental elaborado desde que iniciou as suas operações. Sublinha que, na verdade, o governo admitiu que a Haiyu não honrou estas obrigações legais. “Em resposta a uma carta, o MITADER confirmou, no dia 22 de Junho de 2016, não estar na posse dos relatórios de auditoria ambientai”, lê-se no documento. O documento refere ainda que os direitos das pessoas de Nagonha, em particular o seu direito à habitação e a um ambiente seguro e saudável, foram violados pela Haiyu, através de uma falha total na diligência devida. A erosão das areias tornou as condições nas casas dos residentes difíceis de suportar, ficando, em alguns casos, as estruturas enterradas na areia. Tanto as inundações como a erosão da areia privaram muitos residentes de Nagonha de um lar adequado e seguro. Avança referindo que as condições de vida em Nagonha violam o direito dos seus residentes a um “meio ambiente globalmente satisfatório, propício ao seu desenvolvimento, visto que a área sofreu uma transformação massiva devido aos métodos empregues para a exploração das areias e os residentes locais relatam que perderam serviços ecológicos, incluindo alimentos para as pessoas e o gado, água potável para o gado, plantas medicinais, materiais de construção, lenha, vegetação para protecção do vento e areias empurradas pelo vento e controlo de inundações. Estranho silêncio do governo Nas visitas efectuadas ao terreno, a Amnistia Internacional encontrou uma sensação de abandono e traição em Nagonha, com os residentes a expressar a sensação de que o governo se tinha afastado. As condições de habitação e a vida dos residentes de Nagonha tomaram um rumo negativo desde que a Haiyu Mozambique Mining Co. Lda. iniciou a exploração mineira de areias pesadas no ecossistema de zonas húmidas e dunas de areia em volta da sua aldeia em 2011. A AI diz que, antes de estabelecer as suas operações, a empresa não consultou os residentes de Nagonha. Também não respeitou as normas internacionais sobre empresas e direitos humanos. A AI sublinha que as graves falhas corporativas no relatório não poderiam ter ocorrido se o governo de Moçambique fizesse cumprir as disposições legais em vigor para proteger os direitos das pessoas e a integridade ambiental. A conduta corporativa da Haiyu ocorreu devido às falhas do governo na monitorização das operações da empresa e na garantia do cumprimento da lei. Isto é, apesar das provas sobre os impactos negativos das operações mineiras sobre as pessoas de Nagonha, o governo permitiu a continuação de práticas de exploração mineira prejudiciais, sem qualquer controlo. Contactado pelos peritos da AI, Haiyu negou que as suas operações mineiras estivessem a violar os direitos humanos em Nagonha. Corrupção O documento que temos estado a citar também não passou à margem da questão da corrupção e diz que, tanto a nível governamental como empresarial, o mal custou ao país 4,9 mil milhões de dólares americanos entre 2002 e 2014. O documento aponta as dívidas ocultas como a face mais saliente da corrupção no país. Sublinha ainda que os empréstimos secretos precipitaram a queda livre da moeda local de forma tal que, de Janeiro a Agosto de 2016, o metical desvalorizou-se 70% em relação ao rand da África do Sul e 50% em relação ao dólar dos EUA. “Como Moçambique está altamente dependente das importações de alimentos da África do Sul, os preços da alimentação subiram a pique, colocando o direito de milhões de pessoas à alimentação em risco”. P oucos dias depois de o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) ter feito um balanço positivo da primeira semana do recenseamento eleitoral rumo às autárquicas de 10 de Outubro próximo, o maior partido da oposição chamou a imprensa, esta terça-feira, para denunciar o que considera de fraude antecipada no processo. De acordo com a Renamo, horas após o início do processo, a 19 de Março corrente, o partido constatou, em algumas províncias do país, que em alguns cartões de eleitor constava apenas a província do eleitor, quando devia estar explícito o endereço detalhado, como a cidade ou vila, bairro, quarteirão e número de casa. Falando em conferência de imprensa, o mandatário nacional da Renamo, André Magibire, informou que há casos de professores, enfermeiros e outros funcionários do Estado residentes nos distritos, que estão a ser coagidos pelo partido no poder a irem recensear-se dentro do raio autárquico, como forma de garantir maior número de votos nas próximas eleições municipais. Segundo André Magibire, ao detectar os casos, a Renamo tomou algumas medidas que culminaram na neutralização de alguns cidadãos na cidade Nampula, que saíam de Montepuez, na vizinha província de Cabo Delgado, para se recensearem naquela cidade, caso que o partido remeteu ao Conselho Nacional de Eleições (CNE). Na província de Sofala, prosseguiu o mandatário nacional da Renamo, cidadãos da vila de Inhaminga, sede do distrito de Cheringoma, e do distrito de Marínguè, são obrigados a irem recensear-se na vila da Gorongosa. No distrito de Angónia, província de Tete, o mandatário denunciou a recolha de cartões de eleitores dos membros da Renamo, por parte de líderes comunitários, com intuito de deixar de fora os eleitores do maior partido da oposição. (Abede Maganda) Balanço da primeira semana do recenseamento eleitoral Renamo denuncia “fraude antecipada” Camiões da empresa Haiyu transportando areias pesadas sem lona de protecção e espalhando substâncias poluentes às comunidades de Angoche PUBLICIDADE Savana 30-03-2018 9 PUBLICIDADE 10 Savana 30-03-2018 O Observatório de Meio Rural (OMR) realizou nos dias 8 e 9 de Março uma Conferência com o título AGRO-NEGÓCIO: RAZÕES DO (IN) SUCESSO.A Conferência teve ênfase na actividade produtiva primá- ria e, em particular, em empresas/sectores/culturas seleccionadas. Esta Conferência não abordou o agro-negócio de pequena dimensão ou os designados de “agricultores emergentes”, nem as actividades a montante e a jusante da actividade primária. Estes subsectores serão objecto de outros momentos de debate. A Conferência pretendia UHÁHFWLU DSDUWLUGHFDVRVFRQFUHWRV VREUHTXDLVRVIDFWRUHVGHVXFHVVR e não-sucesso, e discutir quais as principais oportunidades e estrangulamentos para o crescimento da actividade agrária sob a forma de agro-negócio. As principais conclusões da conferência e do conhecimento das realidades revelam: ‡3DUDRVXFHVVR IRLPDQLIHVWDDLPSRUWkQFLDGDKLVWyULD WUDGLomRGDV HPSUHVDVHPGHWHUPLQDGRVVHFWRUHV DJHVWmRSURÀVVLRQDOL]DGD R FRQKHFLPHQWRGRVPHUFDGRV PHVPRTXHFRPJUDQGHVÁXWXDo}HV a produção em escala competitiva e a articulação vantajosa com agentes económicas, directa e indirectamente, relacionados com a actividade das empresas. ‡0XLWRVGRVFDVRVGHVXFHVVRUHVXOWDPGHHVIRUoRVGRVLQYHVWLGRUHVH JHVWRUHVHPXOWUDSDVVDUDVGLÀFXOGDGHVUHVXOWDQWHVGDVGHELOLGDGHV da administração pública, nomeadamente, na aplicação de leis e no H[HUFtFLRGDVIXQo}HVDUELWUDLVHPFDVRVGHFRQÁLWXDOLGDGH ([LVWHP situações de desresponsabilização do Estado no exercício dessas IXQo}HV GHL[DQGRSDUDRVHFWRUSULYDGRDVROXomRGHGLÀFXOGDGHV TXHFRPSHWHPVHUVROXFLRQDGDVSHOR(VWDGR 2VFRQÁLWRVGHGLIHrentes naturezas, entre empresários agrários e camponeses não são LQHYLWiYHLV PDV IUHTXHQWHPHQWH WrPVLGRH[DFHUEDGRVSHODLQHÀ- cácia do Estado no exercício da função arbitral. ‡0XLWRVGRV VHFWRUHVQmRSRVVXHPFRQGLo}HVGHLQIUD HVWUXWXUDVH logística (estradas, caminhos-de-ferro, portos, rede de frio, etc.) no início dos investimentos; estes aspectos são assegurados pelas emSUHVDV RTXHUHSUHVHQWDDFUpVFLPRVGRVFXVWRVHGLÀFXOWDPDFRPpetitividade das mesmas. ‡2VLQFHQWLYRVÀVFDLV RVVXEVtGLRV DVRSo}HVDGXDQHLUDVHDVOLQKDV de crédito especiais existentes são, na maioria dos casos, de limitado impacto, de acesso difícil para a maioria dos produtores e, por LVVR LQHÀFD]HV $VWD[DVGHMXURPDQWrP VHHOHYDGDVHLQFRPSRUWiveis com a rentabilidade empresarial. ‡&RPSRUWDPHQWRVGHGHVOHL[RHEDL[DWUDQVSDUrQFLDGHPXLWRVDJHQWHVGDDGPLQLVWUDomRS~EOLFDHDLQHÀFiFLDGR(VWDGRGLÀFXOWDPR funcionamento e acrescentam custos de transacção das empresas. ‡2VIyUXQVRXSODWDIRUPDVGHGLiORJRHQWUHR(VWDGRHDVHPSUHVDV UHYHODP VHSRXFRHÀFD]HVHPRURVRV ‡$ IRUWH FHQWUDOL]DomRH FRQFHQWUDomRGRVSRGHUHVGHGHFLVmRHGD ÀVFDOL]DomRHDH[LVWrQFLDGHHQWURSLDVQRIXQFLRQDPHQWRGDDGPLnistração pública introduzemmorosidade na resolução de assuntos urgentes e custos de transacção para as empresas. A conferência contou com o debate sobre a necessidade urgente de esWUXWXUDU FDSDFLWDUHWRUQDUHÀFD]DIXQomRGR(VWDGRQDVDQLGDGHYHJHWDOHDQLPDOHUHVSHFWLYRVDSDUHOKRVGHÀVFDOL]DomR 6mRFRQKHFLGRV elevados riscos de perdas de culturas e de espécies animais. Assim aconteceu com o maior palmar do mundo na Zambézia, com o recente encerramento da empresa Matanuska de Moçambique (produção de banana), da recente praga que está a dizimar a cultura do milho, com DVPDQDGDVGHHOHIDQWHVHULQRFHURQWHV FRPHVSpFLHVÁRUHVWDLV HQWUH outras. Foi referido que o agro-negócio internacional está sofrendo alterações importantes e que o país deve encontrar mecanismos de ajustamento e integração/protecção, considerando: (1) os processos de internacioQDOL]DomR ÀQDQFHLUL]DomR JUDQGHHVFDOD YHUWLFDOL]DomRHFRQFHQWUDção das cadeias de valores do agro-negócio, tanto de bens alimentares como de commodities e a capacidade do tecido do agro-negócio local se adaptar à penetração de grandes investimentos externos com as FDUDFWHUtVWLFDVUHIHULGDV DLPSRUWkQFLDGHSUHYHURVHIHLWRVVRFLDLV e ambientais negativos, particularmente quanto à questão da terra e dos reassentamentos, a deterioração ambiental (terra, água e ar), a defesa de reservas naturais e exploração predadora/insustentável de recursos. 'DVSULQFLSDLVFRQFOXV}HVGDFRQIHUrQFLDHGD3ODWDIRUPDGH3ROtWLFDV Agrárias que reúne o OMR, organizações empresariais e a UNAC, propõem, como urgentes, as seguintes medidas: ‡$UHYLVmRHDSURYDomRGD/HLGD$JULFXOWXUDHDVXDUH VXEPLVVmR DR3DUODPHQWR ‡$ HODERUDomR H DSURYDomR HP$VVHPEOHLD GD 5HS~EOLFD GH XPD 3ROtWLFD$JUiULDHVWiYHOH SRUWDQWR VXSUDSDUWLGiULDHVXSUDFLFORV políticos; ‡ 2 GHVHQYROYLPHQWR GH HVWUDWpJLDV GH GHVHQYROYLPHQWR HLQYHVWLPHQWRSDUDDVFDGHLDVGHYDORUDJUiULDVLGHQWLÀFDGDVFRPRSULRULWiULDVSHOR0$6$ ‡$GHVFHQWUDOL]DomRSDUDRVQtYHLVSURYLQFLDOHGLVWULWDO GHXPFRQMXQWRGHIXQo}HVUHODFLRQDGDVFRP DDSOLFDomRGD/HLGH7HUUDV de Florestas e de reassentamentos; (2) a capacitação institucional para a realização mais competente das funções de extensão rural, VDQLGDGHHÀVFDOL]DomRVDQLWiULDHGHH[SORUDomRGHUHFXUVRVQDWXrais; ‡2HVWDEHOHFLPHQWRGHLQFHQWLYRVFRPSULRULGDGHSDUD DSURWHFomRGDSURGXomRQDFLRQDO DUHGXomRGR,53& DLPSOHPHQWDção de mecanismos de estabilização de preços para bens alimentares e de exportação seleccionados segundo critérios transparentes e GHUHOHYkQFLDHFRQyPLFDHVRFLDO ‡$DSOLFDomRGDLVHQomRGR,9$GDSURGXomRDRFRQVXPLGRUWUDWDQdo-se de serviços agrários; ‡$DEHUWXUDGHXPDOLQKDYHUGHRQOLQHSDUDTXHRVSURGXWRUHVHS~- blico em geral canalizem, mesmo que de forma anónima, reclamao}HVTXDQWRDGLVWRUo}HVHLQHÀFLrQFLDVGDVHVWUXWXUDVGDDJULFXOWXra aos diferentes níveis, assim como práticas de abusos de poder e má conduta de funcionários públicos; ‡2HVWDEHOHFLPHQWRDRVGLIHUHQWHVQtYHLVWHUULWRULDLV HQWUHR$SDUHOKR de Estado, o sector privado, a UNAC, o OMR e outras organizações da sociedade civil, de mecanismos estáveis e constantes de articulação, diálogo, debate emonitorização de implementação de políticas agrárias; ‡$ FRQFUHWL]DomR H GLVSRQLELOLGDGH GH XPD SODWDIRUPD RQOLQH GRV '8$7VGLVWULEXtGRV Esta Conferência enquadra-se e reforça as acções relacionadas com DLPSOHPHQWDomRGDVSURSRVWDVGRGRFXPHQWRHQWUHJXHD6XD([FHOrQFLDR6HQKRU3UHVLGHQWHGD5HS~EOLFDHP6HWHPEURGH FRPR título Contributo para uma mudança no desempenho económico, social e ambiental da Agricultura em Moçambique, o qual contém entre outras, as propostas constantes neste comunicado. 2205GHÀQLXRDQRGH FRPRRDQRGRDJUR QHJyFLR ,VVRVLJQLÀFDTXHHVWmRHPFXUVRYiULRVSURMHFWRVGHSHVTXLVD RIXQFLRQDPHQWRGD3ODWDIRUPDGH3ROtWLFDV$JUiULDVTXHLQFOXLDDSUHVHQWDomR HP FRRUGHQDomRFRPXPDHTXLSHGR0$6$ GHXPDPDWUL]GHPHGLGDVD VHUHPLPSOHPHQWDGDVHP H HDRUJDQL]DomRGHPDLVGHEDWHV sobre questões directamente relacionadas com o agro-negócio. Neste kPELWR R205GLVSRQLELOL]D VHMXQWRGRVPLQLVWpULRV UHODFLRQDGRV das organizações empresarias, da UNAC e de outras organizações da sociedade civil sempreque seja útil no quadro das suas funções e estatutos (veja em www.omrmz.org!4XHP6RPRV PDQWHQGRVHPSUHR princípio de independência da pesquisa e advocacia. &RPXQLFDGRÀQDOGD&RQIHUrQFLD $*52 1(*Ð&,2 5$=¯(6'2 ,1 68&(662 PUBLICIDADE Savana 30-03-2018 11 95 500 LIGUE apoio.clientemz@zap.co.ao Todos os dias, incluindo feriados, das 7:00 às 24:00 CARREGAR A ZAP DURANTE 2 SEMANAS, TÁ FÁCIL! CARREGAMENTO TÁ FÁCIL DISPONÍVEL NAS LOJAS ZAP OU AGENTES AUTORIZADOS COM REGARGA ELECTRÓNICA. Visite-nos em e siga-nos SOCIEDADE 12 Savana 30-03-2018 A s bancadas parlamentares da Frelimo, Renamo e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) rubricaram, esta terça-feira, um memorando de entendimento para a viabilização da revisão pontual da Constituição da República, no quadro da descentralização. No documento acordaram que a eleição do presidente do Conselho Municipal, do Governador Provincial e do Administrador distrital será por via do cabeça de lista, em detrimento da proposta inicial que estabelecia que a indicação seria feita pelo partido ou grupo de eleitores que obtiverem a maioria de votos. No entanto, ficou por determinar o regime transitório na indicação do administrador distrital, facto que será submetido à apreciação do Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, na qualidade de signatários do acordo. Para que o processo de revisão pontual da Constituição da República (CRM) fosse “inclusivo”, era preciso, antes de mais, colher as preocupações do MDM e incorporá-las no projecto, antes de ser submetido a debate em sede da plenária da Assembleia da Repú- blica. Tal como destacou Lutero Simango, chefe da bancada parlamentar do MDM, “inicialmente tínhamos inquietações que foram apresentadas em sede de debate e não conseguimos lograr o êxito a 100%, mas uma parte significativa foi apresentada e acolhida”. O processo de revisão encontrava-se encalhado devido a questões de inconstitucionalidade do documento, mas Nyusi acusou a Renamo, no Comité Central, de fazer novas exigências. Segundo Edson Macuácua, presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos, Humanos e de Legalidade, a questão de fundo tinha a ver com os prazos para revisão do documento, uma vez que a CRM prevê 90 dias para o arranque da revisão. Cumprindo estas datas, o processo só poderia iniciar depois de 9 de Maio, facto que poderia atrasar os preparativos das Autárquicas de Outubro do corrente ano, bem como das Presidenciais, Legislativas e Provinciais do próximo ano. A solução encontrada, que veio sob proposta da Frelimo, foi que a AR assumisse poderes extraordinários para avançar com a revisão. Ultrapassado o limite material, a revisão pode iniciar a qualquer momento, desde que os pareceres das comissões de trabalho estejam prontos. Mas importa ressalvar que, para que a AR fosse investida daqueles poderes extraordinários, era preciso uma aprovação com uma Descentralização volta para Nyusi e Dhlakama maioria de ¾ do total dos deputados (188), o que de imediato requeria um acordo com a Renamo, uma vez que a Frelimo tem 144 deputados. Em cumprimento das instruções da Comissão Política, a bancada da Frelimo propôs que a eleição do presidente da autarquia, do governador provincial e do administrador distrital fosse por via de cabeça-de-lista em detrimento do consenso alcançado entre as lideranças do Governo e da Renamo que determinava que os detentores desses cargos deveriam ser nomeados pelos partidos ou grupo de eleitores que obtiverem a maioria de votos. Com o sistema de cabeça de lista, o eleitorado vai à votação sabendo quem vai ser o seu dirigente. Macuácua diz que a proposta inicial era inconstitucional porque não respeitava o sistema de sufrá- gio que constitui um limite material de revisão. Administradores Ultrapassados estes pontos, a divergência surge no que diz respeito à indicação dos administradores. A Renamo e o MDM questionam o modelo que deverá vigorar durante o período transitório da lei 2019-2023. Isto porque o acordo submetido à AR prevê que a eleição dos administradores seja em 2024, sendo que a oposição não concorda que o Ministério de Administração Estatal e Função Pública nomeie os administradores durante o período de transição. A bancada da Renamo chegou a propor a antecipação da eleição dos administradores para 2019, alegando que não seria justo que uma província, cujo governador não pertence ao governo central, os seus administradores sejam indicados centralmente. Refere que isto iria complicar o programa de governação e de desenvolvimento da província. Deste modo, as três bancadas optaram por devolver o expediente às lideranças que têm o espírito e a letra do acordo transformado em proposta de Lei. Apesar do acordo de “inclusão”, a liderança do MDM não é chamada na mediação deste processo que será liderado somente por Nyusi e Dhlakama. Ademais, a Renamo pretende ver esclarecida de uma vez por todas o papel do Secretário do Estado na Província e no Distrito bem como do Governador e do Administrador. Evitar presentes envenenados Apesar do clima pacífico que marcou a assinatura do memorando, a Frelimo e a Renamo trocaram mimos como sempre. Instantes após a assinatura do memorando, Ivone Soares, Chefe da Bancada parlamentar da Renamo, congratulou o acordo alcançado e apontou que o que não foi consensualizado será submetido às lideranças, na qualidade de mentores do documento. Disse que esta é uma nova etapa do diálogo que inicia e apelou para que as leis sejam feitas com prudência para evitar presentes envenenados, numa clara alusão ao fraco poder do governador provincial e administrador em relação ao secretário do Estado. Para Soares, a descentralização sem eleições transparentes, livres e justas em nada vale, pelo que aponta ser necessário que este processo seja acompanhado por outras mexidas ou revisão de outras leis que se mostrarem necessárias. Recorde-se que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, tem sugerido a revisão da Lei que regula a composição e funcionamento do STAE, alegando que é naquele órgão onde a Frelimo prepara a fraude. Entregar armas Por seu turno, a chefe da bancada Parlamentar da Frelimo, Margarida Talapa, também congratulou os seus pares pelo acordo que viabiliza os consensos entre as duas lideranças. Disse que o seu partido está pronto para reformas de modo que tenhamos uma sociedade de paz, de tolerância e que trabalhe para o desenvolvimento. No entanto, apelou a sua contraparte da Renamo para que acelere o passo no quadro da desmilitarização. Entende Talapa que a descentralização deve ser acompanha pela entrega de armas, de modo que o processo de paz esteja completo e seguro, pois nas actuais condições em que há armas fora do controlo governamental há muita insegurança. O número de casos de Tuberculose está a crescer de forma preocupante no país. Dados em poder do SAVANA indicam que, anualmente, ocorrem cerca de 159.000 novos casos de Tuberculose (TB) em Moçambique, ou seja, 551 contaminados em cada 100.000 mil habitantes. Ivan Manhiça, director do programa nacional de controlo da Tuberculose no Ministério da Saúde, disse que esta epidemia é influenciada por diversos factores, dentre eles a alta prevalência do HIV/SIDA. Estes dados colocam Moçambique na lista dos 30 países com mais pacientes de TB no mundo. Manhiça, que falava durante a nona edição da palestra anual em Saúde Global da Fundação Manhiça, que se realizou na úlResistência dos medicamentos no tratamento da TB Moçambique na lista dos países mais problemáticos Por Clésia Xerinda tima segunda-feira, 26, explicou que a situação é ainda mais preocupante porque os casos de TB que abundam no país são cada vez mais resistentes ao tratamento, situação que se agrava pelo facto de cerca de 40% do total de pacientes serem portadores do vírus de HIV/SIDA. Ivan Manhica informou que, em 2006, o governo e parceiros declararam a Tuberculose como sendo um problema de saúde pública, pelo facto de detectar sérios desafios na identificação de mais casos por tratar. Sendo assim, segundo Manhica, existe um plano global para a eliminação da doença até 2030 e que, desde a sua implementação em Moçambique, vem registando grandes progressos na detenção e notificação de casos de Tuberculose infantil, na disponibilização do tratamento antirretroviral aos pacientes co-infectados, bem como no tratamento de 80% dos pacientes notificados. Todavia, Alberto García-Basteiro, investigador e coordenador de área de tuberculose do Cento de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM), afirma que, actualmente, em Moçambique, os números de mortalidade por Tuberculose em pacientes com HIV vem crescendo, sobretudo em crianças com 5% e em mulheres no período do pós-parto com 8%. De acordo com Garcia-Basteiro, as pesquisas demonstram que nem todos os pacientes diagnosticados com TB são testados, somente uma porção deles é que recebe o teste, também nem em todos testados para TB se diagnóstica a doença, do mesmo modo que nem todos os diagnosticados com TB fazem o tratamento. Geralmente, dos que começam o tratamento nem todos cumprem até ao fim. “Portando, todos que não se curam da Tuberculose neste número de pessoas, significa que influenciam para que haja uma alta taxa de mortalidade”, acrescentou o investigador. Entretanto, para a diminuição dos casos da epidemia no País, o investigador propõe que sejam feitas inovações na luta contra a doença, melhorar as estratégias para desenvolver as ferramentas de diagnóstico, criar novas vacinas e novos tratamentos. Por seu turno, Leonardo Simão, presidente da Fundação Manhiça, disse que a sua organização está vocacionada na pesquisa e formação e, nessa linha, colabora com diferentes instituições, tanto públicas como privadas de diferentes âmbitos, estabelecendo um modelo excepcional de partenariado público-privado na cooperação do desenvolvimento da saúde global. Segundo Simão, as áreas prioritárias de pesquisa do CISM abrangem a Malária, o HIV/ SIDA, a Tuberculose, as infecções respiratórias e doenças mal nutrição, a saúde materna e reprodutiva entre outras áreas. Por Argunaldo Nhampossa Chefes das bancadas assinam memorando PUBLICIDADE Savana 30-03-2018 13 14 Savana 30-03-2018 15 NO CENTRO DO FURACÃO Amadrugada do dia 25 de Março de 2018 nunca mais sairá da memória dos moçambicanos, em particular dos residentes do bairro Luís Cabral, arredores da Cidade de Maputo, que viram tombar, no mesmo local e num instante, 21 pessoas, entre adolescentes e jovens, vítimas de um aparatoso acidente de viação, transformando o domingo de ramos num domingo de sangue e a semana santa numa semana de luto. Não se sabe ao certo a que horas tudo aconteceu, mas diz-se que foi depois da uma hora da madrugada, que uma viatura da marca Volkswagen Amarok, com a chapa de matrí- cula AFN-451-MP, conduzida por Alexandre Manuel Mondjane, que seguia à alta velocidade, pela Estrada Nacional número 4 (EN4), no sentido Matola-Maputo, embateu contra uma multidão, do lado contrário da sua faixa de rodagem, depois de capotar e atropelar um casal. Contam fontes próximas dos acontecimentos que o sinistro verificou-se minutos depois do autor ter recusado obedecer uma ordem para parar, dada por um agente da polí- cia que estava no posto de controlo na zona da Maquinag. Alexandre Mondjane está no grupo de 21 pessoas que morreram no local. Mondjane era pai de quatro filhas menores, e saira de Tchumene, no Município da Matola, onde participara numa festa de aniversário de uma das filhas. Até ao fecho desta edição estavam contabilizados 29 mortos e 31 feridos, sendo que destes, 12 ainda continuavam hospitalizados. As vítimas tinham idades compreendidas entre os nove e 40 anos, sendo que a maioria tinham entre 17 e 20 anos. De acordo com o comando da polícia na cidade de Maputo, suspeita-se que o acidente tenha sido causado por excesso de velocidade, conjugado com a condução em estado de embriaguez. “Antes do acidente, o condutor desobedeceu a um sinal de paragem do agente da Polícia de Trânsito que se encontrava a trabalhar no posto de controlo da Maquinag, e passou à alta velocidade e acabou não conseguindo controlar a sua viatura e despistou e embateu, fortemente, contra um obstáculo fixo e a viatura acabou se projectando e atropelando várias pessoas que se encontravam nas proximidades da estrada”, disse Orlando Mudumane, porta-voz da polícia na Cidade de Maputo. Um bairro em lágrimas e luto Nesta segunda-feira, o SAVANA deslocou-se ao local do sinistro e ouviu de várias testemunhas que o indivíduo, que aparentava 40 anos de idade, perdeu o controlo da viatura e matou várias pessoas que se encontravam à berma da estrada. Na companhia das autoridades locais, percorremos alguns quarteirões daquela unidade administrativa da capital, tendo testemunhado um cenário desolador. São cerca de 60 famílias afectadas pelo sinistro, fazendo com que a agitação característica daquele bairro fosse trocada pelo silêncio e os risos substituídos pelas lágrimas, numa mistura de dor, revolta e nostalgia. Xavier Chiongo é um dos chefes de família, que naquela madrugada viu o seu agregado familiar reduzir, ao perder o seu primeiro filho, João Chiongo, de 17 anos de idade, que frequentava a 9ª classe. Chiongo conta que recebeu a informação da tragédia através de um vizinho logo depois das duas horas da madrugada. “Acabava de voltar de um encontro familiar, quando recebi uma chamada, dizendo que o meu filho tinha caído, mas quando cheguei no local tinha perdido a vida”, diz Chiongo. Numa conversa intercalada de suspiros e lágrimas, Chiongo revelou que horas antes (cerca das zero horas) o filho lhe telefonara, questionando, repetidas vezes, sobre a sua localização (estava no bairro do Jardim), mas sem explicar os motivos daquele “interrogatório”. Confessa que ficou intrigado com a situação, mas nunca imaginou que fosse um sinal de despedida. “Era um menino disciplinado, trabalhador e esperança para a famí- lia”, diz o pai, antes de interromper a conversa de tanta emoção. A história da família Chiongo é quase a mesma que das restantes famílias enlutadas naquela zona limítrofe dos Municípios de Maputo e Matola. A família Nhone é o exemplo dessa situação, que conta que o seu pequeno Tomás Aida, de 14 anos, saiu de casa por volta das 21 horas, dizendo que ia brincar, como tem sido frequente. Entretanto, esta não só seria a sua última despedida dos familiares, assim como a sua última diversão antes da tragédia. Sem detalhar ao certo como teve conhecimento da tragédia, o avô, Daniel Mário, disse que foi no Hospital Geral José Macamo, onde a família foi identificar o corpo do seu neto. “É muito lamentável o que aconteceu”, diz. “Perdemos alguém que ajudava nos trabalhos de casa, uma pessoa dedicada”, diz Mário, revelando que augurava bons voos para o seu neto. Se algumas famílias já choram a perda de vida dos seus ente-queridos, outras continuam na expectativa, pois, os seus filhos, netos ou sobrinhos continuam hospitalizados. Segundo a Directora Clínica do Hospital Central de Maputo (HCM), Farida Urci, dos 34 pacientes que deram entrada naquela unidade sanitária, 12 ainda continuam internados e com o seu estado clínico ainda grave. “Aguardamos as próximas 72 horas para saber qual será o prognóstico”, disse Urci aos jornalistas, após a viA incúria que espalhou luto em plena semana santa Por Abílio Maolela (texto) e Ilec Vilanculo (fotos) sita do Presidente da República, na manhã desta terça-feira. Convívio na EN4?! Uma das questões levantadas, após o sinistro, está relacionada com o horário, idade e o local (berma da EN4), onde as vítimas encontraram a morte. O facto é que informações postas a circular, após a tragédia, davam conta de que a multidão estava numa festa de carnaval, habitualmente organizada naquele bairro. Esta informação é refutada pelo coordenador da Célula G, Carlos Tai Muenda, que conta como tudo começou: “os miúdos pediram para organizar uma festa de aniversário de um amigo de 17 anos de idade e, porque a casa do aniversariante não tinha espaço suficiente para acolher os convidados, pediram organizar o evento nesta zona”. Acrescentou, contudo, que o arranjo inicial era para que o convívio terminasse à meia-noite. Segundo Muenda, o local do evento estava devidamente delimitado e os participantes do mesmo saíram ilesos. “A viatura atingiu as pessoas que estavam a assistir à festa”, revela. Acrescentou ser normal no bairro a organização daquele tipo de eventos em datas comemorativas. Esta informação é confirmada pelas estruturas do bairro Luís Cabral que esclarecem que o Carnaval decorreu na zona da Brigada Montada (cruzamento entre a EN1 e EN4), a mais de 200 metros do local da tragédia. O Assistente do Secretário do bairro, Jaime Chissico, conta que o carnaval foi realizado no interior do bairro, e sob fortes medidas de segurança. Acrescentou que a área escolhida é próxima ao Comando da Unidade de Intervenção Rápida da Polícia, e que a organização de festas nas ruas é feita mediante uma autorização das autoridades locais. Outro facto preocupante está relacionado com as idades das vítimas. Chissico não consegue explicar o facto, apenas frisa que o mesmo aconteceu naquela área devido à exiguidade de espaço na casa do aniversariante. Embora o evento tenha sido autorizado pelas estruturas do bairro, o Advogado João Nhampossa defende que o Estado furtou-se das suas responsabilidades ao permitir que um grupo de adolescentes estivesse naquele local àquela hora. “A responsabilidade do Estado é relativa à situação de perigo em que aquelas pessoas se encontravam. Não se fiscalizou a idade, assim como o limite do horário da diversão”, refere. Para Nhampossa, a Polícia que faz o roadblock naquela zona devia ter se aproximado do local para se inteirar do evento, tendo em conta o número de participantes e o local do mesmo. A EN4 tem sido palco de diversos acidentes de aviação, com destaque para embate entre viaturas, atropelamentos e despistes e capotamento. A Trans African Concessions (TRAC), gestora daquela via que liga o país à vizinha África do Sul, disse, há dias, que a responsabilidade dos acidentes que ocorrem na via é dos automobilistas. Uma das causas apontadas como sendo responsável pela perda de vidas humanas naquela região é a existência de residências, estabelecimentos comerciais e mercados informais nas bermas da estrada. Aliás, na berma oposta ao local do acidente está montado um mercado informal, do qual pode-se comprar produtos alimentares, vestuário e calçado. O Vereador do Distrito Municipal de Kamubukwana, Lourenço Vilanculo, garante estar a preparar uma campanha de sensibilização para a retirada daqueles vendedores. O Ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, lamentou a tragédia, porém, sublinhou a necessidade de se respeitar o espaço reservado às questões de segurança, assim como para a expansão da estrada. “O que vemos é que há uma série de actividades que estão a ocorrer, incluindo vários aglomerados”, frisou. Quem assume a responsabilidade pelas vítimas? Com a morte do autor material da tragédia, as famílias encontravam-se “desnorteadas”, sem saber a quem responsabilizar pelo sucedido e muito menos como proceder com o funeral dos seus ente queridos, devido a questões financeiras. “Ainda vamos nos reunir em famí- lia”, disse Xavier Chiongo, na tarde desta segunda-feira, assegurando que aguardava também qualquer informação do governo. O Vereador do Distrito Municipal Kamubukwana disse que mobilizou os diferentes quarteirões do bairro para que apoiassem as famílias enlutadas. Embora o Presidente da República (PR), Filipe Nyusi, tenha visitado as vítimas desta tragédia, no Hospital Central de Maputo, o Conselho de Ministros não se pronunciou em relação a este aspecto. O advogado João Nhampossa defende que, nas circunstâncias em que o acidente aconteceu, as consequências do mesmo não podem ser imputadas à família e muito menos ao Estado. “O acidente foi provocado pelo condutor e não por uma falha das autoridades públicas ou municipais”, explica o advogado, para quem a única solução está na investigação do seguro da viatura. “Se o seguro for contra todos os riscos este pode responsabilizar-se, porém, mediante o tecto definido para a cobertura da viatura (depende da qualidade e estado da mesma)”, esclareceu. Entretanto, o advogado alertou ainda que a existência ou não de um seguro contra todos os riscos não é tudo. “Outro condicionalismo está relacionado com a situação do pró- prio acidente, se o condutor cumpriu com todas as regras de trânsito. Entretanto, neste tipo de casos, pode não cobrir danos relativos à viatura e ao próprio cliente, mas a terceiros a seguradora não se pode furtar”. Não havendo certeza sobre a existência ou não de um seguro capaz de cobrir as despesas deste sinistro, João Nhampossa defende que o Estado pode comparticipar a título de solidariedade, tendo em conta as responsabilidades que tem perante os seus cidadãos. Com ou sem a ajuda do Estado, o facto é que até ao fecho desta edição, 10 corpos já tinham sido enterrados, num processo que começou na terça-feira (quatro) e teve sua continuidade nesta quarta-feira (seis). Insegurança rodoviária Para o Director da Escola de Condução Internacional, Cassamo Lalá, o problema da sinistralidade rodoviária em Moçambique é muito complexo e não pode ser tratado com iniciativas isoladas. “Tudo está mal”, diz Lalá. “As escolas de condução, as entidades fiscalizadoras, tudo está mal”. Segundo Lalá, durante a governação do Presidente Armando Guebuza foi elaborado um Plano Estratégico para o Combate à Insegurança Rodoviária, mas que até hoje ainda não foi implementado devido à falta de recursos. “Trata-se de um Plano que envolve todos os sectores da sociedade, os ministérios, as instituições religiosas, as escolas de condução e as organizações da sociedade civil”, disse. Para a fonte, o combate à sinistralidade deve começar com a formação dos gestores da segurança rodoviária, pois, mesmo ao nível do Acidente de viação no bairro Luís Cabral cia para mais 30 quilómetros e considera isso uma transgressão leve. Pagas a multa e não se tira a carta”. “A lei das inspecções também permite que um veículo que tenha uma roda com deficiência de travagem em menos de 30% passe, mas chumba aquele que não tem triângulo”, destaca. Questionado sobre o papel das escolas de condução na elaboração da legislação rodoviária, Lalá revelou que as mesmas foram afastadas do processo. “Particularmente, fui consultado, mas as minhas contribuições não foram reflectidas na lei”, anota. Durante a habitual conferência de imprensa semanal, o porta-voz da PRM, na Cidade de Maputo, fez saber que, para além da tragédia de Luís Cabral, a capital do país registou mais 16 acidentes de viação, tendo resultado em cinco óbitos, quatro feridos graves e cinco ligeiros. Os transportes semi-colectivos têm sido apontados como sendo os responsáveis pela maior parte dos acidentes. Cassamo Lalá afirma que aquele grupo profissional, através da sua associação não se tem aproximado das escolas de condução para a reciclagem e outras formações. “Recentemente, convencemos o Ministro dos Transportes e Comunicações para que todos os motoristas dos transportes semi-colectivos viessem fazer curso de condução defensiva, entretanto, só as empresas internacionais têm aderido, o que nos preocupa”, afirmou. Para o Presidente da Associação Moçambicana para as Vítimas da Insegurança Rodoviária (AMVIRO), Alexandre Nhamposa, o acidente de Luís Cabral era completamente evitável, se tivessem sido observadas as regras de trânsito. Nhampossa afirma que a sociedade não se pode alarmar com esta situação, mas buscar soluções para o combate deste mal que ceifa vidas humanas. Ministério dos Transportes e Comunicações reconhece-se que há necessidade de se melhorar o conhecimento. A fonte sublinha ainda que, nas estradas moçambicanas, o peão tem sido a maior vítima. “O peão é vítima porque na estrada, quem conhece o Código de Estrada é o condutor que foi à escola e não o peão”, afirma. Avaliando as iniciativas levadas acabo por algumas organizações, Cassamo Lalá defendeu que a sinistralidade rodoviária não se combate com megafones, mas com a introdução da educação rodoviária nas escolas. Referiu ainda que a principal causa dos acidentes de viação é o excesso de velocidade, porém, esclarece: “O excesso de velocidade é incentivado pelo Código de Estrada que estabelece uma velocidade máxima de 120 quilómetros, num país que não possui auto-estradas, as únicas concebidas para esse tipo de velocidade”. “O mesmo código ainda dá tolerân;DYLHU&KLRQJRHDIDPtOLDGHVRODGRVSHODSDUWLGDSUHPDWXUDGRVHXSULPHLURÀOKR &RPpUFLRLQIRUPDOÁRUHVFHQDEHUPDRSRVWDGRORFDOGDWUDJpGLD Daniel Mário Jaime Chissico )RLQHVWHHVWDGRHPTXHÀFRXDYLDWXUD9RONVZDJHQ$PDURN /RXUHQoR9LODQFXOR 9HUHDGRUGH .D0XEXNZDQH Carlos Muenda -RmR1KDPSRVVD DGYRJDGR Foi neste local onde pereceram 21 pessoas Savana 30-03-2018 PUBLICIDADE 16 Savana 30-03-2018 A AMECON-Associação Moçambicana de Economistas vai ser transformada em Ordem dos Economistas, caso a Lista B, com o slogan “Nova AMECON”, vença as próximas eleições a 10 de Abril próximo. Com esta profunda transformação para uma ordem sócio-profissional, a Lista B - liderada pelo economista Rodolfo Nogueira Dias, pretende criar um mecanismo regulador da actividade de economistas e gestores em Moçambique, através do registo e certificação profissional, como também do exercício da acção disciplinar e de controlo sobre os profissionais deste ramo. “Há a necessidade de se zelar pelo cumprimento das regras de ética profissional e o nível de qualificação profissional dos economistas e gestores no nosso País”, sustenta Rodolfo Nogueira Dias, que se formou em Economia, com especialização em Finanças, pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Brasil e o mestrado em Finanças e Desenvolvimento feito na SOAS, Universidade de Londres. Com efeito, esta lista prevê a implementação, no biénio 2018- 2020, de um plano de actividades que assenta em três principais pilares, nomeadamente a promoção da pesquisa económica, a criação de oportunidades para “networking”, Transformar AMECON em Ordem formação contínua, para além do apoio aos programas de educação, inclusão financeira, paralelamente à criação da Ordem dos Economistas. “Neste contexto de rápidas transformações socioeconómicas, que se têm registado no nosso País, torna-se cada vez mais importante ter um novo posicionamento e uma voz activa da categoria de economistas e gestores, que formam a Associação Moçambicana de Economistas – AMECON, a fim de se poder reflectir, antecipar e contribuir para o crescimento inclusivo e sustentável de Moçambique”, defende Rodolfo Nogueira Dias. Na sua opinião, a oportunidade de liderar qualquer associação traz consigo grande responsabilidade e na AMECON não será diferente: “Identificamos vários aspectos que poderão ser melhorados, desde a representatividade ao nível regional, maior interacção entre os associados e promoção de debates sobre assuntos socioeconómicos”, realça o economista. Importa destacar que a lista B – A “Nova AMECON”, é a única concorrente que, na sua composição de órgãos sociais, inclui membros das províncias e também a única com representatividade do género, pois tem 45% de mulheres na equipa de gestão. O cabeça-de-lista, Rodolfo Nogueira Dias, é um profissional bancário afecto à banca de investimentos, com experiência em docência, tendo dado aulas sobre Mercado de Capitais, na Universidade Politécnica, na cidade de Maputo. É igualmente representante da Global Shapers Maputo Hub, uma iniciativa mundial que identifica jovens líderes que criam impacto nas suas comunidades. Na sua carreira profissional, já trabalhou para instituições como o Banco Santander, Prosper – Correctora de Valores Mobiliários e Câmbio, no Brasil e na Bloomberg L.P., em Londres, Inglaterra. Foi finalista das Jornadas Científicas Bancárias, organizadas pelo Banco de Moçambique, iniciativa que promove a pesquisa económica sobre a economia moçambicana. SOCIEDADE PUBLICIDADE Savana 30-03-2018 17 OPINIÃO 18 Savana 30-03-2018 EDITORIAL O Ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, parece possuir esta rara habilidade de tentar virar uma triste situação e transformá-la numa narrativa mais positiva. De facto, o homem tem mesmo jeito de revestir com o chocolate da melhor qualidade uma amêndoa podre e amarga. Foi assim que para ele, as negociações da semana em Londres, para a restruturação das dívidas ocultas não foram um fracasso. Isto, apesar dos credores não terem acolhido favoravelmente qualquer das três propostas que levava na mala. No fundo, o ministro até pode ter razão. Os credores estão sempre numa posição fragilizada perante um devedor incapaz de cumprir com as suas obrigações, especialmente quando tal se trate de um Estado soberano. Há limites sobre que tipo de medidas coercivas se podem impor sobre um Estado na situação de incumprimento. Parece ser a estratégia do governo empurrar os credores para a parede e, com a faca na mão, obrigá-los a aceitar seja quais forem as condições que lhes impuser. De qualquer modo, neste momento os mais interessados são eles; não só pelo facto de pretenderem reaver o seu dinheiro, mas também por saberem que nas condições em que os empréstimos foram concedidos, seja o que for que eles conseguirem recuperar, será melhor do que nada. Os credores estão numa posição de fragilidade porque comportaram-se como autênticos agiotas ao conceder os empréstimos, desrespeitando as suas próprias normas e procedimentos estabelecidos pelos reguladores nas praças onde actuam. E quando bancos violam regras prudenciais na concessão de créditos, o problema é dos pró- prios bancos, não dos devedores. Está claro que na expectativa de fabulosos retornos, na forma de taxas de juro e de intermediação astronómicas, os bancos atiraram pela janela fora tudo quanto são regras aplicáveis para a concessão de créditos. Não realizaram um due dilligence rigoroso, pouco se preocuparam com a viabilidade dos projectos que estavam a financiar e, muito menos, sobre se havia compradores para os serviços que estavam a ser propostos. Um dos funcionários bancários que esteve envolvido na tramitação dos empréstimos foi depois trabalhar para o fornecedor dos equipamentos que se supunha serem comprados com o valor das dívidas, numa acção plena de um insanável conflito de interesses. Estes são os factores que informam a atitude do nosso governo. Mas é uma estratégia de alívio de curto prazo. A longo prazo, o país continuará numa longa travessia do deserto. Sem acordo com os credores não há acordo com o FMI e, nessas circunstâncias, o país não tem idoneidade para ser tratado com credibilidade no resto do mundo. A credibilidade não é apenas uma questão de honra; tem implicações na capacidade do país de aceder os mercados internacionais de capitais, com consequências económicas desastrosas. A dificuldade que o país enfrenta em lidar com os credores resulta da sua incapacidade de confrontar o assunto com a devida frontalidade. O problema fundamental aqui não é que ao contrair os empréstimos, o governo tenha desrespeitado a constituição e o parlamento. Não é também que o dinheiro tenha sido usado para reforçar a segurança nacional, como se pretende fazer crer. A questão é se o dinheiro resultante dos empréstimos foi aplicado para fins legítimos e de interesse nacional. Compete ao governo prestar os devidos esclarecimentos, não à comunidade internacional como muito se tem propalado, mas sim às próprias instituições nacionais e ao povo em geral. Para conquistar a compreensão da comunidade internacional e desbloquear todo este imbróglio, o governo precisa primeiro de contar com a confiança e o apoio dos seus próprios cidadãos, o que implica ter de parar com estas manobras de arrastamento. O chocolate e a amêndoa podre Registado sob número 007/RRA/DNI/93 Propriedade da Maputo-República de Moçambique NUIT: 400109001 KOk NAM Director Emérito Conselho de Administração: Fernando B. de Lima (presidente) e Naita Ussene Direcção, Redacção e Administração: AV. Amílcar Cabral nr.1049 cp 73 Telefones: (+258)21301737,823171100, 843171100 Editor: Fernando Gonçalves editorsav@mediacoop.co.mz Editor Executivo: Francisco Carmona (franciscocarmona@mediacoop.co.mz) Redacção: Raúl Senda, Abdul Sulemane, Argunaldo Nhampossa, Armando Nhantumbo e Abílio Maolela )RWRJUDÀD Naita Ussene (editor) e Ilec Vilanculos Colaboradores Permanentes: Fernando Manuel, Fernando Lima, António Cabrita, Carlos Serra, Ivone Soares, Luis Guevane, João Mosca, Paulo Mubalo (Desporto). Colaboradores: André Catueira (Manica) Aunício Silva (Nampula) Eugénio Arão (Inhambane) António Munaíta (Zambézia) Maquetização: Auscêncio Machavane e Hermenegildo Timana. Revisão Gervásio Nhalicale Publicidade Benvinda Tamele (82 3171100) (benvinda.tamele@mediacoop.co.mz) Distribuição: Miguel Bila (824576190 / 840135281) (miguel.bila@mediacoop.co.mz) (incluindo via e-mail e PDF) Fax: +258 21302402 (Redacção) 82 3051790 (Publicidade/Directo) Delegação da Beira Prédio Aruanga, nº 32 – 1º andar, A Telefone: (+258) 825 847050821 savana@mediacoop.co.mz Redacção admc@mediacoop.co.mz Administração www.savana.co.mz Cartoon N agonha é uma pequena aldeia rural de apenas 1 329 habitantes, situada no distrito costeiro de Angoche, cerca de 180 quilómetros a leste da cidade de Nampula, no norte de Moçambique. Embora exista já há cerca de quatro décadas, Nagonha está desprovida de serviços públicos essenciais. Não há escola, posto de saúde, electricidade, água corrente ou saneamento. A principal fonte dos habitantes da aldeia é a pesca. A chegada da empresa multinacional de exploração mineira chinesa, Haiyu Mozambique Mining Co. Lda, à minúscula aldeia em 2011, gerou um entusiasmo considerável entre a população local. A presença da empresa, à qual tinha sido concedido um contrato para a exploração de minerais valiosos na área local e circundante, trouxe consigo a promessa de emprego e de desenvolvimento para a comunidade. A euforia prevalecente na altura pode ser resumido nas palavras de uma residente local, Fátima: “Estávamos esperançados em que eles fizessem coisas boas para ajudar a comunidade.” Mal sabiam que a chegada da Haiyu iria assinalar o início de um capítulo infeliz nas suas vidas. Na manhã de 7 de Fevereiro de 2015, os residentes de Nagonha acordaram com uma inundação súbita a irromper pela sua aldeia. Quarenta e oito casas foram imediatamente arrastadas para o mar, pois a água da inundação dividiu em duas a duna sobre a qual a aldeia se situava, escavando um novo canal que atravessou o meio da aldeia até ao Oceano Índico. As inundações deixaram cerca de 290 pessoas desalojadas e mais de 173 casas ficaram parcialmente destruídas. Residentes locais que tinham vivido na área durante mais de 70 anos contaram à Amnistia Internacional que não havia registo da ocorrência de tais inunNa mira do lucro: empresa chinesa não pode tratar residentes de aldeia moçambicana como não-entidades dações em Nagonha antes da chegada da Haiyu. As pessoas de Nagonha não tiveram tempo para se prepararem para esta catástrofe, porque nada as podia ter preparado para ela. Uma investigação da Amnistia Internacional mostra que existem fortes indícios de que as actividades mineiras da Haiyu contribuíram significativamente para as inundações de 2015. A comparação de imagens de satélite da área, obtidas entre Dezembro de 2010 e Outubro de 2014, mostra uma acumulação de depósitos de areia relacionados com a exploração mineira em volta da aldeia e uma alteração gradual no fluxo natural da água. Em Outubro de 2014, aproximadamente 280 000 metros quadrados de zonas húmidas a norte de Nagonha estavam cobertos de areia e um canal vital que ligava várias lagoas próximas ao mar tinha ficado completamente bloqueado. Conjuntamente, estas alterações ambientais deixaram Nagonha e os seus residentes em risco muito agravado de inundações. Esta análise corresponde aos testemunhos recolhidos junto dos residentes locais e reflecte também as opiniões de peritos ambientais independentes. No cerne de toda esta situação está o incumprimento da legislação moçambicana pela Haiyu e as falhas da empresa ao não realizar uma avaliação de impacto ambiental adequada e ao não consultar a comunidade antes de estabelecer as suas operações. Funcionários da empresa recusaram-se a assumir qualquer responsabilidade pela destruição ambiental e das habitações, atribuindo antes a culpa das inundações a “actos da natureza”. Não conseguiram também apresentar respostas satisfatórias sobre o que sabiam ou deveriam ter sabido ou sobre o que fizeram ou deveriam ter feito antes de estabelecer as suas actividades. Dado que as operações mineiras se situavam numa área de zonas húmidas complexa, habitada por uma comunidade local cujo tecido económico, social e cultural está totalmente interligado com o ecossistema local, estas falhas são francamente chocantes. Explicando o impacto devastador que as operações mineiras tinham tido na sua vida, um pescador local queixou-se: “Costumávamos apanhar peixe suficiente para nos proporcionar um meio de subsistência. Mas as nossas vidas estão a piorar, porque estas má- quinas afectam o mar e fazem o peixe desaparecer. Por favor ajudem-nos. Não lhes podem permitir deixar-nos nestas condições.” Volvidos mais de três anos sobre a catástrofe, as famílias afectadas ainda não conseguiram uma resolução para o problema das suas perdas. Este é um caso clássico que ilustra as dificuldades que as comunidades pobres enfrentam quando as grandes empresas fazem tábua rasa aos seus direitos. Por seu lado, as autoridades moçambicanas estão longe de serem isentas de culpa, pois não asseguraram o cumprimento da legislação nacional pela Haiyu, nem ofereceram quaisquer vias de reparação aos residentes. Está bem na hora de resolver esta situação. A Amnistia Internacional apela para a realização de uma investigação eficaz e imediata aos atropelos da legislação nacional pela Haiyu, que levaram a esta violação de direitos. E, para os residentes de Nagonha virem a obter justiça, deve ser-lhes oferecido o acesso a recursos eficazes. Há muito em jogo aqui. As empresas multinacionais não podem ser autorizadas a tratar com tamanho desprezo as comunidades de onde obtêm os seus lucros. * Director Regional para a África Austral, Amnistia Internacional Por Deprose Muchena* OPINIÃO Savana 30-03-2018 19 573 Email: carlosserra_maputo@yahoo.com Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com N o início deste mês, o parlamento sul-africano votou a favor de uma moção para alterar a Constituição e permitir a expropriação de terras privadas, em grande parte, nas mãos de brancos sul-africanos, sem compensação. Há uma suposição geral de que o Economic Freedom Fights (EFF) está a falar de fazendas privadas de propriedade branca, mas nem o ANC nem o EFF se pronunciaram para esclarecer exactamente que terras seriam expropriadas. Os debates sobre a reforma agrária na África do Sul são mais antigos do que a sua democracia. As soluções para uma reforma agrária orientada para o mercado que se tentou aplicar desde o fim do apartheid falharam. O mecanismo do “willing buyer-willing seller — vendedor disposto, comprador disposto” falhou, como tinha ocorrido no Zimbábue. Mais de duas décadas após a democratização, a minoria branca ainda controla a maioria das terras produtivas do país. A opção de expropriar sem compensação foi sempre considerada na África do Sul, embora com pouca ressonância. Os debates políticos e públicos sobre esta medida “radical”, no entanto, ganharam impulso há relativamente pouco tempo. Os seus novos proponentes — o Economic Freedom Fighters (Combatentes da Liberdade Económica), bem como algumas forças da “esquerda”, como o movimento Land First Black First (BLF) e algumas ONG que trabalham em questões agrárias (que nunca ninguém os levou a sério, até — aparentemente — há muito pouco tempo) têm vindo a defender que a compra de terras “roubadas” de proprietários brancos era injusta, e uma transformação económica radical era urgente na África do Sul. A verdade é que “os sul-africanos brancos possuem mais de setenta e dois por cento (72%) do total de trinta e sete milhões de hectares de fazendas e explorações agrícolas nas mãos de proprietários particulares”, de acordo com o Land Audit. De acordo com a organização AIDC, “mesmo os 13% de terra para negros africanos nalguns territórios são efectivamente detidos pelo estado em “confiança” [no caso de Ingonyama, em KwaZulu Natal] e controlado por reis e chefes pagos pelo Estado”. As pessoas brancas também controlam outros sectores económicos fulcrais do país. Para dar um exemplo, apenas três por cento da Bolsa de Valores de Joanesburgo representam propriedades de negros, e os principais bancos são dominados por brancos. É isto que gera desigualdade nesta questão, se considerarmos a raça como um elemento distributivo. A impopularidade do polémico ex-presidente Jacob Zuma impeliu-o a considerar a expropriação das terras sem compensação, quando a sua vida política já era incerta no início de 2017 — muitos chamaram essa proposta de oportunismo político — mas, provavelmente, já seria demasiado tarde. O seu sucessor, Cyril Ramaphosa, voltou a mencionar o problema no seu discurso sobre o Estado da Nação, mas foi o EFF que liderou a moção aprovada no parlamento por uma esmagadora maioria de 241 votos (contra 83). Julius Malema, o comandante-chefe do EFF, e o seu partido foram rotulados como ditadores e oportunistas políticos por promoverem essa agenda, mas em que medida é realista a expropriação sem compensação na actual conjuntura da África do Sul? Algumas formações, como o Inyanda National Land Movement, já expressaram apoio à expropriação de terra sem compensação. De acordo com o Inyanda, “esta é uma decisão há muito atrasada”, mas também se levantam algumas vozes cépticas, até entre os sul-africanos desfavorecidos, que colocam colocando questões, como “de que terras falam os defensores da expropriação, a quem as darão e para o quê”. Desde 2009 que visito regularmente áreas rurais da África do Sul, para pesquisa e intercâmbio. Fui ao Cabo Oriental, ao Cabo Ocidental, a KwaZulu Natal, a Limpopo e a Mpumalanga. Interagi com trabalhadores agrícolas, fazendeiros, pequenos agricultores, camponeses sem-terra, comunidades urbanas pobres e alguns farmeiros comerciais (brancos) e, verdade seja dita, constatei que não é fácil convencer um farmeiro comercial branco a falar contigo. Quando a moção da expropriação foi aprovada, eu estava a fazer pesquisas de campo na Costa Oeste, na província do Ocidental, para a minha tese de doutoramento. Evidências revelam que a África do Sul rural já é “um barril de pólvora”. Trabalhadores agrícolas explorados e pessoas sem-terra têm “fome”, irritados e dispostos a tomar as terras. As condições para um “Zimbabwe-style” da reforma agrária foram criadas. Se alterada, a Constituição só legalizaria o que, na minha opinião, acabaria por acontecer mais cedo ou mais tarde. De facto, têm ocorrido regularmente ocupações de terras e levantamentos rurais, embora em pequena escala, por todo o país, com mais incidência em áreas rurais, mas também em ambientes urbanos, para habitação, criação de gado e prática da agricultura. As terras ocupadas não são apenas as fazendas dos brancos: incluem-se terras municipais e os “commonages”. Essas ocupações são, na sua maioria, reprimidas, e as pessoas despejadas, apesar de algumas resistirem e se assentarem. Os Media da corrente dominante e os académicos, pouca relevância têm dado a esta questão, mas as lutas rurais pela terra e a dignidade crescem cada vez mais em toda a África do Sul. Os protestos rurais na África do Sul são, no entanto, complexos. As questões agrárias e de terra são ainda mais complexas. O pressuposto de que “todos os negros querem terra (para agricultura)” e “todos os brancos são proprietários — ou estão a beneficiar de — de terras” é muito simplista e destaca a “raça”, mais do que a “classe”, nesta complexidade. A questão da estrutura agrária e dos conflitos rurais não surge unicamente entre farmeiros brancos (comerciais) e “camponeses” negros (sem terra) ou trabalhadores agrícolas, mas também entre os próprios agricultores comerciais, os pró- prios povos indígenas negros, os seus chefes tradicionais, e entre todos eles e o Estado (municí- pios e governo central). Reduzir a terra e os conflitos agrários a uma mera questão de brancos (colonialistas e colonizadores) contra negros (sem terras) é uma abordagem enganosa. A gestão e distribuição de terras consuetudinárias é tão controversa quanto a das terras agrícolas privadas. Os municípios governados pelo ANC são tão problemáticos na forma como lidam com a reforma agrária, como os governados pelo Democratic Alliance e outras formações políticas da oposição. Entrevistei diferentes pessoas no Cabo Ocidental, após a votação parlamentar sobre a emenda constitucional. Não existe uma voz homogénea sobre como as pessoas vêem esta questão entre os sem-terra (negros) e a elite (branca) com terras. Ouvi produtores de pequena escala dizer que, se não for bem encaminhado, o processo da expropriação “seria problemático”. Alguns farmeiros brancos riram-se de mim, quando perguntei sobre expropriação de terras, — pois parece que eles nem sequer estão a levar isto a sério —, assim como os farmeiros comerciais, que me disseram coisas como, “deixe-os tentar vir expropriar a minha terra. Vou abrir fogo para matar”. Mas também ouvi outros negros e brancos a opinar que a redistribuição da terra é a medida necessária para resolver injustiças e desigualdades históricas. Um debate nacional sobre a terra — mas também sobre a questão agrária no seu todo — na África do Sul é claramente necessária e urgente para uma democratização do campo (e da cidade). Tem de incorporar tantas vozes e opiniões quanto possível e construir um programa popular de reforma agrária nacional que vá além de uma simples substituição de agricultores comerciais e capitalistas brancos e proprietários de terras por uma elite negra. Por outro lado, deve resolver discrepâncias raciais. Uma resolução da questão da terra deve, no entanto, ir ao encontro das necessidades daqueles que trabalham e vivem da terra. Isso significa a destruição de todas as relações tribais e feudais existentes nas áreas rurais e a nacionalização da terra. Uma nova divisão da terra e a sua gestão devem ser realizadas por comités democraticamente eleitos e responsáveis perante as pessoas. ___________ * Jornalista e activista social moçambicano. Doutorando no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. A sua pesquisa centra-se em questões agrárias, movimentos agrários e alternativas populares em Moçambique, na África do Sul e no Zimbábue. ** Agradeço a Michelle MV Hapetian pelos comentários e revisão do texto. Os negros pobres estão prontos para uma verdadeira UHIRUPDDJUiULDQDÉIULFDGR6XO PDVTXHPVHEHQHÀFLDUi" Boaventura Monjane* “ Não há apenas um racismo, mas racismos: há tantos racismos quanto grupos que têm necessidade de justificar a forma como vivem, o que constitui a função invariante dos racismos.” (Pierre Bourdieu, 1983) Eis uma definição muito genérica e curta de racismo: crença na superioridade social, por via biológica ou de outro tipo,  de um grupo  sobre outro ou outros. A sua base é a disputa de recursos de vida e poder. A sua prática assenta em três movimentos: o passivo, o médio e o activo. Racismo passivo é aquele que se exerce mediante a construção social negativa de outrem; o médio é aquele que se exerce mediante a segregação e a privação de recursos de poder de outrem; finalmente, o racismo activo é aquele que se exerce mediante actos lesivos da integridade física de outrem, como agressão e/ ou assassinato. Racismos OPINIÃO 20 Savana 30-03-2018 SACO AZUL Por Luís Guevane A ideia de um polvo gigante a fervilhar de intolerância diante de suas presas por estas não prestarem a devida vénia à sua grandeza transporta uma imagem de insegurança. Uma espécie de “opressão” calculista, em que o tentâculo simplesmente espera pela ordem para materializar a intolerância cuja base é a mesquice, aliás, os mesquinhismos da crença da intocabilidade. Mas, por que razão esse mesmo polvo deixou que a sua intolerância o agigantasse? Simples: porque não deu o devido valor ao alcance da expressão “o poder corrompe”. Quando isso começa a acontecer o polvo perde o seu lugar na cadeia alimentar, deixa de tolerar a visível erosão do seu poder causado pelo tempo. Desse modo, o polvo gigante agride sem contemplações exibindo a sua pequenez argumentativa. Confunde as O Polvo suas fontes de poder instrumentalizando os seus próprios tentáculos na defesa de um conceito de respeito, disciplina e sentido de oportunidade que não coincide com o das presas. É difícil o polvo perceber que vive fora de sua época, que foi ultrapassado pela razão do tempo, da civilização e da racionalidade dos oprimidos por si produzidos. Estes ultrapassaram-no há muito, devido ao mau uso do poder de coerção. Para fazer funcionar o seu sistema o polvo compensa as suas gritantes falhas, denunciadas pelos seus oprimidos, com uma linguagem que desincentiva a crítica aberta. Oferece aos seus oprimidos um pacote de sevícias. Decide sobre a vida e a morte de suas presas, sobre o que podem reivindicar, sobre quando marchar, enfim, sobre o jogo que lhe escapa enquanto árbito e jogador do mesmo. A hegemonia da palavra prevalecerá sobre o argumento da força da brutalidade produzida pela falta de argumentos esgrimidos em Sociedade. O polvo quando lança o seu jacto negro confunde as presas. Quando não as confunde é porque está numa fuga desesperada. Na primeira situação procura governar e exercer o poder, medindo ele próprio o seu sucesso. Na segunda, está desgovernada; governa-se pelo desespero e exerce, na mesma direcção, um poder que não tem ou, se o tiver, mantém-no corrompido. Derruba tudo o que encontra. A violência ajuda-o a ter alguma esperança outorgada pelo volume que acredita deter. Os seus súbditos, nesse momento, fingem ser arrebanhados e por si conduzidos. Mas todos sabem que tudo não passa de um bónus de tempo e que tarde ou cedo cederá à “roda dentada da história”. Sempre que o polvo mata ou violenta as suas presas afasta-se cada vez mais da arte de governar que diz perseguir. É uma tendência. Quando se apercebe que essa “arte” se distanciou por sua culpa, então, reage colocando o foco na intolerância e na violência. O resultado é um afastamento ainda maior dessa “arte”. E o ciclo vicioso só se reforça. Instalado o caos, todos ignoram a sua existência. O polvo não se assume culpado, sacode as pulgas para as ruas de baixo e violenta quem reclama possuí-las. Mas a máscara caíu, faz tempo. O maior inimigo do polvo vive ao seu lado e partilha o seu dia-a-dia corroendo eficazmente a consistência de um poder que, por si só, dificilmente se locomove. Do polvo não se espera um “harakiri”. Este jamais alterará os seus métodos uma vez (que foram) concebidos pela Natureza. Cabe às presas a decisão sobre a sua própria liberdade. P enso com o vagar do caracol e não imagino a vida como um combate de sombras, maniqueísta, entre eu e os meus inimigos. Só quem não é assertivo é que vai enchendo os seus pneus com inimigos invisíveis, ou talvez eu tenha uma noção superlativa sobre o estatuto de inimigo que me leve a julgar ser muito difícil atingir a qualidade requerida à categoria de inimigo. Na Grécia antiga, Filémon ambicionava a morte para assim ter ocasião de ir ver Eurípedes no Inferno. Isto é um inimigo! Quantos “inimigos” meus desejariam a própria morte para terem o gozo de me visitarem no Inferno? Gentinha que não me grama, não passa disso. Bem hajam! Os arqui-inimigos contam-se pelos dedos de um casco. Quando cheguei a Maputo, foi difícil assimilar que toda a gente tinha “cadastro” e que havia que ser hábil para não ferir as susceptibilidades de uns e de outros, dado que qualquer novo contacto poderia levar-me a ser ostracizado, por suspeita de me enfiado noutra ala do cárcere comum. Como se fosse impossível viver-se sem ter um inimigo declarado. E cometi as ingenuidades de quem não cresceu em contextos político-militares, onde se toma a clivagem por natural. Sentindo que à minha volta havia um fosso de não-ditos, que a reconciliação era difícil, mesmo em círculos familiares. Entretanto, li esta semana: «Un aficionado del Barça despierta del coma... ¡tras escuchar el himno del Sevilla!»: é assim que vejo a coisa, amigos! E não só é possível como tudo progride a outra velocidade se deixamos de considerar as nossas próprias sombras como inimigas e se, pelo contrário, um “espírito de aliança” traduz um estado de entusiasmo arredio a fórmulas prévias e que gera resultados que não estavam previstos à partida. Nenhuma sociedade é saudável quando não autoriza que nela o imprevisto possa ter lugar. O mesmo acontece nos lares. Fomos educados na crença de que uma casa tem de ter um líder, um chefe. Dois terços dos casamentos esbarram numa guerra civil não-declarada que se reduz à defi- nição de “quem manda em casa”. Uma pura perda de energia, querer repetir o erro dos nossos antepassados. Obediente a esse modelo de perpetuar os costumes entreguei-me à guerra em vários relacionamentos. Afinal só estabilizei quando mandei às favas o que me haviam ensinado e enveredei por outro modelo: ninguém manda em casa, as coisas discutem-se passo a passo e o que é importante nas soluções é a sua eficácia e não quem teve a última palavra. Era tão simples, só que nunca experimentara pensar pela minha própria cabeça. Agora, como já não tenho questiúnculas supérfluas fica-me mais tempo para transmitir aos filhos os valores e educá- -los naquilo que importa: Mozart, por que é que ouvir uma orquestra de timbilas é mais rico do que cantarolar o último êxito de John Legend; o que significa idiossincrasia; o que são números primos e porque não dormem uns com os outros, etc., etc. Na história das sociedades é o mesmo, só em caso de doença - por falta de projecto ou visão, falência de valores, ou quando a mentira desalojou a decência – aparecem os fantasmas que aqui e ali adubam inimigos. Fantasmas tão inconsistentes como a ideia de que seja a corda quem sonha com enforcados - os stranges fruits da Billie Holiday. Há uns anos estive em Inhamsuje, a península do outro lado de Quelimane. Um lugar paradisíaco convertido ao inferno, porque lá as pessoas, com o isolamento, desataram a inventar inimigos e catanam-se. Qualquer sombra à noite lhes parecia enguiço, rasto de feitiço, prova de presença do inimigo, e catanavam-se. A pobreza + a superstição + o maniqueísmo deu o maior índice de catanadas por centímetro quadrado em Moçambique. Quem respira e transpira inimigos só produz a irrealidade. As tais “cabalas” que evocam agora os políticos que, num curioso ímpeto de imparcialidade democrática, neste momento estão a braços com a justiça dos seus países: Sócrates, Zuma, Sarkozy, Lula, Puidgemont… (Anima que as democracias consigam ainda tricotar belas almofadas onde se mostra que o tempo para dormir impunemente e acima da lei tem uma duração, não é perpétuo). Uma vez escrevi, num poema sarcástico:“O que é o cujo povo? A abundância/ dos seios e a amplidão das fezes.” E nenhum povo se ergue acima disso quando se massifica o sentido da gula e o espírito predatório ou quando as elites não saem do paradigma que os intimida a exibir um novo ferrari ou um novo fô by fô, em contraste com as prateleiras vazias das bibliotecas das escolas. A obsessão de querer encontrar um inimigo como alibi para não analisarmos a nossa conduta no processo lembra-me um poema do mexicano José Emílio Pacheco: «Às térmitas, diz o seu Senhor: Derrubai essa casa! // E esfalfam-se não sei quantas gerações/ a perfurar, a verrumar sem sossego.// Formigas brancas como o Mal inocente,/ escravas cegas e de sombra incógnita,/ dá-lhe que dá-lhe em nome do dever,/ muito por baixo da alfombra, sem exigir aplauso/ nem recompensa e cada qual conforme/ o seu minúsculo troço. Milhões de térmites// que se afanarão até ao dia em que/ de repente caia o edifício, feito pó.// Então as térmitas perecerão,/ sepultadas na obra de sua vida.» Hoje tive um pesadelo: sonhei com um país onde as pessoas competiam entre si para aumentar o seu estado de servidão. Esquecer o inimigo SOCIEDADE Savana 30-03-2018 21 PUBLICIDADE DESPORTO 22 Savana 30-03-2018 A rranca, no próximo dia 22 Abril, a Divisão de Honra, uma competição que ao longo dos anos tem virado “bomba-relógio”, prestes a explodir. Com efeito, não tem sido fácil realizar a Divisão de Honra nos moldes actuais devido aos constrangimentos de vária ordem, como as frequentes faltas de comparência, que em muitos casos acabam desvirtuando a verdade desportiva, esta que é, aliás, a palavra de ordem de Alberto Simango Júnior e seu elenco. Compulsando os factos, pode se aferir que esta situação contribuiu para que alguns campeões fossem encontrados na secretaria, a exemplo dos vencedores da zona norte, em 2015 e 2016, os quais foram decididos em deliberações do Conselho de Disciplina do organismo máximo que superintende o nosso futebol. Abertura em apoteose No ano passado, a despeito da brilhante abertura do certame, na vila de Mueda, um local que guarda a história colectiva do país, mais situações imprevistas aconteceram. Para não variar, a Associação Desportiva de Chókwè, pela zona sul, estragou a competição, por ter averbado a terceira falta de comparência, o que à luz do regulamento da FMF valeria a desqualificação. Porém, de permeio se descobriu que havia muitos interesses em jogo, porque caso se consumasse a desqualificação, o Incomati, que somava 48 pontos, perderia seis, em função das duas vitórias que somou diante da equipa do Chókwè, enquanto o Matchedje, que ocupava a segunda posição, com 45 pontos, perderia quatro, situação que relançaria a esperança dos militares de conquistarem o título. Mas, analisados os factos, que ditaram a não deslocação da equipa a Vilankulo, onde iria defrontar o SHM, a federação encontrou motivos mais que suficientes para remarcar a partida. E foi aí que o Matchedje começou a protagonizar uma série de desmandos, como o impedir que o seu campo fosse usado, para mais tarde, numa atitude tida como precipitada, declinar participar na última partida da prova, sendo que se deveria deslocar à Moamba para defrontar o Ntumbuluko. Essa atitude foi prontamente condenada pela FMF que , como que a cortar o mal pela raiz, decidiu despromover a turma militar para o campeonato da cidade. O que se seguiu foi uma verdadeira batalha campal, com os militares a esgrimirem todos os seus 30 equipas tomam parte da Divisão de Honra assinando um “pacto de não desistência” Será o fim dos desentendimentos? Por Paulo Mubalo argumentos na vã tentativa de chamarem para si a razão, mas a federação nunca mais aceitou fazer um volte face. Na zona norte, por dificuldades financeiras, o Desportivo de Mueda chegou a protagonizar três faltas de comparência, mas felizmente o vencedor da zona norte, no caso vertente o Sporting de Nampula, levava uma confortável vantagem em relação aos seus perseguidores directos. Mas também não faltaram casos de corrupção, envolvendo o delegado do Desportivo de Monapo e a equipa de arbitragem, o que fez com que o elenco de Alberto Simango Júnior tomasse medidas administrativas e encaminhasse o caso às autoridades policiais. Nova era? O Campeonato Nacional da Divisão de Honra foi reintroduzido, no ano passado, pela direcção de Alberto Simango Júnior em cumprimento da promessa eleitoral. Segundo o presidente da FMF, a prova tem o objectivo de aumentar a competitividade nas equipas candidatas ao Moçambola. Na altura da sua reintrodução, para não variar, a Associação de Futebol da Cidade de Maputo contestou-a, alegando que a mesma era insustentável. E não tardou para que, devido a esta conjectura (financeira) a Académica de Maputo e o Benfica de Nampula tivessem de se retirar. Mas, atenta a estas situações, a FMF obrigou os clubes que querem participar no evento este ano a assinarem um compromisso de honra, como que a confirmarem que estão preparados financeiramente para aguentar com a prova. O que deve ser entendido como uma verdadeira viragem. Trinta equipas em competição Não restam dúvidas que muitas partidas da Divisão de Honra chegam a ultrapassar, pela qualidade do espectáculo e assistência do público, algumas do Moçambola. Na Divisão de Honra militam muitos jogadores promissores, que bem talhados podem, num curto espaço de tempo, vir a ser referência. Aliás, como prova desta competitividade e quiçá qualidade, o seleccionador nacional, Abel Xavier, já chamou alguns jogadores desta Liga para a selecção principal. Em termos de equipas que vão militar em representação das três regiões, temos as seguintes: Zona Sul Maputo-cidade: Desportivo, Estrela Vermelha, Águias Especiais e Académica; Maputo-província: Ntumbuluko FC, Clude de Manhiça e ESFA FC; Gaza: ADM, Clube de Gaza e Ferroviário; Inhambane: Ferroviário e UP da Maxixe. Zona Centro Tete: Chingale; Zambézia: Ferroviário de Quelimane e Matchedje de Mocuba; Sofala: Têxtil do Púnguè, Sporting, Estrela Vermelha e Benfica do Dondo; Manica: Desportivo e Papeline. Zona Norte Cabo Delgado: Ferroviário, Baía de Pemba e Desportivo; Nampula: Angoche Clube de Desportos, e Benfica de Monapo; Niassa: UP, Ferroviário e Liga Desportiva. De realçar que a FMF realizou, esta quarta-feira, o sorteio da prova. Enchentes como esta caracterizam a Divisão de Honra D epois de uma interrupção, semana finda, o campeonato nacional de futebol, Moçambola, regressa neste fim-de-semana, com a disputa da quarta jornada. Trata-se de uma ronda aparentemente calma, uma vez que não coloca frente-a-frente nenhuma das mais cotadas equipas do nosso panorama futebolístico, tais como Ferroviário, Liga, Maxaquene, Costa do Sol, todos de Maputo, UD Songo e Ferroviário da Beira. A seguir um breve olhar à jornada. Ferroviário da Beira-Chibuto Perspectiva-se uma partida renhida, até porque os dois conjuntos têm argumentos para somar os três pontos, contudo, os donos de casa levam uma relativa vantagem tendo em conta não apenas o quinhão de jogadores que possuem, mas os objectivos que perseguem, que passam pela conquista do título. ENH-Textáfrica Será um jogo a ser protagonizado por duas equipas que se equivalem e que têm, igualmente, os mesmos objectivos: O regresso do futebol de adultos! a manutenção tranquila. Na ronda anterior, os dois conjuntos obtiveram idêntico resultado: empate a um golo. Mas jogando em casa, o representante da chamada terra de boa gente tem toda a obrigação de ganhar. Em perspectiva um jogo aliciante. 1º de Maio-Ferroviário de Nacala Os “trabalhadores” querem amealhar pontos para alcançar a tão almejada manutenção o mais rapidamente possível, enquanto os locomotivas, mau grado o início titubeante, colocam a fasquia mais acima, galvanizados, seguramente, pela boa prestação que tiveram o ano passado. Mas também o 1º de Maio é um osso duro de roer particularmente quando joga em casa. Claramente um jogo em que o empate se nos afigura o resultado mais provável. Maxaquene-Ferroviário de Nampula Perspectiva-se um grande jogo com desfecho, à priori imprevisível. Com efeito, tanto os locomotivas como os tricolores são verdadeiros colossos do nosso futebol, ainda que nas últimas épocas tenham tido exibições menos conseguidas. Aliás, a situação financeira do Maxaquene em parte contribuiu para esta situação, enquanto que em relação à turma da chamada capital do Norte, esta tem sido vezeira e useira em revezar o bom e o mau. Mas o factor casa pode ser decisivo. Sporting- Liga Desportiva Os leões continuam adormecidos, razão pela qual somaram duas derrotas nas duas primeiras jornadas. Já quanto à Liga, mesmo sem ter ainda ligado o turbo é claramente uma equipa muito superior em relação ao adversário, convenhamos, em todos os capítulos. Mas como o futebol está repleto de surpresas, os pupilos de Akil Marcelino precisarão de se aplicar a fundo para não se deixarem surpreender. O que poderá acontecer. Incomati-Ferroviário de Maputo Os açucareiros protagonizaram uma das maiores surpresas da competição neste ano quando, de forma merecida, venceram o Costa do Sol, um dos mais cotados clubes do país e forte candidato à conquista do título, por uma bola sem resposta. Certamente que a jogar em casa, ainda por cima, supermotivado, o Incomati vai querer repetir a dose, mas atenção que o Ferroviário vai ao jogo já prevenido e tudo fará para arrancar uma vitória, nem que seja a escopro e martelo. Desportivo de NacalaCosta do Sol. Não obstante o facto de os canarinhos estarem mais rodados e com um quinhão de jogadores inegavelmente superior (não é por mero acaso que estão a representar condignamente o país nas afrotaças), dizíamos, os anfitriões são um osso duro de roer, particularmente quando jogam em casa. E, indubitavelmente, não irão aceitar oferecer o ouro ao bandido, para usarmos a hermenêutica popular. Um empate em perspectiva. UP de Manica-UD Songo Mesmo jogando em casa, os universitários irão enfrentar muitas adversidades na recepção aos actuais campeões nacionais. Na verdade, a UDS assume total favoritismo, pois possui um melhor plantel que o do adversário. Aliás, tal como o Sporting de Nampula, a UP precisa, urgentemente, de redefinir novas estratégias para sair dos últimos lugares em que se encontra. Mas, em certos casos, não basta o querer e a ambição, precisa-se ter jogadores à altura das exigências de uma prova tão competitiva como é o Moçambola. Perspectiva-se uma vitória da equipa visitante. SOCIEDADE Savana 30-03-2018 23 PUBLICIDADE CULTURA 24 Savana 30-03-2018 A KHUZULA realizou a cerimónia de lançamento oficial da 8ª Edição do Festival AZGO, no dia 23 de Março, na cidade de Maputo. O acto contou com a presença da organização do festival, patrocinadores, parceiros, artistas entre outros. “A cada evento procuramos inovar para que melhore cada vez mais e vá de encontro ao que o público procura encontrar. Por isso, todos os anos procuramos inovar o evento para ir de encontro aos critérios do nível internacional”, explica a organização. A ocasião serviu para a apresentação do conceito curatorial, programação parcial e a visão temática da presente edição do festival. “Sempre procuramos melhorar o evento para atrairmos o público nacional e internacional. A cada edição notamos que o evento tem vindo a melhorar”, frisa. Vários músicos e bandas vão se apresentar no dia 19 de Maio, no Campus Principal da Universidade Eduardo Mondlane, a parLançada 8ª Edição do Festival AZGO Azgo Art and Design Bazar tir das 10:00horas, com o festival escolar denominado Azgozito, totalmente gratuito e, mais tarde, com os principais concertos. “São quase inexistentes eventos que incluam programação para crianças. Por isso criamos desta forma esta plataforma para que os petizes tenham um espaço como forma de incutir neles, desde cedo, o cená- rio cultural, para que, futuramente, tenham referências em todos os âmbitos culturais. Para tal, é preciso criar espaço para as crianças”, salienta. São vários países e uma rica diversidade de ritmos conhecidos, experimentais e alternativos para celebrar num único dia e, em dois majestosos palcos, a serem implantados na maior e mais antiga instituição de ensino superior em Moçambique. “Como sempre, procuramos diversificar o leque de artistas que participam em cada edição do evento, sempre com intuito de atrair mais público”, destaca. O Festival AZGO 2018 vai, como tem sido habitual, explorar diversos espaços e perspectivas. Aliás, é tónica do evento usar a cultura na sua mais vasta acepção, para criar uma programação electrizante, envolvente e que procura ser impactante para a consolidação da indústria criactiva em Mocambique. “Muito se fala da indústria criativa. É uma forma de mostrar como este conceito pode ser explorado no nosso país. Para deixar de ser uma novidade para os promotores de eventos e para quem queira singrar nesta actividade em prol do desenvolvimento da cultura nacional em todos os quadrantes”, salienta. Muito se pode esperar desta 8ª edição do AZGO, desde o festival escolar AZGOZITO que este ano vai repor o concerto Recriançando do agrupamento TP50. “Este ano, a Zona Artística ganha uma nova designação Azgo Art and Design Bazar e esperamos que torne o nosso festival mais inovador, mais atractivo e inspirador para os expositores e consumidores da produção artística de Maputo”, enaltece. E porque a organização do evento está engajada na luta pela afirmação do circuito cultural e turístico do nosso país, este ano voltará a abrir espaço para profundas reflexões com o AZGO Dialogar. Através deste programa, pretendem ampliar a presença de artistas e agentes culturais moçambicanos no mercado internacional. “A ideia é fazer de Maputo um centro de debate de ideias sobre cultura como factor de desenvolvimento e estimular a intervenção de Moçambique no debate global sobre a indústria criativa. Com temas virados para a digitalização, financiamentos e captação de lucros por via de direitos conexos, gravações e gestão de artistas”, finaliza. A.S 2PDORJUDGRP~VLFRVXO DIULFDQR5D\3KLULIRLXPDGDVÀJXUDVGDHGLomR passada E stá patente no Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM) a exposição As caras da Francofonia da fotógrafa Íria Marina, com curadoria de Frédérique Martin (França). “Quando Frédérique propôs-me fazer um projecto para a Semana da Francofonia no Centro Cultural Franco-Moçambicano, combinando a fotografia e um documentário, não poderia dizer não, pois o que me agrada na fotografia é que ela me permite contar histórias. O documentário, por seu lado, é um género cinematográfico que me interessa há muito tempo, pois ele permite pôr em movimento essas histórias”, explica Íria Marina. Para materialização do evento foram entrevistadas várias pessoas com ligações com a francofonia. “Uma vez que o tema da Francofonia deste ano é a Oralidade, a nossa ideia foi de entrevistar vá- rios moçambicanos francófonos de Maputo e ouvir as suas histó- rias em língua francesa. Quando o CCFM aceitou a nossa proposta, o trabalho começou. E não era para menos, pois havia muito para fazer. Identificámos os participantes, escolhemos os lugares de filmagem, entrevistámos, fotografámos e filmámos cada um dos participantes e, por fim, finalizá- mos o projecto a fim de oferecer-vos um resultado digno do tema proposto. As caras da Francofonia As caras da Francofonia reúne os retratos de 27 moçambicanos, de várias idades, origens e níveis sociais diferentes, histórias incríveis e personalidades cativantes”, aponta. O romantismo da língua francesa foi um dos factores impulsionadores para a realização do projecto. “O que eu senti foi um grande orgulho e vontade de fazer parte da comunidade francófona moçambicana. Talvez seja devido ao romantismo pelo qual a língua francesa é conhecida, mas o amor pela língua francesa estava de facto lá. Descubra porquê esses 27 participantes estão ligados ao francês, as diversas razões que os fazem falar a língua francesa. Ouça as suas histórias que são todas únicas e fascinantes. O meu trabalho é transmitir essas histórias. Espero tê-lo feito de uma maneira que vos deixe orgulhosos e honrados”, aguarda. Íria Marina é uma fotógrafa nascida em Moçambique e graduada em arquitectura. Íria descobriu a fotografia como um passatempo e, mais tarde, transformou-a em carreira. Cresceu entre a África do Sul e a Suazilândia, onde desenvolveu um interesse pelo comportamento humano, a maneira como a pessoa se sente, como a cultura afecta o comportamento, o poder da paisagem e do lugar que habitamos sobre os valores e as personalidades de cada um de nós. O seu foco principal é o documentário, postais ambientais, retratos profissionais e a fotografia de arquitectura. O seu mais recente trabalho artístico foi 90s Project, uma instalação multimédia em colaboração com Frédérique Martin. Frédérique Martin é professora e neste momento dedica-se a diversas actividades ligadas à cultura. Tem diversos projectos, tais como coordenar projectos artísticos, organizar festivais de cinema, encenar peças de teatro, fazer fotografia, escrever um blog, para além de ser administradora de um grupo de Facebook, que informa sobre os eventos culturais em Maputo; é DJ nos tempos livres e é apaixonada pela arte, a música e a cultura em geral. Depois de um encontro apaixonante com Íria Marina, Frédérique trabalhou com ela no seu primeiro projecto, 90s project, e embarcaram juntas para uma nova aventura artística com As caras da Francofonia. A.S O Ministério da Cultura e Turismo de Moçambique, em parceria com a Leilosoc - leiloeira portuguesa presente em Moçambique desde 2015, e a Layout, empresa moçambicana de comunicação para a Saúde, Educação e Cultura, realizaram no passado dia 8 de Março na capital do país, o Primeiro Leilão de Arte Moçambicana. O leilão foi realizado no Salão Nobre do Clube Naval de Maputo, onde procede uma exposição pública, desde 2 de Março. Tanto o leilão como a exposição foram abertos, gratuitamente, a todos os interessados. O leilão contou com cerca de 50 obras de artistas moçambicanos consagrados, tais como Malangatana, Shikani, Naguib, Gonçalo Mabunda, Pekiwa, Reinata, entre outros. Das obras incluídas, existe uma variedade de estilos e técnicas que vão desde a pintura, escultura, cerâmica e xilogravura, incluindo-se, também, algumas serigrafias. Arte nacional em leilão Ora, apesar dos leilões serem vistos como algo meramente comercial, este, em particular, tem a característica de adicionar a componente social, uma vez que, para além de apoiar os pró- prios artistas na divulgação e venda das suas obras, parte das receitas arrecadadas reverterá a favor de iniciativas culturais do Ministério da Cultura e Turismo. Como forma de dar resposta ao desafio de internacionalização das artes e cultura nacionais, um dos objectivos do Plano Quinquenal do Governo, importa referir que este leilão também foi realizado em online, para envolver mais participantes no processo. O Primeiro Leilão de Arte Moçambicana antecede o lançamento, também em Março, do primeiro volume de uma colectânea de arte nacional, com a denominação “Estados de Alma das Artes em Moçambique”, uma iniciativa do Ministério da Cultura e Turismo, de natureza educativa. A.S Fotógrafa Iria Marina Dobra por aqui SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1264 ‡ DE MARÇO'( QUANDO É QUE O BOÇALISMO DEIXA DE CONFUNDIR PONTOS DE VISTA COM PONTOS NA VISTA? OS NOSSOS COMENTADORES... SUPLEMENTO 2 Savana 30-03-2018 Savana 30-03-2018 3 OPINIÃO Savana 30-03-2018 27 Abdul Sulemane (Texto) Naita Ussene (Fotos) C omo dizem, a Frelimo está no momento agitado devido ao debate da revisão da Constituição da República, a derrota nas eleições intercalares de Nampula, as eventuais ameaças da Renamo sobre os pacotes de descentralização e desmilitarização e as eleições autárquicas que se avizinham. O presidente da Frelimo e da República, Filipe Nyusi, aproveitou para mandar recados aos de dentro e de fora, na segunda sessão do Comité Central (CC), realizado recentemente na Matola. O recado para os de fora foi para o líder da Renamo, Afonso Dhlakama. Sabemos que estes assuntos de descentralização e desmilitarização vão fazer correr muita tinta. O que os moçambicanos querem é uma paz efectiva, pois sabemos que o custo de vida está cada vez mais alto e não se vislumbram sinais de melhoria. Aos camaradas, Filipe Nyusi disse para terem coragem para avançar com as mudanças. Sabemos que os seres humanos têm muito medo das mudanças, é só ver os calafrios que o processo de descentralização está provocar no seio dos camaradas. E para disfarçar os calafrios que este momento está a criar no partido do batuque e maçaroca, o líder preferiu mostrar uns passos de dança antes de mandar os recados. Como sabemos, Filipe Nyusi é um exímio dançarino de Mapiko. Nestas imagens, como não está abalizado nas danças do sul do país, teve de acompanhar a coreografia. Reparem como o líder dos camaradas acompanha a coreografia da senhora. É mesmo para dizer que um bom dançarino tem capacidade de assimilar qualquer dança. Se fosse assim com a governação do país, acreditamos que algumas coisas registariam melhorias. Mesmo com os ataques que alguns dirigentes têm recebido, estes não deixam de aproveitar momentos para sorrir. A ministra da Juventude e Desportos, Nyeleti Mondlane, é vista como uma figura estranha, não inspirando confiança para o cargo que assumiu recentemente. Consideram as más línguas que não tem demonstrado trabalho eficiente com vista a alavancar o desporto nacional. Essas mesmas vozes defendem que a área desportiva já teve bons momentos. Nisso, Noor Momad deve estar a dizer que essas vozes não sabem o que estão a dizer. Quem subscreveu o assunto foi o actual ministro dos Negó- cios Estrangeiros, José Pacheco, que esboça um sorriso para disfarçar o que escuta. A carapuça deve ter servido também para ele. As coisas andam amargas mesmo. O que está a ouvir deve ter um sabor amargo. Para amenizar o dissabor do que ouve, Meti Gondola, Secretário Geral do braço juvenil do partido dos camaradas (OJM), teve de usar um rebuçado infantil. É nisso que dá a dança da agitação no seio dos membros do partidão neste momento. A coisa está preta. Dança da agitação www.savana.co.mz if5 5 ,é)5 5hfgm5R5 5 5R5 o 1264 IMAGEM DA SEMANA À HORA DO FECHO Diz-se... Diz-se P oucos dias depois de o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) ter feito um balanço positivo da primeira semana do recenseamento eleitoral rumo às autárquicas de 10 de Outubro próximo, o maior partido da oposição chamou a imprensa, esta terça-feira, para denunciar o que considera de fraude antecipada no processo. De acordo com a Renamo, horas após o início do processo, a 19 de Março corrente, o partido constatou, em algumas províncias do país, que em alguns cartões de eleitor constava apenas a província do eleitor, quando devia estar explícito o endereço detalhado, como a cidade ou vila, bairro, quarteirão e número de casa. 5 &#-. 5 )5 +/ 5 5 ( ')5 )(- sidera como fraude antecipada para favorecer a Frelimo ( -5 & #éċ -5 5 /./ ,)65#( &/#5 avarias constantes dos equipamentos de recenseamento, mau Renamo denuncia “fraude antecipada” funcionamento dos painéis solares e falta de combustível para geradores, o que leva alguns brigadistas, estamos a citar a Renamo, a exigirem dos eleitores a compra de combustível para o funcionamento dos geradores como alegadamente, terá acon. # )5( 5*,)0ù( # 5 5 '*/& 8 Falando em conferência de imprensa, o mandatário nacional 5 ( ')65 ( ,ï5 !# #, 65 informou que há casos de professores, enfermeiros e outros funcionários do Estado residentes nos distritos, que estão a ser coagidos pelo partido no poder a irem recensear-se dentro do raio autárquico, como forma de garantir maior número de votos nas próximas eleições municipais. !/( )5 ( ,ï5 !# #, 65 )5 detectar os casos, a Renamo tomou algumas medidas que culminaram na neutralização de &!/(-5 # ã)-5( 5 # 5 '- pula, que saiam de Montepuez, na vizinha província de Cabo Delgado, para recensearem-se naquela cidade, caso que o par.# )5 , ' . /5 )5 )(- &")5 - #)( &5 5 & #éċ -5B C8 5 *,)0ù( # 5 5 ) & 65 *,)-- seguiu o mandatário nacional da Renamo, cidadãos da vila de (" '#(! 65 - 5 )5 #-.,#.)5 5 Cheringoma, e do distrito de Marínguè, são obrigados a irem recensear-se na vila da Gorongosa, tudo porque, argumentou Magibire, a Frelimo sabe que não tem apoio nos municípios, pelo que encontra na importação de funcionários e membros de outros distritos a alternativa para aumentar o número de 0).)-5 5- /5 0),85 )5 #-.,#.)5 5 (!ĉ(# 65 *,)0ù( # 5 5 . 65 )5 mandatário denunciou a recolha de cartões de eleitores dos membros da Renamo, por parte de lí- deres comunitários, com intuito de deixar de fora os eleitores do maior partido da oposição. ^ " ')-5 (ĉ-5 +/ 5 -. 5 ï5 /' 5 manobra que consubstancia numa fraude antecipada”, de(/( #)/5 ( ,ï5 !# #, 8 (Abede Maganda) R55 )'5)5 , *.)5 )5$),( &#-. 5 5$/,#-. 5 ,# #()5 5 & ' 5 "á5 /' tentativa de se desviar as atenções e proteger a claque dos de., .), -5 )5* (- ,5 # , (. 85 .ï5 +/#5 0 (é '7- 5. ),# -5 - )- nhecidas de uma possível encenação ou caricatura da Renamo ou MDM para manchar o partido dos camaradas. R55 5*)&ù # 65 5' -' 5+/ 5 -.á5- '*, 5 5#(0 -.#! ,65 )(.#(/ 5*, ) /- pada com os vidros fumados, que diz serem a principal causa da crescente onda da criminalidade que assola o país, permite a livre circulação de viaturas sem chapas de matrícula, da mesma forma que nada faz para travar as gincanas perigosas dos brinquedos do Príncipe. Se este não é o exemplo mais consumado de um Estado falhado, qual será? R55 #-5/'5 , . )5 5 5- ,5 & , )5 '5 #! A* , 5 /'/- lar poeira nas prateleiras dos gabinetes do poder. Só há comércio livre se houver produção. Se olharmos à nossa volta, há cada vez ' #-5 (.,)-5 )' , # #-5 ') ,()-5 )5 +/ 5 á ,# -65 $/-. ' (. 5 para vender o que os outros produzem. R55 #( 5-) , 5)5 )'ï, #)5�, 85 ,á5+/ 5 )#5' .ï,# 5 5 . 5()5 recente conclave dos lobistas que se fazem passar por empresá- ,#)->5 5)-5-#( # .)-65.#0 , '5 &!/' 5* & 0, >5 /5 )#5' #-5/' 5 de “assinamos e depois o resto se vê”? R55 5 , -# (. 5 #&#* 5 3/-#65 )'* (" )5 5/' 5(/' ,)- 5 & - gação, participou semana passada numa cimeira extraordinária da (#ã)5 ,# ( 5 -.#( 5 )5& (é ' (.)5 5™, 5 5)'ï, #)5 Livre para o continente. Resta saber o que é que Moçambique . '5* , 5 2*),. ,85 &0 45)5 éĚ ,> R55 á5- 5 &)/5. (.)5 -5 ù0# -5) /&. -5 5-ĉ5(ã)5)/0 5+/ '5(ã)5+/ ,5 ouvir. Mas o pior da escandaleira é que dos estudos de viabilidade económica para o estabelecimento das três empresas, nenhum dos potenciais utilizadores dos serviços que seriam supostamente *, -. )-5* & -5' -' -5 )#5 )(-/&. )85 5!/& 5 5- 5 4 ,5. (.)5 dinheiro, só se acreditou que eles iriam abrir as bolsas e pagar por serviços que ninguém sabia se precisavam, sem contratos prévios. /'50 , #,)5 -. )5 5 #, #.)65#-.)5(ã)5. ,# 5)/., 5 -#!( - ção se não de crime. R55 +/#&)5+/ 5 " ' 5 5 #*&)' # 5 )(ĉ'# 65)5 (! (" #,)5 )5 planalto está numa frente com os país dos cunhados para viabilizar investimentos de empresários moçambicanos naquele país, e como CR17 tem investimentos cá o processo pode seguir a um bom porto. Mas dúvidas prevalecem em relação às capacidades dos nossos para investirem lá... R55 )5 )( & 0 5 )-5 ' , -65)5 (! (" #,)5 )5 *& ( &.)5 0)&.)/5 destacar no seu discurso a necessidade de agir sem contemplações no combate à corrupção, mas o simples facto de não  ter feito menção às dívidas ocultas, numa sala em que os mentores estavam presentes, deve ter sido um motivo de gargalhada. R55 & ( )5 5 ),,/*éã)65( -5. ,, -5 )-5 ' -65 5(ã)5* , 5. '- po em proferir discursos sem acções, esta semana o filho  de Zedú e o ex-governador do banco central foram constituídos arguidos por suspeita de crimes de defraudação, peculato e associação criminosa. Enquanto isso na pérola do índico preferem sacrificar o povo por causa de um punhado de gente. Em voz baixa R55 5 '(#-.# 5#(. ,( #)( &5, & .)/5- '5-/,*, - 5 5 &. 5 5, -* #.)5 * &)-5 #, #.)-5* &)-5 "#() -5+/ 5 2*&), '5 , #-5* - -5 '5 (- goche, perante a inércia governamental de contrariar aqueles que )(.#(/ '̓5 5 )( ,5' #),5 )&)5ŀ( ( #,)5 '5*,)$ .)5()5* ù-8 Em alerta fiquem os maxanganas de Chibuto que até desprezam )5 . 5 )5*,)$ .)65 & ! ( )5+/ 5 -.ã)5á0# )-5 '5. ,5 - -5 alvenaria. Naíta Ussene Savana 30-03-2018 EVENTOS 1 0DSXWR GH0DUoRGH ‡$12;;,9‡1o 1264 EVENTOS AMECOM procura novo rumo C om o objectivo de quebrar a inércia e colocar a Associação Moçambicana dos Economistas (AMECON) a responder aos desafios da actualidade, António Tivane apresentou esta terça-feira, na capital do país, a sua candidatura à presidência daquela associação, que integra economistas e gestores. Candidato pela lista “A”, para o pleito eleitoral que terá lugar no próximo dia 10 de Abril, do corrente ano, António Tivane diz que pretende tornar mais intensas as actividades da AMECON que, neste momento, se encontram estagnadas e desajustadas à realidade do país. Mestre em Economia Agrária, Tivane pretende dar o seu contributo para resgatar a associação e torná-la numa entidade de excelência, num contexto em que a sociedade se mostra mais exigente aos seus interlocutores. Isto porque, segundo o candidato, a AMECON é uma das associações mais antigas no país a ser constituída, mas não tem estado a desenvolver acções ao nível da sua dimensão. Diz estranhar esta atitude porque, no século XVIII, quando não tí- nhamos recursos em abundância, as actividades dos economistas eram mais intensas, entretanto, agora tendem a ser menos intensas, pelo que pretende reverter esta situação. A candidatura de Tivane tem como objectivo principal impulsionar as actividades da AMECON bem como responder aos desafios que os dirigentes colocam aos moçambicanos. Centrada em três pilares, revitalizar, consolidar e projectar a AMECON, Tivane espera concretizá-los ao longo dos dois anos que deverá durar o seu mandato caso seja eleito. No capítulo da revitalização, destaca a necessidade de mobilização de inscrições de mil novos membros a nível nacional que, de acordo com o estatuto, devem ser economistas e gestores. No seu primeiro ano de mandato, em caso de vitória eleitoral, espera estabelecer delegações em todo o país, um dado que considera fundamental, pois há um pensamento de que a AMECON está circunscrita apenas em Maputo. Projecta também estabelecer parcerias quer a nível doméstico, regional, continental e internacional, sem deixar de lado a necessidade de criação de eventos para as diversas gerações de profissionais desta área, para efeitos de troca de experiência. Entende que os associados da AMECON devem contribuir com o seu conhecimento para o desenvolvimento do país, sendo que para tal deverão consagrar parte do seu tempo para se dedicarem à produção científica. Quanto à projecção da agremiação, Tivane tem em manga um ambicioso e desafiador projecto de instalar bases para a transformação da Associação em Ordem, o que também poderá passar pela criação de condições para que tenham uma casa própria, facto que não se verifica actualmente. Entende que, enquanto associação, só se podem dedicar aos interesses dos membros, enquanto que como Ordem passam a contemplar assuntos do Estado. Explica ainda que Estado faz a administração indirecta através das Ordens, e ao passar a este nível, passarão a ser um braço de Estado nas acções em que este passa para aqueles organismos. Com uma lista composta por nomes sonantes da praça como é o caso de Luís Magaço e Armando Pedro Muiuane, para cargos de presidente e vice-presidente da Mesa da Assembleia, Tivane não pára por aqui. Ambiciona também dotar a agremiação de autonomia administrativa e financeira, um assunto que de momento não pretende explorá-lo. 2 EVENTOS Savana 30-03-2018 P reocupada com a situação da crise económica que assola o país e afecta o tecido laboral, a ÍNDICO SEGUROS lançou, nesta terça-feira, 27, em Maputo, o seguro de desemprego para a protecção e estabilidade das famílias moçambicanas, em caso de perda involuntária de emprego ou morte. Segundo a directora de produção, Nasma Omar, a iniciativa vai ao encontro da necessidade actual e premente de assegurar a continuidade do estilo de vida de muitas famí- lias moçambicanas, quando os responsáveis pela sua subsistência perdem a sua fonte de sustento, de forma repentina e involuntária, muitas vezes, associado à falência de empresas, diminuição de pessoal e encerramento de delegações para fazer face aos custos de estrutura, diminuição da procura de bens e serviços como forma de mitigar a crise económica que graça o país desde 2015. A fonte refere que o seguro de desemprego garante o pagamento de três meses sucessivos ÍNDICO SEGUROS lança seguro de desemprego de salário, no montante equivalente a 80% do salário líquido auferido pelo trabalhador, em caso de desemprego involuntário ou morte. De acordo com Nasma Omar, com o seguro de desemprego, a ÍNDICO SEGUROS procura tornar o impacto do desemprego menos penoso, garantindo melhores condições ao trabalhador para o seu retorno ao mercado do trabalho sem qualquer desequilíbrio na sua qualidade de vida e da sua família. O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e a Agência Norte Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) lançaram, na última sexta-feira, 23, em Maputo, um novo programa, denominado Khetha. O projecto visa abordar a questão do desaparecimento contínuo de algumas espé- cies da fauna bravia em África, sobretudo o elefante e o rinoceronte. A Área de Conservação Transfronteiriça do Grande Limpopo (ACTFGL) na África do Sul, Moçambique e Zimbabwe continua a mais preocupante por registar elevados níveis de caça furtiva. As comunidades que vivem na ACTFGL e arredores não só têm de carregar o fardo de viver com os animais selvagens, mas também continuam a receber poucos benefícios provenientes da fauna bravia. Adicionalmente, estas comunidades estão cada vez mais expostas a sindicatos de crime que ameaçam a estabilidade social e a segurança na comunidade. Com acesso limitado ao emprego ou outros meios de rendimento, juntamente com uma relação muitas vezes conflituosa com a fauna bravia, os membros da WWF e USAID unidos na conservação comunidade envolvem-se no tráfico ilegal de fauna bravia. Nessa linha, o programa Khetha vai trabalhar com vários parceiros para perceber melhor os impulsionadores do tráfico dentro das comunidades, criar e fortalecer relações e confiança entre comunidades, sociedade civil, sector privado e agências de aplicação da lei. O programa vai também desenvolver iniciativas para promover o envolvimento da comunidade na conservação, para além de trabalhar, simultaneamente, com as instituições de administração da justiça de Moçambique e África do Sul a fim de aumentar a eficácia na prevenção e responsabilização dos infractores. Na perspectiva da (ANAC), o Khetha constitui uma grande oportunidade para alavancar as capacidades das instituições na realização de actividades prioritárias, tanto no domínio da fiscalização, assim como no que concerne ao sector de desenvolvimento comunitário. Doreen Robinson, chefe regional para o Ambiente na USAID, disse que a visão para o programa Khetha é mudar as relações entre a população e a natureza. “O seguro de desemprego pode ser adquirido por todos os trabalhadores por conta de outrem, que tenham um contrato de trabalho por tempo indeterminado e que esteja em vigor há pelo menos um ano sem interrupção”, disse. A nossa fonte sublinha que este produto também tem como característica a facilidade e celeridade no processo da sua contratação e a facilidade na activação dos correspondentes benefícios em caso de desemprego ou morte. Sublinha que o seguro é activado sempre que o assinante esteja numa situação que de forma involuntária ficou sem emprego. A ÍNDICO SEGUROS é uma empresa que tem como objecto exclusivo o exercício regular dos actos relativos à aceitação e cumprimento de contratos de seguro ou resseguro e operações de seguro do ramo não vida. A empresa conta com uma carteira de cerca de 30 mil clientes, o que corresponde a um crescimento anual de cerca de 40%. Savana 30-03-2018 EVENTOS 3 A Jhpiego foi identificada como sendo uma das organizações mais bem sucedidas em matéria de igualdade de género na saúde global de acordo com o recém-lançado relatório Global Health 50/50. O relatório analisa a performance de 140 maiores organizações que trabalham ou influenciam o campo da saúde global. Fornece igualmente uma análise aprofundada sobre a forma como as organizações se comprometem e agem para promover a igualdade de gênero, tanto em seus programas quanto no local de trabalho. Num universo de 140 organizações, a Jhpiego aparece como sendo uma das 10 organizações com Jhpiego distinguida pela promoção do género C om o propósito de formar quadros técnicos, sobretudo mulheres que demonstrem incapacidade financeira para avançarem com os estudos, arrancaram recentemente, nas províncias de Nampula e Tete, as aulas do Programa de Reforma do Ensino Técnico-Profissional, no Instituto Médio Politécnico (REPTO-IMEP), da Fundação Universitária para o Desenvolvimento da Educação (FUNDE). As aulas deste programa arrancaram com um total de 135 estudantes matriculados nas duas provínMulheres apostam em cursos técnico-profissionais cias, estando, só na província de Nampula, 17 a frequentar o curso de mestre-de-obras, 18 de medidores orçamentais e 30 de electricidade industrial. Das restantes 70 que se encontram a estudar na província de Tete, estão inscritas em cursos como estradas e pontes, manutenção de equipamentos hidráulicos e no curso de construções mecânicas. Espera-se, com este programa, que sejam desenvolvidas as competências práticas de modo a estimular novas iniciativas entre os jovens empreendedores, sobretudo viradas para o auto-emprego, nas diferentes áreas e sectores de actividade do país. De acordo com Rosânia da Silva, directora executiva da FUNDE, a introdução destes seis cursos representa uma grande oportunidade para a implementação da fase piloto da Reforma do Ensino Técnico-Profissional. Conforme explicou, “este exercício vai contribuir para, paulatinamente, se proceder com a conformação dos actuais cursos do IMEP, como cumprimento das orientações do Ministério da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico-Profissional, bem como da Autoridade Nacional da Educação Profissional, segundo as quais todas as instituições de formação técnico-profissional devem aderir à reforma”, explicou. No tocante à retenção de jovens da classe média-baixa neste programa, Rosânia da Silva esclareceu que o REPTO-IMEP estabeleceu um sistema de apoio financeiro em alojamento e alimentação, incluindo o apoio psicológico, de saúde preventiva e materno-infantil, “para propiciar as mais elevadas condições de aprendizagem aos formandos”. Refira-se que, para a materialização deste programa de formação, a FUNDE celebrou, em Novembro do ano passado, em Maputo, um acordo de parceria com o JOBA, um programa financiado pelo Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido – Ukaid/DFID, numa cerimónia que igualmente serviu para o lançamento oficial deste projecto. “A expectativa é de que o sucesso, que vai resultar da implementação deste programa de formação, venha a estimular a expansão da reforma nos restantes cursos do IMEP”, manifestou Rosânia da Silva. alto desempenho no avanço da igualdade de gênero. Enquanto isso, em Moçambique, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu e adoptou uma ferramenta desenvolvida pela Jhpiego para ajudar os provedores e parceiros de implementação a iniciarem os cuidados pôs-violência de qualidade. A Jhpiego é uma organização, filiada à Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos da América, e que está presente em Moçambique desde 2004, apoiando o Ministério da Saúde e outros parceiros na prevenção da mortalidade materno infantil, bem como na implementação de intervenções para a prevenção do HIV. Visite agora e mantenha-se informado, (integridade & independência) https://www.savana.co.mz Agenda Cultural Cine-Gilberto Mendes Sextas, Sábados, Domingos e Feriados 18h30 “Jogo de Intrigas” Maputo Waterfront Todas Sextas, 19h Jantar Dancante com Alexandre Mazuze Todos Sábados, 19h Música com Zé Barata ou Fernando Luís Chefs Restaurante Todas Sextas, 19h Música ao vivo 4 EVENTOS Savana 30-03-2018 O Governo Moçambicano precisa de investir, a curto prazo, cerca de 20 milhões de dólares norte-americanos para equipar, devidamente, todo o sistema do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) e substituir os equipamentos, que ainda funcionam com mercúrio, no âmbito da padronização internacional. Esta informação foi dada a conhecer, esta segunda-feira, em Maputo, pelo ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, momentos após um encontro de trabalho com as direcções do INAM e do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC). O governante referiu ainda serem necessários mais 50 milhões de dólares para um investimento a longo prazo, na revitalização e extensão das redes e estações meteorológicas ao longo do território nacional e na criação de três centros regionais, que permitam a obINAM carece de USD70 milhões para ter cara nova tenção de informações mais fiáveis e mais próximas das populações. Carlos Mesquita explicou que o encontro de trabalho com o INGC se deve ao facto de os trabalhos executados pelo INAM terem muita complementaridade com os dados e informações prévias que o INGC precisa para planificar as suas actividades. “Na óptica da contenção de custos, na utilização dos escassos recursos financeiros disponíveis, achamos que os resultados deste encontro coadunam-se com aquilo que queremos evitar, nomeadamente a duplicação de aquisição de equipamentos, quando alguns deles já existem no país, particularmente no INAM”, frisou o ministro. Ainda sobre a reunião, seguida de uma visita às instalações do INAM, Mesquita contou terem sido constatados alguns elementos de grande importância relacionados com a rede das estações meteorológicas do país, a capacidade tecnológica e profissional e também o sistema de análise e previsão do tempo, que são dados necessários para a agricultura, saúde, turismo, aviação, marinha, entre outros. “Este é o coração de todos esses sectores a partir de uma série de equipamentos como satélites e radares e também o cruzamento que é feito com outras instituições como o centro regional que está em Pretória, na África do Sul, onde é validada a informação que temos”, disse. Importa realçar que, com base na parceria entre o INAM e o INGC, serão desenvolvidos projectos específicos na área da meteorologia, a serem submetidos aos parceiros internacionais para debate e financiamento. “Mas também devemos contar com os nossos recursos, pois há uma série de serviços que o INAM presta e que nós achamos que podem produzir receitas para a instituição”, concluiu o governante. F oi lançado, na ultima quarta-feira, em Maputo, o disco “Colecção de Ouro Volume 3”, uma colectânea de mú- sica moçambicana, numa parceria entre o Banco Comercial e de Investimentos (BCI), a VS, entre outros parceiros. O Volume 3 é composto por 34 temas da autoria de músicos nacionais, entre os quais David Mazembe, Jú- lia Duarte, Carlos da Lina, Eugénio Mucavele, Madala, Didácia, Alexandre Langa, Fany Mpfumu, Stewart Sukuma, Ximinguana, Neyma, Valdemiro José, António Marcos, Dilon Djindje e Alberto Mhula. O evento, realizado no auditório do edifício-sede do BCI, e orientado pelo Ministro da Cultura e Turismo, Silva Dunduro, contou, para além de alguns autores Lançada nova colecção de Ouro das músicas, com a presença de artistas sonantes da música moçambicana tais como Hortêncio Langa, Wazimbo, Kaliza, DJ Damost, Fernando Luís e José Barata. Na qualidade de anfitrião, o Administrador do BCI, José Furtado, enumerou diversas acções desenvolvidas pela instituição em prol da cultura, que reforçam o posicionamento do banco como aquele que defende os artistas, promove e divulga a cultura moçambicana. Por sua vez, o Ministro da Cultura e Turismo saudou os patrocinadores, felicitou os autores e congratulou-se com este feito que valoriza a arte e o esforço dos artistas moçambicanos que têm trabalhado de forma abnegada para a preservação dos valores e da cultura nacionais. A StarTimes Moçambique, provedora de serviços de televisão digital pago, procedeu, recentemente, ao lançamento oficial do concurso de dublagem em português, cujo casting decorre no campus da mais antiga universidade do país, a Universidade Eduardo Mondlane (UEM). A ideia do concurso, segundo explicou Cynthia Wo, representante da comissão de dublagem, é seleccionar os 10 melhores participantes que, por sua vez, terão a oportunidade de trabalhar por um ano (com possibilidade de renovar) na sede da StarTimes em Beijing, República Popular da China. Os vencedores do concurso serão conhecidos próxima segunda-feira (2 Abril). Estes terão a missão, já nos estúdios da StarTimes naquele país asiático, de dar vida a vários personagens de filmes, sé- ries bem como telenovelas. Por seu turno, Eunice Andrade, gerente de relações públicas e comunicação da StarTimes Moçambique, começou por destacar que a iniciativa configurava uma oportunidade única para todo StarTimes Lança concurso de dublagem em português aquele que tem uma paixão pela dublagem. Adiante, Andrade avançou que, para além da possibilidade de os participantes seleccionados no concurso puderem renovar os seus contratos, está, igualmente, prevista, para o próximo ano, mais uma edição do concurso. No que refere ao colectivo de jurados da edição deste ano do concurso de dublagem, a responsável pelas relações públicas e comunicação da StarTimes disse que o mesmo será composto por cinco membros. Importa salientar que em 2016/7 a StarTimes realizou, na Tanzâ- nia, a Swahili Dubbing Competition. Em cada ano, os 10 melhores participantes ganharam a oportunidade de trabalhar na sede da StarTimes, onde deram vida a vários filmes e telenovelas. Moçambique é o primeiro país africano de língua oficial portuguesa a acolher uma iniciativa do género. A StarTimes oferece mais de 400 canais transmitidos 24 horas por dia em inglês, francês, português, swahili, e outros idiomas. (Redacção) N o âmbito da sua estratégia de responsabilidade social, a Sociedade de Águas de Moçambique (SAM), proprietária das marcas Água da Namaacha e Fonte Fresca, reiniciou, recentemente, o projecto de apoio a Escolas com crianças mais vulneráveis, na área da formação sobre a importância de valorizar a água. O projecto, implementado numa altura em que se recente das várias restrições no fornecimento de água potável no país e não só, tem por objectivo formar as crianças e os jovens em relação à necessidade de utilizar a água racionalmente. Nesta senda, contempla acções de formação nas Escolas, com a distribuição de material didáctico sobre esta matéria, adequado aos mais novos, bem como a difusão da mensagem através das mais variadas plataformas de comunicação. SAM apoia Maria Auxiliadora A Executive Moçambique lançou, na nesta quarta-feira, a revista Economia & Mercado (E&M). É uma nova revista cuja abordagem reflecte os assuntos micro e macro-económicos do país. De periodicidade mensal, a revista pretende ser uma publicação de referência orientada para a informação económica, empresarial e financeira, mas também para a generalidade dos acontecimentos que mais impactam na economia e na sociedade moçambicana, acompanhando a sua dinâmica de desenvolvimento e crescimento. A E&M cujo director é Iacumba Aiúba, antigo PCA da LAM, ambiciona ter um papel incontornável na análise da realidade nacional e na informação que, mensalmente, Revista Economia & Mercado irá disponibilizar aos seus leitores e ao público em geral. “Lançamos hoje uma revista que vai primar pelo rigor, responsabilidade, sem sensacionalismo e que irá sobretudo fazer uma ampla abordagem dos assuntos do momento e que marcam a tendência do desenvolvimento em busca de um Moçambique melhor. Acreditamos que o futuro começa hoje. Temos uma equipa do conselho editorial idóneo e conhecedor dos cenários económicos, sociais e educacionais para o desenvolvimento. Esta equipa fará sempre uma reflexão sobre os diversos assuntos a serem abordados na revista”, disse Iacumba Ali Aiúba, director da revista Economia e mercado. (E.C)

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