sábado, 22 de junho de 2013

Estratégia da Frelimo para acabar com a oposição em Moçambique

Análise!
O verdadeiro inimigo da Frelimo não é a Renamo nem Afonso Dhlakama com os quais conseguiu conviver nestes 20 anos de paz aparente. O verdadeiro inimigo da Frelimo é, em primeiro lugar, ela mesma e, em segundo lugar, o recente Movimento Democrático de Moçambique, MDM, uma cisão da Renamo em virtude dos desentendimentos havidos aquando das eleições municipais da Beira, em 2008. O partido governante desenhou uma estratégia de, a exemplo do que sucedeu em Montepuez, em 1999, ou mesmo após os Acordos de Lusaka, em 1974, criar-se uma situação que justifique as detenções e prisões em massa nas áreas que à partida estão perdidas quer a luta eleitoral se trave com o MDM quer se trave com a Renamo: Sofala. Mas a estratégia vai além de simples prisões. A degradação da estrada Inchope-Beira e as recentes medidas que afastaram os investidores e utentes do Porto da Beira inserem-se na mesma estratégia: punir os sofalenses de forma colectiva. Ao prejudicar os países do Hinterland, a emergência de um conflito armado legitimaria a intervenção zimbabweana. Outros interessados seriam a Zâmbia e a República Democrática do Congo – os esforços de Guebuza em intermediar o conflito deste país se enquadram na mesma estratégia - e possivelmente o Malawi.
As altas figuras da nomenclatura, ligadas a ala Guebuza e que vêm a saída deste como perda de privilégios até aqui conquistados, estão decididas a acabar com a oposição em Moçambique para, dessa forma, puderem fazer uso dos recursos minerais agora descobertos, sem resistência e sem denúncias, num esquema que envolve todo o tipo de negociatas internacionais. Perpetuarem-se no poder seria benéfico para eles. O primeiro passo seria eliminar a ala militar da Renamo e corromper a ala política, composta sobretudo por deputados, de modo a distanciar-se da liderança. O segundo passo seria o silenciamento do Movimento Democrático de Moçambique e, finalmente e com facilidade, eliminavam-se as organizações da Sociedade Civil. Vários factores concorreram para esta tomada de decisões entre os quais: o descontentamento generalizado das populações forçadas a abandonar as suas terras para darem lugar as multinacionais; o aumento galopante dos índices de pobreza nas zonas urbanas e o desinteresse da população rural pela política que vê como dispensável a ajuda governamental; a consolidação das organizações da sociedade civil que têm denunciado o mau estar social; os problemas de sucessão, sobretudo depois de uma especulação pelo Canal de Moçambique sobre o favorito de Guebuza, o qual não goza de simpatia dos camaradas e as recentes cartas abertas dos camponeses, apresentada no Japão a Paulo Zucula, protestando contra o PROSAVANA e dos médicos antigos ao Presidente da República.
Ao que tudo indica, o caminho escolhido é a eliminação física de Afonso Dhlakama. Ao insinuar o roubo do material bélico num paiol, a secreta pretendia preparar a opinião pública da perigosidade da Renamo mas ao que tudo indica, as redes sociais desempenharam o seu papel ao apresentar perguntas que desmascararam o esquema. Está claro que a secreta moçambicana não conseguirá enganar o povo moçambicano que conta com apoio de intelectuais cada vez mais instruído e com capacidade de análise superior aos subservientes elementos dela, apegados aos métodos usados nas décadas de 70 e 80. Tudo leva a crer ser obra da polícia com objectivo de chamar ódio das Forças Armadas (FADM) até aqui não alvo da Renamo. É provável que, em caso de um levantamento militar, o índice de deserções seja elevado porque as FADM não são alvo da Renamo e estão conscientes deste privilégio. Qualquer envolvimento delas retiraria a sua até aqui legitimidade e simpatia que goza junto das populações urbanas, como sendo apartidárias, diferentemente da polícia, acusada de estar a agir a mando do partido governamental.
Várias questões se colocam sobre o desfecho final, no caso em que a opção militar seja escolhida. Uma vez que a consciência nacional encontra-se moral e psicologicamente preparada sobre quem é responsável pela sua desgraça – os governantes do país – é pouco provável que os países que se dizem amigos da Frelimo optem por eliminar o povo e pode estar a desejar precipitar a própria Frelimo ao precipício para, de seguida, encontrarem-se os caminhos viáveis de como levar algumas lideranças a barra de tribunais por vários crimes quer nacionais quer internacionais. Apesar de haver alas internas, o medo pela justiça internacional tem sido até aqui o que lhes une e é provável que toda a salvação de Moçambique contra uma nova guerra resida neste medo cujas causas estão documentadas em livros. Também é provável que os ataques que estão sendo efectuados na zona do Save sejam uma estratégia da secreta em vista a atingir os fins inconfessáveis dos governantes desejosos de continuarem no poder e governarem por excepção a província de Sofala, por meio de militares. 
(Recebido por um e-mail)
 
Adenda
 
 

Ataques da RENAMO na Estrada Nacional 1

Presidente da República Armando Guebuza, diz que quer explicações da RENAMO sobre as suas acções em Savane, ataques na Estrada Nacional Número 1.
Guebuza falava ontem (22.06.13) na vila de Metangula no balanço da visita a província do Niassa, constituindo o seu primeiro pronunciamento sobre os ataques armados da RENAMO.
“Qualquer moçambicano de gema não vai querer aderir a incitação a violência, no passado tivemos destruição e perca de vidas humanas. Hoje temos estas provocações perigosas da RENAMO, Moçambique deve continuar em Paz, o Governo vai continuar a dialogar com a RENAMO, na segunda-feira (dia 24.06.13) iremos a mesa de negociações, vai ser sempre assim até que tenhamos consenso aceitáveis de ambas partes. Queremos explicações da RENAMO sobre as suas atitudes em Savane, ataques na Estrada Nacional 1, o Governo ama o seu povo e por isso vamos dialogar. Em poucas semanas não é possível obter consensos, estive dois anos e meio em Roma e sem consensos. Se pensasse assim, na primeira semana que falhou a negociação teria saído de Roma. Queremos explicação da RENAMO sobre as suas atitudes, vamos continuar a dialogar”, disse Presidente Guebuza.

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