MOÇAMBIQUE
Líder da Renamo anuncia mais 60 dias de trégua em Moçambique
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, anunciou hoje o prolongamento trégua temporária declarada há uma semana, para dar tranquilidade às negociações de paz em Moçambique.
O líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, anunciou hoje o prolongamento por 60 dias da trégua temporária declarada há uma semana, para dar tranquilidade às negociações de paz em Moçambique.
“Esta trégua ou prorrogação é para criarmos um ambiente favorável, para podermos assegurar o diálogo aí em Maputo. Isto é, tranquiliza ambos os lados, Renamo e o Governo de Moçambique, para que as coisas possam correr bem. E, por outro lado, oferecer a paz aos moçambicanos”, declarou Dhlakama em declarações por telefone aos jornalistas reunidos na sede nacional do maior partido de oposição, na capital do país.
Está confirmado! Tal como o O País havia avançado, o Presidente da República e o líder da Renamo chegaram a novo acordo sobre o cessar-fogo. A trégua será estendida por mais dois meses.
A trégua inicial terminava já amanhã, dia 04 de Janeiro. Entretanto, o líder da Renamo convocou, hoje, uma conferência de imprensa, por telefone, para anunciar o prolongamento da trégua por mais 60 dias.
Afonso Dhlakama disse, por outro lado, que durante os sete dias de paz, houve algumas violações por parte das Forças de Defesa e Segurança.
Dhlakama assegura, ainda, que o diálogo político na presença de mediadores internacionais vai continuar, e o Governo e a Renamo vão indicar especialistas para viabilizar a Lei da descentralização.
O novo acordo entre Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama foi fechado ontem ao telefone. Dhlakama diz que foi ele quem tomou a iniciativa e agradece pela colaboração de Filipe Nyusi.
Diálogo político
Empresários pedem liderança directa do PR nas negociações para paz
A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) pede a liderança directa do Presidente da República, Filipe Nyusi, nas negociações para a paz, defendendo que os moçambicanos podem resolver os seus problemas sem intervenção externa. A CTA sustenta, num comunicado citado pela Lusa, que, após as tréguas negociadas ao telefone por Filipe Nyusi e pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, o Presidente da República “deveria assumir a liderança directa do diálogo, por se ter demonstrado ser um caminho eficaz”.
Segundo a confederação empresarial, as tréguas acordadas pelos dois líderes são “um sinal inequívoco de que a paz é possível em Moçambique e que os moçambicanos são capazes de resolver os seus problemas sem intervenção externa”.
Referindo-se directamente à participação dos mediadores internacionais no diálogo ora interrompido na Comissão Mista, a CTA diz que estes não são necessários. “Obviamente que a operacionalização de cada entendimento que for alcançado poderá estar a cargo da Comissão Mista, integrada apenas por actores moçambicanos”, prossegue o comunicado. A CTA incentiva o Presidente da República a prosseguir os seus esforços e espera que “o líder da Renamo perceba, tal como percebeu desta vez, que os moçambicanos precisam desse bem precioso inalienável: a paz”.
A confederação dirigida por Rogério Manuel observa, ainda, que “a paz contribui para um melhor ambiente de negócios e cria condições para que as empresas produzam, aumentem os postos de emprego e contribuam para a redução da pobreza em Moçambique”.
Lembre-se que Moçambique atravessa uma crise política e militar, marcada por confrontos, no Centro e Norte do país, entre o braço armado do partido Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, além de denúncias mútuas de raptos e assassinatos de membros do partido de Dhlakama e da Frelimo. A Renamo acusa a Frelimo de ter viciado as eleições de 2014 e exige governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio. Os trabalhos da Comissão Mista, que engloba delegações do Governo e da Renamo, pararam em meados de Dezembro sem acordo sobre o pacote de descentralização, um dos temas essenciais das negociações de paz, e os mediadores abandonaram Maputo, referindo que só regressarão se forem convocados pelas partes.
Filipe Nyusi propôs, de acordo com a Lusa, a criação de um grupo de trabalho especializado, “sem distinção política” nem a presença do actual grupo de mediadores para discutir o pacote de descentralização, mas o partido de Dhlakama não quer prescindir da presença da mediação internacional. Além do pacote de descentralização e da cessação dos confrontos, a agenda do processo negocial integra a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança e o desarmamento do braço armado da oposição e sua reintegração na vida civil.