terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Afonso Dhlakama confirma trégua por mais 60 dias


MOÇAMBIQUE

Líder da Renamo anuncia mais 60 dias de trégua em Moçambique

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, anunciou hoje o prolongamento trégua temporária declarada há uma semana, para dar tranquilidade às negociações de paz em Moçambique.
Afonso Dhlakama é o líder da principal força de oposição política em Moçambique
ANDRÉ CATUEIRA/LUSA
Autor
  • Agência Lusa
O líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, anunciou hoje o prolongamento por 60 dias da trégua temporária declarada há uma semana, para dar tranquilidade às negociações de paz em Moçambique.
“Esta trégua ou prorrogação é para criarmos um ambiente favorável, para podermos assegurar o diálogo aí em Maputo. Isto é, tranquiliza ambos os lados, Renamo e o Governo de Moçambique, para que as coisas possam correr bem. E, por outro lado, oferecer a paz aos moçambicanos”, declarou Dhlakama em declarações por telefone aos jornalistas reunidos na sede nacional do maior partido de oposição, na capital do país.
Trégua inicial terminava já amanhã
Está confirmado! Tal como o O País havia avançado, o Presidente da República e o líder da Renamo chegaram a novo acordo sobre o cessar-fogo. A trégua será estendida por mais dois meses.
A trégua inicial terminava já amanhã, dia 04 de Janeiro. Entretanto, o líder da Renamo convocou, hoje, uma conferência de imprensa, por telefone, para anunciar o prolongamento da trégua por mais 60 dias.
Afonso Dhlakama disse, por outro lado, que durante os sete dias de paz, houve algumas violações por parte das Forças de Defesa e Segurança.
Dhlakama assegura, ainda, que o diálogo político na presença de mediadores internacionais vai continuar, e o Governo e a Renamo vão indicar especialistas para viabilizar a Lei da descentralização.
O novo acordo entre Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama foi fechado ontem ao telefone. Dhlakama diz que foi ele quem tomou a iniciativa e agradece pela colaboração de Filipe Nyusi.

Empresários pedem liderança directa do PR nas negociações para paz

Diálogo político
A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) pede a liderança directa do Presidente da República, Filipe Nyusi, nas negociações para a paz, defendendo que os moçambicanos podem resolver os seus problemas sem intervenção externa. A CTA sustenta, num comunicado citado pela Lusa, que, após as tréguas negociadas ao telefone por Filipe Nyusi e pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, o Presidente da República “deveria assumir a liderança directa do diálogo, por se ter demonstrado ser um caminho eficaz”.
Segundo a confederação empresarial, as tréguas acordadas pelos dois líderes são “um sinal inequívoco de que a paz é possível em Moçambique e que os moçambicanos são capazes de resolver os seus problemas sem intervenção externa”.
Referindo-se directamente à participação dos mediadores internacionais no diálogo ora interrompido na Comissão Mista, a CTA diz que estes não são necessários. “Obviamente que a operacionalização de cada entendimento que for alcançado poderá estar a cargo da Comissão Mista, integrada apenas por actores moçambicanos”, prossegue o comunicado. A CTA incentiva o Presidente da República a prosseguir os seus esforços e espera que “o líder da Renamo perceba, tal como percebeu desta vez, que os moçambicanos precisam desse bem precioso inalienável: a paz”.
A confederação dirigida por Rogério Manuel observa, ainda, que “a paz contribui para um melhor ambiente de negócios e cria condições para que as empresas produzam, aumentem os postos de emprego e contribuam para a redução da pobreza em Moçambique”.
Lembre-se que Moçambique atravessa uma crise política e militar, marcada por confrontos, no Centro e Norte do país, entre o braço armado do partido Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, além de denúncias mútuas de raptos e assassinatos de membros do partido de Dhlakama e da Frelimo. A Renamo acusa a Frelimo de ter viciado as eleições de 2014 e exige governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio. Os trabalhos da Comissão Mista, que engloba delegações do Governo e da Renamo, pararam em meados de Dezembro sem acordo sobre o pacote de descentralização, um dos temas essenciais das negociações de paz, e os mediadores abandonaram Maputo, referindo que só regressarão se forem convocados pelas partes.
Filipe Nyusi propôs, de acordo com a Lusa, a criação de um grupo de trabalho especializado, “sem distinção política” nem a presença do actual grupo de mediadores para discutir o pacote de descentralização, mas o partido de Dhlakama não quer prescindir da presença da mediação internacional. Além do pacote de descentralização e da cessação dos confrontos, a agenda do processo negocial integra a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança e o desarmamento do braço armado da oposição e sua reintegração na vida civil.


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