terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Sobre párias emigrantes e assassinos


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CARTA A MUITOS AMIGOS
            De acordo com toda a documentação e provas arqueológicas, a origem da Humanidade não ocorreu em nenhum Jardim do Éden no Médio Oriente, mas sim e bem neste continente africano na região austral donde e progressivamente as pessoas pouco a pouco emigraram para o Norte da África e Leste, para o Médio Oriente e daí, porque nenhum Suez separava os dois continentes, progressivamente caminharam para o continente indiano, a Europa e Rússia depois para o continente americano atravessava-se a pé o Estreito de Bahrein, e para os países do Pacífico, incluindo a China, Coreia, Japão, Tailândia, Birmânia, Vietname, Austrália e Nova Zelândia e demais ilhas do Pacífico e Índico.
Queiramos ou não, todos os habitantes deste planeta descendem da África. Pretender o contrário faz parte da ignorância ou pretensão de racistas estúpidos.
No puríssimo ariano Hitler encontramos um avô judeu de acordo com a documentação provada! Que gente não deportou e matou?
Ao longo da História do nosso país e do continente, mesmo do mundo, inundam-nos bárbaros que por ganância, apetência do poder desejam invocar purezas raciais 100% inexistentes, sem mencionarmos exercícios tribalistas, regionalistas e até localistas.
Este tipo de gente esteve na origem do assassinato de Mondlane, de Ngouabi, de Amílcar Cabral e tanta gente que fez a libertação do continente e do nosso país.
Agora surge-nos um dirigente americano, casado com uma emigrante que parece não primar por dignidade anterior, a fazer-nos discursos bem racistas, anti-africanos, contra os latino-americanos e asiáticos. Donde vem este senhor? Quais os seus antepassados e pureza ariana?
Quer relançar as sanções contra Cuba, abolidas pela Europa e pelo Governo do Presidente Obama.
Deseja iniciar uma nova corrida para o nuclear. Critica a Alemanha pela política de receber emigrantes. A Sr.ª Merkel já respondeu.
Quer destruir a OTAN? Aboliu a política de apoio à saúde das camadas mais desfavorecidas, o chamado Obama Care.
Os Estados Unidos não se fizeram com os emigrantes, incluindo os escravos africanos para lá levados? A Senhora Obama não descende de escravos?
Tanta gente fugindo da Europa devido à miséria?
Lembro-me de ler um livro descrevendo que os ditos boers estavam bem miscigenados com negros e asiáticos, independente das pretensões contrárias. Não deveria o Senhor Presidente crescer e tornar-se adulto como lhe recomendou o antigo Vice-Presidente Biden?
Talvez investigar a sua verdadeira genealogia e parar de dizer coisas incoerentes e perigosas para o seu país e a Humanidade. Nessa investigação constatará que o seu arianismo puro não existe e encontrará muitos antepassados de variegadas origens não brancas puríssimas.
Os americanos celebram anualmente O DIA DE ACÇÃO DE GRAÇAS, o chamado thanks giving day.
Vítimas de perseguições religiosas no seu país, vários ingleses fugiram para o continente americano.
Estavam a morrer de fome. As gentes locais, ditos índios ou peles vermelhas, deram-lhes comida para sobreviverem, perus e milho.
Esta comida tradicionalmente serve-se nos Estados Unidos, comemorando no chamado Dia de Acções de Graças.
Qual o agradecimento, para além da comemoração e banquetes e festas familiares nessa data?
A exterminação dos locais e confinarem-se os raros sobreviventes nas ditas reservas que inspiraram os bantustões na África do Sul e no Centro e no Sul do Continente americano.
O racismo e outras tentativas de se fraccionar um país em função das tonalidades da pele, local de nascimento, ancestralidade, perigam a segurança nacional e sobretudo a unidade do país.
Todos carecemos de unidade nacional, no continente os colonizadores conquistaram-nos explorando as ganâncias de chefes e a falta total de unidade.
As ditas políticas do BREXIT, a saída do Reino Unido da União Europeia preconizada pelo actual governo já encontram respostas muito negativas na Escócia e na Irlanda do Norte, ponde em causa a unidade do Reino. Quer a Escócia como a Irlanda do Norte não se juntaram à Inglaterra num passado longínquo e a unidade não se realizou sem muitas guerras.
Esfacelar a Europa, voltar a dividi-la e relançar as querelas que provocaram duas guerras mundiais, sem falar do passado no século XIX não me parece sensato e benéfico para os europeus.    
Tomei nota segundo as informações da comunicação social, que vários funcionários superiores do Departamento de Estado americano (os Negócios Estrangeiros do país) apresentaram a sua demissão porque em desacordo profundo com a política externa preconizada pelo actual Chefe do Estado.
Recentemente a Senhora Zuma que presidiu a Comissão da União Africana, chamou a atenção sobre as declarações perigosas do Presidente Trump e recomendou que a África criasse a sua própria região económica para se defender da actual política americana.
Não estou tão seguro sobre este posicionamento, sobretudo porque constato como a nossa agricultura e indústria sofrem da livre circulação dos produtos sobretudo os vindos da África do Sul e constato que o Malawi decidiu proibir a importação de certos refrescos moçambicanos para proteger o que localmente produz.
A África do Sul depois da dita guerra anglo-boer, porque os ingleses apenas se interessavam pelas minas, banca, indústrias subsidiaram os vencidos na agricultura, expulsaram as populações locais para entregarem as terras férteis aos derrotados e até hoje isso acontece e sempre que exportam para fora, especialmente para cá recebem 17% de prémios.
Nós e os nossos produtores agrícolas tornamo-nos as vítimas de uma concorrência bem desleal. Quem ignora? Os que por simpatia e diplomacia quiseram agradar os vizinhos não pensando no país?
Basta de discursos sobre o apoio ao desenvolvimento agrícola e saibamos impor uma sobretaxa sobre tudo que os supermercados e lojas trazem dos vizinhos e utilizemos esses fundo para apoiar os produtores locais com insumos, aconselhamento técnico, processamento e comercialização.
Precisamos ou não de garantir comida para o país e para exportar? Se sim, que haja coerência nas acções e não no palavreado.
Nada é mau, particularmente se soubermos discutir e aprofundar verdadeiramente as implicações do que se assina, com efeitos no presente e no futuro mais próximo, cinco ou dez anos.
P.S. Pela primeira nestes últimos 105 anos e depois de sérios desaires eleitorais nas municipais, o ANC aparece profundamente fraccionada.
Saberemos aprender desses desaires?
Um mal para o país e os seus vizinhos, especialmente nós, porque como Samora ensinou a parte mais dolorosa duma ferida não se encontra no seu interior, mas na carne sã à volta.
Votos do melhor para a África do Sul e o ANC e sobretudo para nós.
SV

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