No começo de cada ano sempre nos acompanha a esperança que a nossa vida melhore, mas também não faltam os receios que ela piore.
O informe do Presidente da República sobre o Estado da Nação diz-nos que o país está firme. De igual modo a sua mensagem de fim do ano, as afirmações e participações nas diversas celebrações natalícias traduzem um certo optimismo.
O FMI prevê algum crescimento em 2017, moderado sim, mas crescimento.
Se os terroristas deixarem de atacar os comboios provável que as exportações de carvão superem as vendas de alumínio.
Existem expectativas sobre os hidrocarbonetos.
Já se aprovaram normas sobre a exportação da madeira em bruto, porque não exigir exportar o coque em vez do carvão mineral, porque razão refinar o petróleo e gás no mar e não no continente, vendermos aço em vez de ferro?
Quantos moçambicanos irão trabalhar nas plataformas marítimas e quantos estrangeiros?
Que salários diferenciados para os nossos e para eles?
Qual o plano rigoroso de formação dos quadros moçambicanos para estarem em condições de satisfazer as necessidades das empresas e provavelmente diminuir os custos?
Será que em 2017 em vez de discursos sobre a agricultura haverá acções concretas para melhorar a nossa qualidade, abastecer o mercado nacional e exportar?
Funcionarão as fábricas paradas de processamento agrícola? O que acontece em Ulongwé, Namacurra, Guro, entre outros, fábricas 100% novas que jamais produziram? INFLOMA será reabilitado para que madeira se processe no país? Como estão as chamadas Casas Agrárias?
Para além de se construírem escolas sem carteiras, sem laboratórios a funcionarem, salários míseros para os professores, começaremos a ensinar o saber fazer e não apenas um saber livresco que rapidamente se esgota? Como se preparam os docentes para a tarefa essencial de transmitir o saber fazer?
Muito se especula sobre a transição do Eng.º Ferrão da direcção da Politécnica.
A Politécnica já está presente em todas as províncias do país. Tornou-se a universidade com maior implantação em Moçambique. Ferrão já trazia a experiência da reitoria da Politécnica em Nampula. A nova situação não melhorará o saber fazer dos nossos discentes e docentes?
Abordemos o exercício de descobrir como começar de verdade a fazer crescer o país e os rendimentos quer do Estado quer os nossos individuais que minguam cada dia em termos de poder de compra.
Façamos contas sobre o número de dias que se trabalha na função pública?
104 Dias destinam-se a sábados e feriados. Acresça-se 30 para férias. Já vamos em 134. Depois há as tolerâncias de ponto, os feriados municipais, estarei errado ao afirmar que durante perto de metade do ano a função pública recebe salários para o lazer?
Em quantos países do mundo vivem-se situações similares? Trata-se de países menos desenvolvidos que o nosso? Onde buscamos exemplos de tanto não trabalho?
Sem trabalho há desenvolvimento? Onde existe progresso e melhoria de vida para as pessoas?
De algum modo esgota a paciência e suscita revolta à pessoa que recorre aos diversos serviços públicos.
Para se tratar de um assunto numa repartição há que faltar ao trabalho, pelas 07h30 ninguém, pelas 15h00 estamos a fechar, nos sábados todas repartições fazem um bom fim-de-semana.
Não se poderá trabalhar por turnos e mesmo isso nos fins-de semana, poupando milhões de horas de trabalho e até de dinheiros?
Perdem-se documentos, o chefe não está, encontra-se num seminário, num funeral, num casamento, só sabemos que não despacha.
Recomendo e por experiência própria levar sempre uma fotocópia do documento que se entrega e requerer o carimbo da recepção. Ficamos com a prova.
Mas onde pedirmos justiça, haverá algum local em que a nossa queixa ou lamentação chegue aos ouvidos de quem pode decidir? O deixa andar tornou-se uma filosofia e ética do serviço público pago pelos nossos impostos, deveremos subjugar-nos à incúria e desleixo?
Em 1945 os Estados Unidos possuíam armas nucleares.
Decidiram não as usar contra a Alemanha Nazi porque os efeitos colaterais poderiam atingir os vizinhos amigos como as forças aliadas da URSS.
O alvo tornou-se o Japão que estava já em negociações para se render.
Ao atacar Hiroshima e Nagasaki os Estados Unidos queriam advertir Stalin e a URSS.
Iniciou-se a corrida mundial ao armamento nuclear.
Hoje numerosos países na Europa, Médio Oriente, Extremo Oriente, Índia e Paquistão possuem esse armamento extremamente letal.
Israel descendente das vítimas do racismo colaborou e forneceu ao apartheid hediondo esses meios.
Entre os Estados Unidos e a Rússia parece que se desencadeou uma nova corrida ao armamento nuclear. Para o bem de quem?
Eisenhower que comandou as forças ocidentais durante a II Guerra Mundial, quando terminou o seu segundo mandato como Presidente dos EUA advertiu contra os perigos suscitados pelos interesses dos complexos militar industriais.
Hoje há mais complexos a intervirem, as transnacionais dos hidrocarbonetos, da banca, da alta finança, da exploração dos recursos naturais e das terras, suscitam guerras, golpes de estado, assassinatos, comandam as posições políticas mesmo nos grandes Estados do planeta.
Votos que em 2017 haja menos intervenções e ditadura das transnacionais.
SV
P.S. O corte de 50% no 13.º para as categorias mais desfavorecidas soube a péssima prenda de Natal e Fim do Ano.
Em Janeiro haverá que pagar propinas, fardas, livros.
Como ficam os reformados? As suas pensões e bem magras, os docentes, enfermeiros como se sentirão?
2017 Um ano de Congresso. 2018 Ano de eleições municipais e 2019 gerais. Que resultados se aguardam?
Bom ano melhor que o horrendo 2016. Abraço,
Sérgio Vieira
1 comentário:
Bem dito
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