(INCLUI RESPOSTA AO MANUEL DE ARAÚJO)
Centelha por: Viariato Dias Caetano (viriatocaetanodias@gmail.com )
Ter uma terra a que não defendemos, é como plantar uma árvore para, em seguida, deixá-la secar. É desprezar as obras e os sacrifícios das gerações que nos antecederam. É perder o sentido de História. É um acto anti-patriótico. FZM
Por diversas vezes, panegiristas da Renamo e do Ocidente acusaram-me de ser agourento nas minhas reflexões sobre a Renamo.
Como tem sido hábito, fuzilam o meu carácter, para mostrar serviços a Lúcifer.
Mais uma vez, o tempo veio dar-me razão quando o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, decretou tréguas de uma semana num acto em que o visado considerou como “gesto de boa vontade.” Que paradoxo! Antes de se desdobrar em falsas solidariedades, talvez fosse melhor pedir perdão ao povo moçambicano pelas mortes causadas Renamo.
Escusado será dizer que as acções belicistas da Renamo tiveram como vítimas as populações civis e inocentes, polarizadas pela ganância e sofreguidão pelo poder. A trégua, embora salutar, não trará de volta compatriotas nossos mortos pela Renamo que deixa sequelas indeléveis no seio da sociedade moçambicana.
Quem decreta trégua, sendo líder de um partido com representação parlamentar, não devia merecer outro nome que não seja o de terrorista.
Os ataques da Renamo não tingem alvos militares, é a população civil e inocente que mais sofre. Portanto, matéria há para a justiça internacional actue em defesa do povo moçambicano, já que as nossas instituições de justiça dão às de vila-diogo das suas responsabilidades.
Já aqui disse e repito: o inimigo do povo é a Renamo que procura a todo o custo legitimar o seu poder com sangue e sofrimento dos moçambicanos.
Como a falsa santidade não dura, os factos demonstram a fragilidade das palavras de Dhlakama. Ainda que custe aceitar, a verdade é que trégua é temporária, pois nunca se sabe quando é que (a julgar pelo seu modus vivendis) a Renamo retomará às hostilidades e às matanças contra o povo moçambicano. Afora isso é impressionante notar a mente diabólica de alguns pseudo-analistas que nos seus comentários raramente fazem o apelo para o fim das matanças; não se preocupam com a vida humana, não tem nenhum interesse em estudar as consequências das escoltas militares e da parcial paralisação das actividades políticas, económicas, sociais e educativas nas zonas do conflito, não mostram distanciamento face aos pronunciamentos e acções macabras do líder da Renamo, pelo contrário, vivifica-o. O foco do debate é: atirar culpas à Frelimo, como se este partido fosse o autor das matanças contra os moçambicanos.
Há pouco menos de um mês percorri o país, o sentimento das pessoas é único: SE A RENAMO NÃO HOSTILIZASSE O PAÍS, O SOFRIMENTO DO POVO MOÇAMBICANO SERIA MENOR. Sim, a pobreza pode ser vencida com trabalho árduo, mas numa situação de hostilidades, qualquer esforço de sobrevivência é reduzido a zero.
RESPOSTA AO MANUEL DE ARAÚJO (em jeito de fecho)
O meu amigo Manuel de Araújo reagiu a minha crónica.
Dou-lhe os parabéns pela resposta tempestiva e também pela coragem. Hoje, escasseiam no país os políticos que apenas vão ao problema em causa sem recurso aos insultos da dimensão do rés-
-do-chão. Penso que é por possuir duas coisas que vivem estranha e pacificamente nele: a academia e a política.
Por outro lado, é difícil colocar “olhos de ver” em “juiz em causa própria” que se recusa assumir uma realidade evidente. Disse-me o amigo Nkulu que em política a comodidade está naquele que não governa, porque desempenha o papel de júri (eu sou um deles). Muitas das vezes, é preciso sair do palco para ver como vão desfilando os maus dançarinos. Não basta sair em defesa da sua administração, quando os problemas agudizam-se, sendo o mais periclitante a situação do lixo.
Geri-lo o tornaria herói. De novo, Nkulu, afirmou: É um bom princípio da diplomacia melhorar as relações com os nossos adversários e um deles chama-se lixo. Na Índia, os excrementos dão para produzir gás muito apreciado pelos cidadãos. É o princípio do uso racional dos dejectos. Concordo: Araújo deve ser julgado no fim do mandato, mas nada me obsta a chamar-lhe a atenção para evitar percorrer os caminhos da perdição que são sempre promissores no início e tenebrosos no fim
Construir e/ou reabilitar estrada é importante, sem dúvida, mas se elas (estradas) não forem de esperança (sem buracos iguais aos que os Masais/Massais usam para caçadas de elefantes) serão percorridas por gente mórbida nos próximos anos. Há que construir estradas, sim, mas estradas de esperança.
Os convites para visitar Quelimane devem ser feitos, não para comer e beber à tripa-forra como tem acostumado aos seus convidados, mas para pensar Quelimane! Para pensar, basta colocar um problema: que futuro para Quelimane? Os desafios que a cidade tem pela frente. A começar, por exemplo, tenho observado nas cidades europeias que visito programas de acolhimento aos munícipes da terceira idade, o que não acontece, ainda, em Quelimane, porquê? Isto não se faz só com dinheiro, mas com paixão e respeito pelos idosos.
Outro problema é a falta de estratégia para tornar o município de Quelimane rentável.
Estou a ver, por exemplo, a construção de unidades hoteleiras, e, por que não, possuir algumas machambas?
Quelimane é um paraíso maravilhoso, uma cidade plurarizada: com boa gastronomia, boa indumentária, boa gente; cidade de lucubradores e de sumidades mentais, essas potencialidades não podem ser escondidas, por isso um site oficial do Concelho Municipal, faz muita falta. Tem razão o edil, em 40 anos fez-se tão pouco por Quelimane, mas em 5 anos pode destruir-se o que os seus antecessores levaram 40 anos a construir.
Há quem diga que, por causa das suas viagens constantes, o senhor presidente sofre do vício da juventude: ostentações, vaidade, aparições, etc.
Além dos meus progenitores, aprendi das “bibliotecas ambulantes” (velhotes) que:
Os aplausos dos espectadores só valem se os dançarinos se empenharem. Caso contrário, senhor Presidente: continuará a receber minha crítica amiga (disso não tenha a mais pálida dúvida, pois sou, de facto, seu chamuale).
Zicomo e um abraço nhúngue ao Dino.
Wamphula Fax – 03.01.2017
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