quarta-feira, 19 de junho de 2013

Temos forças em prontidão combativa no país?

 

Focos de instabilidade armada desafiam autoridade do Estado.
A forma como as nossas forças de Defesa e Segurança, incluindo a Força de Intervenção Rápida, têm estado a ser postas em causa em ataques protagonizados por homens armados, levanta dúvidas sobre as suas reais capacidades  combativas. As evidências estão aí, em três ataques recentes, mas o ministro do Interior, Alberto Mondlane, desdramatiza-as.
De acordo com os manuais de Direito e de Ciência Política, em Estados modernos como o nosso, apenas o Estado detém o monopólio do uso legítimo da força ou da violência. Entretanto, este ano, o país tem estado a conhecer o recrudescimento de focos de instabilidade armada que colocam em risco os alicerces de um Estado de Direito como também desafiam a autoridade do Estado.
Na verdade, estes focos vêm juntar-se à instabilidade social muito evidenciada nas manifestações de 5 de Fevereiro de 2008 e de 1 e 2 de Setembro de 2010; nas manifestações às quartas-feiras dos madgerman; nas manifestações dos desmobilizados de guerra diante do Conselho de Ministros; nas manifestações dos reassentados da Vale em Cateme e, mais recentemente, na greve dos profissionais de saúde.
O ataque desta segunda-feira ao paiol de Savane, protagonizado por homens armados, convoca-nos a uma inevitável questão: estão as nossas forças de defesa e segurança em prontidão combativa para proteger a soberania do nosso Estado num país tão vasto como o nosso e que a cada dia descobre valiosíssimos recursos?
Roubo de armas e munições
Há que recordar que, na madrugada de 4 de Abril do ano em curso, homens da Renamo tomaram de assalto o posto policial da Força de Intervenção Rápida em Muxúnguè, na província de Sofala, mataram quatro polícias e feriram mais de uma dezena.  No dia 24 de Maio, em Gorongosa, também na província de Sofala, uma vez mais, a Força de Intervenção Rápida, FIR, envolve-se numa troca de tiros com os homens armados da Renamo, facto que resultou em nove polícias feridos. No local, os polícias da FIR terão deixado para trás um veículo militar blindado.
Na última segunda-feira, foi a vez de um paiol, também localizado na província de Sofala, ser atacado por homens armados. Consta que os mesmos ter-se-ão apoderado de muitas caixas de munições, além de terem morto sete militares das Forças Armadas de Defesa de Moçambique.
Uma fonte ouvida pelo “O País” confidenciou que aquele paiol estava, nos últimos tempos, a receber muito equipamento militar com especial destaque para munições de vários calibres. Esta informação pode significar que os homens armados que atacaram o paiol estavam na posse de dados privilegiados sobre a localização exacta das munições. 
Forças  preparadas?
A forma como as nossas forças têm estado a ser postas em causa por homens armados - e aqui inclui-se a Força de Intervenção Rápida, por sinal  a mais temida unidade policial do país - levanta dúvidas sobre as suas reais capacidades combativas. 
O PAÍS – 19.06.2013

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