terça-feira, 25 de junho de 2013

Snowden segue para Havana antes de iniciar asilo político no Equador

 

24/6/2013 13:33
Por Redação, com agências internacionais - de Hanói, Moscou, Havana e Quito


Snowden é homenageado como herói em Hong Kong, de onde partiu para o exílio em Quito, no Equador
Snowden é homenageado como herói em Hong Kong, de onde partiu para o exílio em Quito, no Equador
O Equador aprovou o pedido de asilo realizado pelo ex-espião da Agencia Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden, acusado de espionagem pelos EUA, disse nesta segunda-feira o ministro de Relações Exteriores equatoriano, Ricardo Patiño. O ministro afirmou, em Hanói, que os princípios de direitos humanos estarão acima de qualquer outro interesse no caso do ex-funcionário da inteligência dos EUA Edward Snowden, que pediu asilo ao país sul-americano. O chanceler disse a repórteres que o Equador considera o pedido e mantém contato “respeitoso” com a Rússia, onde se acredita que Snowden estaria.
Patiño disse que as alegações de Snowden sobre a vigilância dos Estados Unidos são um abuso de direitos contra o mundo inteiro. Só a Rússia é capaz de dizer onde está Snowden, segundo Patiño.
A Rússia, por sua vez, desafiou nesta segunda-feira a pressão de Washington para que Edward Snowden – responsável por revelar a existência do Prism, um programa de espionagem do governo dos EUA – seja entregue às autoridades norte-americanas antes que deixe Moscou, como parte do seu périplo global para escapar à perseguição dos EUA.
Snowden, que prestava serviços à NSA fugiu para Hong Kong antes de fazer as revelações, e no domingo foi autorizado a deixar esse território chinês, apesar do pedido dos EUA para que ele fosse preso pela acusação de espionagem.
O norte-americano, de 30 anos, viajou então a Moscou, de onde pretende rumar para outro país, segundo várias fontes. Rumores de que ele embarcaria para Cuba foram questionados quando testemunhas afirmaram não vê-lo no avião, apesar da segurança reforçada antes da decolagem. Uma fonte da companhia russa Aeroflot negou que Snowden tenha viajado para Havana, mas outros informes contradizem a notícia sob o argumento que se trata de uma cortina de fumaça, para que Snowden consiga chegar, em segurança, ao seu destino, na ilha do caribe.
O Equador, que já concedeu asilo a Julian Assange, criador do grupo antissigilo WikiLeaks, estaria disposto a receber Snowden. Mas, nesse cenário, ele precisaria passar por outro país, pois não há voo direto de Moscou para Quito.
Em meio às especulações sobre o próximo destino de Snowden, os EUA manifestam irritação com a recusa russa em entregá-lo, assim como já haviam citado “fortes objeções” a Hong Kong e à China por deixá-lo ir embora.
O governo russo, no entanto, negou ter ciência dos deslocamentos de Snowden. ““No geral, não temos informações sobre ele””, disse Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin. Ele não quis comentar o pedido de expulsão feito pelos EUA, mas outras autoridades russas disseram que Moscou não tem obrigação nenhuma de cooperar com Washington, depois que os EUA aprovaram uma lei que proíbe a concessão de vistos e congela bens de russos acusados de violações dos direitos humanos.
“– Por que os Estados Unidos esperariam moderação e compreensão por parte da Rússia” – disse Alexei Pushkov, presidente da Comissão de Assuntos Exteriores da Duma (Câmara dos Deputados) russa.
Putin geralmente não perde nenhuma chance de defender figuras públicas que desafiam governos ocidentais, retratando os EUA como uma “polícia mundial” que abusa dos seus poderes. Desta vez, no entanto, as autoridades russas não fizeram Snowden desfilar diante das câmeras, nem alardearam sua chegada.
Apesar das negativas do Kremlin, o senador norte-americano Charles Schumer disse que Putin provavelmente soube e aprovou a viagem de Snowden para a Rússia. “Putin sempre parece quase “ávido em enfiar o dedo no olho dos Estados Unidos””, disse o parlamentar democrata à CNN. Ele também viu “a mão de Pequim” na decisão de Hong Kong de permitir o embarque de Snowden.
Buscando se distanciar da polêmica, a chancelaria chinesa manifestou “grave preocupação” com denúncias de Snowden sobre a ação de hackers dos EUA contra a China. Desde que deixou Hong Kong, onde temia por sua prisão e extradição, Snowden vem procurando um país capaz de garantir sua segurança.
O chanceler do Equador, Ricardo Patiño, disse durante visita ao Vietnã que Quito vai analisar o pedido de asilo com “muita responsabilidade”.
China tira
o corpo fora
A China tem os EUA exatamente onde querem: sob a suspeita de controlar o maior esquema mundial de espionagem já visto em todos os tempos. Para assegurar essa posição, preparou um voo para Snowden deixar Hong Kong neste fim de semana para evitar uma batalha de extradição que poderia constranger Pequim e Washington, disseram várias fontes nesta segunda-feira.
Snowden voou para Moscou no domingo e pediu asilo no Equador.
– Cem por cento (de certeza) que houve comunicação entre Hong Kong e o governo central (chinês) a respeito de como lidar com Snowden – disse uma fonte em Pequim com conhecimento direto do caso à agência inglesa de notícias Reuters, pedindo anonimato para evitar repercussões por falar com um repórter estrangeiro.
A China não queria ofender os Estados Unidos e estava feliz com a saída de Snowden”, disse a fonte. A fonte no entanto disse que não sabia se houve contato direto entre qualquer autoridade de Pequim e o fugitivo americano.
Um advogado de Snowden disse que ele foi orientado a fugir de Hong Kong por um intermediário que afirmou representar o governo local, mas que provavelmente estava agindo em nome de Pequim.
O advogado Albert Ho, que também é um parlamentar de Hong Kong crítico à China, disse a jornalistas ter sido abordado por Snowden há vários dias, e que o americano havia buscado garantias do governo de Hong Kong sobre se ele poderia deixar a cidade, caso optasse por isso. Ho disse acreditar que o intermediário estava agindo sob as ordens de Pequim.

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