segunda-feira, 10 de junho de 2013

Pontos de vista

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SR. DIRECTOR!
O semanário “Canal de Moçambique”, de algum tempo a esta parte, ou seja, até sua edição número 201, de 22 do mês de Maio findo, exactamente no canto superior direito da última página, vinha inserindo fotografia do Presidente da República de Moçambique contendo em baixo os seguintes dizeres: “Guebuza é corrupto e mafioso”.
 
Maputo, Segunda-Feira, 10 de Junho de 2013:: Notícias
Logo entendi que este tipo tratamento público a um Chefe do Estado fosse acto por demais indecente e/ou injurioso. Todavia, esse meu entendimento inicial foi-se desmoronando à medida do silêncio abismal tanto da Procuradoria-Geral da República, bem assim do Conselho Superior da Comunicação Social sobre o caso.
Vem este brevíssimo intróito a propósito do programa “Pontos de Vista” do canal televisivo da STV, transmitido à noite de domingo passado, dia 2-6-2013, no início do qual um dos dois conceituados comentadores, neste caso Tomás Vieira Mário, insurgiu-se veementemente contra o texto do Editorial do referido semanário, mormente edição número 202, de 29-5-2013, considerando que o mesmo constituía falta de respeito ao Chefe do Estado, Armando Emílio Guebuza, em virtude de em algumas das suas passagens o ter atribuído adjectivos imerecidos tais como ditador e fascista.
Mas considerando que o mesmo semanário já emitiu editoriais de teores mais contundentes do que o do dia 29-5-2013, isto na minha modesta opinião, quer parecer-me que é deveras tardia a reacção ora manifestada pelo concidadão Tomás Vieira Mário.
Entretanto, tal reacção do compatriota Tomás Vieira Mário não deixa de ser válida, na medida em que se enquadra perfeitamente na letra e no espírito do artigo 44 da Constituição da República de Moçambique (CRM), recomendando que “todo o cidadão tem o dever de respeitar e considerar os seus semelhantes, sem discriminação de qualquer espécie e de manter com eles relações que permitam promover, salvaguardar e reforçar o respeito, a tolerância recíproca e a solidariedade.
No exacto contexto acima exposto, a minha opinião é no sentido de que a discussão de assuntos de interesse nacional pode ser feita de forma bastante franca e até vigorosa, mas sem perder de vista que, tratando-se de diálogo entre filhos da mesma Pátria, o respeito mútuo deve estar sempre salvaguardado. Ninguém precisa de qualificar indecentemente à parte contrária, ainda que tenha carradas e carradas de razões. Aliás, quem tem razão deve ser o primeiro a demonstrar profunda compreensão e humildade!
E aqui há que observar que aos HOMENS EM AUTORIDADE, isto é, aos detentores do poder do Estado exige-se maior respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos governados, pelo que nos seus pronunciamentos públicos sobre as grandes questões nacionais devem fazê-lo em termos concretos, claros e sobretudo corteses, de modo a dar exemplo de que na verdade, sendo Moçambique um ESTADO que prossegue uma política de paz, nele não cabem nenhuns problemas que, por mais graves que sejam, não possam ser dirimidos por negociação através de diálogo franco, aberto e comunicativo.
Não é por mero acaso que o artigo 45 da CRM, dentre os deveres para com a comunidade, exactamente na sua alínea d), estabelece que “Todo o cidadão tem o dever de zelar, nas suas relações com a comunidade, pela preservação dos valores culturais, pelo espírito de tolerância, de diálogo e, de uma maneira geral, contribuir para a promoção e educação cívicas” – sendo o sublinhado da responsabilidade do signatário.
Só que a minha satisfação neste preciso momento é verificar que da edição número 202 em diante, o semanário “Canal de Moçambique” baniu da sua última página a fotografia do Chefe do Estado e os dizeres a que me referi no cimo do presente artigo de opinião, não se sabendo com o impulso de quem é que o fez. Aleluia!!!
Resumindo, devo dizer que surpreendente e paradoxalmente, a conclusão que tirei dos debates ou comentários havidos no decurso do programa “Pontos de Vista” do dia 2-6-2013, designadamente sobre a actual situação política, económica e social do País, é de que os dois conceituados comentadores (Tomás Vieira Mário e Salomão Moyana) acabaram, quiçá inadvertidamente, concordando com o teor do Editorial do semanário “Canal de Moçambique” de 29-5-2013.
Feliz ou infelizmente!
PS
Na sua “MAPUTADAS” de 6-6-2013, o compatriota e amigo Francisco Rodolfo escreve que “Armando GUEBUZA está a ser obrigado a tomar decisões drásticas: pedir aos países vizinhos da SADC para mandar médicos e enfermeiros, porque não pode deixar que um grupo (médicos/grevistas) sacrifique o povo, não dando assistência mínima aos doentes.
Penso que esta não é a forma mais correcta de vaticinar a resolução de um problema real, como é o da greve dos médicos e outros profissionais da saúde.
E se houver solidariedade dos demais sectores da vida do País, teremos que mudar de POVO?Esta é apenas uma dúvida que aqui deixo exposta!
  • JOÃO BAPTISTA ANDRÉ CASTANDE

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