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Moz | Tensão -Opinião (De: Eusébio Gwembe)
UM TELEFONEMA MÁGICO
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----- >> Pode ser que não conheçamos as causas da guerra, mas
temos o direito de conhecer as razões da paz da qual somos construtores.
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De: Eusébio A. P. Gwembe (İzmir, Türkiye)
-repensand.blogspot.com -"Os Factos e a Verdade"
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Beira (Magazine CRV) -- Pode ser que não conheçamos as causas da
guerra, mas temos o direito de conhecer as razões da paz da qual somos
construtores. Quando no calor da Primeira Guerra Mundial, o Jornalista e
escritor Herbert George Wells escreveu “The War That Will End War” ("A
guerra que irá acabar com a guerra") estava convencido que a guerra era
um meio para alcançar a paz. Entretanto, depois da “guerra para acabar
com a guerra”, o que se conseguiu em Paris foi uma “paz para acabar com a
paz”, como desanimadamente constatara o Marechal de campo, Archibald
Wavell. Afinal, o que era podre não era a paz vivida entre as duas
guerras. O que tinha sido podre era o acordo do Tratado de Versalhes,
que definia os termos da paz, sem discutir as causas da guerra. A paz
tinha sido uma surpresa aos derrotados que ainda acreditavam na justeza
das causas da guerra. Incrédulos, assistiram ao fechar dos tratados da
paz, cujo conteúdo desconheciam.
Abriram-se na nossa frente as
portas de um novo ano. Será um bom ano o que vamos viver? Ninguém poderá
responder a esta pergunta que muitos milhões de homens e mulheres
ansiosamente fazem na hora conturbada em que desesperadamente se debatem
para conservar os bens materiais e espirituais que acumularam com
sacrifícios sem conta. Um telefonema mágico devolveu-nos a esperança em
67 dias melhores, o que mais de centena de reuniões não fora capaz. Mas,
se a história se repete, será que há motivos para tanta esperança? Não
será mais uma pausa para um recomeço? Gostaríamos de estar enganados! Os
sofrimentos que continuam a pesar sobre os que viveram as
arbitrariedades da guerra impõem-nos que, em especial, dirijamos o nosso
pensamento para eles, porque, apesar de tudo continuam resistindo com
inexcedível firmeza aos ataques de que é alvo a sua dignidade de
humanos. Aos defuntos, até breve, quando os algozes e vítimas estarão
frente a frente. Como falar de trégua sem recordar as vítimas inocentes
que pedem justiça? Apesar de tudo... Temos fé e aguardamos com esperança
que Deus proteja os moçambicanos que através do país trabalham
enaltecendo-O e servindo-O, e que bem merecem pelas suas virtudes e
obras viver tranquilos e felizes. Nós não gostaríamos de repetir com Jó
“por que motivo os bons sofrem”.
Num mês como este, é natural que
se lance um olhar retrospectivo sobre o passado e que se perscrute
interrogativamente o futuro. Quanto ao passado, que ano cheio de
acontecimentos foi para Moçambique 2016! Como esquecer o 13º, as sanções
camufladas em dívidas ocultas, os raptos de albinos e de empresários, a
crise política, os refugiados, os esquadrões de morte, as explosões de
combustível na Matola e em Kaphiridzanje? Páginas ingloriosas que
permanecerão inscritas em letras de oiro nos factos da nossa História e
nas nossas memórias. Infelizmente, porém, também na vida dos povos,
assim como na dos indivíduos, há alternativas frequentes de sombra e de
luz. Pelo que respeita ao futuro, que nos seja permitido formular o voto
de que Moçambicanos possam resolver as suas dificuldades no plano de
uma compreensão fraterna, valorizando o que lhes une. Que os novos
amigos com a mágica fórmula da paz não sejam sabotados nem se deixem
sabotar, quer por políticos quer por intelectuais internos e externos.
A paz é benéfica para todos, mesmo para aqueles que apelam a "guerra
para acabar com a guerra". Nas últimas sete décadas, a humanidade
testemunhou que é mais fácil construir uma paz efectiva a partir de uma
paz podre e que as guerras raramente trazem a paz. Pelo contrário, elas
destroem o que a paz construiu. O país tem uma suprema necessidade neste
momento: a de que todas as forças vivas que têm o culto dos valores
morais colaborem para os defender de trágicos perigos. Que devolvamos ao
Parlamento a soberania do Povo para que os problemas da nação sejam ai
discutidos. Queira a Providência, que vela sobe os destinos dos povos,
que, após tão dolorosas experiências do ano findo, possamos chegar a
feliz conciliação da ordem e da liberdade, na qual reside o segredo do
bem-estar dos povos, síntese que era o ideal político dos fundadores
desta pátria. Que os 67 dias não sejam uma pausa para o recomeço, mas o
começo de uma caminhada numa situação de paz armada, na impossibilidade
de melhor se conseguir, que permitirá (é necessário ter fé) viver e
preparar com o tempo o bom entendimento entre nós. Só então, os
moçambicanos poderão atingir a desejada paz. -- (Redacção, extraído
daqui: http://repensand.blogspot.com/…/01/um-telefonema-magico.html)
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