- O veterano fundador da FRELIMO fez esta revelação num debate
radiofónico a
propósito do papel do malogrado Presidente Samora
Machel na construção da Nação Moçambicana, avançando que a RENAMO foi uma
criação de Ken Flower e de outros rodesianos, mas que, com o desenrolar da
guerra, a RENAMO foi aconselhada pelos americanos a transformar-se em partido
político com a finalidade de concorrer nas primeiras eleições multipartidárias.
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Marcelino dos Santos reconhece que era impossível
vencer militarmente a RENAMO
Paulo Machava
(Maputo) O histórico da FRELIMO, Marcelino dos Santos, revelou que, com o
desenrolar do fim
do conflito armado de 16 anos, o seu partido
acabou chegando à conclusão de que era impossível vencer militarmente a RENAMO,
daí que se tenha iniciado um processo com vista à assinatura do Acordo Geral de
Paz e consequente realização das primeiras eleições multipartidárias.
Sem entrar em detalhes, o veterano fundador da
FRELIMO, Marcelino dos Santos, remeteu uma
explicação mais detalhada para o seu partido, mas
fez questão de sublinhar que a RENAMO também foi aconselhada pelos americanos a
transformar-se em partido político de modo a concorrer às eleições
presidenciais e legislativas, mas, devido à imaturidade e génese da própria
RENAMO, Marcelino dos Santos foi igual a si mesmo ao afirmar que “a RENAMO foi
criada por Ken Flower e por outros rodesianos como atestam os vídeos e outro
material disponível na posse das autoridades moçambicanas, incluindo a
Televisão Pública Moçambicana, TVM”.
Acrescentou que o que os rodesianos pretendiam
inicialmente era criar um grupo de recolha de informações em Moçambique
pós-independência e não necessariamente uma alternativa política ao Governo da
FRELIMO. Mas desenvolvimentos posteriores levaram à adopção de outros métodos
mais violentos, nomeadamente mortes, destruição de infra-estruturas e pilhagem
de bens da população, em suma, desestabilizar o País e criar descontentamento
popular.
Falando à estação pública, Rádio Moçambique, no
programa radiofónico “Linha Directa” a propósito do papel do Presidente Samora
Machel na construção da Nação Moçambicana, Marcelino
dos Santos foi, mais uma vez, categórico ao
qualificar a RENAMO de bandidos armados.
Sobre o papel de Samora Machel nos seus 14 anos
de governação, antes da sua trágica morte em Mbuzini a 19 de Outubro de 1986,
Marcelino dos Santos assumiu que, quando Samora Machel morre, este já tinha
dado luz verde para o início do Programa de Reabilitação Económica sem com isto
significar uma viragem do País para o capitalismo.
Num programa onde participaram, igualmente, o
economista António Souto, o sociólogo Manuel
Macie, o médico Eduardo Munhequete e a deputada
Elga Mondlane, o veterano da Luta de Libertação de Moçambique, insistiu que
Samora Machel era um dirigente programático capaz de ouvir para fazer as
devidas correcções caso fossem necessárias para imprimir uma governação mais
eficiente.
Aliás, o economista António Souto realçou a
capacidade interventiva do Presidente Samora Moisés Machel e a sua visão sobre
os problemas do povo e a forma de solucioná-los, incluindo as aldeias comunais
hoje questionadas, mas que, na altura, foram consideradas como forma de
organização do povo moçambicano.
Os outros convidados ao debate radiofónico da
Rádio Moçambique realçaram as capacidades de liderança do malogrado Presidente
Samora Moisés Machel, a construção da moçambicanidade e da justiça social.
DIÁRIO DE NOTÍCIAS (Maputo) – 10.10.2006