by Lazaro Mauricio Bamo on Thursday, 2 February 2012 at 11:15 ·
As pessoas afivelam uma máscara, e ao cabo de alguns anos acreditam piamente que é ela o seu verdadeiro rosto. E quando a gente lha arranca, ficam em carne viva, doridas e desesperadas, incapazes de compreender que o gesto violento foi a melhor prova de respeito que poderíamos dar.
(Miguel Torga)
Lá se foram os tempos é que só o tempo mesmo definia os heróis, a verdade, a bondade mas também os criminosos, mentirosos e falsos. Esta nova ordem moral que se instituiu no mundo é a repetição do dilúvio, onde só escapou aquilo que Noé conseguiu colocar na sua Arca. A diferença é que não é a natureza a fazer justiça mas sim os homens que o fazem, usando seus métodos e artimanhas para garantir a sua heroicidade.
Existem muitos mascarados ou duas caras, melhor descritos em palavras como hipócritas, sem humildade, mentirosos, desonestos, imbecis, etc. Estes mascarados acham que tem olhos para ver a verdade e o que existe além da imaginação do homem comum. São estes que procuram a todo custo criar modelos de pensamentos dentro da sociedade, que possam garantir que a máscara jamais será arrancada. Estes “visionários” cresceram com tudo ao seu dispor e, nunca se imaginaram a agir por conta própria; estes mascarados aprenderam a viver com base nos links e amizades, dai a garantia que tudo que fizessem teria uma mão divina para abençoar. Os mascarados daqui do nosso país por exemplo, agem como cão rafeiro e agem sempre na defensiva.
Lá no bairro de Hulene onde nasci e cresci, havia tantos cães desta natureza e, passar da casa onde eram criados era motivo suficiente para eles ladrarem, ameaçar para te afugentar. Nos meus primeiros anos de vida eu fugia, gritava de tanto medo e os rafeiros perseguiam-me mas nunca mordiam pois seus dentes não passavam de meros objectos de adorno e, aquele ladrar era somente para que eu não descobrisse as fragilidades deles. Mas o cães ladraram por muito tempo e acabei me habituando, passei a não fugir. Tempos depois eles começavam a baixar o rabinho pois apesar de continuar a ladrar eu e tantos outros meninos nos mantínhamos calados e não reagíamos a provocações. Descobrimos depois que eles ladravam para não desconfiarmos de que eles eram os cães que roubavam ovos, comiam pintos e até comida nas nossas cozinhas e casas construídas de material precário. Mas naquele tempo em que o tempo fazia justiça, muitos cães acabaram nas fossas da Escola Primária de Hulene, vulgo Nompenteia. NÓS MATAMOS AQUELES CÃES.
Tem sorte os mascarados, pois as fossas da Escola Primária de Hulene, foram reabilitadas; tem sorte porque temos leis que protegem o cidadão que estes mesmos mascarados dizem estar a defender; tem sorte os mascarados porque o tempo está a levar tempo para os julgar; tem tempo os mascarados porque a camuflagem consegue ainda cegar alguns acólitos sem causa; tem sorte os mascarados porque o diabo lhes deu o dom da mentira, dai que a recompensa é fazer nos crer que Diabo é Deus e Deus é diabo; mas um dia a justiça será feita.
Muitos dos mascarados não sabem o que é viver sem luz; sem água; não comeram tapioca; não fizeram necessidades na latrina para depois limpar o rabo com areia (Ndzundzar); não viveram nos internatos a comer xima e feijão; não liam o jornal do povo aquele que era feito nas paredes e todos bairros tinham e alguns até hoje tem, etc. Sempre tiveram pão, papel higiénico e mordomias; sempre foram ao cinema; sempre comeram do bom e do melhor e nunca tiveram que esperar pelo natal ou fim do ano para comer galinha e tomar refrigerante; estudaram fora e agora que voltaram criticam os levam seus filhos para estudar fora;
Os mascarados queimaram etapas, como resultado dos vícios que a bonança lhes criou, ganharam vícios e apetites que um salário normal nunca os pode satisfazer. Quando os tempos mudaram, os seus horizontes murcharam como as flores do jardim do tio Mulambo (tio Mulambo era um vizinho meu no bairro de Hulene, jardineiro de profissão e pai do meu amigo de infância que infelizmente perdeu a vida, Abraão); hoje as coisas mudaram e todos estão na corda bamba e querem estar do lado seguro, do lado do povo. Há uma campanha de discursos pró-povo, protagonizado por indivíduos sem mandato para o efeito mas usando do bónus da liberdade que existe no nosso país vão pontapeando a verdade.
Muitos destes mascarados fizeram nas calças (meu filho quando faz necessidades maior diz: mãe eu fiz nas calças) e agora querem se juntar ao povo para partilhar o mau cheiro; querem partilhar com o povo a sujidade; querem apoio do povo para lavar e mudar de calças. A única forma de ter esta solidariedade é simular que se está com o povo e a pergunta que se coloca é? Onde é que você estava antes? Porque saiu de lá? E se as coisas não tivessem mudado? E se voltarem aos tempos idos?
Estes mascarados são demagogos, estes mascarados só conhecem o povo agora que estão em águas turvas; estes mascarados só conhecem o povo porque tem medo da morte; estes mascarados só conhecem o povo porque tem medo da B.O; estes mascarados só conhecem o povo porque temem perder o pouco que lhes resta; estes mascarados confundem problemas pessoais com os problemas colectivos; confundem a liberdade de expressão e opinião com a falta de respeito e humildade; estes mascarados hoje falam em nome do povo pois sentiram e sentem a dor de pagar impostos, de cumprir com a lei, algo que durante muito tempo não fizeram.
Viver como povo é difícil e é preciso estar habituado para não enlouquecer e, os mascarados estão a beira da loucura. Uma vez que tem medo de suicídio estão a procura de alguém que os possa tirar a vida; querem ser atropelados (uma vez atravessei mal a estrada e o motorista disse: sai daí rapaz acabou arroz na sua casa ou o quê? Para um bom entendedor meia palavra basta); querem ser envenenados;
Lembro que num desses dias, depois de apanhar um bom copo, tio João achou que não era suficiente e roubou lanterna. Minha mãe teimosa foi atrás dele naquela mesma noite e resgatou a lanterna depois de tantos insultos. Eu sensibilizei a minha mãe para que não falasse nada caso tio João viesse lá em casa dia seguinte, ela me ouviu. Tio João veio a minha casa 3 dias consecutivos mas ninguém comentou nada sobre a lanterna e no quarto dia o tipo foi beber, até esquecer sobrenome e veio chorar na minha casa a pedir desculpas. Minha mãe percebeu que se ela tivesse continuado a discutir teria perdido a razão e tirava o peso de consciência do homem. Mas a tortura do silêncio fez com quem conseguíssemos arrancar, com muita dor a máscara do tio João.
Tenho fé que um dia isto vai acontecer com os mascarados que ululam aos quatro ventos a sua “heroicidade” como se a vida real deste país fosse o mundo mágico que norteou a sua infância até a fase adulta. Sei que no fundo, os mascarados sabem quem sempre esteve ao lado do povo; quem deu escola; água; luz ao povo. Hoje quando vou a Hulene, vejo diferença. ESTAMOS A CRESCER, e não foram os mascarados que fizeram isto, nem usou-se magia para isto. Se você comprou carro, deve arcar com as despesas de combustível porque isso não é dever do estado.
PS: Um abraço aos antigos combatentes que unidos através da Frente de Libertação Nacional – FRELIMO, libertaram a pátria. Obrigado por terem sido uma geração sacrificada, que não teve tempo para ir a discoteca, para ter um bom carro, foi discriminada pelo colono mas lutou e venceu. Obrigado por nós terem dado a liberdade de escolha e parabéns pelos 50 anos de luta.
(Miguel Torga)
Lá se foram os tempos é que só o tempo mesmo definia os heróis, a verdade, a bondade mas também os criminosos, mentirosos e falsos. Esta nova ordem moral que se instituiu no mundo é a repetição do dilúvio, onde só escapou aquilo que Noé conseguiu colocar na sua Arca. A diferença é que não é a natureza a fazer justiça mas sim os homens que o fazem, usando seus métodos e artimanhas para garantir a sua heroicidade.
Existem muitos mascarados ou duas caras, melhor descritos em palavras como hipócritas, sem humildade, mentirosos, desonestos, imbecis, etc. Estes mascarados acham que tem olhos para ver a verdade e o que existe além da imaginação do homem comum. São estes que procuram a todo custo criar modelos de pensamentos dentro da sociedade, que possam garantir que a máscara jamais será arrancada. Estes “visionários” cresceram com tudo ao seu dispor e, nunca se imaginaram a agir por conta própria; estes mascarados aprenderam a viver com base nos links e amizades, dai a garantia que tudo que fizessem teria uma mão divina para abençoar. Os mascarados daqui do nosso país por exemplo, agem como cão rafeiro e agem sempre na defensiva.
Lá no bairro de Hulene onde nasci e cresci, havia tantos cães desta natureza e, passar da casa onde eram criados era motivo suficiente para eles ladrarem, ameaçar para te afugentar. Nos meus primeiros anos de vida eu fugia, gritava de tanto medo e os rafeiros perseguiam-me mas nunca mordiam pois seus dentes não passavam de meros objectos de adorno e, aquele ladrar era somente para que eu não descobrisse as fragilidades deles. Mas o cães ladraram por muito tempo e acabei me habituando, passei a não fugir. Tempos depois eles começavam a baixar o rabinho pois apesar de continuar a ladrar eu e tantos outros meninos nos mantínhamos calados e não reagíamos a provocações. Descobrimos depois que eles ladravam para não desconfiarmos de que eles eram os cães que roubavam ovos, comiam pintos e até comida nas nossas cozinhas e casas construídas de material precário. Mas naquele tempo em que o tempo fazia justiça, muitos cães acabaram nas fossas da Escola Primária de Hulene, vulgo Nompenteia. NÓS MATAMOS AQUELES CÃES.
Tem sorte os mascarados, pois as fossas da Escola Primária de Hulene, foram reabilitadas; tem sorte porque temos leis que protegem o cidadão que estes mesmos mascarados dizem estar a defender; tem sorte os mascarados porque o tempo está a levar tempo para os julgar; tem tempo os mascarados porque a camuflagem consegue ainda cegar alguns acólitos sem causa; tem sorte os mascarados porque o diabo lhes deu o dom da mentira, dai que a recompensa é fazer nos crer que Diabo é Deus e Deus é diabo; mas um dia a justiça será feita.
Muitos dos mascarados não sabem o que é viver sem luz; sem água; não comeram tapioca; não fizeram necessidades na latrina para depois limpar o rabo com areia (Ndzundzar); não viveram nos internatos a comer xima e feijão; não liam o jornal do povo aquele que era feito nas paredes e todos bairros tinham e alguns até hoje tem, etc. Sempre tiveram pão, papel higiénico e mordomias; sempre foram ao cinema; sempre comeram do bom e do melhor e nunca tiveram que esperar pelo natal ou fim do ano para comer galinha e tomar refrigerante; estudaram fora e agora que voltaram criticam os levam seus filhos para estudar fora;
Os mascarados queimaram etapas, como resultado dos vícios que a bonança lhes criou, ganharam vícios e apetites que um salário normal nunca os pode satisfazer. Quando os tempos mudaram, os seus horizontes murcharam como as flores do jardim do tio Mulambo (tio Mulambo era um vizinho meu no bairro de Hulene, jardineiro de profissão e pai do meu amigo de infância que infelizmente perdeu a vida, Abraão); hoje as coisas mudaram e todos estão na corda bamba e querem estar do lado seguro, do lado do povo. Há uma campanha de discursos pró-povo, protagonizado por indivíduos sem mandato para o efeito mas usando do bónus da liberdade que existe no nosso país vão pontapeando a verdade.
Muitos destes mascarados fizeram nas calças (meu filho quando faz necessidades maior diz: mãe eu fiz nas calças) e agora querem se juntar ao povo para partilhar o mau cheiro; querem partilhar com o povo a sujidade; querem apoio do povo para lavar e mudar de calças. A única forma de ter esta solidariedade é simular que se está com o povo e a pergunta que se coloca é? Onde é que você estava antes? Porque saiu de lá? E se as coisas não tivessem mudado? E se voltarem aos tempos idos?
Estes mascarados são demagogos, estes mascarados só conhecem o povo agora que estão em águas turvas; estes mascarados só conhecem o povo porque tem medo da morte; estes mascarados só conhecem o povo porque tem medo da B.O; estes mascarados só conhecem o povo porque temem perder o pouco que lhes resta; estes mascarados confundem problemas pessoais com os problemas colectivos; confundem a liberdade de expressão e opinião com a falta de respeito e humildade; estes mascarados hoje falam em nome do povo pois sentiram e sentem a dor de pagar impostos, de cumprir com a lei, algo que durante muito tempo não fizeram.
Viver como povo é difícil e é preciso estar habituado para não enlouquecer e, os mascarados estão a beira da loucura. Uma vez que tem medo de suicídio estão a procura de alguém que os possa tirar a vida; querem ser atropelados (uma vez atravessei mal a estrada e o motorista disse: sai daí rapaz acabou arroz na sua casa ou o quê? Para um bom entendedor meia palavra basta); querem ser envenenados;
Lembro que num desses dias, depois de apanhar um bom copo, tio João achou que não era suficiente e roubou lanterna. Minha mãe teimosa foi atrás dele naquela mesma noite e resgatou a lanterna depois de tantos insultos. Eu sensibilizei a minha mãe para que não falasse nada caso tio João viesse lá em casa dia seguinte, ela me ouviu. Tio João veio a minha casa 3 dias consecutivos mas ninguém comentou nada sobre a lanterna e no quarto dia o tipo foi beber, até esquecer sobrenome e veio chorar na minha casa a pedir desculpas. Minha mãe percebeu que se ela tivesse continuado a discutir teria perdido a razão e tirava o peso de consciência do homem. Mas a tortura do silêncio fez com quem conseguíssemos arrancar, com muita dor a máscara do tio João.
Tenho fé que um dia isto vai acontecer com os mascarados que ululam aos quatro ventos a sua “heroicidade” como se a vida real deste país fosse o mundo mágico que norteou a sua infância até a fase adulta. Sei que no fundo, os mascarados sabem quem sempre esteve ao lado do povo; quem deu escola; água; luz ao povo. Hoje quando vou a Hulene, vejo diferença. ESTAMOS A CRESCER, e não foram os mascarados que fizeram isto, nem usou-se magia para isto. Se você comprou carro, deve arcar com as despesas de combustível porque isso não é dever do estado.
PS: Um abraço aos antigos combatentes que unidos através da Frente de Libertação Nacional – FRELIMO, libertaram a pátria. Obrigado por terem sido uma geração sacrificada, que não teve tempo para ir a discoteca, para ter um bom carro, foi discriminada pelo colono mas lutou e venceu. Obrigado por nós terem dado a liberdade de escolha e parabéns pelos 50 anos de luta.