A Argentina mostrou-se surpreendida, na sexta-feira, com um comunicado de Israel que expressa "grande desilusão" relativamente ao facto da Presidente, Cristina Kirchner, ter aceitado a realização de uma reunião ministerial com o chefe da diplomacia iraniano.
Após a reunião com o responsável israelita, o chefe da diplomacia da Argentina foi "surpreendido" com a difusão de um comunicado emitido pela embaixada de Israel em Buenos Aires que aludia à reunião do dia anterior entre os governos da Argentina e do Irão, informou o ministério dos Negócios Estrangeiros argentino.
Na mesma nota, o ministério argentino ressalva, no entanto, que "Lieberman e os restantes membros da delegação israelita alegaram não estar a par da divulgação do comunicado de imprensa".
"A experiência ensina-nos que o Irão não chega com as mãos limpas ao diálogo sobre a sua responsabilidade em atos terroristas globais como o da AMIA, nem o faz relativamente ao seu programa nuclear, tal como explicou na Assembleia-geral da ONU o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu", refere o governo israelita no comunicado.
No documento, citado pela agência noticiosa espanhola Efe, o Governo israelita sublinha que "o relatório sobre a investigação dirigida pela equipa especial da Procuradoria-geral da Argentina determinou, de forma clara, e sem margem para dúvidas, que a decisão de fazer explodir o edifício da AMIA foi tomada pela cúpula do governo iraniano".
"Esperamos que a delegação argentina tenha presente estas provas durante as suas reuniões com os iranianos", indicou a embaixada na nota que surpreendeu Buenos Aires.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Argentina e o seu homólogo do Irão acordaram na quinta-feira dar continuidade, em outubro, às negociações na sede das Nações Unidas em Genebra.
Os diplomatas concordaram que o novo processo de diálogo "não será interrompido" até que se alcance uma solução que resulte do "mútuo acordo" de ambos os governos "em todos os assuntos" relacionados com o caso AMIA.
A justiça argentina atribui a responsabilidade do atentado contra a AMIA ao Irão e à milícia xiita Hezbollah, e emitiu, em 2006, um mandado internacional de captura contra oito iranianos suspeitos, contudo, Teerão recusou extraditá-los.
Buenos Aires solicitou, por diversas vezes, ao Irão a sua colaboração no caso com vista a prender e a apresentar à Justiça os suspeitos do atentado contra a sede da AMIA.
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