Canal de Opinião
por Borges Nhamirre
Eleição de Valentina Guebuza:
Maputo (Canalmoz) – Milhares de jovens se esfolam em campanhas eleitorais, em campanhas de propaganda nos debates televisivos, radiofónicos, em artigos de jornais, no Facebook, no Twitter, nos blogues, todos a defender as cores partidárias da Frelimo. Mas quando chega a vez de se decidir quem entra nos órgãos directivos do partido que passam a vida a lutar por ele, então é que estes batalhadores são postos de lado e aparece uma “princesa milionária” (SIC REVISTA FORBES) – que nunca foi vista a fazer algum trabalho – a candidatar-se para a direcção do partido.
A princesa não é qualquer, é filha do presidente do partido. Aos jovens verdadeiros combatentes pelo partido não basta serem preteridos quando se chega a vez da direcção, ainda são obrigados a concordar, aplaudir e a saudar a eleição da filha do presidente.
Não me espanta que estes mesmos jovens não consigam entender que a minha opinião sai em sua defesa. Não porque gosto deles, mas porque sou defensor de que o mérito deve ser reconhecido a quem trabalha. Não me causaria estranheza se esses mesmos jovens, que dão a luta pelo partido Frelimo, mas na hora do reconhecimento são preteridos, viessem criticar a minha opinião. Eu lhes entendo, são inocentes!
São inocentes de tal forma que não conseguem perceber que Valentina Guebuza não tem nenhum mérito para ser membro do Comité Central, quando comparado com jovens – arrisco a dizer – que dão a vida pela Frelimo.
Nós, cidadãos moçambicanos, da Frelimo ou não, nunca vimos Valentina Guebuza em alguma acção partidária. Nunca foi vista a fazer campanha para a eleição do seu pai e dos deputados do partido, em nenhum momento. Quando a Frelimo foi trucidada pelo jovem Manuel de Araújo, em Quelimane, Valentina não esteve lá. Estou a falar dos momentos mais festivos e mais tristes da Frelimo. Valentina nunca foi vista lá, a dar litro pela Frelimo.
Agora que jovens da Frelimo, com páginas no Facebook, estão todos a usar o cartaz do X Congresso como a foto de perfil, na página de Valentina Guebuza – que ela própria se denomina figura pública, aparece a sua foto. Nada de apoio ao partido. Afinal onde milita esta senhora?
Não pensem que estou com inveja dela. Não, não posso invejar Valentina, posso, sim, ter inveja do motorista dela. Apenas estou a escrever aquilo que muitos amigos meus, conhecidos e os demais jovens, membros do partido Frelimo, gostariam de escrever neste momento, mas não o podem. Dirão eles que é pela disciplina partidária, e até alguns dirão que é porque reconhecem o mérito a Valentina. Nada disso. É inocência. Os membros da Frelimo, falo precisamente dos jovens, são muito inocentes.
São tão inocentes que se sentirão ofendidos com esta opinião, mas quando se deviam sentir felizes por haver ainda jovens livres de pensar e dizer o que pensam.
Eu também faço parte de uma organização. Não partidária, mas, sim, uma organização social. Uma associação de jornalismo que não interessa aqui dizer o nome. No dia em que um filho do coordenador da associação for eleita a membro da direcção, sem antes ter dado provas de actividade dentro do grupo, irei protestar. Irei protestar internamente e se o grupo não me quiser ouvir, irei protestar fora dele, na sociedade, afinal a organização é apenas um subgrupo na grande sociedade.
Como eu não sou dono e senhor da verdade, conhecedor absoluto dos factos, convido aos membros da Frelimo, que irão defender o mérito a Valentina para ser eleita membro para Comité Central da Frelimo, que me enumeram o que ela fez para merecer…
PS: Ao amigo Dr. Alberto Nkutumula, que foi leito membro do comité central com o maior numero de votos na sua categoria, vai o meu parabéns. Todos o viram a passar de ridículo aquando das manifestações de 1 e 2 de Setembro, ao defender o indefensável. Estava a militar… todos também o viram a fazer campanha numa TV privada, antes das eleições de 2009. (Borges Nhamirre)