Hoje é Dia das Forças Armadas
Maputo, Terça-Feira, 25 de Setembro de 2012:: Notícias
As Forças Armadas de Defesa de Moçambique constituem o legado das Forças Populares de Libertação de Moçambique (FPLM) criadas a 25 de Setembro de 1975 pelos guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que durante longos dez anos lutaram contra o exército colonial português.
Com a adopção, em 1990, da primeira Constituição multipartidária do país, as FPLM passam a designar-se Forças Armadas de Moçambique, denominação essa que viria a alterar-se com a formação, em 1994, do exército único, resultante da fusão das FAM com os antigos guerrilheiros da Renamo, constituindo-se, assim, as actuais FADM.
Com a adopção, em 1990, da primeira Constituição multipartidária do país, as FPLM passam a designar-se Forças Armadas de Moçambique, denominação essa que viria a alterar-se com a formação, em 1994, do exército único, resultante da fusão das FAM com os antigos guerrilheiros da Renamo, constituindo-se, assim, as actuais FADM.
21/11/2011
Subsídios para a Reconstituição da História do Chai (1964-1975)
Será que ainda existe a ARPAC?
Leia aqui e veja como Chipande mentiu e continua a mentir:
Download DinganoWaleiaca(Chai)
29/09/2011
Gruveta: alguns episódios
Dados oficiosos referem que o finado general na reserva foi quem, a 17 de Setembro de 1974, liderou o grupo da Frente de Libertação Nacional que entrou triunfalmente na província da Zambézia. Gruveta Massamba foi o primeiro governador da província da Zambézia, depois da proclamação da independência nacional.
O Canalmoz falou com Manuel de Araújo, pessoa que muitas vezes privou com Gruveta. O actual candidato do MDM, pela edilidade de Quelimane, disse ao Canalmoz que duas realizações marcaram a sua governação: “a construção de casas de alvenaria no Bairro Chichiwa ou “Coalane Primeiro” e a abertura de fontenários de água nos bairros suburbanos da cidade de Quelimane”.
Leia em http://www.canalmoz.co.mz/hoje/20411-gruveta-alguns-episodios.html
Poderá também gostar de:
27/09/2011
47 anos do início da luta armada: Chipande em Chai dissipa equívocos
Maputo, Quarta-Feira, 28 de Setembro de 2011:: Notícias
Não há e nem deve haver dúvidas quanto ao local do início da luta: posto administrativo de Chai. E não e nem deve haver dúvidas quanto ao autor do primeiro tiro que deu início à luta armada de libertação nacional: general, na reserva, Alberto Chipande. Isto aconteceu por volta das 19.00 horas do dia 25 de Setembro de 1964.
Eliseu Machava, governador provincial de Cabo Delgado, acompanhou Chipande na sua deslocação a Chai e censurou certos sectores políticos que se esforçam em deturpar os factos da história da luta armada de libertação nacional. Tais sectores, segundo o governante, procuram fazer crer que tudo o que acontece, desde o início da luta, seja produto do acaso. A verdade, porém, é que a história tem os seus actores.
Eliseu Machava, governador provincial de Cabo Delgado, acompanhou Chipande na sua deslocação a Chai e censurou certos sectores políticos que se esforçam em deturpar os factos da história da luta armada de libertação nacional. Tais sectores, segundo o governante, procuram fazer crer que tudo o que acontece, desde o início da luta, seja produto do acaso. A verdade, porém, é que a história tem os seus actores.
26/09/2011
As várias versões de uma história(2)
Solicito que, com o mesmo destaque, na edição impressa e online, seja corrigida a notícia sob o título acima, indicando igualmente a fonte.
Como já coloquei em comentário na edição online ( http://opais.sapo.mz/index.php/entrevistas/76-entrevistas/16796-as-varias-versoes-de-uma-historia.html#):
"As várias versões de uma história
Lamento ter de voltar e aconselhar o autor deste trabalho a consultar a página 44 e seguintes de DEZ ANOS DEPOIS de Guilherme de Melo, e que poderá encontrar em http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2010/10/ainda-o-25-de-setembro-de-1964-e-o-chai.html?no_prefetch=1 bem como o texto que aqui transcreveu e que não é de Guilherme de Melo.
Não deturpem mais a história de Moçambique. Um comentário: é feio não colocar as fontes.
Eu andei por lá vários anos.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
Veja
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2011/09/as-v%C3%A1rias-vers%C3%B5es-de-uma-hist%C3%B3ria.html
25/09/2011
As várias versões de uma história
O 25 de Setembro, dia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, carrega um valor simbólico, independentemente dos questionamentos à volta da veracidade do início da luta que trouxe a independência nacional, proclamada a 25 de Junho de 1975
Reza a história oficial que a luta armada de libertação nacional iniciou na noite de 25 de Setembro de 1964 e, no primeiro ataque, foram mortas, pelo menos, duas pessoas, nomeadamente, o chefe do posto administrativo colonial de Chai e o sentinela que guarnecia a residência do chefe do posto. Alberto Joaquim Chipande, o autor do primeiro tiro, tem vindo a reafirmar o que os manuais ensinam. Excertos do relatório escrito por Chipande sobre o primeiro combate resume-se no seguinte:
“O polícia veio e estacionou à porta da casa do chefe de posto, sentado numa cadeira. Era branco. Eu aproximei-me do polícia para o atacar. O meu tiro era o sinal para os outros camaradas atacarem. O ataque teve lugar às 21h00. Quando ouviu os tiros, o chefe de posto abriu a porta e saiu - foi morto por um tiro. Para além dele, seis outros portugueses foram mortos no primeiro ataque. A explicação dada pelas autoridades portuguesas foi ‘morte por acidente’. Retirámos. No dia seguinte fomos perseguidos por algumas tropas — mas nesse momento já estávamos longe e não nos encontraram (…)”.
24/09/2011
Passa amanhã mais um ano sobre o início da luta armada em Moçambique, em 25 de Setembro de 1964(Repetição)
Ou veja em: http://www.macua1.org/blog/chaijf1962.html
Recorde também em: http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/chai_250964/
06/10/2010
Ainda o 25 de Setembro de 1964 e o CHAI
Guilherme de Melo, jornalista, durante mais de duas décadas em Moçambique, publicou em 1985 “MOÇAMBIQUE – DEZ ANOS DEPOIS”, relato da viagem que ali fizera pouco tempo antes e de que só hoje obtive um exemplar.
Guilherme de Melo foi um dos jornalistas que esteve no Chai pouco tempo depois do ataque.
Estando mais que comprovado que a história contada e encomendada pela Frelimo não é a verdadeira, porque voltou Guilherme de Melo a escrever o que adiante ides ler e o que levou o cozinheiro do então administrador a inventar a “história” que conta e é ali reproduzida?
Sabemos que ele retornou a Moçambique, especialmente para assistir às comemorações dos 20 anos do ataque ao Chai, a convite de Mário Ferro e Alves Gomes do “Notícias” de Maputo. Terá sido por isso?
Aqui vai a transcrição:
06/10/2010 in Chai - 25.09.64, História, Letras e artes - Cultura e Ciência | Permalink|Comments (19)ShareThis
27/09/2010
Veteranos da luta querem Exército ao serviço do povo
Maputo, Terça-Feira, 28 de Setembro de 2010:: Notícias
Marcelino dos Santos que falava sábado na Praça dos Heróis Moçambicanos por ocasião das celebrações do 25 de Setembro, Dia das Forças Armadas de Moçambique (FADM), garantiu que a construção do socialismo no país é a estrela que guia a Frelimo, partido no poder.
26/09/2010
Tínhamos a missão de libertar o país - dizem fundadores e combatentes, por ocasião do 25 de Setembro
Maputo, Segunda-Feira, 27 de Setembro de 2010:: Notícias
25/09/2010
Relato de uma guerra sem primeiro tiro
Era um cântico frequente nos primeiros anos escolares. “A luta começou em 1964.” E repetia-se o primeiro tiro de Alberto Chipande em Chai, e a bravura dos velhos guerrilheiros. Para Eduardo Nihia, o primeiro tiro pode ter sido dado em qualquer uma das frentes: Cabo Delgado, Niassa ou Zambézia
A história é feita de vencedores.” A frase é tão antiga quanto a própria realidade dos tempos romanos que os historiadores se encarregaram de registar as epopeias dos Césaros. O contexto que envolveu as lutas africanas pela independência também suporta-se nessas “epopeias” inspiradoras de guerrilheiros que desafiaram toda a artilharia portuguesa, inclusive o “último suspiro”, que foi o Nó Górdio para acabar com a Frente de Libertação de Moçambique, Frelimo.
“Telegrama Confidencial” expedido pelo embaixador americano em Dar-es-Salam, William K. Leonhart, para o Secretário de Estado em Washington, D.C., a 19 de Outubro de 1964
Relacionado com o início da luta armada em Moçambique, reproduzo um “Telegrama Confidencial” expedido pelo embaixador americano em Dar-es-Salam, William K. Leonhart, para o Secretário de Estado em Washington, D.C., a 19 de Outubro de 1964.
O Embaixador Leonhart refere que “Mondlane regressou a Dar-es-Salam a 15 de Outubro”, tendo-se reunido com “um contacto da Embaixada” a quem forneceu detalhes sobre as acções militares da Frelimo desde o início da luta armada a 25 de Setembro de 1964.
O embaixador Leonhart esteve em missão de serviço na Tanzânia de Outubro de 1962 a Dezembro de 1965.
O documento que o «Moçambique para Todos» aqui reproduz consta do arquivo pessoal de João Cabrita, tendo sido obtido ao abrigo da Lei de Liberdade de Informação (FOIA).
24/09/2010
Passa amanhã mais um ano sobre o início da luta armada em Moçambique, em 25 de Setembro de 1964
Ou veja em: http://www.macua1.org/blog/chaijf1962.html
Recorde também em: http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/chai_250964/
15/09/2010
Mussa Bin Bique tenta apagar o fogo ateado pelo General Gruveta
A Universidade MUSSA BIN BIQUE, delegação de Quelimane, tenta mas em vão, apagar o fogo ateado pelo General Bonifácio Gruveta, no dia 07 de Setembro do ano em curso, quando este foi convidado a dar uma palestra subordinada ao tema “Percurso do movimento Independentista de Moçambique”.
Numa acção de claro escovismo, o director daquela universidade veio num canal de televisão independente, no dia 12 do mês e ano em curso, alegar que os factos relatados pelo nosso jornal no dia 8 de Setembro, não são verídicos.
Alawe Cheia, director daquela Universidade, sem vergonha, tentou mas com um extintor sem substância apagar o fogo. Vamos aos factos.
O que nos torna incrédulos é que o director da MUSSA BIN BIQUE, vem sem vergonha neste canal privado desmentir algo que ele próprio reconhece que foi dito, quando alega num comunicado sem timbre da instituição (o que logo a prior mostra má fé), sem assinatura, diz que o Diário da Zambézia destorceu factos da palestra que ele assume que o tema não é este que o DZ avançou. Será?
09/09/2010
General Gruveta confessa e duvida Chipande:(2)
"Os vários primeiros tiros"
Obrigadíssimo, Fernando. Mas esta troca de mensagens no Macua blog não traz coisas novas. Devem distinguir-se duas coisas:
Obrigadíssimo, Fernando. Mas esta troca de mensagens no Macua blog não traz coisas novas. Devem distinguir-se duas coisas:
1. O “primeiro primeiro tiro”, que não foi nem da Frelimo nem da Manu, mas da ELIPAMO, isto é o pequeno braço armado da FUNIPAMO, uma das versões sucessivas da Udenamo. Isto foi nos princípios de Julho de 1964, na Zambézia (para ter a data exata e o lugar exato, tenho que ir ver nos meus papeis!). O grupo era dirigido por um tal “comandante Zodiaco”, e deixou panfletos no lugar. Depois, o “segundo primeiro tiro”, no mês de Agosto de 1964, foi a desastrosa operação da Manu-Quenia, que queria a toda a força começar a luta armada antes da Frelimo para convencer a União Soviética (que, na altura, hesitava muito entre os grupos moçambicanos) de fornecer armas. O objectivo era matar um comerciante português odiado, só que erraram e mataram o padre Daniels, muito amado pelos Macondes.
2. O “primeiro tiro oficial”, isto é da Frelimo. Houve... três primeiros tiros.
09/09/2010 in Chai - 25.09.64, História, Letras e artes - Cultura e Ciência | Permalink|Comments (0)ShareThis
08/09/2010
General Gruveta confessa e duvida Chipande:
“A luta de libertação nacional não começou em Cabo Delgado”
“Eu não sei se foi Chipande o autor do 1º tiro”- idem
Foi nesta terça-feira, na sala de conferencias do Instituto de Formação de Professores de Quelimane, ex-IMAP, numa palestra subordinada ao tema “percurso do movimento independentista de Moçambique”, organizada pela Universidade MUSSA BIN BIQUE, que o General Bonifácio Massamba
Gruveta, aquele que foi o homem que abriu a frente da Zambézia, na luta de libertação nacional, fez a confissão e atacou.
Na sua explanação, Gruveta começou por explicar como foi possível iniciar com a guerra em 25 de Setembro de 1964, um pouco pelo país.
Segundo aquele general e deputado da Assembleia da República, pelo círculo eleitoral da Zambézia, a luta de libertação nacional, não pode ser vista o seu arranque com o som das armas, mas sim de acordo com a fonte, houve um trabalho muito sério na clandestinidade, que não se está a falar.
Subsequentemente, Gruveta explicou que há muitos factores que concorreram para que a guerra de armas tivesse retardado ao nível das três frentes que tinham sido abertas, nomeadamente, a frente de Cabo Delgado, a frente da Zambézia e a frente de Tete.
Mas onde começou a luta de libertação nacional a 25 de Setembro?
24/09/2009
Passa hoje mais um ano sobre o início da luta armada em Moçambique, em 25 de Setembro de 1964
Veja aqui http://www.macua.org/blog/guerrajfchai.html
Recorde também em: http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/chai_250964/
26/09/2008
Chipande reitera ter disparado o primeiro tiro
Chipande reitera ter disparado o primeiro tiro
- Reagindo algumas informações que dão conta que a luta de libertação nacional teria começado em varias frentes tornando se difícil saber quem teria disparado o primeiro
O General do exercito e antigo ministro da Defesa Nacional no primeiro governo de Moçambique independente, Alberto Chipande, reiterou ontem, ter sido ele que disparou o primeiro tiro que indicava o inicio da luta armada de libertação nacional contra o colonialismo português.
Chipande reagia assim às informações que têm circulado nos últimos anos que dão conta que a luta de libertação nacional teria começado em várias frentes, tornando-se difícil saber concretamente - quem teria disparado o primeiro tiro.
Na mesma ocasião, aquele antigo Ministro da Defesa Nacional considerou que as pessoas que propalam estas informações querem deturpar a historia nacional, e lançou igualmente um desafio à essas pessoas para apresentarem provas concretas que contrariam aquilo que sucedeu naquela noite de 25 de setembro de 1964.
Informações oficiais apontam que Alberto Chipande foi quem disparou o primeiro tiro a 25 de Setembro de 1964, no posto administrativo de Chai, distrito de Macomia, Província nortenha de Cabo Delgado, marcando o inicio da luta armada pela independência do País.
Falando ao mediaFAX por ocasião do 44º aniversario do inicio da luta de libertação nacional, que ontem se assinalou, Chipande explicou que, nesse dia, ele e os seus camaradas tomaram posições junto à residência do chefe de posto administrativo e de seguida, ele se aproximou do alvo tendo disparado uma rajada de tiros atingindo um dos guardas.(SN)
OBS.:
Este relato é um pouco diferente do que escreveu no relatório.
NOTA:
Repito do que já antes aqui foi publicado:
Será que a verdade do 25 de Setembro de 1964 será reconhecida em 2004?
Independentemente do valor simbólico da data – 25 de Setembro de 1964 – será que Alberto Chipande repetirá neste ano de 2004 o que escreveu no seu relatório:
O polícia veio e estacionou à porta da casa do chefe de posto, sentado numa cadeira. Era branco. Eu aproximei-me do polícia para o atacar. O meu tiro era o sinal para os outros camaradas atacarem. O ataque teve lugar às 21 horas. Quando ouviu os tiros, o chefe de posto abriu a porta e saiu — foi morto por um tiro. Para além dele seis outros portugueses foram mortos no primeiro ataque. A explicação dada pelas autoridades portuguesas foi «morte por acidente». Retirámos. No dia seguinte fomos perseguidos por algumas tropas — mas nesse momento já estávamos longe e não nos encontraram (').
(1) Mondlane, Eduardo, The struggle for Mozambique, p.15"
Ou será que repetirá o que em 2003 afirmou à BBC inglesa:
Alberto Chipande, hoje general na reserva, foi o autor do disparo que marcou o início da luta pela independência.
CHIPANDE: ... o primeiro grupo que entrou em Cabo Delgado, 1964, para iniciar a luta na província de Cabo Delgado.
Ao mesmo tempo, foi o meu grupo que tinha essa missão de ir atacar Porto Amélia, mas como as condições não foram favoráveis, calhou que no dia 25 de Setembro eu fizesse o combate em Chai. Eu fui o comandante. Precisamente pelas 20 horas do dia 25 de Setembro de 1964.
BBC: General, quantos elementos faziam parte do seu grupo?
CHIPANDE: Nesse dia, quando atacámos, nós éramos um grupo de 12 pessoas que atacámos o Posto de Chai.
BBC: Estão todos vivos?
CHIPANDE: Alguns estão vivos e alguns já faleceram durante o tempo da luta armada e outros após a independência.
BBC: Depois de terem atacado o Posto de Chai, como é que foi a retirada? O que é que aconteceu depois?
CHIPANDE: Quando eu disparei o primeiro tiro que atingiu ao sentinela que estava ali atrás, que guarnecia a casa do chefe do posto, os meus colegas, um dos meus colegas abriu fogo directamente para o chefe de posto que caiu logo em frente. E começámos então o ataque. Depois do ataque, que durou aproximadamente uns minutos, eu dei o sinal de recuo e todos recuámos. Não perdemos nenhum do nosso lado, nem ferido, e ao mesmo tempo não perdemos nenhum material.
Ou será que seguirá o que a comissão da ARPAC “descobriu”:
Ensina-nos a História da Frelimo que no desencadeamento da Luta Armada de Libertação Nacional, na noite do dia 25 de Setembro de 1964, foram mortas, pelo menos, duas pessoas, nomeadamente o Chefe do Posto Administrativo Colonial de Chai e o sentinela que guarnecia a residência do Chefe do Posto.
Alberto Joaquim Chipande, o autor do primeiro tiro dado no Chai naquela noite, tem vindo a afirmar e a reafirmar o que os livros da Frelimo ensinam sobre as consequências do primeiro tiro rumo à libertação.
Porém, hoje, quarenta anos depois, tudo indica que essa história do primeiro tiro não está lá muito bem contada, ou, pelo menos, não parece haver consenso sobre as consequências desse primeiro tiro, a julgar pela recente pesquisa levada a cabo pelo ARPAC (Arquivo de Património Cultural), instituição do Estado subordinada ao Ministério da Cultura.
De acordo com essa pesquisa, baseada em 35 entrevistas a pessoas “idosas e nativas de Chai” durante o ataque dos guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique “nenhuma pessoa foi morta”.
“Uma semana depois do ataque, houve sim, uma morte. Tratou-se do cunhado do Chefe do Posto que, quando regressava do rio Messalo à busca de água de viatura, caiu numa emboscada” , refere o documento do ARPAC citado pela última edição do jornal “Horizonte”publicado na cidade de Pemba.
Em relação a esta morte posso acrescentar e esclarecer:
O Chefe do Posto à data do ataque chamava-se Felgueiras e estava com a família lá. Na hora do ataque não estava no posto pois tinha ido ao Messalo com 2 polícias e varios cipais. Só ficou no posto um polícia branco e vários cipais. Também lá moravam funcionários do posto, o Pinheiro e o Brandão, mais a família Alves. O enfermeiro chamava-se Tivane. O Cozinheiro era o Amade.
O Felgueiras pediu ao Governador para sair e foi temporariamente substituí-lo o Dias de Macomia. Talvez uma semana depois foi o Fonseca lá colocado que levou a mulher. Vindo de Portugal estava com eles o cunhado deste que foi quem, não uma semana, mas cerca de 3 semanas depois, foi morto quando passava junto ao Rio Messalo vindo do Monte Oliveiras. Vinham 3 pessoas no Jeep e ele ia no meio. As outras duas nada apanharam e ele levou um tiro entre os olhos, vindo a falecer já depois de evacuado.
Assim não foi o cunhado do Chefe do Posto da altura que foi morto, mas o cunhado do que o veio substituir.
Fernando Gil
Um depoimento presencial:
25 de SETEMBRO 1964 / 2007 – 43 ANOS
Transcrevo:
"25/9/64-Completa-se às 21:00 de Moçambique o aniversário do primeiro ataque (oficial) da Frelimo e sua guerra de libertação.
Foi no Chai, norte de Macomia, a 10Kms do rio Messalo. Tinha 8 anos, estava lá, assim como os meus pais, não morri... nem ninguem morreu de ambos os lados, e lembro-me de quase tudo. Tudo se resumiu a 2 rajadas de metralhadora (uma de cada lado). Demorou 1 ou 2 minutos e depois foi a fuga dos atacantes...
A data, hoje em dia, é comemorada em Moçambique como Dia das Forças Armadas.
-Por Manuel A. T. Alves"
Como a MANU não existia para a FRELIMO, poderemos até considerar que foi Chipande quem deu o 1º tiro, mas para não me estar a repetir e porque nada há de novo, aconselho uma consulta em:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/chai_250964/index.html
24/09/2008
Frelimo exalta 25 de Setembro
Maputo, Quinta-Feira, 25 de Setembro de 2008:: Notícias
No documento, o partido Frelimo realça que foi no dia 25 de Setembro de 1964 que o Presidente Eduardo Mondlane proclamou a insurreição geral armada do povo moçambicano contra o colonialismo português e que foi justamente no mesmo dia que se desencadeou a luta armada de libertação nacional. A Frelimo destaca ainda que, fruto da luta armada de libertação nacional, hoje Moçambique é um Estado independente, soberano, democrático e de justiça social. “Ao comemorarmos os 44 anos do desencadeamento da luta de libertação nacional, a Frelimo apela os jovens a se inspirarem nos valores, ideais e princípios dos jovens de 25 de Setembro de 1964, participando na epopeia actual da luta contra a pobreza, de modo a que os moçambicanos alcancem o bem-estar, complementando a libertação política com a independência económica”, frisa. A Frelimo “exorta o povo moçambicano a participar activamente nas eleições autárquicas, exercendo o direito de votar, que constitui uma das mais importantes conquistas resultantes da vitoriosa luta de libertação nacional”.
Recorde em:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/chai_250964/
13/04/2008
Ataque ao posto do Chai - A verdade
NOTA: Como muitos dos protagonistas ainda estão vivos, não acredito em novas e verdadeiras versões de "aontecimentos...(que) foram deliberadamente compostos". Como os acontecimentos de Mueda, Chai e muitos outros... Fernando Gil MACUA DE MOÇAMBIQUE Veja esta série em: http://www.macua.org/guerrajf/aguerra.html
24/09/2007
25 de SETEMBRO 1964 / 2007 – 43 ANOS
"25/9/64-Completa-se às 21:00 de Moçambique o aniversário do primeiro ataque (oficial) da Frelimo e sua guerra de libertação.
Foi no Chai, norte de Macomia, a 10Kms do rio Messalo. Tinha 8 anos, estava lá, assim como os meus pais, não morri... nem ninguem morreu de ambos os lados, e lembro-me de quase tudo. Tudo se resumiu a 2 rajadas de metralhadora (uma de cada lado). Demorou 1 ou 2 minutos e depois foi a fuga dos atacantes...
A data, hoje em dia, é comemorada em Moçambique como Dia das Forças Armadas.
-Por Manuel A. T. Alves"
Para não me estar a repetir e porque nada há de novo, aconselho uma consulta em:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/chai_250964/index.html
15/05/2007
“Eu não matei meu pai”
“Alguns guerrilheiros têm culpa. Eles é que mataram o meu pai, por volta das 18/19 horas, do dia 9 de Dezembro de 1964. Na altura da sua morte, eu estava numa emboscada com Paulo Samuel Kankomba em Chipande, hoje Mueda e até tiveram medo de me informar porque eu era o comandante deles.”
Chipande deu o primeiro tiro, em Chai, no dia 25 de Setembro de 1964 que desencadeou a Luta Armada de Libertação Nacional. Três meses depois o seu pai foi morto.
A esse facto surgiu a alegação de que o Comandante Chipande teria abatido o seu progenitor. Mas não foi assim, o General explica ao media-FAX como foi, “quando voltei da Argélia foi o meu pai que me deu forças para continuar a lutar para termos a nossa própria independência. Só que houve um mal entendido por parte de um grupo de guerrilheiros da Frelimo que, nem sequer me consultaram. Eles viam nele (meu pai) um obstáculo, um alvo a abater por ser chefe da povoação. Esqueceram-se que ele, por diversas vezes, tentou sem sucesso abandonar o povoado para se juntar à Frelimo, e que os portugueses estavam de olho nele.
No dia da morte do meu pai eu estava numa emboscada onde era comandante juntamente com o falecido Paulo Samuel Kankomba e só tomei conhecimento dias depois, porque eles tinham medo de me informar já que eu era o chefe deles. Quando me informaram lamentei o sucedido e lhes deixei bem claro, e eles se arrependeram. É verdade que estávamos num estado de guerra e todos queriam libertar a terra do colonialismo. Cada dia que passava, vertia-se muito sangue e nós não podíamos olhar atrás, à frente era o caminho”.
Sou político
O General Chipande revelou ao media mediaFAX que possui acções em algumas empresas onde foi convidado pelos investidores dado o seu bom nome ,”eu não sou empresário, mas sim um político cujo clube é a Frelimo de onde seu Presidente é Guebuza”. O General nega se ter beneficiado do facto de ser político para ser empresário e explica:, “não concordo, sabe quando me torno político? Em 15 de Agosto de 1957, quando pela primeira vez, à convite do Padre Lazáro Kavandame que funda a Associação Algodoeira, ia lá, secretamente, discutirmos política.
“Meu pai teria morrido empresário e a família queria que eu tomasse conta dos destinos dos seus empreendimentos que se resumiam em duas lojas e dois camiões e eu não aceitei porque queria ver o meu país independente”.
Alberto Joaquim Chipande, de seu nome completo, nasceu a 10 de Outubro de 1939 no povoado de Chipande, onde seu pai era chefe.
Em 1947, foi baptizado e em 1950 foi levado para o internato, Missão de Santa Terezinha do Menino Jesus Imbuho, e em 1953 fez a 3ª classe elementar e rudimentar para em 1956 terminar a 4ª classe, depois, foi proibido continuar os estudos, porque aos negros o regime impunha limitações.
O primeiro emprego de General Chipande foi de professor, com um salário base de 50 escudos, que só davam para comprar uma calça e uma camisa.
O despertar político do General também se deveu às audições das Rádios Independentes de Tanganika, do Sudão e Gana, em Suahile .
O longo percurso do patriota e combatente pela independência, General Alberto Chipande não fica completo aqui é longo e profundo.
(M. S e Redacção) – MEDIA FAX – 15.05.2007
NOTA:
Quando será que Alberto Chipande contará a verdadeira história daquele dia 25 de Setembro de 1964 no Chai?
Nesse dia acreditarei, de olhos fechados, nesta sua versão.
Como na versão de que com 50 escudos, nos anos 50, "só davam para comprar umas calças e uma camisa".
Aliás, de tudo isto se salva o ficar-se a saber que o Pai de Alberto Chipande tinha duas lojas e dois camiões. Ao tempo até se poderia considerar de rico, mas "alinhado" com os portugueses.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
08/10/2006
25 de SETEMBRO 1964 / 2006 – 42 ANOS
25 de SETEMBRO 1964 / 2006 – 42 ANOS
Povo de Moçambique, em nome de todos vós a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), proclama hoje solenemente a Insurreição Geral Armada do Povo de Moçambique contra o colonialismo português, com vista à completa Independência de Moçambique. (Proclamação do Comité Central da FRELIMO a 25 de Setembro de 1964).
Leia o texto completo em:
Download autarca_beira_1161.pdf
25/09/2006
O primeiro combate
Maputo, Segunda-Feira, 25 de Setembro de 2006:: Notícias
É ele mesmo que relata o primeiro combate que a seguir transcrevemos: Durante as manobras clandestinas de Setembro, recebi uma chamada urgente de Mueda. Os comandantes operacionais das zonas de Montepuez, Mocímboa da Praia e Porto Amélia foram convocados. Eu estava presente e comigo outros chefes operacionais.
Leia em:
Download o_primeiro_combate.doc
NOTA:
Por estas cartas de leitores do NOTÌCIAS de Maputo se vê como a HISTÒRIA é contada à juventude moçambicana.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
Pemba é capital do Dia das FADM
Maputo, Segunda-Feira, 25 de Setembro de 2006:: Notícias
Em Pemba, Guebuza vai proceder, igualmente, ao lançamento do período comemorativo do XX aniversário da tragédia de Mbuzini, com o descerrar da placa de um monumento na Praça Samora Machel. Na capital do país, as cerimónias alusivas ao Dia das FADM terão lugar na Praça dos Heróis Moçambicanos e serão orientadas pelo Presidente da Assembleia da República, Eduardo Mulémbwè.
CHAI - 25 DE SETEMBRO DE 1964
Passa hoje mais um dia 25 de Setembro, data considerada pela FRELIMO como a do início da luta armada contra o colonialismo português - feriado nacional "Dia das Forças Armadas". Data esta contestada por outros movimentos.
Poderão encontrar informação sobre este dia e acontecimentos em:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/chai_250964/index.html
NOTA:
-Espero que este ano Alberto Chipande não volte a dizer que "matou" o Administrador de Posto...ou quem quer que seja.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
24/08/2006
Guerra em Moçambique - Nuno Rocha 1968
Sobre as áreas infestadas de terroristas
O homem que viu eclodir o terrorismo no Norte de Moçambique falou hoje comigo demoradamente. Foi o tenente Vicente quem mo apresentou:
— Aqui tem o sr. China. Ele sabe tudo sobre o início do terrorismo em Moçambique.
O sr. China é um homem de cinquenta e sete anos. É paquistanês e veio estabelecer-se em Mueda há doze. É agora o proprietário de uma loja onde se vende de tudo e que se situa à saída do campo militar. É amigo dos soldados que vêem nele uma espécie de contacto com o mundo exterior.
— Pelo menos ele não é tropa — disse-me o tenente Vicente. — Ao fim do dia estamos fartos de falar dos problemas da guerra e o China constitui um escape.
Contam algumas histórias do China, que tem duas filhas, uma delas ainda solteira. Diz-se que o China oferecerá um «Mercedes» e ainda 600 contos a quem desposar a jovem. Mas também se diz que a sua proposta não será jamais aceite, pois a filha do China nada deve à beleza e muito menos à inteligência...
Há também quem diga que o China é simultaneamente aliado aos «turras» — designação por que são conhecidos os terroristas — e dos soldados portugueses. Por causa dessas afirmações, o China já foi duas vezes chamado. Mas de ambas conseguiu provar que nada tem a ver com os «turras».
— Eu quero que me deixem viver em paz — disse ele. — Tenho aqui os meus negócios e é aqui que penso terminar os meus dias.
Entre um copo de «whisky» e uns petiscos que só o China sabe preparar, foi-me descrevendo o início do terrorismo:
— Pode dizer-se que tudo começou em 20 de Agosto de 1964 quando mataram o padre Daniel, um sacerdote holandês da Missão de Nangulolo, que tinha chegado há dois meses. Parece que os «turras» o mataram por engano, julgando tratar-se do administrador de Mueda, mas eu não creio. Eles estavam dispostos a matar tudo que fosse branco. O assassínio deu-se a três quilómetros de Nangulolo, quando o padre Daniel regressava da caça. Mas antes, em 8 de Agosto, já um branco tinha aparecido morto. Era o Lopes, que foi atingido a tiro na rampa de Nacatare. No entanto, só quando mataram o padre Daniel é que os «turras» disseram que a guerra tinha começado. A pouco e pouco as populações das aldeias desapareciam para irem juntar-se no mato aos chefes do terrorismo.
E o China continuou:
— No dia seguinte ao da morte do padre eu fui à Missão e notei lá uma grande preocupação. Um dos padres chamou-me e disse-me em voz baixa: «China: está armado?»
Eu respondi:
«—Sim. Há qualquer coisa?»
«— Perigo» — disse-me o padre, afastando-se para que alguns negros que estavam ali não ouvissem o que ele dissera.
Pouco depois o mesmo padre chamou-me outra vez e disse-me:
«— Pegue nesta carta e vá entregá-la ao administrador. Há grande perigo. Eu já pedi que viesse um batalhão.»
O China disse-me depois que ficou seriamente preocupado:
— De há muito que andavam rumores no ar mas nós não acreditávamos. O administrador era o mais incrédulo e dizia sempre: «Deixem-se disso. São boatos. Não há nada. Está tudo tranquilo.»
E o China prosseguiu, depois de uma pausa:
— Em 29 de Setembro de 1964 Mueda foi atacada durante a noite. Vivemos momentos de terror. Mas a tropa já cá estava. Depois, nunca mais tivemos sossego. A guerra nunca mais acabou.
O China não se sente tranquilo. Ele vive na zona quente, está no coração da guerra que atinge o Norte moçambicano.
.......................
In GUERRA EM MOÇAMBIQUE, do jornalista Nuno Rocha, editado em 1968
NOTA:
- Conheci pessoalmente esta família. A filha aqui referida ainda está viva( Aifa de seu nome) e neste momento está em Portugal. Entretanto casou com um ex-militar, de apelido Santos, ficando vários anos em Mueda e agora tem residência em Pemba.
- Também chamo a atenção de que o "China", na sua descrição do início da Luta Armada, não falar do Ataque ao Chai (25.09.1964). É que, 4 anos depois, tal só seria importante para a FRELIMO, pois, além do "barulho", nada mais ali aconteceu até àquele momento.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
FOTO: Vale de Mueda
24/08/2006 in Chai - 25.09.64, História, Letras e artes - Cultura e Ciência | Permalink|Comments (0)ShareThis
17/08/2006
Um "delírio" de Alberto Chipande
Veja e ouça em: Download chai_Chipande.swf
Excerto retirado do CD-ROM comemorativo dos 25 anos de Independência 25 de Junho -Moçambique Vitória de um povo
Narrador - Leite de Vasconcelos Edição Creatix-Promédia
Visite: http://www.macua.org/chai25092003.htm
NOTA: Tenha o som ligado. Demora um pouco. Aguarde s.f.f.
24/09/2005
CHAI - 25 DE SETEMBRO DE 1964
Já é altura de se escrever a verdadeira história, não se continuando a propagar fantasias sobre o que, naquele dia, se passou no Chai, em Cabo Delgado.
Será que Alberto Chipande continua a manter o relatório apresentado na altura? Ou será que finalmente dirá a verdade?
Para recordar vejam:
MANU disparou primeiro tiro e não a FRELIMO (em Agosto de 1964)
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2005/03/manu_disparou_p.html
25 DE SETEMBRO DE 1964
CHAI – CABO DELGADO - MOÇAMBIQUE
10/03/2005
MANU disparou primeiro tiro e não a FRELIMO (em Agosto de 1964)
Moçambique - o ínicio da guerra
…E não foi no Chai, mas em Nangololo
Ao contrário do que reza a história oficial da Frelimo,o primeiro tiro da guerra da independência de Moçambique não foi disparado,nem em 25 de Setembro de 1964, nem no Posto Administrativo de Chai, nem pela então frente de libertação.
Da leitura de relatos credíveis, feitos por investigadores independentes, conclui-se que a primeira acção militar contra o regime colonial português no nosso país Moçambique foi da iniciativa da MANU (União Nacional Africana de Moçambique) e deu-se em Agosto daquele ano contra a Missão Católica de Nangololo. Por outro lado, a 24 de Setembro de 1964 foi reportado um ataque a Cóbué, na província do Niassa, bem como outras operações ao longo da margem norte do lago com o mesmo nome que incluiram o disparo de vários tiros contra uma lancha da Marinha de Guerra portuguesa, no dia seguinte. A MANU, que juntamente com a Udenamo já havia rompido com a Frelimo em 1962, era uma organização composta essencialmente por macondes, com raízes em Cabo Delgado, etnia que possuía, no início dos anos sessenta, cerca de 250 mil membros a viver, ou nascidos e criados na Tanzania, Zanzibar e Quénia.Ao contrário do que reza a história oficial da Frelimo,o primeiro tiro da guerra da independência de Moçambique não foi disparado,nem em 25 de Setembro de 1964, nem no Posto Administrativo de Chai, nem pela então frente de libertação.
07/12/2004
Ainda o 25 de Setembro de 1964 e o CHAI
Guilherme de Melo, jornalista, durante mais de duas décadas em Moçambique, publicou em 1985 “MOÇAMBIQUE – DEZ ANOS DEPOIS”, relato da viagem que ali fizera pouco tempo antes e de que só hoje obtive um exemplar.
Guilherme de Melo foi um dos jornalistas que esteve no Chai pouco tempo depois do ataque.
Estando mais que comprovado que a história contada e encomendada pela Frelimo não é a verdadeira, porque voltou Guilherme de Melo a escrever o que adiante ides ler e o que levou o cozinheiro do então administrador a inventar a “história” que conta e é ali reproduzida?
Sabemos que ele retornou a Moçambique, especialmente para assistir às comemorações dos 20 anos do ataque ao Chai, a convite de Mário Ferro e Alves Gomes do “Notícias” de Maputo. Terá sido por isso?
Aqui vai a transcrição:
EVOCAÇÃO DO CHAI
No troço da estrada que vai de Macomia a Mueda, em pleno coração do interior moçambicano — o planalto dos Macondes — há, ainda hoje, duas pontes em betão com os tabuleiros destruídos. Uma situa-se no troço entre Macomia e Chai; a outra para lá do Chai, sobre o rio Mapwede.
Foram ambas destruídas pelos guerrilheiros, durante a luta armada para a independência, com o propósito de cortar o avanço das tropas motorizadas portuguesas.
Cumpre referir que, no decorrer da guerra, a Frelimo evitou sempre a destruição de infra-estruturas de grande envergadura — como pontes, barragens, centrais — exactamente na mira do dia em que, mais tarde ou mais cedo, tudo lhe viesse parar às mãos.
Dez anos decorridos sobre a independência, as duas pontes continuam tal como ficaram depois de dinamitadas: o Governo moçambicano deixou-as propositadamente assim, à laia de um curioso museu de guerra um pouco disperso por todo o país. Ao lado dos dois tabuleiros semi-destruídos, existem agora duas outras pontes, por onde o trânsito se processa.
Vinte anos depois do primeiro ataque a uma autoridade colonial — concretamente, o posto administrativo do Chai— é possível reconstituir-se todo o background da razão de ser dessa guerra de dez anos que, ainda hoje, muitos dos brancos que viviam na antiga colónia, e dela saíram após o 25 de Abril, se recusam a querer entender. Estou no Maputo quando se comemora aquela data e peso, palavra por palavra, os depoimentos dos que então viveram directamente os acontecimentos que muitos desses mesmos brancos —e eu próprio— de todo ignoravam, envoltos no remanso doirado que era o dia-a-dia na ex-Lourenço Marques.
O primeiro tiro
O lugar escolhido pela Frelimo para o ataque que marcou o desencadear da luta armada de libertação da ex-colónia foi, como se disse, o posto administrativo do Chai.
Tratava-se de uma pequena localidade do interior de Cabo Delgado, com pouco mais de meia dúzia de edifícios. Nomeadamente, uma secretaria, a casa do chefe do Posto, a casa do gerente da Companhia Algodoeira do Sagal, dois estabelecimentos comerciais, um pequeno hospital, a cadeia, as casernas dos soldados e as residências dos polícias brancos e dos cipaios negros.
No dia do ataque havia uma festa em casa do administrador do Posto, porque um dos seus três filhos fazia anos — recorda, vinte anos depois, Ahmad Sique Burahimo, ao tempo a servir, como cozinheiro, no Posto administrativo. E acrescenta: O administrador era muito mau para a população. Além de roubar cabritos, galinhas e outros bens que mandava que os cipaios recolhessem nas aldeias e trouxessem para o Posto, espancava brutalmente a população e tinha grande prazer em dar ele próprio palmatoadas.
A dado momento da festa, segundo o relato do então cozinheiro, chegou ao Posto o régulo da povoação de Malane — actualmente Litandakua — comunicando ao administrador que tinha avistado nesse dia pegadas estranhas» numa picada da sua zona.
Imediatamente o administrador se meteu no jipe acompanhado pelo régulo, dois polícias e um cão-polícia, seguindo, mato adentro, para o local. Era já noite avançada quando regressaram e, em casa, a festa do aniversário terminava.
Acompanhado pêlos dois polícias e pelo cão, o administrador dirigiu-se directamente para a Secretaria da Administração — continua a contar. Mas, ainda com o motor do carro a trabalhar, ouviu-se de repente uma descarga de tiros. Ele saiu do carro a correr, em direcção à residência, onde tinham ficado a mulher e os filhos. Já à entrada da casa, o administrador foi atingido com dois tiros no peito e caiu, ensopado em sangue.
Ahmad Burahimo ainda se recorda de ter visto, quando o tiroteio cessou, dois polícias, a mulher do administrador e o gerente da Sagal a carregarem o ferido para o interior da residência. Esvaindo-se em sangue, ele permaneceu no Posto, agonizante, o resto da noite e só na manhã seguinte foi transportado para a então Porto Amélia — hoje cidade de Pemba— onde veio a falecer.
Entretanto, quando eu estava a sair da cozinha pelas escadas traseiras, para me esconder no quintal, mal comecei a ouvir o tiroteio, um tiro apanhou-me na perna, perto do joelho, e caí, rebolando pelas escadas abaixo. Já no chão, rastejei uns vinte metros e escondi-me atrás da mangueira do quintal. Foi daí que avistei um polícia a ser atingido por um tiro a meio da testa e cair morto. Um outro polícia, escondido entre o muro do quintal e uma casa, também recebeu um tiro e morreu logo, quando estava a erguer a cabeça para apontar a sua arma.
Quando o breve combate terminou, os guerrilheiros abandonaram o terreno, deixando dois polícias mortos, o cão-polícia também abatido, o administrador do Posto moribundo e vários feridos, entre os cipaios e o pessoal auxiliar da Administração.
Comandava o pequeno grupo que acabava de iniciar a luta armada que dez anos depois levaria à independência, um homem de trinta e poucos anos chamado Alberto Joaquim Chipande. Ë, hoje, o ministro da Defesa Nacional da República Popular de Moçambique e dirigente da província de Cabo Delgado. General do Exército.
A repressão
Depois disto, vieram para o Posto de Chai um novo administrador e um seu adjunto — continua Ahmad Bura-himo a contar. E diz, concretamente, os nomes de um e de outro. E só por uma questão de pudor e de vergonha, como português e branco, me escuso, aqui, a referi-los.
Dos dois, o adjunto era o pior. Era extremamente cruel. Logo após a sua chegada começou a matar gente. Com o pretexto de que estava a «limpar terroristas», como dizia, enforcava pessoas e deixava-as penduradas nas mangueiras. As vezes cortava as cabeças e deixava-as espetadas em estacas, para todos verem. Num só dia, em plena Secretaria da Administração, matou com as suas mãos cinco pessoas. Ele fazia coisas horríveis. Um dia vi-o espetar um prego na cabeça de um homem. Martelava e enterrava o prego todo na cabeça, depois mandava a pessoa ir para casa. Ë claro que essa pessoa nem dava cinco passos. Caía e morria logo.
Ahmad Burahimo continuou a trabalhar ainda durante alguns anos no Posto. A verdade, porém, é que o ataque conduzido pela Frelimo lhe tinha já suscitado diversas dúvidas sobre a legitimidade do poder colonial — dúvidas essas que rapidamente se adensaram face às barbaridades cometidas pelo adjunto do novo Administrador que, de resto, o não poupava nas suas fúrias. Um dia começou a ameaçar-me que também a minha vez chegaria. «Corto-te o pescoço, olá se corto! E que lindos petiscos tu vais fazer com a tua própria cabeça!»
Com o pretexto de que pretendia visitar uns familiares distantes, pediu licença para se ausentar por algum tempo e acabou por se desligar dos quadros do pessoal da Administração, ingressando pouco depois nas fileiras da Frelimo. Passou então a ser um importante «contacto» da Organização naquela zona de Cabo Delgado, tornando-se responsável pela distribuição de cartões de membro a novos aderentes e desenvolvendo missões de recrutamento de jovens para a luta armada. Com o objectivo de camuflar tudo isto aos olhos, sempre desconfiados, não só das autoridades do Posto como dos agentes da PIDE, Ahmad Burahimo adquiriu um pequeno barco com o qual passou a pescar no lago do Chai.
A vila-museu
Vinte anos volvidos sobre tudo isto, o Governo moçambicano transformou o Chai no museu histórico da Revolução moçambicana.
Independentemente do monumento que vai ser erguido, defronte de um gigantesco mural alusivo ao arranque da luta armada, toda a povoação propriamente dita foi conservada intacta, tal como era na altura do ataque de 25 de Setembro de 1964. Inclusive o mobiliário e demais recheio das casas da Administração mantêm-se, sem qualquer alteração.
Uma das casas foi, entretanto, transformada em museu das primeiras armas — entre as quais a que Chipande utilizou naquele dia e por ele próprio ali entregue, aquando do 20.° aniversário do acontecimento que marcaria o início do fim de uma era.
Vinte anos depois, o tempo foi descendo o seu véu de esquecimento. No país novo, há dez anos independente, apagam-se os ressentimentos, diluem-se as recordações dolorosas de uma repressão temperada em sangue, de uma guerra pontuada de horrores. Não há mais, no planalto Maconde, o estremecer das explosões. E os xericos voltaram a trilar por todo o vale do Miteda, onde a Nó Górdio chamejou. Moçambicanos e portugueses podem, enfim, olhar-se como irmãos.
Penso naquele grupo que, não há muitos anos ainda» se propunha levar a tribunal os responsáveis pela descolonização. E se um dia os moçambicanos reclamassem um outro Nuremberga, para julgar os crimes do colonialismo e levassem até ele, a depor, os muitos Burahirnos que ainda existem por todo o país?
Caro Guilherme de Melo:
- Se todos os Burahimos mentirem como este, que conheci pessoalmente e assim não contava a história, não sei o que restaria para o "seu" tribunal em Nuremberga?
……………………………………………………………………………………………………………………
Aproveito para copiar o que, em 23 de Setembro passado, escrevi no Moçambique na Web Jornal:
O Chefe do Posto à data do ataque chamava-se Felgueiras e estava com a família lá. Na hora do ataque não estava no posto pois tinha ido ao Messalo com 2 polícias e vários cipais. Só ficou no posto um polícia branco e vários cipais. Também lá moravam funcionários do posto, o Pinheiro e o Brandão, mais a família Alves. O enfermeiro chamava-se Tivane. O Cozinheiro era o Amade.
O Felgueiras pediu ao Governador para sair e foi temporariamente substituí-lo o Dias de Macomia. Talvez uma semana depois foi o Fonseca lá colocado que levou a mulher. Vindo de Portugal estava com eles o cunhado deste que foi quem, não uma semana, mas cerca de 3 semanas depois, foi morto quando passava junto ao Rio Messalo vindo do Monte Oliveiras. Vinham 3 pessoas no Jeep e ele ia no meio. As outras duas nada apanharam e ele levou um tiro entre os olhos, vindo a falecer já depois de evacuado.
Assim não foi o cunhado do Chefe do Posto da altura que foi morto, mas o cunhado do que o veio substituir.
Fernando Gil
26/09/2004
Alberto Chipande conta como foi o ataque ao Chai
http://www.macua.org/temp/chaichipande.html
24/09/2004
ESPECIAL – 25 de Setembro 1964
por João CRAVEIRINHA
joaocraveirinha@yahoo.com.br
A Propósito de Chai ou Onda de Ressentimento Colonial?
Much Ado About Nothing – Tanto Tumulto por Nada (peça de William Shakespeare, Poeta e dramaturgo inglês – 1564/1616)
Ultimamente em Moçambique e em certos meios portugueses em Portugal (obviamente) e no mundo, tem surgido o questionar da veracidade do início da luta armada de Libertação Nacional em 25
Setembro 1964 como que a retirar toda a legitimidade Histórica da efeméride. A questão nos moldes em que tem sido abordada torna-se perigosa em termos de identidade nacional sobretudo para as
gerações das crianças moçambicanas futuros adultos da Nação.
Todos sabem que os americanos apoiaram o colonialismo português dentro da perspectiva do combate ao dito “terrorismo” africano. Por tal se torna insuspeita qualquer análise militar americana quando esta confirma o ataque a CHAI. As Forças Armadas americanas através da sua espionagem militar estavam informadas pelo próprio exército português do que se passava no terreno…” Atentamente a D.I.A – Defense Intelligence Agency – a contra inteligência militar norte – americana (e o G.R.U – contra inteligência militar soviética dos russos) …acompanhavam os movimentos de libertação africanos devido à movimentação de armamento de guerra para Tanzânia e Zâmbia. São as ligações perigosas dos tempos da guerra-fria (quente)!”…in DOSSIER (5) TOUPEIRAS NA FRELIMO; A PIDE, A CIA, O MI 6, O KGB – crónica publicada em 2003/2004, de autoria de João Craveirinha.
No texto de hoje temos uma fonte insuspeita de um analista militar – o Major Lance S. Young da USAF (Força Aérea norte - americana) no seu estudo “Mozambique's Sixteen-Year Bloody Civil War - CSC 1991”-, Os Dezasseis Anos da Sangrenta Guerra Civil de Moçambique (em inglês americano): …”On 25 September 1964, FRELIMO solders, with logistical assistance from the surrounding population, attacked the administrative post at Chai in Cabo Delgado Province. This raid marked the beginning of the armed struggle against the colonial regime. FRELIMO militants were able to evade pursuit and surveillance by employing classic guerrilla tactics: ambushing patrols, sabotaging communication”… (5:84)”… - AUTHOR Major Lance S. Young, USAF - CSC 1991, (link)…
…http://www.globalsecurity.org/military/library/report/1991/YLS.htm
Tradução livre: (Em 25 Setembro 1964, soldados da FRELIMO, com assistência logística da população vizinha, atacaram o posto administrativo de Chai na Província de Cabo Delgado. O ataque marcou o início da luta armada contra o regime colonial. Os militantes da FRELIMO foram capazes de levar a cabo acções de reconhecimento, perseguição, evasão, empregando tácticas de guerrilha clássica: emboscando patrulhas, sabotando comunicações)
… Mais adiante: …” and making hit-and-run attacks against colonial outposts before rapidly fading into accessible backwater areas”... (e efectuando ataques de bate-foge contra os postos avançados coloniais e rapidamente desaparecendo por entre as terras acessíveis em água) … Mais adiante o “military report” enfatiza que: -
…”At the war's outset, FRELIMO had little hope for a military victory; its hope lay in a war of attrition to compel a negotiated independence from Lisbon. The goal of FRELIMO was to make the war so costly that eventually Portugal would withdrawl, a goal made difficult by loans from the United States and West Germany and arms from NATO to Portugal.(4: 187)”…
Tradução: (No princípio da guerra, A FRELIMO tinha pouca esperança numa vitória militar; a sua esperança residia numa guerra de desgaste compelindo Lisboa a negociações para a independência.
O objectivo da FRELIMO era o de tornar a guerra tão dispendiosa forçando eventualmente Portugal a retirar-se, um objectivo difícil de atingir devido aos empréstimos [financeiros] dos Estados Unidos e da
Alemanha [Federal] e em armas através da OTAN a Portugal). O relatório realça o facto de apesar de não ter havido derrota militar, os custos muito elevados financeiros e em vidas, custaria a guerra a
Lisboa. …” But the expense in blood and treasure, notmilitary defeat, cost Lisbon the war; its army was never destroyed on the battlefield, although some of its officers were converted to FRELIMO's revolutionary social goals for Portugal.(4:187&188)”…e termina afirmando que o exército [português] nunca foi derrotado no terreno, no entanto, alguns de seus oficiais convertem os objectivos da revolução social da FRELIMO para Portugal”...(fim de tradução).
Num “saite” foi encontrado este texto proveniente de um ex – soldado colonial indígena de Portugal, utilizando o pseudónimo de Salimo… (refere-se a artigo na Internet que questiona a versão oficial do 25 Setembro 1964 em CHAI e do relatório do ARPAC) … Excertos sem correcção do português …”Alô malta. Este artigo é oportuníssimo. A mim não me surpreende nada, absolutamente nada. Aliás, não surpreende a ninguém, sobretudo a quem esteve a prestar serviço militar nas zonas de guerra ou guerrilha, como lhe queiram chamar.
Por acaso estive na zona de Macomia, Salima, Muaguide, etc., etc., junto à Serra Mapé, quando fui militar. Fui operacional e sei do que falo, fazia em média 3 operações por mês e várias picagens
(detectação de minas) por mês. (Por pura coincidência, no próximo dia 04 vai haver, em Évora, [Portugal] um encontro dos militares que estiveram em Muaguide). A Frelimo, militarmente, não era grande coisa, não fossem as minas (....) A Frelimo, militarmente, tendo em conta os apoios dos Russos e Chineses (incluindo homens e mulheres no território) e a boa qualidade deequipamento militar que possuía, além de conhecerem muitíssimo melhor o "terreno que pisavam" e da habituação do clima, tinha por obrigação de ter feito
muito mais do que fez. A meu ver, respeitando opinião contrária, a Frelimo como força militar era umZERO. Não havia militar que se aproveitasse, a começar pelos generais da Frelimo e a acabar nos
guerrilheiros. Se em 1964no tal ataque que a Frelimo diz ter morto "meio-mundo" e que afinal, segundo o relato de quem lá esteve, mesmo que com a idade de 8 anos, não morreu ninguém e que só houve uma rajada e a fuga, … Salimo” (?!)… (Tanto disparate! SEM
COMENTÁRIOS! FIM).
VERTICAL-24.09.2004
23/09/2004
Será que a verdade do 25 de Setembro de 1964 será reconhecida em 2004?
O polícia veio e estacionou à porta da casa do chefe de posto, sentado numa cadeira. Era branco. Eu aproximei-me do polícia para o atacar. O meu tiro era o sinal para os outros camaradas atacarem. O ataque teve lugar às 21 horas. Quando ouviu os tiros, o chefe de posto abriu a porta e saiu — foi morto por um tiro. Para além dele seis outros portugueses foram mortos no primeiro ataque. A explicação dada pelas autoridades portuguesas foi «morte por acidente». Retirámos. No dia seguinte fomos perseguidos por algumas tropas — mas nesse momento já estávamos longe e não nos encontraram (').
(1) Mondlane, Eduardo, The struggle for Mozambique, p.15"
Ou será que repetirá o que em 2003 afirmou à BBC inglesa:
Alberto Chipande, hoje general na reserva, foi o autor do disparo que marcou o início da luta pela independência.
CHIPANDE: ... o primeiro grupo que entrou em Cabo Delgado, 1964, para iniciar a luta na província de Cabo Delgado.
Ao mesmo tempo, foi o meu grupo que tinha essa missão de ir atacar Porto Amélia, mas como as condições não foram favoráveis, calhou que no dia 25 de Setembro eu fizesse o combate em Chai. Eu fui o comandante. Precisamente pelas 20 horas do dia 25 de Setembro de 1964.
BBC: General, quantos elementos faziam parte do seu grupo?
CHIPANDE: Nesse dia, quando atacámos, nós éramos um grupo de 12 pessoas que atacámos o Posto de Chai.
BBC: Estão todos vivos?
CHIPANDE: Alguns estão vivos e alguns já faleceram durante o tempo da luta armada e outros após a independência.
BBC: Depois de terem atacado o Posto de Chai, como é que foi a retirada? O que é que aconteceu depois?
CHIPANDE: Quando eu disparei o primeiro tiro que atingiu ao sentinela que estava ali atrás, que guarnecia a casa do chefe do posto, os meus colegas, um dos meus colegas abriu fogo directamente para o chefe de posto que caiu logo em frente. E começámos então o ataque. Depois do ataque, que durou aproximadamente uns minutos, eu dei o sinal de recuo e todos recuámos. Não perdemos nenhum do nosso lado, nem ferido, e ao mesmo tempo não perdemos nenhum material.
Ou será que seguirá o que a comissão da ARPAC “descobriu”:
Ensina-nos a História da Frelimo que no desencadeamento da Luta Armada de Libertação Nacional, na noite do dia 25 de Setembro de 1964, foram mortas, pelo menos, duas pessoas, nomeadamente o Chefe do Posto Administrativo Colonial de Chai e o sentinela que guarnecia a residência do Chefe do Posto.
Alberto Joaquim Chipande, o autor do primeiro tiro dado no Chai naquela noite, tem vindo a afirmar e a reafirmar o que os livros da Frelimo ensinam sobre as consequências do primeiro tiro rumo à libertação.
Porém, hoje, quarenta anos depois, tudo indica que essa história do primeiro tiro não está lá muito bem contada, ou, pelo menos, não parece haver consenso sobre as consequências desse primeiro tiro, a julgar pela recente pesquisa levada a cabo pelo ARPAC (Arquivo de Património Cultural), instituição do Estado subordinada ao Ministério da Cultura.
De acordo com essa pesquisa, baseada em 35 entrevistas a pessoas “idosas e nativas de Chai” durante o ataque dos guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique “nenhuma pessoa foi morta”.
“Uma semana depois do ataque, houve sim, uma morte. Tratou-se do cunhado do Chefe do Posto que, quando regressava do rio Messalo à busca de água de viatura, caiu numa emboscada” , refere o documento do ARPAC citado pela última edição do jornal “Horizonte”publicado na cidade de Pemba.
Em relação a esta morte posso acrescentar e esclarecer:
O Chefe do Posto à data do ataque chamava-se Felgueiras e estava com a família lá. Na hora do ataque não estava no posto pois tinha ido ao Messalo com 2 polícias e varios cipais. Só ficou no posto um polícia branco e vários cipais. Também lá moravam funcionários do posto, o Pinheiro e o Brandão, mais a família Alves. O enfermeiro chamava-se Tivane. O Cozinheiro era o Amade.
O Felgueiras pediu ao Governador para sair e foi temporariamente substituí-lo o Dias de Macomia. Talvez uma semana depois foi o Fonseca lá colocado que levou a mulher. Vindo de Portugal estava com eles o cunhado deste que foi quem, não uma semana, mas cerca de 3 semanas depois, foi morto quando passava junto ao Rio Messalo vindo do Monte Oliveiras. Vinham 3 pessoas no Jeep e ele ia no meio. As outras duas nada apanharam e ele levou um tiro entre os olhos, vindo a falecer já depois de evacuado.
Assim não foi o cunhado do Chefe do Posto da altura que foi morto, mas o cunhado do que o veio substituir.
Fernando Gil
Nota: Visite http://www.macua.org/chai25092003.htm
16/09/2004
Aproxima-se o 25 de Setembro
http://www.macua.org/chai25092003.htm
na sequência da notícia publicada em
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2004/09/parece_que_fina.html
15/09/2004
Parece que finalmente em Moçambique alguém reconhece ninguém ter morrido no ataque ao CHAI
ZAMBEZE - 09.09.2004
Salomão Moyana
Ensina-nos a História da Frelimo que no desencadeamento da Luta Armada de Libertação Nacional, na noite do dia 25 de Setembro de 1964, foram mortas, pelo menos, duas pessoas, nomeadamente o Chefe do Posto Administrativo Colonial de Chai e o sentinela que guarnecia a residência do Chefe do Posto.
Alberto Joaquim Chipande, o autor do primeiro tiro dado no Chai naquela noite, tem vindo a afirmar e a reafirmar o que os livros da Frelimo ensinam sobre as consequências do primeiro tiro rumo à libertação.
Porém, hoje, quarenta anos depois, tudo indica que essa história do primeiro tiro não está lá muito bem contada, ou, pelo menos, não parece haver consenso sobre as consequências desse primeiro tiro, a julgar pela recente pesquisa levada a cabo pelo ARPAC (Arquivo de Património Cultural), instituição do Estado subordinada ao Ministério da Cultura.
De acordo com essa pesquisa, baseada em 35 entrevistas a pessoas “idosas e nativas de Chai” durante o ataque dos guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique “nenhuma pessoa foi morta”.
“Uma semana depois do ataque, houve sim, uma morte. Tratou-se do cunhado do Chefe do Posto que, quando regressava do rio Messalo à busca de água de viatura, caiu numa emboscada” , refere o documento do ARPAC citado pela última edição do jornal “Horizonte”publicado na cidade de Pemba.
Quando esse relatório do ARPAC foi apresentado num seminário em Pemba, no passado dia 31 de Agosto, a reacção de alguns antigos combatentes foi de previsível fúria: “É uma grave ofensa histórica afirmar que no ataque de Chai ninguém morreu no dia 25 de Setembro de 1964. Esse relatório é medíocre e superficial pintado com aparentes cores políticas contemporâneas tendentes a deturpar a verdadeira história do povo moçambicano”.
Dentre as 35 pessoas entrevistadas pelo ARPAC figura o então cozinheiro do Chefe do Posto de Chai, identificado pelo único nome de Amade, o qual afirmou, igualmente, que o seu patrão não morreu naquele ataque.
Independentemente das lacunas que possa ter, a pesquisa do ARPAC tem o mérito de indagar uma “verdade absoluta”, um tabú da nossa História. Ao trazer à ribalta novos dados que questionam a história oficial, o ARPAC está a iniciar uma longa e penosa jornada ao passado recente, acto esse capaz de levar os moçambicanos mais corajosos a fazer outras e mais profundas indagações sobre muitas inverdades históricas tidas como “verdades absolutas”.
É oportuno que as revelações do ARPAC vieram num período em que se procura reflectir sobre os últimos quarenta anos da nossa História, oportunidade que os cientistas sociais moçambicanos deveriam aproveitar para vasculhar os arquivos coloniais a fim de constatar se no dia 25 de Sdetembro de 1964 teria morrido no Chai o respectivo chefe do Posto. Pensamos que se trata de uma verdade fácil de constatar, uma vez que os portugueses registavam os óbitos dos seus funcionários públicos.
O que não podemos aceitar é passarmos a vida a ensinar factos duvidosos aos nossos filhos para, quarenta anos depois, dizermos que “parece que as coisas não são bem assim”.
Isso é uma pesada responsabilidade académica mas também política de quem, deliberadamente, conta uma “História conveniente” só para aumentar a sua alegada heroicidade.
Factos são factos e não devem ser ficcionados. Factos devem ser recolhidos e contados como factos. Uma coisa é factos, outra coisa é a sua interpretação. Não se deve dizer que alguém morreu quando está vivo. Nem se deve dizer que está vivo quem morreu.
Contar a verdade dos factos não diminui a heroicidade nem mérito de quem fez a luta de libertação nacional. Antes pelo contrário, a verdade engrandece o mérito e a heroicidade dos combatentes.
Por outro lado, devemos saber reagir a novos dados históricos. Não devemos ter, sempre, uma atitude corporativa e clubista de que quem conta uma versão diferente é porque “visa deturpar a história do povo moçambicano”, como se tal História fosse um conjunto de dogmas imutáveis. A História, seja ela do povo moçambicano ou do povo chinês, é uma construção social permanente e nunca uma coisa acabada e fechada, propriedade de um clube dos bem entendidos. A História é propriedade do povo e é o povo que está a dizer que no Chai não morreu ninguém no dia 25 de Setembro de 1964, o que põe em causa a versão “conveniente” que foi difundida ao longo dos últimos quarenta anos.
Qual é o papel e a função daqueles doutores em História que estão no Ministério dos Antigos Combatentes? Arranjar argumentos “científicos”para validar convicções individuais de cada dirigente que conta a “sua história de libertação nacional”? Ou questionar, analisar criticamente e sistematizar os dados históricos factuais sobre o processo de libertação nacional?
Já o livro sobre Uria Simango, baseado em entrevistas de alguns combatentes ainda vivos, constitui uma dura bofetada na cara dos nossos historiadores da libertação nacional, os quais antes deste livro nunca disseram que Uria Simango não foi aquilo que se dizia que tinha sido.
Acreditamos que os novos dados sobre o Chai venham a catalizar um necessário debate público com vista a encontrarmos a verdade sobre a nossa História. Isso é tão necessário quanto urgente para que da longa desinformação passemos à informação correcta aos cidadãos a fim de os capacitar a participar conscientemente no processo público de tomada de decisões.
Esse é o objectivo supremo do sistema democrático!
Nota: Fotos tiradas pelo responsável deste blog, durante um "banja" algum tempo depois do ataque.
1 comentário:
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