Exmº. Senhores,
Fui combatente na Guerra Colonial, por
obrigação do n/ antigo regime, mas tenho a consciência tranquila
relativamente a isso, dado não cometido qualquer crime de guerra, nem
atentados contra as populações. Estive em Olivença (Niassa) e nunca dei
ou ouvi qualquer tiro, enquanto lá estive.
Passei o 25 de Abril em Maputo e regressei a Portugal em Maio de 1974.
No tempo que estive em Maputo, tive
oportunidade de assistir a um comício do FUMO e conhecer a grande
oradora foi a Drª. Joana Simeão, que, no fim do comício, me foi
apresentada por um membro do partido. Não me lembro do nome dessa
pessoa, mas fiquei com uma impressão extraordinária da Drª. Joana
Simeão, como política e como uma grande senhora.
Era completamente diferente daquilo que
eu entendia e sabia dos responsáveis guerrilheiros da Frelimo. Em
Olivença ouvia, frequentemente, as emissões da rádio da Frelimo, mas que
se limitavam a passar propaganda, algumas verdades e muitas mentiras
que se podem encontrar na NET.
A Drª. Joana Simeão, ao contrário,
tinha um discurso político, embora inflamado, que concorde ou não com
ele, caía fundo nas pessoas que a ouviam, fossem elas negras, mestiças,
brancas, chinesa ou indianas ou outras.
Quando regressei a Portugal, vivi toda a
experiência revolucionária e todo o folclore gerado à sua volta, com
organizações políticas a surgirem como cogumelos nas primeira chuvas de
Inverno, porque estive no Hospital Militar, em Lisboa, até passar à
disponibilidade, em Setembro de 1975.
Passados uns anos interessei-me pelo
destino da Drª. Joana Simeão. E qual não foi o meu espanto ao saber que
ela tinha sido enviada para um campo de concentração no Niassa, que
agora sei que era em Metelela (ex-Nova Viseu) e que aí foi fuzilada com
Uria Simango, Lázaro Kavandame e outros, sem qualquer julgamento legal
(foi condenada pela Frelimo, que era um partido como qualquer outro,
pelo que não tinha direito para tal, já que havia um Governo instituído
por esse partido, de acordo com o que foi deliberado em Lusaka), em
processo sumário realizado na Tanzânia.
O meu apelo a à RENAMO
é que faça uma petição na NET, para que todos os moçambicanos
chacinados nos campos de concentração da Frelimo tenham direito à sua
honra e os seus despojos mortais sejam sepultados com a dignidade de um
ser humano.
Penso que isto seria um acto
tranquilizador, a demonstração de uma verdadeira democracia e de um País
que quer viver em paz consigo próprio.
Não pensem que isto é um recado do
colonizador, mas de um democrata que luta pela solidariedade, pela paz
em todo o mundo e pelas injustiças sociais que, cada vez mais, grassam
por esse mundo fora.
Faço votos que a vossa luta pelos
direitos humanos tenha óptimos resultados, porque este mundo precisa de
pessoas de boa vontade, solidárias e desinteressadas.
Com os m/ melhores cumprimentos, subscrevo-me
Álvaro Teixeira de Oliveira