Pemba (Canalmoz) – Homem de gafes políticas e de discurso pouco convincente, Filipe Paúnde conseguiu renovar o mandato de Secretário Geral do Partido Frelimo, graças ao apoio e Guebuza, mas mesmo assim não escapou o vexame de ver 10 membros do (novo) Comité Central a depositar seus votos em branco.
Mas se em política o que importa são os fins, Guebuza pode cantar a vitória. Tanto ele como o seu (preferido) SG conseguiram renovar os mandatos em Pemba e se fizermos fé na teoria das alas dentro da Frelimo, podemos dizer que a ala de Guebuza venceu, embora sem convencer. Os votos em branco são um recado claro para dentro e para fora.
Paúnde conseguiu 94 porcento dos votos, mas da elite do comité central, há 10 pessoas membros que tiveram a coragem de manifestar que não queriam Paúnde a continuar SG. Mas como não tinham outra opção – Paúnde foi o candidato único - preferiram dizer o “não” a Paúnde deixando o boletim de voto em branco. Não aceitaram se sujeitar as preferências de Guebuza…pelos menos na eleição.
Comenta-se nos corredores do grande edifício de Muxara, que a eleição de Paúnde é fruto do temor que se tem à figura de Armando Guebuza, pois foi quem propôs o “homem de Sofala” como seu braço direito. Paúnde é tido como fiel a Guebuza e por isso mesmo caiu nas suas graças no IX congresso em Quelimane. De lá para cá, Paúnde tem movido céus e terras para não desapontar Guebuza…e tem conseguido. Como prémio ganhou a renovação do cargo de secretário-geral por mais cinco anos.
À entrada para o Congresso, Luísa Diogo era tida como uma das prováveis candidatas ao cargo de SG do “partidão”. Pelos corredores comentava-se que logo que Guebuza ganhou as eleições a presidente do partido, a ex primeira-ministra desistiu de se candidatar alegadamente por “não haver condições para trabalhar com Guebuza”.
Pacheco “tira” Mulémbwè
Ainda na madrugada de ontem foi eleito em Muxara, José Pacheco, actual ministro da Agricultura, e um dos apadrinhados de Guebuza, para secretário da comissão de verificação de Mandatos do Comité Central. Pacheco substitui do cargo, Eduardo Mulémbwè que na tarde de ontem renovou a sua continuidade no Comité Central e pela madrugada renovou o lugar na Comissão Política.
Mas a eleição de Pacheco para o lugar do “homem de bom verbo” é vista como concretização do plano de Guebuza para votar à insignificância os homens fortes de Joaquim Chissano. Tal como aconteceu com Guebuza e Paúnde, há pessoas que não quiseram Pacheco como secretário na “Verificação”. Houve sete membros do Comité Central que preferiram deixar os boletins de voto em branco. (Matias Guente, enviado do Canal de Moçambique/Canalmoz a Pemba)