sexta-feira, 17 de maio de 2019

Sócrates escreveu uma carta a Lula da Silva quando o neto de ex-presidente do Brasil morreu

O antigo primeiro-ministro diz-se emocionado pelo telefonema em que o juiz do Supremo Tribunal Guilmar Mendes prestou as suas condolências a Lula da Silva

Ericeira, março de 2019. O antigo primeiro-ministro José Sócrates assina uma carta dirigida ao antigo presidente do Brasil Lula da Silva. No texto intitulado "O telefonema de Gilmar Mendes", baseado numa entrevista ao site brasileiro Migalhas, Sócrates lamentava a morte de Arthur - o neto de sete anos de Lula que morreu em março com meningite meningocócita.
Ao longo do documento, divulgado pelo Observador, o antigo governante português escreve sobre um episódio - citado na imprensa brasileira em março - de um telefonema entre o juiz do Supremo Tribunal Guilmar Mendes e Lula da Silva, preso pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da operação Lava-Jato. Do relato consta que os dois se emocionaram durante a conversa em que o magistrado dava as condolências a Lula.
"Esse choro de ambos pareceu-me ser o choro de dois adversários que disputaram politicamente, sempre com lealdade, nunca se tratando como inimigos, nunca querendo utilizar a prisão como instrumento político e, muito menos, recusar fosse a quem fosse o direito de ir enterrar um neto ou de ir, em condições minimamente aceitáveis do ponto de vista social, ao funeral do seu irmão", escreveu José Sócrates.
"O choro de Gilmar e de Lula é pela democracia"
"O que me pareceu ver no telefonema de Gilmar Mendes, para além simples decência e humanidade, foi uma cena tocante de dois personagens que choravam por um mundo que já tiveram em comum e que parece agora perdido", acrescentou. "O choro de Gilmar e de Lula é pela democracia".
Na carta, o antigo primeiro-ministro acrescentou ainda uma dedicatória manuscrita que diz: "A Lula, que me fez compreender e amar o Brasil. O Brasil é com S de Silva. Lula da Silva. Saravá".

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