AINDA SOBRE A GRANDE ENTREVISTA DE FILIPE NYUSI AO JORNAL CANAL DE MOÇAMBIQUE
▪️O verdadeiro significado daquela entrevista
Sem querer adensar a polêmica que se instalou, depois de ver e rever muitas das opiniões que foram emitidas neste fórum, me parece que a grande maioria das reações têm sido mais por emoção do que propriamente por raciocínio lógico.
Sinceramente fiquei surpreendido pela positiva, por ver um PR dar entrevista a um jornal visto como hostil ao governo do dia. Para mim este gesto do PR se equipara à uma jogada do Garry Kasparov (conhecido como o grande mestre de Xadrez). Aquela entrevista foi surpreendente que deixa qualquer um boquiaberto. Congratulo o Canal de Moçambique pela ousadia e ao PR (e seus conselheiros) pela ‘maestria’ na gestão da comunicação e imprensa. Não nos esqueçamos que foi há menos de 2 meses que o jornal Canal de Moçambique lançou farpas a PGR por lhes ter excluído de uma conferência de imprensa na última hora e que isso foi tema de Editorial. Paradoxalmente, pouco tempo depois é ao mesmo Canal de Moçambique que lhe é concedida a honra de, em primeira mão, entrevistar o hoje Ícone da República de Moçambique.
Nesta entrevista o Presidente Nyusi sedimenta o seu lugar no Partido e no Governo. Dissipou as dúvidas que pairavam sobre alguns dossiêrs sem ter desrespeitado os princípios da independência do judicial (judiciário).
Para quem acompanha alguma literatura sobre ciências políticas, facilmente denota a maestria da entrevista concedida por Filipe Nyusi ao órgão de informação mais hostil à governação hodierna. Ensinam-nos grande parte dos manuais e artigos referentes a gestão institucional que a melhor forma de resolver os problemas interinstitucionais é a aproximação pessoal. Uma conversa de 5 minutos vale muito mais que 5 mil expedientes administrativos.
Independentemente da entrevista ter sido concedida a este ou aqueloutro órgão de informação, o mais importante é reter que o Presidente Nyusi está sendo muito bem assessorado politicamente. O DDR é prova inquestionável. Quando menos se esperava, Nyusi estava nas matas de Gorongosa mesmo sem o aval de todo seu elenco. Resultado: As armas se calaram até hoje. Ainda quando menos se esperou, Nyusi estava a dar a grande entrevista no Canal de Moçambique. Quem diria?! Resultado: O Canal já não se pode queixar de falta de abertura do Executivo para os seus questionamentos.
E isso tem um impacto positivo em relação a relação entre o Governo e a Imprensa em geral. Ficará a percepção seguinte: quando qualquer órgão de imprensa pretenda proceder a uma outra entrevista com algum dirigente, mesmo que o dirigente não se sinta confortável com o desiderato, deverá, por razões de cortesia ceder, por se ter, com esta entrevista, fixado JURISPRUDÊNCIA do tipo: “se o próprio PR já deu entrevista, quem você é para se recusar?” !!!
Quem se mostre céptico em relação enormidade da referida entrevista, sugiro que repense na sua posição, abandonando uma visão míope, por conseguinte olhando para os efeitos da mesma a médio e longo prazo. O que interessa não são as perguntas feitas pelo Jornal ou as respostas dadas pelo Entrevistado.
Veja-se isso como Jurisprudência fixada num país que certamente esteja a sair dos lugares mais sombrios das estatísticas dos países com mais abrangente índice de liberdade de expressão e pensamento.
Veja-se isso como Jurisprudência fixada num país que certamente esteja a sair dos lugares mais sombrios das estatísticas dos países com mais abrangente índice de liberdade de expressão e pensamento.
“Nenhuma árvore pode crescer até o céu sem ter suas raízes no inferno”
Carl Gustav Jung
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