quinta-feira, 23 de maio de 2019

AINDA SOBRE A GRANDE ENTREVISTA DE FILIPE NYUSI AO JORNAL CANAL DE MOÇAMBIQUE ▪️O verdadeiro significado daquela entrevista

AINDA SOBRE A GRANDE ENTREVISTA DE FILIPE NYUSI AO JORNAL CANAL DE MOÇAMBIQUE
▪️O verdadeiro significado daquela entrevista
Sem querer adensar a polêmica que se instalou, depois de ver e rever muitas das opiniões que foram emitidas neste fórum, me parece que a grande maioria das reações têm sido mais por emoção do que propriamente por raciocínio lógico.
Sinceramente fiquei surpreendido pela positiva, por ver um PR dar entrevista a um jornal visto como hostil ao governo do dia. Para mim este gesto do PR se equipara à uma jogada do Garry Kasparov (conhecido como o grande mestre de Xadrez). Aquela entrevista foi surpreendente que deixa qualquer um boquiaberto. Congratulo o Canal de Moçambique pela ousadia e ao PR (e seus conselheiros) pela ‘maestria’ na gestão da comunicação e imprensa. Não nos esqueçamos que foi há menos de 2 meses que o jornal Canal de Moçambique lançou farpas a PGR por lhes ter excluído de uma conferência de imprensa na última hora e que isso foi tema de Editorial. Paradoxalmente, pouco tempo depois é ao mesmo Canal de Moçambique que lhe é concedida a honra de, em primeira mão, entrevistar o hoje Ícone da República de Moçambique.
Nesta entrevista o Presidente Nyusi sedimenta o seu lugar no Partido e no Governo. Dissipou as dúvidas que pairavam sobre alguns dossiêrs sem ter desrespeitado os princípios da independência do judicial (judiciário).
Para quem acompanha alguma literatura sobre ciências políticas, facilmente denota a maestria da entrevista concedida por Filipe Nyusi ao órgão de informação mais hostil à governação hodierna. Ensinam-nos grande parte dos manuais e artigos referentes a gestão institucional que a melhor forma de resolver os problemas interinstitucionais é a aproximação pessoal. Uma conversa de 5 minutos vale muito mais que 5 mil expedientes administrativos.
Independentemente da entrevista ter sido concedida a este ou aqueloutro órgão de informação, o mais importante é reter que o Presidente Nyusi está sendo muito bem assessorado politicamente. O DDR é prova inquestionável. Quando menos se esperava, Nyusi estava nas matas de Gorongosa mesmo sem o aval de todo seu elenco. Resultado: As armas se calaram até hoje. Ainda quando menos se esperou, Nyusi estava a dar a grande entrevista no Canal de Moçambique. Quem diria?! Resultado: O Canal já não se pode queixar de falta de abertura do Executivo para os seus questionamentos.
E isso tem um impacto positivo em relação a relação entre o Governo e a Imprensa em geral. Ficará a percepção seguinte: quando qualquer órgão de imprensa pretenda proceder a uma outra entrevista com algum dirigente, mesmo que o dirigente não se sinta confortável com o desiderato, deverá, por razões de cortesia ceder, por se ter, com esta entrevista, fixado JURISPRUDÊNCIA do tipo: “se o próprio PR já deu entrevista, quem você é para se recusar?” !!!
Quem se mostre céptico em relação enormidade da referida entrevista, sugiro que repense na sua posição, abandonando uma visão míope, por conseguinte olhando para os efeitos da mesma a médio e longo prazo. O que interessa não são as perguntas feitas pelo Jornal ou as respostas dadas pelo Entrevistado.
Veja-se isso como Jurisprudência fixada num país que certamente esteja a sair dos lugares mais sombrios das estatísticas dos países com mais abrangente índice de liberdade de expressão e pensamento.
“Nenhuma árvore pode crescer até o céu sem ter suas raízes no inferno”
Carl Gustav Jung
Comentários
  • Chadreque Capece Jr. Excelente texto...
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  • Chadreque Capece Jr. Parabéns ao PR e ao Jornal Canal de Moçambique...
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  • Fernando Emaga Bem dito
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  • Francisco Pacheco Antonio Chigogoro Esta de parabéns Dr Elísio de Sousa,infelizmente há um grupo ,os tais de G40 e novas aquisições que cegamente continuam a diabolizar o Canal de Moçambique, o cúmulo foi ouvir uma rádio que diz do povo a não dizer que o presidente foi entrevistado pelo jornal canal de Moçambique e apenas dizer que a entrevista foi por um jornal privado.
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  • Papillon Boss Dr elisio tens que dar aulas ao egidio vaz, ele tem postaďo besteiras pra à figura que ele e, gostei da informaçao.
  • Domingos Dique Q o canalmoz se afirme ao Governo do dia de outro jeito. Se se prevalecer imutável perante ao Governo de Moz isso tem outros contornos e também outro nome.

    Parabéns ao PRESENTE da República de Moçambique.
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  • Marques Abdala Boa observação ilustre Elisio Elísio de Sousa
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  • Mwenemutapa Fernando O PR não fez nada que aniquilar o seu "inimigo" número 1 dos media ao conceder a entrevista haja vista o espreitar das eleições num momento em que o governo do homem é dos piores, aliás é minha opinião. Para mim, lançou dardos inflamados aos seus do Conselho de Ministros e espero que tal jurisprudência uniformizadora seja de cumprimento obrigatório de ponto de vista ético, legal e moral pois o facto de ele ter concedido a entrevista não significa necessariamente que o Executivo é aberto aos media críticos do mesmo, ainda que seja o Presidente do Conselho do Ministros.
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  • Domus Oikos Elísio de Sousa vejo na sua descrição um esforço muito grande apologético. A conexão também é forçada. Aplaudiu por conceder uma entrevista ao Canal como um grande ganho por tratar-se de jornal hostil. Até podemos aceitar que seja algum ganho, mas de qual importância? Aplaude o facto de respeitar a independência do judicial. Qual independência do judicial de Moçambique o senhor refere? Em qual momento já houve tal independência? Eu vi um PR a saltar sem responder aos assuntos mais importantes da nação. O fim da crise, estratégias que o seu governo esteja a esboçar pra possível reconquista dos parceiros. Isso interessa ao povo e não o facto de ir sentar-se com o Canal. A questão do Norte... não houve resposta desejável e a gente espera.
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    • Júlio Mutisse Domus Oikos sobre isso de independência do judiciário a própria entrevista é um hino a contradição. Quando interessou ao PR chamar a independência do judiciário fez isso com mestria no contexto de um processo específico em que o próprio entrevistador queria incluir o PR. Mas logo a seguir não se coíbe de dar dados de processos que me parecem estar ainda em instrução às mãos dos mesmos que estão com o outro de que ele não podia falar. É contraditório não é? Estranho Elísio de Sousa enfatizar isso com base nesta entrevista. Kkk
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    • Domus Oikos Júlio Mutisse sim concordo
  • Júlio Mutisse O PR podia fazer tudo isso que dizes e bem, transmitindo também a ideia de domínio dos dossier. 
    Viu a resposta sobre a agricultura?
    Mas ok se todos objectivos, para si, estão alcançados. O título dado a entrevista é sintomático. O conteúdo é revelador.
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  • Elísio de Sousa Domus Oikos dás um ‘start’ forçado do teu comentário. Avanças logo com uma tese baseada numa análise pouco rigorosa. A seguir falas de conexão forcada. O que é conexão forcada e não forcada. Quais os parâmetros do esforço de conexão. Qual o grau e a intensidade? Qual a medida ideal de conexão e qual a fórmula para tal. Este enredo me pareces estar a impugnar por negação e não, necessariamente por demérito de per si. É claro que cada processo tem as suas nuances onde a independência se manifesta de formas diferentes. O processo criminal em si é tem um manancial de regras que fazem com que cada processo seja visto como ele mesmo onde os limites de um se manifestam de maneiras diferentes dos limites dos demais. Os tipos de crime, os bens jurídicos protegidos em cada crime demandam tratamento diferenciado tanto por parte dos órgãos de administração da justiça tal como para os demais órgãos, incluindo a imprensa. Esta também serve para o amigo Júlio Mutisse que me parece estar equivocado na sua interpretação (com todo respeito pela sua opinião, claro). Porque é que vocês (Domus, Júlio e quejandos) acham que alguns julgamentos são transmitidos em directo, outros são apenas em diferido, outros apenas partes do julgamento e outros sequer a imprensa é admitida?? Será que os juízes usam leis diferentes ou se trata de uma questão de sensibilidade do crime e a consciência do juiz, como determina a lei?? Com o PR foi exactamente a mesma coisa. Não se pode exigir que o mesmo falasse com igual à vontade de tudo que lhe fosse perguntado. O PR é o guião de um país, onde lhe cabe encorajar os que fazem bem e desencorajar os demais. Não cabe ao PR fazer tudo e nem dizer tudo. Para quem assiste um pouco de ficção científica facilmente imagina o que é o dia a dia de um PR e a magnitude dos dossiers que esta figura deve gerir. Gerir não é fazer mas encorajar que se seja feito por via da colocação das melhores pessoas para o fazerem. Mais ainda, para que o PR encontre as melhores pessoas deve o mesmo estar muito bem assessorado e ouvi-los a todos. Esse é o trabalho do PR e não o de responder por cada detalhe dos facto ocorridos em CD ou sobre as cláusulas especiais de contratos empresariais etc. Muitos dos problemas que devem chegar ao PR são os que não foram solvidos pelos demais órgãos subordinados. A justiça não está subordinada ao PR mas sim ao poder judicial. Gostando ou não, a constituição determina que o poder judicial é INDEPENDENTE. Se isso na prática se concretiza já não cabe a mim responder ou comentar. Nem caberá ao PR se pronunciar sobre casos que estejam a coberto do art. 70 CPP. 
    Resumindo, percebi que nenhum dos dois (Mutisse e Oikos) percebeu a essência do post e entraram mais na discussão detalhista. Nenhum de vós entrou na viajem que o post convidou no que se refere ao GESTO e não propriamente as perguntas e respostas em si. Quando Chissano apertou, pela primeira vez a mão ao Dhlakama, alguns olharam para aquilo como um simples acro de cortesia humana e respeito, mas eu, a acredito que muitos moçambicanos cansados da guerra viu aquilo como a esperança do fim de anos de sofrimento de um povo cansado de sofrer com os efeitos de uma guerra que durava 16 anos. 
    Cada um vê o que quer!
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    • Júlio Mutisse Elísio de Sousa brother a entrevista foi o que foi. Respeito a sua opinião não encontraria qualificador melhor que o próprio título. 
      Já agora a incongruência não está nas interpretações, está lá na própria entrevista e na forma como as questões foram respondidas. Podemos fazer tudo para cientificizar aquela entrevista mas ela está longe do #grande anunciado.
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    • Domus Oikos Júlio Mutisse nada a acrescer. 100% de acordo.
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  • Gerson Zacarias No seu texto duas palavras que me preocupam (ícone) e (hostil) o resto é pré campanha em curso.
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