sexta-feira, 24 de maio de 2019

Recordamo-nos que durante a campanha eleitoral, até comeu xima e magumba, refeição preparada por uma família humilde. Tudo era jogada de mestre.

Justiça Nacional
14 h
Filipe Nyusi e a jogada de mestre!
Uma coisa temos que lhe dizer, Presidente. O senhor chegou bem ao dele leve à Presidência da República - nem se ouviam os seus passos. Recordamo-nos que durante a campanha eleitoral, até comeu xima e magumba, refeição preparada por uma família humilde. Tudo era jogada de mestre. Demos-lhe o poder o mostrou-nos o que é, efectivamente. E ainda nos imbeciliza chamando-nos de patrões. Patrão qual quê?!
Os culpados, de certa forma, somos nós, o povo. Deixamo-nos ludibriar facilmente. É por isso que se diz que todo o povo tem o Presidente que merece. Claro, foi isto que nós escolhemos em 2015. Agora choramos sobre o leite derramado.
O senhor Presidente resumiu muito bem aquilo que é a essência frelimista durante todo este processo das dívidas ocultas. Primeiro o seu Governo rejeitou que Moçambique tinha dívida, não fosse a imprensa internacional que destapou o véu. Depois, contra a vontade de todos os moçambicanos, foram legalizadas as dívidas na Conta Geral do Estado pela bancada da Frelimo à Assembleia da República. Talvez nessa altura Manuel Chang estava a rir-se de nós!
Depois foi a prisão de Manuel Chang, em Joanesburgo quando estava em trânsito para o Dubai onde ia refastelar-se com a namorada gastando o nosso dinheiro. Ninguém da Frelimo nos dias subsequentes se pronunciou. O silêncio foi total. Estavam a orquestrar um plano que satisfizesse o partido. O partido em primeiro lugar. Assuntos do povo são periféricos. Primeiro deve se garantir a sobrevivência da Frelimo.
Quando todos estávamos confiantes de que o gatuno do Chang seria, finalmente extraditado para os EUA onde iria denunciar todos os seus comparsas, eis que recebemos uma visita relâmpago do Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa. Da conversa que tiveram nenhum dos dois líderes falou. Taparam-nos a vista dizendo que o assunto de Chang seria com a Justiça. Afinal, naquele encontro já havia sido tudo orquestrado.
Tanto assim foi que a ministra sul-africana de Relações Internacionais e Cooperação, Lindiwe Sisulo, deixou escapar o que só se tinha conversado ao nível governamental: Manuel Chang vai ser extraditado para Moçambique. Posteriormente desdobraram-se em desmentidos, mas tudo já havia sido selado.
E cá entre nós, ainda faltava uma jogada de mestre do Presidente. Viu que era preciso mais do que batom para melhorar a imagem do regime-e logo em ano eleitoral. Consertou-se tudo com a manipulável PGR e prendeu-se malta Ndambi Guebuza, Teófilo Nhangumele, Bruno Tandane, Inês Moiane, o casal Gregório e Ângela Leão, António Carlos Rosário, entre outros. O povo exultou. Houve até quem dissesse o Presidente Nyusi não brinca, quer combater os corruptos. Afinal, todas as detenções eram cosméticas. Sacrificar alguns pelo bem maior: o partido Frelimo.
E quando o Presidente viu que já tinha tudo mais ou menos arrumado, até foi confirmado como único candidato pela Frelimo à corrida eleitoral de Outubro próximo, deu entrevista até ao "Canal de Moçambique". Coisa inusitada. E depois é isto: Michael Masutha, um ministro que já não tem uma semana como governante, ao invés de atender coisas rotineiras do seu gabinete, decide pela extradição de Manuel Chang para Moçambique????
E Chang pode até voltar para Moçambique, mas temos dúvidas que seja antes de Outubro. Há que garantir, primeiro, a vitória eleitoral. Depois pode vir, ser detido logo à sua chegada, volvidos alguns dias sai pelo "habeas corpus" no Tribunal Supremo. Aliás, todos os que estão detidos seguirão o mesmo caminho. E quando o Presidente for questionado, e quiser responder, dirá que não interfere em assuntos da Justiça. Bolas! Quem nomeia o presidente do Tribunal Supremo e os juízes-conselheiros? Tudo não passa de um jogo político.
Tiramos-lhe o chapéu, Presidente. E até Outubro!
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