sexta-feira, 17 de maio de 2019

Bolsonaro alimenta rumores de renúncia

Bolsonaro alimenta rumores de renúncia ao partilhar texto a aliados

Presidente brasileiro fala em país "ingovernável" e que "a hipótese mais provável é uma ruptura institucional irreversível com desfecho imprevisível". Analistas dividem-se na interpretação do texto.
Um texto partilhado por Jair Bolsonaro num grupo de aliados no aplicativo Whatsapp a que o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso está a levantar rumores no Brasil. Rumores até de uma eventual renúncia do presidente da República.
No texto, que Bolsonaro diz ser de um autor anónimo mas que sites atribuem a um analista financeiro, o presidente chama o país de "ingovernável". Fala em "conchavos", diz que "o presidente não serve para nada", que "a hipótese mais provável é o governo morrer de inanição" e que pode vir aí "uma rutura institucional irreversível com desfecho imprevisível".
Primeiro nas redes sociais e depois nos jornais, o texto foi comparado à renúncia do presidente Jânio Quadros, que em agosto de 1961 abdicou do cargo apenas sete meses depois de tomar posse.
Para o cientista político Alberto Carlos Almeida, "é sim uma carta de renúncia". "Mas vinda de Bolsonaro pode ser qualquer coisa. Ele é muito burro: não conhece a língua portuguesa, não sabe utilizar símbolos, não entende dos detalhes da política. Assim, para ele, essa carta pode ser qualquer coisa".
Reinaldo Azevedo, colunista do jornal Folha de S. Paulo e de outros veículos, disse que depois da carta "só sobram dois caminhos a Bolsonaro: a renúncia ou o suicídio". "Eu sugiro o primeiro".
No entanto, outros cientistas políticos ouvidos pelo jornal O Globo entendem a carta como uma ameaça de renúncia e não como uma renúncia. Diz o cientista político Oswaldo Amaral que "parece um balão de ensaio para ver quantas pessoas vai arregimentar com esse tipo de discurso. Está a colocar a figura dele contra as instituições democráticas e quer o apoio do povo para isso, o que é típico do populismo".
Major Olímpio, líder parlamentar do partido de Bolsonaro no Senado, também entendeu o desabafo como "um grito de alerta".
Bolsonaro vem enfrentando dificuldades, com a aprovação ao seu governo a diminuir de sondagem para sondagem. A sua agenda vem sendo contrariada no Congresso Nacional. E nas últimas horas o preço do dólar subiu a valores equivalentes aos de antes da eleição e analistas já preveem encolhimento do PIB em 2019.

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