terça-feira, 19 de junho de 2018

Separar as crianças dos pais na fronteira “parte-me o coração”

OPINIÃO

Separar as crianças dos pais na fronteira “parte-me o coração”

Em 2018, não podemos, como nação, encontrar uma resposta mais gentil, mais humana e moral para a actual crise? Eu acredito que podemos.

Nas seis semanas entre 19 de Abril e 31 de Maio, o Departamento de Segurança Interna enviou quase 2000 crianças para centros de detenção de massa e de acolhimento familiar. Mais de 100 dessas crianças tinham menos de quatro anos. A razão destas separações é a política de tolerância zero para os seus pais, que são acusados de atravessar ilegalmente a nossa fronteira.
Eu vivo num estado fronteiriço [o Texas]. E aprecio a necessidade de reforçar e proteger as nossas fronteiras internacionais, mas esta política de tolerância zero é cruel. É imoral. E parte o meu coração.
O nosso governo não deveria estar no negócio de armazenar crianças em armazéns convertidos nem a fazer planos para as pôr em cidades de tendas no deserto perto de El Paso. Essas imagens lembram assustadoramente os campos de internamento americano-nipónicos da II Guerra Mundial, agora considerados como um dos episódios mais vergonhosos da História dos EUA. Sabemos também que este tratamento inflige trauma; os japoneses internados tiveram duas vezes mais probabilidades de sofrer doenças cardiovasculares ou de morrer prematuramente em comparação com aqueles que não foram internados.
Os americanos orgulham-se de serem uma nação moral, de serem uma nação que envia alívio humanitário para locais devastados por desastres naturais, fome ou guerra. Orgulhamo-nos por acreditarmos que as pessoas devem ser avaliadas pelo conteúdo do seu carácter, não pela cor da sua pele. Orgulhamo-nos pela aceitação.
Se somos verdadeiramente esse país, então é a nossa obrigação reunir aquelas crianças detidas com os seus pais – e parar de separar pais e filhos.
Pessoas de todos os lados concordam que o nosso sistema de imigração não funciona, mas a injustiça da tolerância zero não é a resposta. Eu saí de Washington há quase uma década, mas sei que há pessoas boas em todos os níveis de governo que podem fazer o melhor para corrigir isto.
Recentemente, Colleen Kraft, que dirige a Academia Americana de Pediatria, visitou um abrigo gerido pelo Gabinete de Realojamento de Refugiados dos EUA. Ela relata que apesar de haver camas, brinquedos, lápis de cera, um recreio e troca de fraldas, as pessoas que trabalhavam no abrigo estavam instruídas a não pegar ou tocar nas crianças para as confortar. Imagine não poder pegar numa criança que ainda está de fraldas.

RECOMENDAÇÃO
Há 29 anos, a minha sogra, Barbara Bush, visitou a Grandma’s House, uma casa para crianças com HIV em Washington. Na época, no auge da crise do HIV, a doença era uma sentença de morte e a maioria dos bebés nascidos com a doença era consideradas “intocáveis”. Durante a sua visita, Barbara – que era primeira-dama na altura – pegou num bebé agonizante e moribundo chamado Donovan e aconchegou-o no seu ombro para o acalmar. A minha sogra nunca viu o seu abraço àquela frágil criança como um acto corajoso. Viu-o apenas como a coisa certa a fazer num mundo que pode ser arbitrário, indelicado e até cruel. Ela, que sabia o que era perder um filho - após a morte da sua filha de três anos -, acreditava que todas as crianças são merecedoras da bondade humana, compaixão e amor.
Em 2018, não podemos como nação encontrar uma resposta mais gentil, mais humana e moral para a actual crise? Eu acredito que podemos.
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
  1. Força Laura! Infelizmente o seu país já não é esse local para o sonho! Desejo que surjam pessoas e movimentos que coloquem fim a esta deriva demagógica e racista nos EUA! Esse cata-vento que vos governa é inclassificável.
  2. Jonas Almeida
      Stony Brook NY, Marialva Beira Alta 
    Obrigado Público por reproduzir esta carta de Laura Bush no Washington Post. Há uma metamorfose e um conflito interno muito aceso nos EUA com cidades e mesmo estados inteiros a recusarem obedecer ao sistema federal (cis.org/Map-Sanctuary-Cities-Counties-and-States). Esta é uma conversa global, e faz-me impressão nos últimos tempos ter lido o Público como se apenas Trump tivesse voz aqui. Há sistemas políticos novos a emergirem destes conflitos, mais distribuídos e mais diretos. Incluindo ideias que talvez façam sentido em Portugal. Peço ao Publico que faça o seu melhor para que os seus leitores sejam parte informada desta conversa, em vez de marionetes ao sabor dos impulsos de quem berra mais mediaticamente. Esta é a hora do jornalismo, não da propaganda.
  3. Agradeço, Senhora Laura Bush, acima de tudo agradecem todos os envolvidos nesta tragédia. O mundo não é preto e branco, é de todas as cores e de todas as suas combinações possíveis. Há valores, há uma moral que é comum a todos os seres humanos, independentemente da sua origem, enquadramento cultural e convicções. Subscrevo na íntegra e espero que a sociedade americana resolva este problema o mais rapidamente possível.

Berta Martins Santos Irónico, visto que a lei foi assinada e vem do tempo do marido desta senhora... Mas isso agora não interessa nada!!!
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Ricardo Diogo Por acaso vem do clinton.
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Berta Martins Santos Ricardo Diogo, não vem do Bush, segundo li, foi implantada pelo Clinton... Só condeno é a hipocrisia de não falarem a verdade e quererem insinuar que só acontece agora...
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Luis Mendes Esta fulana é uma cínica da pior espécie
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Claude Mariano Hipocritas, podemos colacar o governo mexicano no loge...
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Filipe Silva E era aplicada, grunhas ignorantes?
Então a política não era grab and release?


Fdx, as burrinhas conseguem utilizar dois argumentos opostos ao mesmo tempo.
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Berta Martins Santos Filipe Silva, saudades de ti!!! Gosto sempre de me rir... Descontrai😂🤣😂🤣💃💃
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Sandro Yamba Yamba Vocês pensam que ela é o marido dela, aí cada um pensa pela sua cabeça...
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Pedro Pateiro Filipe Silva Sim, era aplicada. Tanto que muitas fotos usadas pra mostrar crianças separadas dos pais são do tempo do Obama.
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Maria Teresa Eça Queiroz A mim também! Mas a lei é de 1997. Até agora estava bem, era uma boa lei?
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Filipe Silva Era aplicada?
Santinha ignorância.
Parece que engoliram a cassete da Fox News.
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Maria Teresa Eça Queiroz Filipe Silva só se for o seu caso. O meu não é que não vejo a fox news. Para facciosismo chegam-me as nacionais. E a lei é do tempo do sr. Clinton. Averigue!
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David Gil Gonçalves Maria Teresa, o decreto de 1997 apenas indica que o Estado americano não pode ter um menor de idade num centro de detenção durante mais de 20 dias. O que acontecia até agora era que o processo era documentado e suspenso - ou seja, criança e o seu encarregado eram libertados - mas a nova política de acusação não permite a libertação dos encarregados em qualquer instância, o que motiva este embaraço.
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Pedro Pateiro Filipe Silva Sim, era aplicada. Tanto que muitas fotos usadas pra mostrar crianças separadas dos pais são do tempo do Obama.
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Ana Maria Melo Cruel, desumano. Pouco importa se a lei é do tempo deste ou daquele. As leis não se podem mudar, quando são absurdas?
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Responder3 h
Daniel Jaques Esta devia ter falado mais quando o marido pegou fogo ao Iraque e lançou as sementes do ISIS, vai pró diabo bruxa.
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Responder11 hEditado
Алекс Хайдер E um erro justifica o outro?
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Responder10 h
Filipe Silva Mas o que raio tem isso a ver com o assunto?
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Francisco Nicolau Crianças, sempre como arma de arremesso; e, 'as vezes, até como autênticas bombas ambulantes 😞
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Responder56 min
Luis Manuel É sempre de bom tom para estas situações extremas, recorrermos ao parecer da esposa de um criminoso de guerra...
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Responder9 h
Filipe Silva E o que raio tem isso a ver com o assunto?
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Luís Batista E Costa Ainda que tudo o que disse fosse verdade, o que tem a esposa q ver com isso?
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Responder8 h
Julia Inacio Agora todos querem crucificar o Trump como se fosse ele a fazer essa lei,as ex primeiras damas so agora estao contra?e quando foi o tempo dos maridos?deviam ter.se oposto.
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João Paulo Uma Bush a falar de Humanidade. Blasfémia!!!
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José Vaz Façam qualquer coisa!!!
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Gualter Ventura Hipocrisia a 200%. Triste.
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Maria Olivia Moreira E a mim também me corta o coração
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