segunda-feira, 4 de junho de 2018

Inroga demitiu o director de informação e o chefe de redacção, mas, ao que o mediaFAX apurou, o PM terá obrigado o PCA a voltar atrás

Vídeo de “terroristas” provoca danos na televisão pública


Primeiro embate de Inroga na TVM 
- Inroga demitiu o director de informação e o chefe de redacção, mas, ao que o mediaFAX apurou, o PM terá obrigado o PCA a voltar atrás
Em mais um episódio que, claramente, pode indiciar a forte intromissão do poder político na gestão dos órgãos de comunicação social que vivem dos impostos públicos, a TVM viveu na última quinta e sexta-feira momentos de grande tensão. 
O ambiente de crispação envolvendo o Conselho de Administração e os sectores de produção de conteúdos jornalísticos e noticiosos, nomeadamente a direcção de informação e a chefia da redacção teve simplesmente a ver com o facto de a televisão pública nacional ter passado, na terça-feira, imagens antigas dos supostos membros terroristas que têm estado a semear pânico no norte de Cabo Delgado. 
O facto é que as imagens que a TVM passou terão desagradado o Presidente do Conselho de Administração, Armando Inroga que, provavelmente depois de consultar algumas pessoas a ele próximas (particularmente do partido no poder) terá avançado com a decisão de suspensão do director de informação, Gilberto Nhantumbo e do chefe de redacção, Cláudio Jone. Para fechar os lugares, Inroga terá indicado Herculano Thumbo, para chefe de redacção e José Nguila, para director de informação e de programas, ambos de forma interina. 
Entretanto, soube o mediaFAX de fonte próxima ao caso, com a suspensão já decidida, o Presidente do Conselho de Administração da TVM terá recebido uma chamada do Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, a questionar o sucedido. Convincente ou não na justificação, o facto é Armando Inroga terá sido ordenado pelo PM a voltar atrás em relação à decisão que tinha tomado, ou seja, foi obrigado a invalidar completamente a ordem anterior. Dito e feito e na perspectiva de evitar ver-se na contingência de ser acusado de desobediência diante de quem o nomeou e o empossou, Inroga voltou mesmo atrás, realidade que provocou um forte sururu nos corredores da televisão pública nacional.

O que se diz é que o entendimento de Inroga foi o de que as imagens exibidas, além de serem antigas e não condizerem com o aconteceu na última semana (decapitação de dez pessoas), pareciam mostrar alguma musculatura dos terroristas. Ao que foi dito ao mediaFAX, a intervenção de Carlos Agostinho do Rosário aconteceu depois que Emília Moiane, Directora do Gabinete de Informação, abordou o PM em relação às decisões que tinham sido tomadas por Armando Inroga. Terão os dois temporariamente suspensos se queixado à Emília Moiane, por entenderem que a decisão de Inroga não tinha qualquer fundamento. 
A intromissão do poder político na gestão de órgãos públicos de informação no país é uma constante, havendo mesmo situações em que é imperioso e obrigatório que alguns conteúdos sejam checados ao nível do partido governamental para receber selo de “autorizado” a serem transmitidos para o consumo público. 
Aliás, antes mesmo disso, a auto-censura em relação ao que “não vai ofender ao chefe” é também uma prática para evitar danos maiores. 
MEDIA FAX – 04.06.2018

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