sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Crónicas do País Profundo XI – Conhecendo o Lago Niassa


Crónicas do País Profundo XI – Conhecendo o Lago Niassa

Antes de vos narrar as vicissitudes do meu baptismo no Lago Niassa, gostaria para já de vos contar duas coisas que me chamaram a atenção ao longo desta odisseia. A primeira, foi uma constatação que tive por todos sítios onde passei. Quase não ví, inclusivamente na metrópele Nampula, mendigos a cercarem automobilistas ou turistas pedindo moedas para “ajudar lá em casa”. Como devem calcular, não sou ingénuo para crer que não há pobres por alí. Aliás as estatísticas do INE não desmentem. Mas o que notei, foi uma maneira diferente de reagir às adversidades comparado com as gentes das grandes cidades do sul. Ou seja, notei sempre a preocupação de qualquer comum mortal em ganhar a vida fazendo alguma coisa em troca do dinheiro. Até parece que é culturalmente censurável andar pelas ruas a importunar pessoas com lamúrias, mesmo que às sextas-feiras, as lojas se encham de famílias carentes a espera de seus cabazes. A segunda constatação é o modo como as pessoas do Niassa, mormente os Yao, encaram o futuro com a nova linha ferroviária vinda de Cuamba. Diz a voz do povo o seguinte: “...esta linha vai-nos trazer a bandidagem também. Até 2010, você poderia deixar cair o telemóvel no chão que as pessoas corriam atrás para te entregar, hoje, ao passares por um mercado, ficas logo sem ele. Estes Macuas estão a estragar a nossa terra. Com esta linha vão roubar aqui e vender lá. E roubar lá e vender aqui...”. Sinto aqui um receio dos locais muito sério em relação ao futuro, quando o mais lógico seria aproveitar o que de bom esta linha poderá implicar, mormente no custos da prestação de bens e serviços, os quais, como já me referi, são em média, o dobro dos praticados em Nampula, que é de facto o grande centro logístico e distribuidor de toda a zona norte de Moçambique. Mas isso, nunca vai constar no relatório que da províncias enviam as “estruturas” ao AEG. Imaginem então o que sucederá quando se constatar que estes mega projectos todos nem riqueza local vão gerar com a prestação de serviços, porque a VALE é e sempre será consistente com seu “modus operandi” internacional. E ainda por cima, com isenções fiscais por década e meia. Pontos para profunda reflexão.

Saí de Lichinga bem esticado e direcção à Metangula. Logo no limite municipal há um cruzamento que permite ir ao aeroporto ou mesmo até subir até Matchedje, onde pela placa se diz estar o túmulo de Milagre Mabote (Manyaamba). Como sabem, este foi um dos comandantes da FRELIMO morto em combate no Niassa, em circunstâncias que desconheço. Já havia abandonado o distrito de Lichinga, quando após uma curva, deparo-me com um fantasma diurno. Uma brigada de trânsito com radar e tudo mandar parar os incautos motoristas do Niassa, que normalmente andam a 100 km/h. A placa atrás não desmente. Limite de velocidade 60 km/h. A minha sorte é que ia atrás de um Ayrton Senna local, o que fez com que a minha viatura não fosse apanhada pelo radar. Mas parei à mesma, a tempo de ver o fulano a levar uma valente multa. Ficar sem a carta de condução e ainda por cima, ter de ouvir num Português escorreito, uma lição de moral dada por um agente jovem e muito culto, que lhe leu os direitos civis como se fosse um NYPD. Surpresa! Acho que deveria ser um dos recém-graduados da ACIPOL. Só pode...

Esta estrada, totalmente asfaltada, embora fina, foi feita pelo colono há mais de 40 anos até aos limites de Maniamba. Obra da engenharia militar, não há chuva, erosão, sismos, camiões pesados que a consigam esburacar. Em contrapartida, o troço que faltava asfaltar até Metangula e terminado há perto de cinco anos, está agora mais esburacado que um queijo Roquefort. Afinal como é?!... Cerca de 50 kms de Lichinga há uma indicação do desvio para Unango que alcança nuns tantos 60 km. Ali jaz a metafórica cidade que Samora se dispunha a erguer com a força dos braços da Operação Produção. Ergueu-se uma vila, onde, a UNILÚRIO, que tem como patrono o AEG, parece querer recuperar o ideal saudosista de quem um dia foi o responsável directo por conduzir o êxodo do sul para o norte. É assim que, por exemplo, decidiram aqui recuperar o espírito das famosas “AJUs” do meu tempo na UEM. Ou seja, actividades de férias para estudantes, que funcionavam como estágio de aprendizagem. No caso concreto da UNILÚRIO, o contexto limita-se à Faculdade de Ciências Agrárias. E uma das primeiras coisas que são feitas – que achei deveras interessante – é reunir a comunidade local e apresentar os caloiros. Estes por sua vez, deverão nas férias viver com um das famílias seleccionada por sorteio publicamente feito. Fazendo tudo. Vivendo, comendo, cozinhando como eles. A Universidade só lhes faculta uma rede mosquiteira. O resto é com eles. Até parece treino de sobrevivência dos comandos. Durante a sua permanência, o estudante e futuro extensionista também, deve observar o quotidiano e identificar as falhas que com a sua ciência irá colmatar com um trabalho de Licenciatura. Devo aqui felicitar a reitoria da UNILÚRIO por esta iniciativa. Não há dúvidas que isto além de ensinar a pensar, ensina também um aspecto que muitas academias já perderam. A sobrevivência no meio da humanidade. Esta UNILÚRIO já era, pelo que havia observado em Nampula, uma das melhores universidades de Moçambique, quer pelo seu corpo docente, maioritariamente vindo de Cuba. Quer pelas suas excelentes instalações laboratoriais. Está de parabéns o reitor Ferrão e o seu patrono também, porque aqui foi mesmo uma aposta ganha. Não me espantarei se um dia suplantar mesmo a UEM em qualidade de formação nas áreas em que actua.
À medida que vamos entrando em Sanga uma coisa chama-nos logo a atenção. Os vários pinhais que surgem nas montanhas ou próximos às povoações. Como este que podem ver nas fotos atrás daquela povoação. Ali nasceu a raiz de Aires Aly – lembrem-se que o Niassa é matrilinear – e ali também, o nosso ex-PM plantou aquele pinhal há cerca de 20 anos o qual só produzirá madeira comercializável – a verdadeira razão de fundo destas plantações – dentro de cinco. Acho portanto curioso saber que a Suécia cortou agora o financiamento à Fundação Malonda, alegando um sei lá quê de justificações. Do mesmo modo, que faço um sorriso nos lábios quando me dizem que aqueles pinhas eram para combater a erosão no Niassa. Enfim, se assim fosse, por um período de maturação tão longo, não valeria a pena fazê-la com espécies indígenas? Mesmo ecologicamente, essa seria a abordagem mais correcta. E além disso, para a erosão, há alternativas muito mais baratas e rápidas, como o capim-vetiver introduzido em Moçambique pela KULIMA ainda nos anos 90! É óbvio que a produção de pasta de papel e mobiliário é que esteve e está por detrás deste rebuliço todo no Niassa. Ide consultar a Bolsa de Estocolmo hoje para ver a quantas andam as acções da IKEA que terão as explicações que o SAVANA não deu. Seja como for, quando Aires Aly plantou aquilo nem sequer imaginava que viesse a ser ministro. Pensou apenas no seu pé-de-meia para a reforma, o que é de enaltecer. Aproximo-me de Maniamba e já posso ver o monte (e a estrada) ilustrado nas foto. Magnífica força da natureza e muito hidrocarboneto escondido aqui, como podem ver pelo mapa que vos mostro também. De repente, zás...passa-me uma cobra verde verde supersonicamente pela estrada, possivelmente surucucu e desaparece num ápice pelo capim adentro. Estamos em Sanga é bom lembrar.

A menos de cem metros dali, grupos de pessoas carregadas com vária tralha, a pé ou de duas rodas, caminha toda junta. Vejo bancas, carvão, cabritos, carneiros, batata, feijão e muita hortícola. Calculo que sejam feirantes. É verdade, aqui nesta zona e um pouco por todo o Niassa, as pessoas deslocam-se periodicamente de povoado em povoado para venderem o excedente de produção agrícola. A cada semana alterna-se o lugar da feira que pode distar dezenas de kms um do outro. É uma iniciativa popular que nunca teve influência governamental. Mais um exemplo de que as gentes do Niassa podem se governar mesmo sem Governo formal de Maputo. Uma das consequências do isolacionismo é este tipo de atitude de auto-resiliência. Na minha óptica, achei-a uma atitude positiva e sábia.
O monte Maniamba marca o limite entre o antes e o depois da estrada, mas também é um pretexto para vos contar algumas lendas e mitos da região. Consta que aqui há magos Yao especialistas em relâmpagos. Povo místico, não aprecia muito a ingerência de forasteiros no seu modo de vida, tendo sido sempre um quebra-cabeças para o colonizador português. O tenente Valadim foi uma das primeiras evidências disso, ao ser morto pelas hordas do régulo Mataca que ordenou que o mesmo fosse canibalizado pela aldeia inteira seguido de absoluto segredo em relação ao assunto. Por ordens de Mataca, nenhum aldeão poderia jamais revelar que havia participado de tão macabro acto. Era uma forma de poder pela intimidação. O islamismo predominante nos Yao foi também uma das formas de resistência ao colonizador. Foram muito poucos os Yao que enviaram seus filhos às missões católicas para aprender a ler e a escrever. Pois se isso fosse descoberto pelos régulos da aldeia e shés, isso poderia acabar numa panela com xima ou mesmo com um relâmpago à luz do sol. Mesmo nos tempos recentes, foi muito difícil ao colonizador ou até ao novo Governo independente da FRELIMO, conseguir plantar ali algodão. Na calada da noite, os régulos e shés, convocavam as populações como no tempo de Mataca, e obrigavam-nas a cozinhar as sementes de algodão num grande panelão que era de seguida consumido por todos, sob juramento de segredo eterno ou relâmpagos na testa. O que é certo, é que esta região é muito propensa a este tipo de fenómeno atmosférico. Que o diga Afonso Dhlakama, que na primeira campanha eleitoral contra o AEG discursava num povoado das redondezas crivando o seu adversário de impropérios. De repente, houve uma violenta descarga atmosférica e uma palhota começou imediatamente a arder. O comício acabou ali. E a RENAMO nunca mais teve votos naquele local. Esta não me contaram. Vi na TVM que por acaso até estava a filmar o acontecimento. Compreendem agora por que o PROSAVANA se poderá transformar numa faca de dois gumes, caso se repitam aqui as mesmas façanhas da VALE em Tete e em Nacala.

Passado o monte, entramos numa região de condução extremamente perigosa. Esta é a região que foi asfaltada há 5 anos, mas que já está esburacada. Diz a voz do povo, que esta estrada aqui deve muito ao empenho pessoal de Mulembwé, que fez os lobbies necessários para mobilizar financiamentos para a sua construção. Pena é que o empreiteiro tenha sido verdadeiro um sapateiro. É o mesmo que espero ver acontecer em Macomia quando entregarem finalmente a obra. Com este relevo, só mesmo a engenharia militar do colono para fazer estrada séria aqui. Já me aproximo de Metangula e vejo um desvio à direita. Vai até ao local onde Mulembwé nasceu. E fico também a saber da zanga entre estes e os Katawala por causa de assuntos de família. O nosso ex-presidente da AR nasceu num local muito pobre. Quando faleceu sua mãe, o enterro foi lá. E perante tanta desolação e pobreza encontrada, onde até ministros pernoitaram debaixo de árvores, uma ONG italiana ofereceu-se para melhorar as habitações do lugar. E ao fazê-lo, nasceu uma aldeia de verdade que ainda lá está.

Aproximo-me finalmente do Lago Niassa, onde já é visível um impressionante azul. Aqui é o berço do Gito Katawala. Personagem cujo prestígio estende-se por todo o Niassa, com as obras culturais de sua iniciativa. Como os Massukos, hoje cindidos em Cacimbos, outro excelente grupo do Niassa. E o Festival do Lago. Diz-se em Lichinga que quando o Gito chega a cidade para. Até parece o AEG. Falam-me, muito mal por sinal, da associação ESTAMOS, gerida por Santos Calixto. Dizem mesmo que ele esteve na origem da separação dos Massukos. Culpam o seu estilo de gestão, que dizem ser suspeito. Bem, como forasteiro, limito-me apenas a ouvir. O Gito saberá melhor do assunto.

Metangula alcança-se por um belo viaduto onde é visível a Base Naval. Ali está em curso a construção de um pontão que asseguram-me vai permitir que ferry-boats do Malawi atraquem lá e com isso, fazer-se um tour por todo Lago, passando também pela quase inacessível Cóbuè. As Alfândegas já lá estão, o que prova a inevitabilidade do evento. Com uma guarnição de respeito, estão ali apontados para o Lago algumas peças de artilharia que intimidam qualquer um. Certa vez, sabe-se lá porquê alguém disparou inadvertidamente umas salvas de canhão. Imaginem o pânico. Mas normalmente respira-se a paz azul. No entanto, a 38 milhas em linha recta daqui, está afundada uma embarcação, que segundo narra a voz do povo, que viria clandestinamente da Tanzania e era pilotada por um nigeriano. Tempos depois, um compatriota seu, que se identificou como familiar, pagou 49 mil meticais, para os habilidosos mergulhadores do Lago irem à ponte do navio, não para resgatar o corpo, mas sim, retirar uma cinta cheia de sacos tipo sacudú, onde estariam depositadas várias onças de ouro em pó. O corpo continua lá. E os mergulhos prosseguem, pois assegura-se que no barco haviam várias malas com divisas, que têm estado a enriquecer uns chico-espertos locais...

Embalado por estas histórias, vou forrar o estômago na filial do Mavie’s do Lago, onde peço o Tchambo feito por quem conhece. Mostro-vos na foto para não dizerem que estou a inventar. Mostro-vos a fachada do Mavie’s também só por causa das tosses. I was there, my dear! Saciado, decido então ir finalmente conhecer a praia de Chuanga e, claro está, o CETUKA. Pois vejam então a maravilha que aquilo é. Que praia meus senhores. Mas só se pode tomar banho ali. E por diferentes ordens de razões. Primeiro, porque o local não é bastante profundo. Há um banco de areia e xisto. E segundo, porque um pouco mais além há hipopótamos, cujo mau génio rotula-o de maior assassino dos rios e lagos de África. E com razão. Falso-lento, um hipopótamo furioso pode investir contra suas vítimas a 40 km/h. Com uma dentadura poderosa, pode furar canoas ou derrubá-las. Ou mesmo matar crocodilos. É uma verdadeira máquina de matar.

Passo uma tarde ali, sentido a brisa. Alguém me sugere apresentar ao Katawala-pai, que até estava ausente. Digo para não assustarem o velho com o meu aspecto de buffalo-soldier. Fica para a próxima e se possível pelo próprio filho. Mas dou uma vista de olhos ao local. Construído em material rústico, colhido nas redondezas, o CETUKA parece precisar de algum impulso criativo. Dizem-me aqui que o Gito Katawala se dispôs a ceder 30% dos royaltties de uma música que foi um best-seller no Niassa à ESTAMOS para que essa fizesse obras sociais em Metangula. Parece que até hoje não deu em nada. Ora aqui vão duas sugestões para esses 30%, se de facto existirem. Uma vez que na região planta-se cana-doce, não seria má ideia vender suco de cana com limão e gengibre ali. Ou mesmo, fazer um cocktails a partir dela. Se Metangula apressa-se para constar do roteiro turístico do Malawi, agora é o momento de arrumar a casa. Vi também muito pescado a ser vendido na praia. Vi também o mesmo pescado a ser consumido imediatamente por falta de conservação. Julgo que seria uma óptima ideia abrir ali um combinado pesqueiro com frigorífico e que fabricasse gelo também. Isso ajudaria a melhorar a vida daquela gente. E muito mais, creio, pois não fiquei lá por muito tempo. E por último. Há zonas do Malawi onde o consumo de peixe seco é muito apreciado. Se fosse possível comercializar ali em Metangula o sal vindo de Nacala este iria pelo Lago o que seria uma coisa muito boa também. E por aí em diante.

Ja cai a tarde, quando faço a minha última foto que posto. Saio satisfeito por ter finalmente posto os pés nas águas do Lago Niassa. Mas não antes sem reviver o assunto da falta de água em Lichinga. O que custava criar uma estação de tratamento de água e bombeamento em Meponda para um centro de distribuição em Lichinga? Além de resolver um problema crónico, prevenia as novas demandas de água do PROSAVANA. Por outro lado, seria um excelente aproveitamento da altitude daquela cidade. Visto que a partir dali, outras zonas poderiam ser irrigadas por energia potencial e cinética, poupando os custos de transporte e reflectindo-se isso no valor final ao consumidor. Infelizmente, é preciso que seja um consultor estrangeiro a falar disso aqui. Assim vai o nosso Moçambique.

Amanhã encerro esta longa crónica, com um epílogo feito em Lichinga com várias considerações, nomeadamente da Mosca da Fruta...


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  • Palmeirim Chongo Com a sua licenca mano Pensador ja tenho meu trecho do dia para amanha "Esta estrada, totalmente asfaltada, embora fina, foi feita pelo colono há mais de 40 anos até aos limites de Maniamba. Obra da engenharia militar, não há chuva, erosão, sismos, cam...See More
  • Livre Pensador Be my guest...
  • Gito Katawala Oh Niassa!!

    Quanto ao CEUKA não vou comentar, tem algo muito pessoal a nivel familiar que não ajudaria em nada esclarecer aqui nesta cronica.

    Quanto a percepcao ou suposta percepcao de que a cidade para, acho que tem mais a ver com o anfitriao que
    ...See More
  • Livre Pensador Note contudo que esse anfitriao nao passa de um anonimo morador de suburbio. Nada tinha a ganhar com isso...
  • Gito Katawala O assunto da agua e a falta de "criatividades" eh no minimo mind boggling, nunca percebi. Tive uma conversa com um "expert" que promovia furos, dizia ele que a pesquisa geologica em seu poder indicava que o planalto de Lichinga tinha um nivel freatico ...See More
  • Livre Pensador Qualquer um com um pouco de massa cinzenta chegaria a essa conclusao.
  • Vasco Antonio Acha Vasquinho Muitas dificuldades ate hoje . Estudei com o Gito nos tempos de guerra e de Chuva quando fosse de ferias era uma incognita a sua chegada, revela na sua musica que Niassa e as suas dificuldades lhe inspiraram as suas letras. Como explicar que passados 30 anos a situaçao permanece estacionária estamos em status quo no Meu Nome é Niassa força Gito
  • Feliciano Dos Santos O meu convite especial venha visitar a ESTAMOS e os Massukos que estao bem e com um álbum a ser lançado. Da mesma forma que o savana nao disse tudo. Alias os Massukos ganharam o Ngoma este ano.

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