O Presidente da Turquia chamou uma criança de seis ao palco onde discursava, dizendo-lhe que, se se tornar um mártir, "Deus queira", seria enrolada na bandeira turca.
O Presidente da Turquia está a ser alvo de duras críticas por ter dito a uma menina de seis anos que esta seria honrada se morresse em guerra. A criança foi levada para o palco onde estava Recep Tayyip Erdogan após prestar continência e chorou durante toda a interacção com o presidente turco, que disse que ela seria enrolada na bandeira se, “Deus queira”, se tornasse um mártir.
De acordo com o The New York Times, Erdogan discursava num comício de apoio aos soldados que combatem em Afrin, na Síria, um enclave que se encontra sob domínio curdo e que os turcos tentam conquistar. O presidente da Turquia avistou a criança na multidão e decidiu chamá-la até ao palco após reparar que estava vestida com um uniforme militar e usava uma boina grená, tal como a que usam os elementos do Comando de Forças Especiais, destacado no enclave sírio.
Quando esta chegou até Erdogan já se encontrava a chorar. O presidente beijou a menina nas bochechas e disse-lhe que “os Boinas Grená não choram”. “Ela tem a bandeira turca no bolso. Se ela se tornar um mártir, Deus queira, será enrolada nela”, afirmou Erdogan. Por fim, perguntou: “Ela está pronta para tudo, não estás?” A criança respondeu que sim.
Os meios de comunicação turcos descreveram a criança como sendo corajosa e determinada, escreve o The New York Times. Contudo, vários comentadores e utilizadores online consideraram que a criança tinha sido usada como um adereço político e para fins propagandistas, havendo ainda que acusasse o presidente de abuso de crianças e o comparasse a Adolf Hitler.
Apesar da contestação internacional, na audiência muitos foram o que aplaudiram e pediram ao “chefe” que os levasse “para Afrin”, onde combatem as forças turcas. O governo de Erdogan tem feito campanha de apoio à guerra e de louvor aos soldados, que são tidos como mártires quando mortos em combate. O país há muito que tem uma cultura nacionalista militarista, tendo mesmo como “chavão” a frase “todo o turco nasce soldado”.