quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Há coisas feias que quando eu nasci já existiam no nosso País

Por António Matabele
Há coisas feias que quando eu nasci já existiam no nosso País, mas quando eu morrer, podendo ser agora e hoje, não gostaria que prevalecessem.
Falo, única e principalmente, da violência do colonialismo e da guerra. Violência e guerra não combinam com o desenvolvimento.
E como diriam os meus tios de Gaza “a nhimpi ni ku xura a swi banane” e os meus conterrâneos de Nampula completariam dizendo “ekhotto ne eyinnuwiheryo, katsinicumanana”.
Há coisas lindas que começaram a acontecer com o advento da nossa independência nacional. O desenvolvimento é uma dessas coisas belas que nós, povo moçambicano, tentamos equacionar desde que terçamos armas para nos libertarmos do jugo colonial e conseguimo-lo com a proclamação da nossa independência nacional a 25 de Junho de 1975.
Desenvolvimento é, resumidamente, concretizar, na prática, tudo o que está plasmado na Constituição da República de Moçambique (CRM). Então, “o desenvolvimento de Moçambique é um imperativo constitucional”?
É sim!
Ao revisitarmos a CRM, com alegria, concluímos que a mesma tem como fim principal, regulamentar, objectivamente, o País rumo ao desenvolvimento. Temos a felicidade de constatar que nenhum artigo da CRM dispõe a guerra como uma actividade de cumprimento obrigatório, nem como ela se faz, contra quem e quando. Encontramos, sim, preceituado como o País deverá evitá-la e que mecanismos deverão ser accionados em caso de ocorrer a sua forçada eclosão.
Num dos artigos da nossa CRM, para mim, um dos mais importantes e de longo espectro temporal e espacial, é o que diz que “a agricultura é a base do nosso desenvolvimento” e elege a indústria “como seu factor dinamizador”.
Posta a questão nestes termos, a CRM, é, para além de ser emancipadora do Homem, a “Lei de todas as Leis”,vocacionada à promoção do desenvolvimento nacional, tendo o cidadão como charneira, porque é agente e recipiente do resultado final conseguido.
Desenvolvimento é vivermos em Paz. Termos comida segundo níveis exigidos para nos considerarmos povo bem alimentado. Bebermos água potável, conforme características e padrões internacionais exigidos para este líquido.
Estarmos apetrechados de educação que nos garanta a posse de valências científicas e técnicos profissionais que nos permitam sermos agentes fazedores directos do processo do nosso desenvolvimento e gozarmos de empregabilidade competitiva no mundo.
Possuirmos excelente saúde e estarmos protegidos por um serviço nacional provedor deste bem à altura dos padrões internacionalmente aceites. Usufruirmos de um bom sistema de comunicações, segurança, estabilidade política e social. Vivermos em casas confortáveis, adquiridas a preços acessíveis à maioria do povo. Colocarmos todos os nossos recursos ao serviço do bem-estar do Homem – índigena e nativo – moçambicano.
Em suma, termos motivos para nos sentirmos ainda mais orgulhosos de sermos filhos desta Pátria.
Seremos País desenvolvido quando a percentagem de participação dos nacionais na criação do PIB – Produto Interno Bruto – aumentar e, igualmente, melhorar a repartição do Rendimento Nacional pela população moçambicana economicamente activa.
Mas estes “desiderata” carecem de estar alicerçados em Políticas Económicas Nacionais Endógenas.
WAMPHULA FAX – 28.02.2018

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