“Não era finalizador, jogava muito como médio atacante”, |
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Escrito por Adérito Caldeira em 05 Janeiro 2017 |
“Eu não tinha nada, não tinha conhecimento de futebol até chegar ao Songo, jogava futebol para me divertir não era para ser pago, quando cheguei ao HCB descobri que o futebol também é uma profissão”, revela Luís Miquissone ao @Verdade, o pequeno e humilde jovem que marcou 15 golos nas 28 partidas que disputou no Campeonato nacional de futebol de Moçambique de 2016.
O melhor marcador do Moçambola de 2016 nasceu a 25 de Julho de 1995 na cidade da Beira, na província de Sofala. Terceiro de quatro irmãos, Luís cedo perdeu ambos progenitores(Quetina Equissone e José Miquissone) o que lhe levou a mudar-se para o distrito de Angónia, na província de Tete, de onde a sua família é natural. “A irmã da minha mãe foi a pessoa que me criou desde criança e considero de mãe agora”, conta ao @Verdade.
Recorda-se que tinha onze anos de idade quando fez o primeiro jogo de futebol, na escola primária de Mtengo Wa Mbalame, e aí marcou o seu primeiro golo, “foi um jogo entre turmas”. Entretanto foi seleccionado para os Jogos Escolares, em 2011, e o seu talento despertou a atenção. “Fui visto por pelo treinador das Águias de Angónia” relata Luís que lembra que “o mister Robert”( entretanto falecido) o foi ver jogar mais vezes à escola secundária de Ulónguè, onde já estudava a 11ª classe, antes de o levar para a sua equipa. “No fim do primeiro ano joguei como federado no provincial(de Tete) e marquei o meu primeiro golo à sério contra o Futebol Clube de Angónia, mas perdemos por 2 a 1”.
Luís conta que nessa altura, embora fizesse muitos golos, “não era finalizador, jogava muito como médio atacante”, mas os seus 16 golos no provincial de 2012 chamaram a atenção do zambiano Wedson Nyirenda, que na altura treinava a equipa da HCB do Songo, e o levou para a principal prova do futebol moçambicano, o Moçambola.
O pequeno, grande goleador, lembra-se que o seu primeiro jogo no Campeonato nacional foi na capital, diante do Matchedje, no campo da Afrin, em 2013. “Ganhamos 1 a 0 mas não marquei, foi minha assistência para o golo. O meu primeiro golo foi contra o Têxtil do Púnguè, no Songo, marquei com o pé direito, ganhamos 5 a 1”, foi a 8 de Setembro de 2013.
Mas na altura Luís Miquissone continuava a jogar como médio ofensivo, os goleadores da equipa eram os zambianos Jacob Mupeta e Lewis Macha.
“Isso de avançado comecei praticamente no ano passado(2015) com o mister Semedo(Artur) quando chegou no Songo. Ele perguntou-me se eu jogava a frente, tinha ouvido dizer que marcava lá em Angónia”, revela Luís.
“Gostaria de ir para a Europa”
Entretanto a pontaria do pequeno goleador tinha chamado a atenção das equipas técnicas da selecções nacionais, começou por jogar nos sub-20 depois nos sub-23 e não passou muito tempo até João Chissano, então seleccionador nacional, fazer-lhe estrear com a camisola vermelha dos “Mambas”, num jogo amigável contra o Botswana onde acabou por marcar o seu primeiro golo como internacional moçambicano.
“Eu não tinha nada, não tinha conhecimento de futebol, até chegar ao Songo jogava futebol para me divertir não era para ser pago, quando cheguei ao Songo descobri que o futebol também é uma profissão”, confessa Miquissone.
Luís é solteiro, mas tem uma namorada que conheceu em 2010 e está em Angónia, “muitas vezes namoramos ao telefone”. Não gosta da cidade de Maputo e quer estudar engenharia florestal para um dia voltar para a terra onde cresceu, onde vive-se da agricultura.
A estrela do futebol moçambicano não revela o segredo para marcar golos mas diz que é preciso “treinar muito e ter talento”, aconselha aos jovens como ele a “não se deixarem levar por essas coisas que andam por aí, eu bebo mas não sou viciado” disse.
O melhor marcador do Moçambola de 2016 revela que dedica todos os seus golos a sua família, “sempre quando acaba o jogo ligo para eles em Angónia”.
Depois de ter estado perto de conquistar o campeonato nacional, na época passada a União Desportiva do Songo(antiga HCB) ficou na 2ª posição e conquistou a Taça de Moçambique em futebol, Luís Miquissone deixa um desejo: “gostaria de ir para a Europa”.
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